Detalhes escrita por LittleHobbit


Capítulo 22
Three Little Birds


Notas iniciais do capítulo

Bob Marley, Three Little Birds.
Na minha opinião, essa deveria ser a última música do desafio, mas como eu não faço as regras... uahsuahsuahs'
Até as notas finais o/



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Eram 10h00 quando John finalmente acordou. Mas ao invés de espreguiçar-se confortavelmente contra a cama quente e abrir os olhos para o dia fresco lá fora, como seria o saudável a acontecer. John pulara da cama, como se ela tivesse lhe eletrocutado, quando fitara os números vermelhos do despertador ao lado da cama.

Por que aquela maldita coisa não havia despertado? Céus, perdera completamente o horário do trabalho.

Suspirou resignado, sentindo a frustração invadir seu ser de uma só vez. Seria demitido novamente.

Olhou para a cama desfeita e, só então, notou que a figura alta de Sherlock não estava lá, entre os lençóis amassados. Mas aquilo não era tão estranho. Sherlock não costumava dormir à noite, de qualquer forma.

Apertou as têmporas com as pontas dos dedos, já conseguindo imaginar os problemas que aconteceriam quando fosse despedido. As contas. As compras. Os caprichos de Sherlock. Só de pensar em tudo aquilo sentia a cabeça girar.

Esfregou o rosto com as mãos enquanto arrastava os pés para fora do quarto de maneira preguiçosa, um tanto cabisbaixo. Quando estava na metade do corredor sentiu o cheiro quente do café que tomava todo o cômodo. Estranhou o aroma, mas logo percebeu que Mrs. Hudson podia ter feito café para “os seus meninos”.

Caminhou pela sala bagunçada até a cozinha – que muito pouco lembrava uma cozinha de verdade. – esperando ver a senhoria no local, mas o que viu o fez ficar de boca aberta, literalmente.

Sherlock vestia seu roupão azul e suas calças de dormir. Seu cabelo era uma bagunça de cachos quase negros e seus pés descalços batucavam contra o chão frio da cozinha. As mãos finas ocupadas em fazer café, o mesmo café que espalhava um cheiro delicioso pelo apartamento.

–Sherlock? – chamou um tanto confuso.

–Oh, bom dia, John – disse com a voz grave, virando-se para o loiro.

–Sherlock, isso é...

–Inesperado? – completou o moreno.

–Eu estava pensando em “um tanto assustador”, mas “inesperado” também cabe – disse coçando os olhos. – O que está fazendo?

–Café, imagino – respondeu simplesmente.

John empurrou alguns cadernos e folhas soltas para o lado, sentando-se de frente para a mesa, observando o corpo esguio a sua frente trabalhar.

Cerrou os olhos ante aquela cena, mas preferiu ficar calado naquele momento. O cômodo estava aconchegante e o silêncio era bom. O cheiro do café o inebriava. A luz que vinha da sala iluminava o lugar de forma fraca, fazendo-o sentir uma sonolência bem vinda e a voz murmurante do namorado o acalmava. Estava se sentindo calmo, como se tudo estivesse bem.

–Aqui está – Sherlock disse num tom animado, depositando uma xícara vermelha na frente do loiro na mesa bagunçada.

John olhou do café para Sherlock, de maneira desconfiada, algumas vezes.

–Por que o café? – questionou em tom acusatório. – Você nunca faz café.

–Claro que faço café – disse num tom ofendido. – Já fiz café antes!

–Sabe que da última vez que me deu um café eu acabei me trancando numa jaula por achar que havia um cachorro mutante do lado de fora, não sabe?

–Isso ficou no passado e, além do mais, era para um caso! – Sherlock fez um movimento de desdém com a mão. – Não tem nada de errado com o café.

–Eu acho que prefiro chá...

Mas Sherlock o olhou com aquela cara de cachorro abandonado. Os olhos claros lhe fitando com intensidade, implorando que John tomasse o maldito café.

–Está certo, está certo – disse sem paciência.

Sorveu o líquido fumegante, queimando os lábios enquanto sentia o gosto forte em sua língua. Ao menos Sherlock não colocara açúcar daquela vez. Como se estivesse tentando agradá-lo...

–Você fez alguma coisa, não fez? – John perguntou voltando a cerrar os olhos. – Mexeu no meu notebook? Perdeu alguma coisa importante? Quebrou alguma coisa...?

A cara emburrada de Sherlock o denunciou completamente. John colocou a xícara novamente na mesa e o olhou de maneira vitoriosa.

–Eu sabia! – disse num riso. – O que você quebrou?

Sherlock largou o corpo na cadeira ao lado de maneira preguiçosa.

–É possível que eu tenha acertado seu despertador algumas vezes... na parede do quarto.

Claro, agora tudo fazia sentido.

–É por isso que ele não despertou! – disse um tanto irritado. – Sherlock...

–Não me venha com essa! – cortou com a voz ácida. – Aquela coisa infernal só servia para me atrapalhar enquanto eu tentava me concentrar em coisas importantes!

–Vou ser despedido por sua culpa! – exclamou. - Talvez não tenha notado, mas eu deveria estar no trabalho a essa hora!

–Eu sei, John – Sherlock disse, agora mais calmo. – Não vejo o porquê de se importar tanto com esse emprego entediante, mas eu sinto muito, não pelo seu emprego, mas por você.

John o olhou sem ar. Não era sempre que Sherlock mostrava seu lado humano com uma coisa que era tão banal ao seus olhos. Fitou o moreno e suspirou.

Levou o café até os lábios, tomando um gole grande numa resposta muda ao pedido de desculpas do mais alto. Sherlock sorriu para si e John devolveu o ato com carinho.

Estava tudo bem. Com emprego, sem emprego. Desde que Sherlock estivesse ali, tudo sempre estaria bem.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo galera o/



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