Fora do Céu escrita por Lua


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ofereço essa fic pra uma amiga, a Deb. Miga, eu tinha prometido uma Kennett, mas acabei fazendo uma Bamon que é bem melhor, né? rsrs
História inspirada na música Tears and Rain do James Blunt porque sou xonada nele.
Não sei se vcs vão entender bem essa one pq eu meio que fiz ela por pedaços e no final juntei tudo até parecer uma história, não sei se deu certo, vcs é que vão me dizer rsrs
Os períodos são intercalados entre Antes e Agora, contados do ponto de vista da Bonnie. E eu acho que todo mundo aqui sabe o que é um súcubo, anjo e arcanjo, né? Que bom ^^
Boa leitura =)



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Eu gostaria de poder salvar minha alma, eu gostaria de poder escolher entre o céu e o inferno. Eu acho que é hora de correr para longe, encontrar algum conforto na dor. Ao invés disso, não encontrei nenhum significado. São mais do que palavras; apenas lágrimas e chuva.

(Tears and Rain – James Blunt)





AGORA

Chuva forte. Enormes rajadas de vento. Frio.

Em minha forma sobrenatural, nada daquilo me incomodava. O ar gélido não tinha efeito sobre mim, tampouco a água congelante da chuva, portanto, eu não deveria dar a mínima importância para o clima. Mas dava. Não me lembro de qual foi a última vez que liguei se o dia estava ensolarado ou nublado, chovendo ou geando. Não precisava me preocupar com isso. Porém, agora, as coisas haviam mudado. Não comigo – eu continuava a mesma –, mas com alguém cujo eu passara a me importar mais do que deveria.

— Veio ver o resultado do seu erro?

A voz masculina que surgiu do nada me irritou. Não virei para olhar, sabia que era Kai, provavelmente com um sorriso satisfeito pelas consequências das minhas ações, pois o único motivo que consigo imaginar para que ele estivesse aqui, nesse momento, é para saborear e se vangloriar da minha culpa.

— Vá embora. — sibilei.

— E perder a chance de ver o seu anjo desse jeito? Claro que não.

Cerrei os punhos, controlando-me, não queria ceder as suas provocações.

— O que mais você quer? — murmurei entredentes — Queria ver alguém que eu me importo ser condenado? Já viu. Agora vá embora!

Kai não fez nada mais do que colocar as mãos nos bolsos da calça e continuou ali.

— Isso tudo é culpa sua, você sabe.

Não respondi, apenas me afastei.

A maioria dos mortais que acredita no sobrenatural pensa que os demônios não têm sentimentos. Eles estão certos, em termos. Somos capazes de sentir, sim, mas não com intensidade, é como ver o mundo em preto e branco, sem cores, sem graça. Em dois milênios, as únicas vezes que consigo me lembrar de me sentir intensa foi com Damon. Só com ele eu conseguia sentir.




ANTES

— E o sol?

— O sol é... quente.

Revirei os olhos.

— Isso eu já sei. Duh. Quero saber como é a sensação.

Damon sorriu e deitou na grama, colocou as duas mãos debaixo da cabeça e fechou os olhos. A luz do sol o fazia ficar ainda mais belo, reluzente, quase lunar. Os cabelos escuros em contraste com a pele alva, os traços finos e os lábios curvados num sorriso curto eram uma excelente combinação para a definição de perfeito.

— Como é que você quer que eu explique isso?

— Sei lá, — deitei ao lado dele na grama. — Não deve ser tão difícil explicar a sensação de sentir o sol.

— Mas você já sentiu.

— Faz tanto tempo. — suspirei, ao mesmo tempo em que voltava meu olhar pra cima, sem me preocupar em machucar meus olhos com a luz do dia ensolarado. — Mais de dois mil anos, não dá pra lembrar.

Damon fez uma expressão contorcida, como se repugnasse o pensamento que lhe passou pela mente.

— Não consigo imaginar como seria não sentir. Como você consegue?

— Bem, parece que quando disseram que a chuva cai sobre os bons e os maus, não estavam falando sério. — ironizei, mas me arrependi logo depois.

