Você acredita no destino? Para alguns pode se chamar sorte, coincidência, acaso, milagre ou coias desse tipo, mas todos são a mesma coisa independente da situação. Yakito Ryuuji é um garoto de 17 anos, o qual não acredita em coisas desse gênero, talvez ele tivesse seus motivos, ou apenas não queria dar crédito a algo que não tivesse uma lógica pela ciência. Sendo assim seu pensamento nunca mudava. Ele não é aquele tipo de jovem que é super popular na escola, porém sua aparência era bastante chamativa para o público feminino. Tendo cabelos curtos e escuros, olhos azuis, pele pálida e 1,80 de altura, ele era o sonho de algumas garotas... pelo menos grande parte da sua escola.
Yakito tinha mais dois amigos, que conhecia desde sua infância, Leonard Valentine e Kazanagi Ten. Desde aquela época continuavam com um forte laço de amizade. Leonard um rapaz de cabelo loiro, olhos verdes e 1,70 de altura era o melhor amigo de Ryuuji. Ten era sua amiga irritante, que vivia pegando no pé em várias coisas, mas aquilo era apenas porque se preocupava com o rapaz. Ele era sempre desatento com muitas coisas que aconteciam ao seu redor, afinal. Ten era baixa comparada aos rapazes, tinha apenas 1,65, cabelos longos escuros e lisos, pele pálida e seus olhos tinham o mesmo tom de seus cabelos.
Em uma tarde tranquila, Ryuuji caminhava em direção a saída da escola ao lado de seus amigos, o sol já estava quase se pondo e aos poucos podia ver-se a lua nascer, sendo assim precisava se apressar para chegar rápido em casa, não havia avisado os pais que ficaria até mais tarde na escola, para limpeza da mesma. Eles com certeza ficariam furiosos.
- Francamente...esses professores pedem as coisas do nada, não tive tempo nem para ligar para casa. – Disse Ryuuji, soltando um longo suspiro.
- Não fica assim cara, nós também não avisamos e mesmo assim ficamos para te ajudar né? Poderia ser mais agradecido com seu parceiro aqui? – O rapaz de cabelos loiros soltou um breve riso, aparentava tentar deixar o amigo mais calmo.
- Espero que leve uma surra quando chegar, ultimamente ta merecendo. – Disse a garota baixa de cabelos escuros, aquela era Ten.
- Eu já te agradeci e fecha essa boca tampinha, não pedi para você ficar.
- Ora seu... – Apertava os punhos aparentemente nervosa.
- Epa, epa vamos parar por aqui né? Acho que daqui vamos ter que nos dividir. – Disse Leonard. rindo um pouco sem jeito, ainda na vã tentativa de acalmar a situação.
- Tsc...não via a hora de chegar no portão, essa garota me irrita cara. – Olhava de canto para Ten.
- Você é muito mal agradecido, tomara que seja atropelado, seu idiota. – Mostrava a língua e caminhava na direção esquerda da calçada, que era seu caminho de casa. – Vamos Leonard, estou com pressa.
- Ah sim, até amanhã Ryuuji. – Apertava a mão do rapaz como uma breve despedida e acompanhava a garota que o esperava.
- Até.
O garoto acenou e caminhou tranquilamente para direita. Após uns dez minutos andando passou por uma barraquinha de antiguidades que ficava apenas duas quadras depois da escola, onde um velho vendia coisas de todos os tipos e muito estranhas. O rapaz nunca teve interesse em olhar os objetos, mas naquele dia aquele senhor o chamou:
- Ei, ei garoto venha aqui! – Fez um sinal com a mão direita para Ryuuji.
- Hum? O que foi? – Perguntou o rapaz, aproximando-se do homem.
- Você acredita no destino?
- Não acredito nessas coisas.
- Entendo...para ser sincero já imaginava.
Yakito não entendia muito aquela resposta, mas não teve interesse em questionar então apenas observou aquele velho fuçar em uma bolsa grande que tinha ao seu lado.
- Aqui, fique com isto. – Disse o velho entregando uma rosa vermelha comum para o garoto.
- Uma rosa? O que vou fazer com isso? – Perguntou Ryuuji, confuso.
- Você vai entender quando chegar na sua casa, só saiba que se cuidar bem dela sua recompensa será algo que nem imagina. – O velho ria em meio a fortes tosses.
- Sei... olha, eu não tenho dinheiro para pagar isso.
- Tudo bem, é um presente meu para você meu jovem, espero que seja feliz.
