Como odiar o amor escrita por TheGhostKing


Capítulo 7
As perguntas


Notas iniciais do capítulo

Eu não estou demorando muito para postar, estou? É que vocês não tem noção da quantidade de coisas que vem me impedindo de postar. Credo.
Enfim, obrigada pelos comentários, favoritos e acompanhamentos :3



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POV Jill

– Eu também te amo – Jill respondeu, baixinho, ao berro de Nico, odiando cada palavra de sua frase. Queria sentir ódio dele, mas não conseguia. Desprezava-se por isso.

Ela não poderia se enganar pelas palavras de Nico. Por seu jeito doce e gentil. Era mentira, era sempre mentira. Ela sentia que, se olhasse no fundo de seus olhos escuros e sombrios, ela o veria rindo enquanto dizia que a amava. Afinal, ela era tonta mesmo. Apaixonar-se por um menino no mesmo dia em que o conheceu? Agh. Que coisa de novela mexicana.

E, além do mais, era errado confiar mais no próprio pai do que em Nico? Ela não podia ter certeza das intenções do menino, mas o pai só queria protegê-la. Por que outro motivo ele a entregaria um arco com um poder tão obscuro, que, detalhe, já havia salvado sua vida uma vez?

Mas não importava o que ela pensasse, não conseguia ter um sentimento negativo sobre o garoto. O máximo que ela podia ficar era chateada. E, devia admitir, um pouco amedrontada. Tinham se conhecido no dia anterior e ele já tinha a derrubado no chão, invocado um espírito, deixado ela em coma, falhado em acordá-la e conquistado seu coração. Sem dúvidas, ele era o menino de 14 anos mais poderoso do planeta.

Jill suspirou e sentou-se na cama. Não queria ter que evitar Nico. Não o Nico que ela conhecia. Do Nico que ele realmente era, ela queria manter distância.

Sua cabeça girava. Ela nunca esteva mais confusa sobre o que sentia. Medo? Amor? Será que não era tudo a mesma coisa?

Ela ouviu alguém bater na porta.

– Jill? Está aí? – soou uma voz masculina.

– Sim, quem é?

– Will Solace. Tenho que checar se está tudo bem, soube que acordou agindo diferente... desculpa pela demora, eu estava em um paciente complicado. Não queira saber.

Ela revirou os olhos. Hora do show, pensou.

– Nico, por favor, saia – ela disse, com uma voz forçada de quem está assustado mas não quer admitir – Não vai funcionar.

A porta se abriu devagar. Por instinto, Jill agarrou o arco, depois sentiu nojo de si mesma.

Uma cabeça entrou no chalé com as mãos nos olhos.

– Você tá vestida, né?

Era um menino loiro, alto, de pele bronzeada. Bem diferente de Nico.

– Estou. Entre, Will.

Ele tirou as mãos do rosto, revelando olhos profundamente azuis, e entrou no chalé. Andou em direção à ela de modo meio desajeitado, como se não se importasse com nada.

– Qual é a sua com o di Angelo, hein? Que história é essa de passar de namorados do ano para inimigos mortais? Ele tá mal.

– Você não estava aqui para me examinar? – ela rosnou.

– Perguntei primeiro.

– Nada. Não é nada. E agora? Vai checar se eu enlouqueci ou não?

– Eu já sei que você enlouqueceu, mas eu preciso fazer isso de qualquer jeito – ele tirou um bilhete amassado do bolso e leu – O que acontecia enquanto você dormia?

– Pergunta um de quantas? – ela perguntou, olhando para as palavras escritas à mão.

– Vinte e três.

Ela enfiou a cabeça em um travesseiro e disse “que saco“, mas provavelmente soou como algo totalmente sem sentido, tipo “hamfo”.

– Estou só esperando – cantarolou Will.

– Okay – ela se levantou – mas preste atenção, que eu não vou repetir nem que você implore.

– Vou prestar – ele sorriu e se ajeitou um uma cama, como uma criancinha.

Lá vai, ela pensou, desatando a falar.

.

POV Nico

– E aí? – ele perguntou, ansioso, à Will, ao vê-lo sair do chalé do Cupido, após os quarenta minutos mais longos de sua vida – Como foi, o que ela disse?

– Calma aí, amiguinho – ele respondeu, fechando a porta – vamos para um lugar que ela não escute.

– Não precisa, é só falar baixo – Nico estava agitado demais para deixar a conversa para depois – Você fez todas as perguntas que eu te fiz?

– Aham. Mas você não precisa saber da resposta de todas.

– Como assim? – Nico ficou preocupado.

– Muitas delas não são importantes para entender o que está acontecendo, sabe?

– Will...

– Ta. Talvez eu tenha esquecido algumas...

– Will!

– Mas eu só esqueci as insignificantes, juro.

Eles se sentaram na margem do lago. Ainda era possível ver o chalé, mas a não ser que eles gritassem, Jill nunca escutaria. Ficaram olhando o horizonte por um tempo. Nico começou a ficar irritado com o amigo. Ele estava enrolando tanto!

– Está esperando o que? Desembucha!

– Então, sobre isso... – Will deu uma risadinha nervosa.