— Como foi que aconteceu? — Damon agora me encarava e eu sabia que não ia conseguir fugir do assunto.

Não é que eu não gostasse de falar sobre como foi que me tornei um Demônio do Sexo (mais conhecido como Súcubo entre os humanos), já tinha contado isso a muita gente, é só que falar daquilo com Damon, que foi um Anjo por toda a eternidade, parecia sujo demais. Era como se os motivos pelo qual me tornei o que sou fossem estilhaçar a imagem que ele tinha de mim.

Na dimensão inferior, todos os demônios são iguais: traidores, mentirosos, trapaceiros, ladrões e assassinos, não importa como tenham ido parar ali. Por isso eu gostava da forma como Damon me via: não como mais um inimigo, não como mais um enviado de Lúcifer, mas sim como alguém que pode alcançar redenção. Embora eu soubesse que isso era impossível para mim.

— Bonnie, — ele chamou, sua mão afastou suavemente uma mecha do meu cabelo curto para longe do meu rosto. — Eu sei que você tem um passado e que algo aconteceu.

— Tudo bem. — suspirei, rapidamente me pondo sentada.

— Ótimo. — ele sentou também e passou a me encarar, mas eu só conseguia olhar pra grama debaixo dos meus pés.

— Foi por ambição, — comecei. — Não ambição apenas por luxo, eu queria riquezas, é obvio, mas também queria coisas que eu não podia ter, coisas que já eram de outras pessoas, incluindo um homem que era casado. Casado com a minha irmã. — olhei Damon tentando decifrar qualquer expressão em seu rosto, mas ele estava apenas escutando, então continuei. — Certa noite eu recebi um visita incomum, era Kai. Ele disse que tinha a solução, poderia me dar tudo o que eu quisesse. E eu aceitei.

— Mas tinha um preço. — ele completou.

— Tinha. — concordei. — Riqueza, imortalidade, ser jovem e bonita pra sempre pareceu ótimo na hora. Mas bastou algumas décadas pra eu perceber meu erro. Eu vi cada um da minha família, cada amigo meu, envelhecer e morrer. E eu não consegui derramar uma lágrima sequer. Isso fazia eu me sentir frustrada, consegue imaginar? Um demônio programado para não sentir, se sentindo frustrado justamente por não sentir. Chega a ser irônico. — soltei uma risada seca. — Minha avó foi a primeira. Eu sabia que a tinha amado muito quando era humana, ela tinha sido muito boa, ela merecia meus sentimentos por ela, mas eu simplesmente não consegui chorar por sua morte. A partir dali eu comecei a perceber a parte ruim do meu acordo com Kai. Nenhuma brisa, nenhuma nevasca tinha efeito em mim. Eu não sentia aromas, nem frio, nem emoções. É uma eternidade vazia, então de que serve imortalidade desse jeito?

A mão de Damon segurou a minha numa velocidade surpreendente. Ele pôs a palma da sua mão esquerda aberta bem na minha frente, em seguida segurou a minha direita, pondo em cima da sua e encaixou nossos dedos uns entre os outros. Segurou minha mão esquerda com força e a apertou firmemente em seu peito, em cima do que deveria ser o seu coração.

— E isso, você consegue sentir? Isso é o meu amor por você.

Eu não conseguia.

Mas o fato que saber que ele me amava era suficiente, porque eu sabia que em algum lugar dentro de mim eu o amava também.




AGORA

A chuva não tinha diminuído e, apesar de eu ter passado a andar ao longo de uma rodovia lamacenta, Kai não tinha ido embora, então eu tinha decidido ignorá-lo (o que não significa que eu tenha conseguido, pois sempre acabava respondendo às suas provocações).

— Chega a parecer uma daquelas histórias que os mortais assistem: um anjo e um demônio se apaixonando. Patético. — ele estalou a língua. — O que eu não entendo é por que você quis ele quando tinha coisa bem melhor ao seu alcance.

Parei de andar subitamente e o fuzilei com o olhar.

— Você nunca vai chegar sequer aos pés do Damon.

Kai inclinou a cabeça pro lado e sorriu, mirando algo atrás de mim.