Ryuuji não tinha costume de rejeitar nada que fosse de graça, portanto aceitou a rosa de bom grado, mesmo que fosse de um estranho, até porque que mal faria uma rosa não é mesmo? Após pegar a flor, agradeceu o velho e seguiu seu caminho para casa normalmente. Chegando lá, foi direto para seu quarto e deixou sua mochila na cama, ao lado da rosa vermelha. Dirigiu-se ao banheiro para tomar uma ducha, porém escutou um barulho estranho vindo do seu quarto quando começou a se despir. Ele apenas ignorou, achando que fosse sua mãe, e partiu para seu banho. Demorou apenas quinze minutos sob o chuveiro, e saiu do banheiro já com suas vestes de dormir, que eram um short preto e uma camisa regata branca. Logo, porém, ficava espantado e surpreso ao ver uma garota de cabelos ruivos e cacheados, olhos verdes, pele pálida e nua sentada em sua cama com uma expressão de perdida.
- Mas de onde você surgiu!? – Ele praticamente gritou a pergunta, caindo sentado no chão e apontando para garota.
- Hã... onde eu estou, você é meu dono? Qual seu nome? – A voz da garota era gentil e doce, poderia se notar a inocência dela apenas com suas atitudes.
- Espera um pouco ae, eu quem faço as perguntas aqui e... – O garoto parava de falar ao notar que tinha um pedaço de papel dobrado e preso entre os cabelos da ruiva. – Ei, me da esse papel que está no seu cabelo.
A garota bagunçava um pouco os cabelos até pegar o papel e entregar para Ryuuji, que começou a ler.

Tenho certeza que neste momento deve estar surpreso e confuso não é mesmo meu rapaz? Cheio de dúvidas sobre essa linda moça nua em seu quarto certo? Serei o mais breve possível com minhas respostas, essa é uma rosa do destino, e deve estar se perguntando o porquê desse nome, mas não irei dizer isso, você vai descobrir isso por si mesmo caso cuide dela com o devido cuidado. Não fique com medo de seu pais descobrirem, porque ela só fica na forma humana a noite, e nesse horário seus pais não vão ao seu quarto que eu sei, se você tentar se livrar dela ou me devolver, vai querer nunca ter nascido...espero que seja feliz.

Ao terminar de ler a pequena carta o garoto jogava o papel no lixo, aparentemente nervoso, enquanto apertava os punhos.
- Aquele velho...
- Ei...você está bem? – Perguntava a ruiva, enquanto aproximava-se de Ryuuji engatinhando.
- Mais ou menos e... – O rapaz ao perceber a aproximação da garota ficava completamente vermelho e fazia um sinal para ela parar.
- Parada aí mesmo, olha eu não tenho nada para você vestir então...vou te dar uma camisa minha antes que eu acabe fazendo besteira vendo esse seu corpo.
O garoto caminhou até seu guarda roupa e revirou um pouco suas camisas, logo lançando uma grande e branca para ruiva.
- Toma, veste isso.
- Ta. – A garota vestia a camisa que chegava até seus joelhos, ela aparentava ter 1,68 de altura e a mesma idade de Ryuuji.
- Qual seu nome?
- Eu não tenho nome, quem cuida de mim que escolhe. – Piscou os olhos algumas vezes olhando para Yakito, confusa.
- Entendo...você vai se chamar Lucy então, ok? Eu não sei quanto tempo vou ficar cuidando de você, mas até lá seja obediente.
- Lucy...Lucy...
- O meu é Ryuuji. – Disse o rapaz coçando a bochecha com o dedo indicador.
- Ryuuji...Lucy...Ryuuji e Lucy? – Perguntou a garota, tombando levemente a cabeça para o lado e sorrindo.
- O-O que? Não... quer dizer, olha eu vou deitar porque hoje foi uma loucura. – O rapaz com as bochechas coradas deitava na cama se cobrindo da cabeça aos pés.
- Ryuuji... – Dizia Lucy engatinhando para perto da cama.
- O que foi?
- Eu estou com frio...
- E quer que eu faça o que? Eu não esperava visitas hoje.
- Deixa eu deitar abraçada com você? Só hoje... por favor. – A voz que chegava no ouvido do garoto o deixava completamente sem jeito e por mais que tentasse recusar algo o impedia.
- T-Tudo bem, venha aqui.
A garota entrava por debaixo da coberta e abraçava Yakito pelas costas sorrindo, ela era bem encorpada e os seus seios encostando nas costas do rapaz faziam com que seu nariz sangrasse um pouco. Lucy pegava no sono rapidamente, o que foi completamente diferente com Ryuuji, que tinha uma garota nua deitada com ele em sua cama. Na manhã seguinte o rapaz ao acordar notava que havia apenas uma rosa nas suas costas, assim percebeu, o que aquele velho havia escrito na carta era verdade. Ele agiu normalmente ao se trocar para ir a escola e tomar café com os pais, mas antes de sair deixou a rosa sobre a cama já arrumada e trancou seu quarto.
