Como odiar o amor escrita por TheGhostKing


Capítulo 2
A reclamação


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou em um ano puxado na escola, mas tentarei postar com frequência. :)



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Não vinha outro assunto na cabeça de Nico além de Jill. Ele às vezes até mesmo tentava pensar em Percy, mas não o fazia mais como antes. Algo havia mudado, e isso estava começando a irritar o garoto. O que estava acontecendo com ele? Ele tinha certeza que era... Que gostava... Quer dizer, ele sabia que... Bom, a única coisa que ele sabia era que não sabia mais de nada. E isso esmagava e misturava seus pensamentos cada vez que ele achava que tinha entendido um pouco deles.

Jill.. o que tinha demais nela? Seus cabelos longos balançavam de um lado para o outro quando ela andava, ele havia reparado. Imaginou-a com um rabo de cavalo, deixando o rosto aparecer. Ficaria bonita, sem dúvida. Talvez chamasse mais atenção para os olhos. Ou talvez o movimento repetitivo de balanço ficassem ainda maiores e mais fascinantes.

E ela era tão metida! Sempre levantando levemente a cabeça para falar, como se te examinasse. Por alguma razão, isso não incomodava Nico. Ele não tinha a sensação de que ela era uma daquelas garotas que gosta de debochar dos outros. Ela era apenas... confiante consigo mesma. Sabia o que ela tinha de especial e como usá-lo.

O que levava seus pensamentos novamente para Afrodite. Aquele colar significava alguma coisa? Ela se encaixaria bem no chalé da deusa do amor. Quer dizer, Nico havia visto pessoas menos propensas a serem filhas dela serem reclamados por um gigantesco coração, então nada impedia que...

– Nico? – uma voz interrompeu seus pensamentos, juntamente a uma batida na porta. Era Hazel.

– Estou aqui – respondeu, sem levantar da cama ou parar de encarar o teto.

A irmã entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.

– Só vim chamar para o jantar. O que está fazendo?

– Só olhando o teto....

– Você ao menos já tomou banho? – Hazel ignorou sua resposta à pergunta anterior. Nico balançou a cabeça negativamente – bom, então se apresse, pois o jantar é em quinze minutos. O que ficou fazendo todo esse tempo, hein? Olhando para o teto?

– Sim, não ouviu o que eu disse, não?

– Levanta de uma vez, vai!

Nico suspirou e revirou os olhos, mas obedeceu. Tomou um banho rápido só para dizer que o fez, pensando no que Jill dissera.

“A gente se encontra no jantar, eu sento na sua mesa“

Saiu de baixo do chuveiro com a toalha enrolada na cintura. Sacudiu a cabeça como um cachorro, respingando a água de seu cabelo no espelho. Ficou olhando o próprio reflexo. Magrela. Branquelo. Cabelos estilo ninho-de-rato. Olhos fundos e sombrios. Será que Jill havia enxergado algo nele que ninguém mais enxergava?

Colocou a roupa que havia separado. O de sempre: uma camisa preta, uma calça Jeans e botas. Decidiu não vestir jaqueta de aviador e nem a de couro, pois fazia calor.

Estava quase saindo do banheiro quando olhou para o lado. Será que devia fazer aquilo? Continuou a olhar para o pequeno e velho frasco. Estendeu a mão, mas hesitou. Não tinha certeza. Respirou fundo. Olhou para os lados: nem um sinal de uma alma sequer.

Agora vai, pensou.

Tomou coragem e segurou o vidrinho na mão. Antes que a perdesse, borrifou um pouco de perfume em si e disparou para fora, torcendo não ter passado demais.

.

Sentou-se na mesa de Hades uns dez minutos antes do jantar. Hazel já estava lá, e lançou-lhe um olhar satisfeito. Nico viu Jill se aproximar e sentar do seu lado.

– Oi, Nico – ela disse, como se estivesse provando que se lembrava do nome dele.

– Oi Jill – ele inclinou a cabeça em direção à Hazel – essa é Hazel, minha irmã.

– Prazer – disse ela, apertando a mão da outra – nossa, vocês são... diferentes.

Hazel riu baixinho.

– Somos irmãos só por parte de pai. Aliás, nem isso direito, já que eu sou filha de Plutão.

– Então esse acampamento também aceita romanos?

– Não exatamente, mas como os ajudei, pude ficar, e escolhi o fazer.

– Legal.

Nico já havia parado de prestar atenção na conversa delas e se concentrava em pensar o que queria comer. Quando a comida foi surgindo em seu prato e a bebida no seu copo, ele viu os olhos de Jill se arregalarem e não pode deixar de sorrir.

– Tente você – ele sugeriu, lembrando-se do dia em que descobriu que a comida surgia daquela maneira. Havia achado incrível.

– Eu vou querer – ela começou a dizer, como se ao lado dela tivesse um garçom anotando seu pedido – uma Coca-Cola de cereja...

– Isso existe? – interrompeu Hazel.

– Aham. É minha favorita. Enfim... – Jill corou – Não achem que sou infantil. Quero um McLanche Feliz.

As palavras dela atingiram Nico como um soco no estômago, mas ele tentou disfarçar. Era difícil, doía muito... Toda vez que pensava em McLanche Feliz, lembrava-se da noite em que usou-o para se comunicar com Bianca, e lembrava-se sempre também que isso nunca iria acontecer novamente.

Tentou ao máximo afastar o pensamento, mas não conseguiu, até enxergar, em sua frente, uma mão estalando os dedos.

– Ei – repetia Jill – Ei! O que deu em você?

Nico procurou em Hazel um olhar de compreensão, mas ela parecia tão confusa quanto a amiga. Então, ele se lembrou que não havia contado sobre isso à ela.

– Esqueçam. Não é nada demais.

Hazel desenhou com os lábios as palavras “o que houve?”, com medo do problema ser Jill. Nico apenas balançou a cabeça em resposta, com um sorrisinho.

Silêncio.

Por muito tempo.

–Bom... – começou Jill, mudando de assunto – sou só eu ou vocês estão sentido um cheiro de perfume?

A vergonha mal teve tempo de chegar ao ponto extremo para Nico, pois tudo foi interrompido por uma forte luz vindo de cima de Jill. O refeitório todo virou para admirar o símbolo que brilhava sobre ela: um grande coração branco coberto de flechas vermelhas.

Jill olhava para cima, com os olhos cheios de surpresa, e até preocupação. Mas, ao olhar para os lados e ver que as pessoas agiam como se fosse normal, ela se acalmou.

– Isso é uma reclamação? – ela perguntou.

– Sim – Nico respondeu, girando o anel de caveira no dedo – é um coração estranho para Afrodite. Geralmente não tem todas essas flechas.

– Isso é porque não é de Afrodite, cabeção! – alguém gritou de mesa de Atena.

Nico ficou confuso. Abriu a boca para perguntar de quem era, mas raciocinou e teve sua resposta antes de dizer uma palavra sequer.

– Você deve estar brincando.

Foram suas últimas palavras antes de cair no chão, inconsciente.


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Notas finais do capítulo

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