— Eu não tiraria conclusões precipitadas se fosse você.

Olhei pra trás no mesmo instante, meu peito ficando apertado quando o vi. Lá estava ele, descalço e maltrapilho, no meio do temporal, pela primeira vez parecendo temeroso, com olhos azuis confusos e perdidos.

Engoli em seco.

— Foi a pior coisa que poderia ter acontecido a ele.

— Está enganada, — disse Kai. — A pior coisa que aconteceu com ele foi se apaixonar por você.




ANTES

Dessa vez era noite. Estávamos em algum tipo de floresta subtropical (nunca vou aprender como os mortais nomeiam suas terras em países e blábláblá), o barulho da mata era alto, muitos insetos e animais vagueavam por perto e isso me incomodava, mas Damon gostava, então estava tudo bem pra mim.

— Eu ouvi um boato, — comecei a falar olhando de relance para Damon enquanto ele andava na minha frente.

— Só um? — brincou.

— Andam dizendo que você vai subir algumas castas, passar de Anjo para Arcanjo. — esperei por alguns segundos, mas ele não disse nada. — Então é verdade?

— Chegamos. — anunciou. Eu encarei o local e parei de andar. Estávamos à beira de um penhasco. Logo abaixo havia uma rodovia velha com poucas luzes e quase nenhum carro. — Adoro a brisa que faz aqui.

— Ok, — Suspirei vencida. Ele não me diria nada sobre as castas. — Descreva-a pra mim. — pedi.

Damon sorriu e fechou os olhos enquanto o vento balançava seus cabelos.

— É refrescante, agradável... É como se estivesse sendo acariciado.

Eu estendi minha mão e toquei suavemente seu rosto.

— Acariciado desse jeito?

Ele abriu os olhos e me encarou. Olhos azuis mirando verdes.

— Não. Desse jeito é melhor.

Ele sorriu, me fazendo sorrir junto. Sua mão segurou a minha e arrastou levemente os dedos por minha pele, até chegar ao meu ombro, deixando pelos eriçados pelo caminho. O contato quente me causava arrepios, bem como o toque dos dedos suaves na lateral do meu pescoço concentrados em uma breve caricia. Fechei os olhos aproveitando a sensação. Logo senti o toque do polegar percorrendo meus lábios, ele estava bem próximo agora, a respiração forte... O desejo dos lábios dele nos meus...

— Eu queria tanto. — murmurou, encostando a testa na minha. Apoiei as mãos em seus ombros, minha respiração entrecortada, desejando extinguir aqueles poucos centímetros que separavam nossas bocas.

— E se proibirem de nos encontrarmos quando você for arcanjo?

Damon riu.

— Não é errado amar, Bonnie. Não podem me punir por amar você.

Os olhos dele estavam como dois oceanos: um mergulho e eu me afogaria.

E me afoguei, porque no momento seguinte nossos lábios estavam unidos.

Não dá pra explicar qual foi a sensação, mas tinha algo crescendo dentro de mim, devia ser amor, tenho certeza que era. Depois de mais de dois mil anos, eu finalmente senti.

[...]

— Esse sorriso é pela sua vitória, eu suponho. — Kai comentou quando me viu chegar contente de mais à Dimensão Inferior.

— Não adianta o que você faça, seu humor azedo não vai estragar minha felicidade. — falei.

— Eu só quero te dar os parabéns.

— Parabéns? — perguntei cautelosamente. — Pelo quê?

— Você derrubou um deles. — sorriu. — Sério, Bonnie, eu subestimei você, mas você me surpreendeu. Fazer um anjo cair é algo que não acontece desde Lúcifer.

O sorriso zombeteiro dele me despertou ira, ele parecia estar bem contente com meu estado de confusão. Minha mente ligava os pontos, mas eu não queria que suas palavras fizessem sentido.

— Do que você está falando? — perguntei, temendo ouvir a resposta.

— Do anjo que você andou se encontrando. Sua intenção era fazê-lo cair, certo? Não imagino porque outro motivo se aproximaria dele.

— Não, não. Não é possível! Ele não fez nada errado, você está mentindo. — eu estava trêmula. Pensar em Damon num lugar como a dimensão inferior me dava náuseas.