A partir daquela noite, todas as outras nunca mais foram iguais para o garoto, que havia se apegado completamente a Lucy, todas as vezes que chegava em sua casa corria para seu quarto para que finalmente pudesse conversar com sua rosa sobre seu dia. Ela aos poucos também foi perdendo a timidez, mas ainda mantinha aquele ar inocente. O rapaz ensinou sobre muitas coisas para aquela garota, que parecia uma criança no inicio, e aquela convivência durante semanas foi gerando um forte sentimento por ela...aquilo que chamamos de amor. Em uma certa noite enquanto se falavam, Ryuuji interrompeu a conversa de repente:
- Lucy...eu tenho algo para te dizer. – Disse o rapaz envergonhado.
- Diga Ryuuji. – Esboçava um pequeno sorriso.
- Eu acho que...
O rapaz quando estava prestes a terminar sua frase foi interrompido pelo dedo indicador de Lucy, que tinha seus olhos verdes brilhando, pareciam duas belas esmeraldas. Ela sorria, aparentemente sabendo o que o rapaz diria.
- Não, agora não, mas o tempo que passei com você foi o melhor...adeus Ryuuji eu já cumpri com meu papel.
Ela tocava na testa do garoto com o mesmo dedo que tocou seus lábios e no mesmo instante ele desmaiava.

Yakito acordou assustado em sua cama, olhando para os lados, como se estivesse acabado de ter um sonho ruim. Procurava pela rosa que havia ganhado do velho algumas semanas atrás, mas não encontrava em lugar algum até que sua cabeça começou a doer.
- Ai...será que tudo não passou de um sonho? Pareceu tudo real para mim, a Lucy realmente nunca existiu...? – O rapaz tampou o rosto com sua mão direita, e uma lágrima escorria de seu olho esquerdo, ele não queria acreditar que o tempo que passou com a garota que havia seu apaixonado... nunca existira, e isso o deixava realmente revoltado.
Apesar daquela manhã sem cor para Ryuuji, ele ainda teve que ir normalmente para escola, mas para sua sorte naquele dia seus amigos vieram até sua casa para irem todos juntos. Enquanto caminhavam para a escola, Leonard reparava que o amigo estava cabisbaixo e perguntava:
- Ryuuji o que aconteceu? Você estava tão alegre umas semanas atrás, mas hoje está muito cabisbaixo.
- Não é nada cara...só tive um sonho ruim.
- Foi aquela nota vermelha da prova de matemática? – Perguntou Ten apenas para provocar.
- Olha não enche...não to com cabeça para isso hoje.
- Ta certo esquentadinho. – Dava de ombros.
Após aquele curto diálogo, continuaram sem mais perguntas por respeito a Yakito, que não parecia muito bem. Ele caminhava ao lado de Ten e ao olhar para o outro lado da rua, avistou uma garota de cabelos cacheados e ruivos, olhos verdes, pele pálida, usando um uniforme diferente do de sua escola, mas aquilo não era importante e sim que talvez fosse a garota que ele amava. Ryuuji, mesmo sabendo que aquilo seria impossível, não pensou duas vezes em correr na direção da garota, que estava prestes a virar a esquina. Ele sabia que Lucy só ficava na forma humana durante a noite, mas ainda assim ele sentia que aquela era ela... era ela de alguma forma. Seus amigos não entenderam e apenas observaram aquela atitude com surpresa. Chegando do outro lado e depois de virar a esquina, aquela jovem havia sumido de vista.
- Não é possível...eu tinha certeza que era ela... – Dizia o rapaz, ofegante, encostando em um poste.
- Ryuuji... – Ouviu uma voz familiar nas suas costas.
O garoto ao olhar para trás ficava surpreso, ao ver novamente aquela garota que cuidou durante semanas na sua frente...que ela era realmente real.
- Lucy...você é real... – O rapaz acariciava o rosto dela, sorrindo ,enquanto deixava escorrer algumas lágrimas de seus olhos.
- Graças a você. – Respondeu ela, fechando os olhos, apenas apreciando a carícia.
- Ontem a noite, eu queria te dizer algo, mas você me interrompeu então agora se me permite...
- Diga... – Algumas lágrimas escorriam pelos olhos da garota.
- Eu amo você, quero ficar com você para sempre.
Após aquilo o garoto beijou os lábios da jovem com doçura, e um brilho no céu pôde ser visto por breves segundos. Enquanto isso do outro lado da rua estava o mesmo velho, aquele que havia lhe entregado a rosa semanas atrás, ele segurava um caderno com vários nomes riscados, e logo riscava outro. Yakito Ryuuji.
- Então ele conseguiu, acho que isso deve ter mudado seu jeito de pensar.
O velho soltava uma pequena risada e, ao passar um ônibus em frente sua barraca, o mesmo desaparecia.