‘All of the lights land on you… The rest of the world fades from view. And all of the love I see… Please, please, say, "I feel it too"’

Quinn não sabia exatamente quando aquilo havia começado. Pode ter sido em algum momento entre a ver andando pelos corredores no primeiro dia de aula e finalmente notar sua presença quando ela entrara no radar de Finn no segundo ano. Quinn não conseguia precisar o momento; o momento que todas as suas luzes mudaram e focalizaram Rachel Barbra Berry, de todas as pessoas da escola.

Parecia até uma brincadeira do destino – ela, a rainha do McKinley, capitã das líderes de torcida, melhor aluna da sala, mudando todos os seus caminhos para entrar na rota da garota judia com dois pais que ninguém queria ser amigo.

Mas ela o fez. Primeiro da maneira mais errada possível. Quinn a torturou durante semanas, fazendo de Rachel o seu principal alvo, sem nem saber porque. Só havia essa necessidade visceral de, alguma forma distorcida, mostrar a pequena morena que a estava notando. Observando. Testando.

Então seu mundo inteiro caiu. Depois de uma noite que gostaria de apagar da memória, acabou engravidando no melhor amigo do então namorado. Foi expulsa de casa e das cheerios. E a primeira pessoa a lhe estender a mão fora Rachel. A mesma Rachel que Quinn tanto magoara.

E foi assim que tudo mudou.

‘And all of the noise I hear inside, restless and loud, unspoken and wild. And all that you need to say to make it all go away… It's that you feel the same way too’

Quinn gostaria de dizer que as coisas ficaram mais fáceis depois que admitiu a si mesma o quanto precisava de Rachel em sua vida. Mas os fantasmas do seu passado ainda estavam muito presentes. Ainda cortavam fundo em sua alma.

Então ela se escondeu. Camuflou tudo que se permitira ser e sentir. Se escondeu atrás da máscara que era a antiga Quinn Fabray; sua insegurança falando mais alto que sua vontade de ser livre. Sua mente corria selvagem e cada vez mais, Quinn via a morena escorrer pelos seus dedos para longe do seu alcance.

Quinn sabia. Sempre soube que, por não oferecer outra opção, acabara por perder Rachel para Finn. Nunca soube mostrar a ela que existia outro caminho a seguir – que ela não precisava casar com Finn Hudson para ter alguém em quem se segurar.

A loira estava ali para ser o apoio que ela precisava. Mesmo quando quem precisava realmente de um apoio era ela. Por Rachel, estava disposta a sacrificar a própria felicidade. Por amar a morena no modo como amava, estava disposta a deixa-la ir.

‘And I know the scariest part is letting go… 'Cause love is a ghost you can't control. I promise you the truth can't hurt us now… So let the words slip out of your mouth’

E por muito tempo, querer Rachel foi um sonho distante e um tanto irreal. A morena ainda estava muito ligada a Finn para se abrir a um novo relacionamento. E quando o fez, quando finalmente se libertara do que vivia com o ex-jogador, buscou consolo em outros braços que não eram os de Quinn.

A loira impotente observava tudo de uma distância segura. Fora a época que mais recebeu puxões de orelha de Santana, a única pessoa no mundo que a conhecia como um livro aberto. Fora a época onde as duas ampararam seus corações em frangalhos, tentando fugir dos fantasmas que o amor havia deixado em suas vidas – de um lado não tentado e do outro não vivido.

Então a coisa mais inesperada aconteceu. Finn morreu e levou junto com ele uma parte de cada membro do coral. Mas uma pessoa em especial quase desapareceu depois daquilo – Rachel se anulou, passou a ser somente uma carcaça, um vazio, um algo que não conseguia encontrar seu espaço. Quinn assistiu impotente a morena murchar em frente a seus olhos. Perder o rumo. Perder a razão.

Jogar tudo para o alto.

Mesmo assim ela estava lá. Quinn estendeu a mão mesmo quando Rachel não quis. Mesmo quando ela relutou. Quinn a ajudou a curar de alguma forma.

‘And all of the stairs that land me to you, and all of the hell I have to walk through. But I wouldn't trade a day for the chance to say, "My love, I'm in love with you"’

Foram necessários meses para Rachel sorrir verdadeiramente outra vez. E as vezes Quinn ainda não tinha certeza que o coração da garota estava realmente curado, mesmo com todo o reparo que tentou fazer.

Tinha que subir um degrau de cada vez para fazer morada no coração de Rachel; cada pequeno passo, por menor que fosse, a deixava mais perto da morena. Mesmo não sendo exatamente da forma que queria ainda. Quinn vivia para o momento de finalmente olhar naqueles olhos castanhos e dizer as palavras que seu coração clamava: Meu amor, eu estou apaixonada por você.

