Renji acordou no meio da madrugada, um pouco sonolento, esfregou os olhos com os dedos da mão esquerda. O braço direito estava ocupado, apoiando a cabeça de Kuchiki Byakuya.

A imagem do homem deitado em sua cama, era iluminada pela luz natural da noite que entrava pela janela do seu quarto. Byakuya dormia tranquilamente. Renji recordava-se de como foi difícil convencê-lo a ficar durante toda a noite.

Houve noites que o ruivo dormia sozinho na cama, que ainda tinha o cheiro do Kuchiki. Ele sempre abraçava com força o lençol impregnado com o cheiro de Byakuya, imaginando quando ele teria um pouquinho mais do homem que amava.

Mas, naquela noite, Byakuya o surpreendeu aceitando o convite para um banho a dois, que ele sempre se recusava. Renji o ensaboou nas costas, e lavou os cabelos de Byakuya com tanto cuidado que o capitão teve que lembrá-lo de que não se partiria ao meio como uma estátua de cristal, caso ele colocasse um pouco mais de força nas mãos.

A frase era pura e inocente, mas Renji gostou de tê-la ouvido.

— O senhor gosta que eu use a força? — ele havia perguntado, aproveitando que Byakuya mantinha o pescoço inclinado, roçou os lábios na pele molhada.

O banho foi longo e bastante prazeroso para os dois. Depois que se secaram, Renji preparou algo para eles comerem, pois estava morrendo de fome, e sabia que Byakuya era muito gentil em não querer dar trabalho, jamais admitiria que estava com fome. Mas Renji sabia que ele estava.

Após comerem, Renji arriscou convidá-lo para conversar em seu quarto, já que seu futon ficava bem do lado da janela e tinha uma vista agradável para um pequeno quintal, onde o Abarai cuidava de algumas plantas com muito cuidado.

Ele ficou. Renji estava radiante. Conversaram sobre nada muito sério, e Renji desviou o assunto sobre sua infância, ele não queria deixar o clima pesado e triste. Preferia fazer planos para o futuro. Quando se deu conta, Byakuya estava de olhos fechados, com a cabeça apoiada em seu peito e a mão, que fazia carícias em círculos, pousada sobre o seu abdome. Renji ficou parado por um bom tempo apenas admirando a imagem de Byakuya tão à vontade ali, na sua casinha humilde.

Era uma cena de encher os olhos de Renji. Ele só conseguiu dormir, pois foi vencido pelo cansaço, mas passaria o resto da vida admirando Byakuya.

— O que faz acordado? — Byakuya perguntou, era madrugada e Renji o observava.

— Só estou me certificando de que isso não é um sonho. — Renji passou os dedos no queixo do moreno.

Byakuya moveu os lábios num singelo sorriso, pedindo para que Renji voltasse a dormir.

Renji o abraçou com mais força, beijando-o no rosto, não o soltou mesmo sabendo que estava muito apertado para poder dormir. Aquela sensação boa de ter o Kuchiki em seus braços era a resposta para aquilo não ser um sonho.