Kai não respondeu. Apenas pareceu satisfeito em ver as mudanças de expressões passando por meu rosto, passando por horrorizada até totalmente culpada.

[...]

Um par de Querubins me segurou quando tentei passar pelos portões. Não é comum um demônio se atrever a entrar na Dimensão Superior, então é claro que minha tentativa chamou muita atenção. Serafins sobrevoavam ali, fazendo algum tipo de ruído, comunicando-se uns com os outros, aposto que chamando alguém.

— Soltem-na. — a voz foi agradável, porém firme e congelante. Os querubins me largaram imediatamente.

Eu encarei o chão. Não precisava olhar para saber que se tratava de Miguel, o Arcanjo. Nunca tinha encontrado com ele, mas já tinha ouvido o suficiente para saber que apenas sua presença impunha autoridade a ponto de fazer o céu tremer. Um único olhar em sua face e eu seria incinerada, deixaria de existir no mesmo instante.

— Ele não fez nada errado, — murmurei.

— Não fez? — perguntou o Arcanjo. — Ele estava com você.

As palavras dele me acertaram como mil facas.

Damon estava comigo, isso significa que eu era o erro?

— Não é errado amar. — fechei os olhos, lembrando-me do que Damon dissera.

— Não, não é errado.

— Então por que o puniram? — minha voz saiu entredentes, com ira. Eu encararia Miguel nos olhos se pudesse, se isso não significasse minha aniquilação.

— Ele sucumbiu aos desejos.

A resposta custou a fazer sentido, pareceu tola, na verdade.

— Vocês se dizem justos?! — esbravejei incrédula. — Damon foi um de vocês por toda a eternidade, os obedeceu, os serviu e os respeitou como irmãos e é assim que vocês o julgam? O jogam para fora do céu sem lhe dar chance de defesa? Se essa é a justiça divina, eu fico feliz em não fazer parte dela.

— Chega! — a voz dele foi um trovão. Os céus relampejaram e o chão tremeu sob meus pés.

Estava tomada pela raiva. Minha respiração forte, meus ombros se movendo para cima e para baixo. Eu quis muito erguer os meus olhos, um único olhar e tudo acabaria, um único olhar e eu teria fim. Por breves segundos imaginei se o Arcanjo também desejava que eu fizesse isso, mas momentos depois percebi que na verdade ele tinha penha de mim.

— Ele não caiu. Foi banido. — não entendi o que ele quis dizer, meu cérebro não funcionava direito, estava inebriado pelo topor da incredulidade e ira. Na minha mente ‘Cair’ e ser ‘Banido’ eram praticamente a mesma coisa. — Ele não foi para a Dimensão Inferior.

— O que? — Eu pisquei, com uma súbita pontada de esperança.

— O ato de vocês...

— O beijo, — corrigi.

— ...Significou mais do que isso para Damon.

— Significou? — sussurrei pra mim mesma. Aquela coisa - amor - crescia novamente no meu peito.

— Ele foi banido para a dimensão mortal. Deve estar no mesmo lugar onde vocês se viram pela última vez.

A voz do Arcanjo pareceu distante. Ou talvez eu é que estivesse distante, já que sai dali depressa com um único pensamento em mente: precisava encontrar Damon.




AGORA

Poucos metros nos separavam. Damon continuava andando no temporal, praticamente tropeçando em seus próprios pés. Eu estava indo apressada ao seu encontro, ignorando os comentários patéticos de Kai a respeito do assunto, até que ele disse algo que me fez estagnar no lugar.

— Você sabe que ele não te conhece mais, certo?

Meu peito afundou. Tudo parecia estar se fechando ao meu redor, o ar parecia rarefeito, as forças fugiram de mim. Eu sabia daquilo, mas estava tão preocupada em encontrar Damon que não calculei certo as coisas que Miguel tinha dito.

“Ele foi banido para a dimensão mortal”, Suas palavras ecoaram nos meus ouvidos, o significado delas me atingindo como bombas, ferindo cada resquício de humanidade que restou em mim.