– Ah, nem vem. Você prometeu que ia contar o que ela dissesse!

– Prometi, verdade. Mas você deveria aprender a fazer os outros jurarem sobre o rio Estige que nem sua coleguinha.

– Não começa! – Nico levantou-se num pulo – Tudo isso para você não me contar? Como assim? – seus olhos começaram a arder. Ele chutou umas conchas e um pouco de areia – quer saber, eu tinha certeza que isso não ia funcionar, porque você leva tudo na brincadeira. Achei que talvez você pudesse fazer esse favor para mim, vendo que era importante, mas nãããão, não pode nem aparecer uma menina pedindo para você jurar que você vai lá e jura? Mesmo depois de todas as nossas conversas e combinados? Você é mesmo um...

– Nico, Nico, calma – Nico parou de falar e respirou fundo, esperando o comentário de Solace – é brincadeira. Eu não jurei.

Nico estufou o peito e abriu a boca, pronto para gritar de raiva, mas fechou os olhos e cerrou os punhos, contando até dez. Ouviu uma risadinha.

– Não foi engraçado, Solace. Eu quase tive um ataque.

– Quase?! Eu achei que você fosse abrir o chão e me atirar no Tártato...

– Will. Foco. – Nico queria estrangular o garoto, mas precisava dele vivo para ter as informações sobre Jill.

Will fechou a cara, lembrando-se que o assunto era sério.

– Nico, amiguinho... talvez fosse melhor eu não poder te dizer. Você não vai gostar muito do que vai ouvir.

.

Desde que Will explicara detalhe por detalhe do que tinha acontecido, Nico não conseguia prestar atenção em nada ao seu redor. Só via borrões e ouvia zumbidos distantes. Só se lembrava das coisas que o Cupido havia convencido Jill que eram verdades. Só conseguia pensar que talvez elas fossem mesmo verdade, de algum modo.

Nico realmente pensava em se afogar no lago, ou sair do acampamento e se entregar a um monstro, qualquer coisa. Viver não fazia mais sentido. Percy tinha Annabeth. Leo tinha Calypso. Jason tinha Piper. Nico tinha Bianca, mas ela morreu. Depois, tinha Hazel, mas ela ficou com Frank. Depois, tinha Reyna, mas ela voltou ao acampamento Júpter. Depois, Jill, mas agora a menina tinha medo dele.

E por causa do Cupido. Por causa desse babaca desse deus, Nico não tinha ninguém.

O ódio subiu para a cabeça de Nico como nunca antes, e já tinha acontecido várias vezes. Mas, dessa vez, foi diferente. Mais intenso. Ele não queria só se livrar do Cupido, como queria torturá-lo antes. Fazê-lo sofrer. Muito.

Nico ainda estava sentado na areia da praia. Will tinha ido almoçar, deixando-o sozinho, pensando. Levantou-se e gritou à plenos pulmões:

– Cupido! – não se importou com quantos olhares isso atraiu – seu covarde! Você joga sujo porque não sabe ganhar sem suas trapaças! Você é um mentiroso e vai pagar muito caro pelo que fez comigo! VAI SE – e, ao completar a frase, Nico soltou uma gargalhada, daquelas que se espera ouvir de um hospício. Uma longa e alta gargalhada insana. Ele começou a andar para o refeitório, mas antes, gritou:

– Não espere que eu realmente me afaste de Jill!

Nico começou a correr. Estava ferrado. E não dava a mínima. Achou a sensação ótima.

Decidiu que ia gritar com o nada mais vezes.

.

POV Jill

Quando Nico sentou, atrasado, no refeitório, parecia feliz. Por algum motivo, isso incomodou Jill, embora ela não fosse admitir em voz alta.

Que bom que ele superou isso tudo, ela disse a si mesma.

Ele tinha chegado bem na hora de jogar comida na fogueira. Jill não entendia muito bem essa tradição, mas respeitava. Empurrou um pouco do seu frango com o garfo em homenagem ao Cupido quando chegou sua vez.

A mesa de Hades não era longe da do Cupido, então ela pode ver o que Nico estava fazendo. Ele estava desenhando, ou melhor, escrevendo em um hambúrguer usando ketchup. Quando Quíron chamou a mesa de Hades, ele ficou de pé na mesa e pigarreou, para chamar atenção. Poucas pessoas se viraram, então ele deu um berro e todos se calaram na hora.

– Muito bem – ele começou, sorrindo de orelha a orelha. Ele parecia estar embriagado, ou enlouquecendo – Esse hambúrguer é para o Cupido. Queria que soubessem que é a ele que estou homenageando. Obrigado.

Ele ia jogar o sanduiche no fogo quando alguém, provavelmente Will Solace, considerando a voz rouca, gritou:

– O que você escreveu no ketchup?

Nico tacou o hambúrguer na fogueira. O fogo ficou negro, fazendo os olhos do menino brilharem enquanto ele o encarava. Sem desviar olhar, ele respondeu:

– Mandei ele ir à merd@.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu coloquei o @.

Não se esqueçam de por favor deixar a opinião aí embaixo, ajuda muito :3