Projeto Eligio. escrita por P B Souza


Capítulo 25
Capítulo 25.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591012/chapter/25

Rochandelly – 00h48min 19/04/2631

Nillas sentiu os dedos se soltarem de suas pernas e então parou de respirar como se pudesse, com isso, parar o tempo e evitar o que seguia.

Pode ver em uma fração de segundo um brilho dourado enquanto um som agudo e estridente surgia, a cabeça de Anur foi jogada para trás com sangue espirrando aqui e ali contra os cacos de vidro do resto do vitral.

Nillas observou atônito Anur ter sua cabeça explodida por uma bala como um homem normal, o corpo do Eligio tombando junto do corpo do Rei. Ambos caindo no abismo.

Nillas ainda teve tempo de se virar para ver o chão se aproximando como um abraço gelado. Teria ele, um Rei, um destino tão cruel como cair no chão e explodir? Naquele segundo de queda livre onde poderia ter berrado, esperneado e gasto seus últimos segundos nesse mundo desfazendo a própria honra, Nillas manteve-se calado, negando-se a aceitar que morreria dessa forma.

E então alguma coisa o abraçou e ele atravessou outra vidraça caindo em cima de uma cama, quicou como uma bolinha de pingue-pongue e bateu contra a parede.

O que tinha salvo sua vida atravessou a mesma parede causando uma abertura irregular no concreto. Um homem e uma mulher se encontravam encolhidos no canto da cama soltando gritinhos de desespero.

Foi quando o som de uma explosão sem fogo, como uma pancada de um enorme caminhão contra uma parede de concreto, ocorreu. Da abertura na parede uma mulher toda empoeirada saiu, bamboleando toda torta recompondo-se aos poucos.

– Anur. – Ela pronunciou olhando pela janela destruída do quarto de hotel.

Lá em baixo no chão uma pequena cratera tinha surgido e um corpo jazia no centro dela. Susan lançou um olhar para Nillas, então para Anur lá em baixo, e quando olhou de novo para Anur Salazar já estava lá em baixo junto de Derik, Alanor entrou naquele mesmo andar pela abertura na janela que Susan tinha criado com o próprio corpo.

– Está bem? – Susan perguntou olhando para Nillas mostrando preocupação. O homem estava visivelmente machucado, sangue escorria da testa na esquerda, a bochecha direita estava ralada, um dos braços estava imóvel, parecia quebrado, e ele se punha de pé com extrema dificuldade.

Para a surpresa de Susan, Alanor, do casal encolhido na cama e do próprio Nillas ele disse;

– Obrigado.

– Mão para cima. – Susan olhou assustada para o homem invadindo o quarto, era Wastron. – Nillas sai da frente. Ela é perigosa.

Aquela fala pareceu despertar o inferno dentro de Nillas, seus olhos borbulharam ira.

Quando se virou para Wastron o Comandante do batalhão anti-Eligio pareceu entender na hora onde tinha errado.

– Vossa Majestade...

– Se tentar me dizer mais uma vez o que fazer, vai perder sua farda Comandante. – Nillas foi rude como Susan nunca tinha o visto ser. – Essa mulher salvou minha vida, coisa que você falhou miseravelmente em fazer.

– Vossa...

– Me poupe Wastron.

– Mestre. – Susan aproveitou a chance, a única que encontrou. Nillas olhou para ela, os olhos dele estavam mareados, mas não parecia estar pronto para chorar, e se fosse, não era de dor, e sim de fúria. – Precisamos falar com o senhor.

– Fale.

– Não apenas eu, meus irmãos. – Ela olhou para Alanor. – Derik e Salazar também, todos precisamos falar, juntos.

Nillas olhou para ela, depois para Alanor, pareceu examinar o que acontecia para tomar uma decisão.

– E o outro?

– Morto. – Wastron não conseguia manter a língua dentro da boca, e por isso recebeu outro olhar fuzilante de Nillas.

– Anur escolheu o destino que cruzou até o fim, acreditando estar correto e pagando pelo que acreditou. Assim como os cinco mestres, nós existimos para trabalhar em equipe, assim como vocês, não somos perfeitos. – Parecia uma afronta, Wastron achou ser uma, fez até careta, mas Nillas compreendia e acreditava nas palavras que saiam dos lábios de Susan. – Mas não devemos pagar pelos erros daqueles que escolheram seguir outro caminho, assim como nós não culpamos os quatro pelo que o quinto mestre fez.

– São belas palavras, inegável. – Nillas respondeu. – Então nos encontraremos quando, amanhã?

– Com o sol a pino. – Ela emendou.

– No topo do hotel, existe uma área de lazer. Sem armadilhas, sem gracinhas.

Susan concordou, então ela e Alanor se viraram e pularam pela janela do prédio, sumindo como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Nillas se virou passando por Wastron e indo para o corredor. Wastron o seguiu.

– Vossa Majestade, - Wastron começou. – devo lembrar-lhe que nos últimos dias os Eligios invadiram cidades, arrombaram centrais de segurança e arquivo, mataram muitos homens, foram vistos disfarçados, foram vistos sem disfarce, cometendo crimes...

– Sim, tudo isso é verdade. – Nillas parou e se virou encarando Wastron, tentando com todas suas forças disfarçar o rosto de dor.

– Com todo respeito, mas deixou que eles escapassem, deixou o inimigo ir embora, dando a eles a chance de completar o serviço que não conseguiram...

– Se estou vivo não é pela sua incompetência, Wastron, eu acabei de cair de um prédio pela janela, fui jogado para dentro do prédio e bati contra a parede, quebrei o braço, fraturei as costelas com toda a certeza do mundo, mas estou vivo. Não sei se é cego ou burro, mas quem me salvou foi um Eligio! – Seu tom de voz saltou para um tom mal educado e insensível, todo o decoro foi posto de lado. Então tossiu polindo a voz. – Se me quisessem morto, teriam me matado.

– Não se quiserem informações primeiro...

– Seu trabalho é manejar armas, mirar e atirar, não inteligência, esse é outro departamento, Comandante. – Nillas disse nervoso. – Você usa armas, as usa quando um superior manda, se você usa armas é porque está um nível abaixo de quem manda você utilizá-las, em seu devido lugar você deve escutar, obedecer e se calar. – Nillas disse se virando e apertando o botão do elevador, quando a porta se abriu e ele entrou, Wastron foi entrando também. – Se continuar vindo atrás de mim alguém vira comandante e você vira soldado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O desfecho dos atos de Anur!
Gostou? Fala pra mim! Não gostou? Fala também!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Projeto Eligio." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.