Dimensão mortal. Isso queria dizer que seu castigo tinha sido viver como humano. Humanos tem data de validade. Tem um prazo para viver. Mas o pior de tudo é que eles não têm conhecimento do sobrenatural. Tudo o que eles têm são crenças, que podem ou não serem verdadeiras. Não têm nenhum conhecimento concreto sobre céu e inferno nem sobre anjos ou demônios. Isso queria dizer que Damon não me conhecia mais, não podia me ver, me ouvir, ou me sentir. Tudo sobre mim e sobre a eternidade tinha sido tirado de sua mente. Ele não tinha mais nada.

— Não! — murmurei com a voz embargada. — Não, ele... Ele vai se lembrar de mim, eu sei.

Kai gargalhou.

— Não seja ingênua, Bonnie. Você acha mesmo que se o amor vencesse tudo, como dizem os mortais, a Dimensão Inferior teria tantos aliados?

Eu afastei as palavras dele para longe da minha mente. Não queria ouvi-las e, acima de tudo, não queria que fossem verdadeiras.

Havia um posto de pedágio abandonado à beira da estrada. Damon tinha parado lá, estava sentado no chão, ensopado. Lama cobria grande parte da barra do seu jeans, os cabelos molhados, despenteados, a cabeça encostada na parede e os olhos voltados para o teto. Parecia constipado, com uma aparência péssima. E eu estava torcendo, desejando com todas as minhas forças que ele pudesse sentir minha presença quando me aproximei.

— Estou aqui. Damon, eu estou aqui. — falei baixinho me agachando em frente a ele. Toquei sua mão, me lembrando do jeito que ele tinha segurado a minha e entrelaçado nossos dedos um dia antes. Mas agora ele sequer se moveu. — Lembre-se de mim¸— sussurrei. — Sinta minha presença, por favor. — toquei seu peito, no mesmo lugar onde deveria estar o coração, da mesma maneira que ele me tinha levado a fazer no outro dia. — O amor que você tinha por mim, não consegue mais sentir? Então sinta o meu por você. Por favor, Damon, por favor. Eu não vou conseguir amar por nós dois.

Aquilo era tortura. Doía de mais me lembrar de cada momento e saber que ele não lembraria, que aquilo tinha sido tirado dele. Era torturante tenta-lo fazer lembrar porque era impossível de acontecer. E cada vez que eu ditasse um momento, uma frase, seria um tiro no meu coração.

— Miguel disse que o beijo significou algo pra você. Mas acho que nunca saberei o quê. — falei com lágrimas ardendo atrás das minhas pálpebras. — Você teria gostado de saber que eu estou começando a sentir. Mas não sei se isso é bom ou ruim, pois o que eu sinto agora dói. Deve ser ruim, não é?

Ele não me ouvia. Não fazia ideia da minha presença ali. Qualquer tentativa de minha parte seria inútil. Aquilo parecia uma despedida. Eu apertei os olhos. As lágrimas caíram em sua roupa, misturando-se com a água da chuva. Minhas mãos foram para o seu rosto, passeando os dedos lentamente pelas suas bochechas, seu queixo, seus lábios. Ele fechou os olhos, parecendo sonolento. Então eu me aproximei e beijei sua testa por breves segundos.

Os olhos humanos de Damon eram diferentes dos olhos oceânicos de quando ele era um anjo. Agora pareciam mais como dois lagos cristalinos de águas muito rasas. E, naquele momento, encarando-o naquela situação, eu me dei conta que é impossível um demônio se afogar num lago.

"Não é errado amar", ele tinha dito. Mas acabou sendo.


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Notas finais do capítulo

Acho que todas as fics Bamon que li até hoje, a Bonnie sempre é representada como um ser de 'luz' e o Damon de 'trevas', por isso resolvi dar uma invertida nas coisas nessa história.
Só to explicando antes que alguém diga que não consegue ver o Damon como anjo rsrs'
Como eu disse, criei a história por partes, então me perdoem se algumas cenas estiverem incoerentes ou sem emoção, eu também ando muito enferrujada na escrita xD
No mais, espero que tenham curtido.
Beijos mil.