Um momento que não demorou tanto para acontecer. Foi no auditório do McKinley High, numa das vezes que o antigo coral havia voltado para Lima – Quinn lembrava com uma clareza quase nauseante. Havia encontrado a morena sozinha no palco, encarando a foto antiga de Finn com um sorriso saudosista no rosto e lágrimas nos olhos.

- Rachel, você está bem?

Perguntara com preocupação. Era sempre complicado quando a morena lembrava do ex-namorado; as memórias ainda eram muito dolorosas.

- Sim. – ela respondeu sorrindo fraco. Quinn tomou aquilo como um incentivo para aproximar-se. – Eu só estava lembrando de algo que Finn me disse certa vez.

- Importa-se de compartilhar?

Ela sorriu. – Ele me disse para seguir em frente. Ele sabia o quanto eu me apegava as coisas e em uma das conversas que tivemos depois do ponto final definitivo no nosso namoro, Finn me falou para seguir em frente. Suas palavras exatas foram “Você não pode definir sua vida pelos relacionamentos que não deram certo. Nós não funcionamos por uma série de fatores, mas não quero que você se apegue ao errado. Deixe seu coração sempre aberto para amar outra vez. Não faça o meu fantasma te impedir de conhecer alguém que realmente vai te amar como você merece.”

Quinn lembrava de pensar o quanto aquilo havia sido profundo e sábio. Finn tinha momentos onde era extremamente perspicaz e para alguém que fora um namorado mediano, sabia quando era sua hora para dar um passo para o lado e permitir que a pessoa que amava respirasse.

As duas já estavam tendo uma espécie de relacionamento naquela época. Nada realmente definido, porque Quinn tinha medo de pular etapas e Rachel não se sentia confortável rotulando o que viviam. Mas a loira não aguentava segurar o que sentia pela morena em seu coração.

Então quando Rachel se aconchegou no abraço que ofereceu, murmurou baixinho contra seu cabelo, tendo como testemunha a foto de Finn as palavras que as mudaram. Meu amor, eu estou apaixonada por você.

‘I know that we're both afraid, we both made the same mistakes. An open heart is an open wound too, and in the wind there's a heavy choice. Love has a quiet voice, still remind now I'm yours to choose’

A loira estaria mentindo se dissesse que as coisas entre ela e Rachel foram fáceis depois da sua confissão. Foram complicadas, foram duras e muitas vezes Quinn se pegou pensando se tudo aquilo valia a pena.

Elas tinham marcas dos erros que cometeram em seus relacionamentos, marcas que pareciam não sumir e persistiam entre elas como feridas abertas. Pensavam se compensava arriscar um rasgo maior ainda em seus corações investindo no que viviam; valia a pena dar mais uma chance para o amor?

Era um passo extremamente perigoso. Amar outra vez. Amar pela última vez. Era aquilo que mais temiam – a certeza de que aquele tipo de amor que sentiam não havia ainda sido sentido. Rachel tivera algo quase daquela magnitude com Finn; a pequena tatuagem que ainda mantinha com o nome do garoto era um lembrete constante do quão real e abrasador seus anos juntos haviam sido.

Mas Quinn nunca sentira por ninguém o que sentia por Rachel – nunca havia tido ninguém além da morena em seu coração. A tatuagem que Rachel tinha na pele, Quinn carregava no coração.

Contra todas as probabilidades, elas arriscaram. Tomaram a chance e não haviam se arrependido por um momento sequer.

‘And I know the scariest part is letting go…Let my love be the light that guides you home.’

Quinn tinha cada vez mais certeza de que estar com Rachel era a decisão mais certa que havia tomado em todos aqueles seus vinte e sete anos. Nada se comparava a sensação de acordar com a morena enroscada em seus braços, sua pele quente de encontro a sua, sua respiração preguiçosa batendo em seu rosto.

Não havia coisa mais bonita do que abrir os olhos e encontrar os castanhos a olhando com carinho. Nada era melhor do que ter alguém para chamar de lar e de ser a luz que guiava alguém para casa.

Quinn poderia ser a luz de Rachel, mas Rachel era e sempre seria o lar que Quinn nunca havia encontrado.

Era nisso que pensava quando desenhava padrões aleatórios na pele descoberta da noiva. E quando Rachel abriu os olhos e sorriu, Quinn agradeceu ao anjo que havia colocado a morena em seu caminho.

- Eu amo você.

- Eu amo você também.

‘And I know the scariest part is letting go, 'cause love is a ghost you can't control. I promise you the truth can't hurt us now… So let the words slip out of your… mouth’