Diamond: A história de uma loba escrita por meriesha


Capítulo 37
Loba negra


Notas iniciais do capítulo

CACETA EU FIQUEI MUITO TEMPO OFF
perdão gente
muita coisa tava acontecendo comigo e aaaaaaaaa vários problemas e enfim
cap novo é nois
eu queria escrever todos os caps da fic e ir postando um por um mas não me aguento e tô aqui
nome sem graça porque não consegui pensar em nenhum, mas como nesse cap pode-se ter um entendimento muito grande da midnight, achei que seria apropriado
"nossa que spoiler hein ja ta falando de quem é o pov"
mas vai dizer que voce não imaginou pelo nome
pare viu

e obrigada à BlueSheWolf por recomendar a fic! sei que você com certeza recomendou há uns meses, mas eu só vi recentemente por motivos de... só entrei recentemente nesse lindo site :^)
significa muito pra mim, além das 5000+ views

♡♡♡



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Midnight

Estava cedo. O Sol nasceria daqui a alguns minutos, mas havia perdido a vontade de dormir. Nunca tive o hábito de dormir por longos períodos de tempo, de qualquer modo.

Sacudi meu pelo e me espreguicei, tomando cuidado para não acordar o resto da família. Papai e mamãe dormiam lado a lado. Era engraçado como eram tão diferentes, mesmo dormindo – ele com seu sono inquieto, ela descansando tranquilamente. Mike estava de barriga para cima, quase babando. Me impressionava o quão mirabolantes suas posições para dormir podiam ser. E Nix estava encolhida feito uma bolinha, o que me fez lembrar da única outra loba que dormia assim.

Diamond.

Ela ainda estava fora.

Não que eu me importasse de fato. Mas estava curiosa. Onde ela havia se metido? Papai, como sempre, fez um escarcéu dizendo que Mike deveria ir atrás dela, mas ele retrucou dizendo que Diamond já estava grandinha o suficiente para cuidar de si, e que, sim, deveria ter avisado que não dormiria conosco, mas poderia ter sido uma decisão de última hora. Se ela não voltasse pela manhã, ele iria procurá-la.

Por que tudo relacionado à ela precisa sempre ser tão melodramático? Por que ela sempre parece ser a mais importante de nós quatro? E, mais importante, por que ninguém, além de mim, se importa com isso?

Argh, ainda é cedo demais para pensar nisso tudo. Saí da caverna cautelosamente, com minhas patas fazendo leves ruídos no chão. Resolvi caminhar pelas margens do território. Ou sair. Qualquer coisa.

Diamond. A loba sempre feliz, sempre gentil, sempre amorosa, sempre a melhor. Os meses em que ela passou de luto foram os meses mais estranhos da minha vida. Foi como se tivéssemos recriado um laço que fora quebrado há anos. Quando ficamos sabendo do que papai havia feito, todos entramos em choque. Mike em especial. Eu nunca havia o visto tão desesperado. Era possível sentir muitas coisas nele, inclusive fúria. Se ele pudesse, brigaria com papai. Mas não era louco para realizar tamanha afronta.

Assim que a loba chegou na caverna, ficamos levemente paralisados com sua aparência – seu pelo estava sujo, seus olhos raiados de sangue, perdidos e sem vida, as orelhas totalmente encolhidas. Ela não conseguia encarar nenhum de nós por mais de alguns segundos sem desviar seu olhar para baixo.

Num impulso, nós três – eu, Nix e Mike – fomos em direção à ela, de forma estranhamente sincronizada, como se ensaiada, e a abraçamos, um de cada vez. Mike e Nix começaram a falar frases já conhecidas como “estou aqui para você”, “tudo vai ficar bem”, “eu sinto muito”. Eu, por outro lado, não perdi tempo com essas coisas. É claro, estava sentida. Eu possuo sentimentos. Mas prefiro não me expressar com as palavras. Eu estava de frente para Diamond, e apenas a encarei, penetrando no fundo de seus olhos azuis-céu, agora vazios. Encolhi minhas orelhas e soltei alguns ganidos. Era como se estivéssemos numa bolha, só eu e ela. Como se... nossas almas almas tentassem buscar algum conforto antigo. Era uma espécie de coisa esquisita minha, conseguir sentir com tanta precisão o que se passa dentro de alguém, principalmente ao trocar olhares por bastante tempo. Eu literalmente sentia nós duas de alguma forma. Contudo, algo em mim simplesmente... não conseguia permitir. Sacudi a cabeça e mirei meus olhos em outra coisa, tirando-nos do transe.

Nos dias seguintes, eu conseguia sentir uma aura horrível envolvendo-a. Ela estava parando de comer. Admito, preocupei-me. Seu olhar me denunciava o que ela podia planejar se ficasse tempo demais imersa em seus pensamentos. Então, sempre que possível, eu a olhava. Deixava que as almas se consolassem à distância. Entretanto, nunca consentia o toque delas.

“Escute. Não sei exatamente o que está sentindo, mas não tente fazer nada estúpido.” – lembro-me de ter avisado. Ao menos ela me escutou.

Semanas se passaram. Meses se passaram. E ela se recompôs. É claro, não era a mesma – nunca mais seria – porém, estava visivelmente melhor. Tanto fisicamente quanto espiritualmente.

Continuei caminhando lentamente. Era possível ver uma luz fraca emanando do horizonte; logo o Sol estaria tomando seu posto, iluminando o céu e expulsando a Lua. Suspirei. Uma pequena lebre passou correndo por mim e me manti estática. Ela virou para trás e eu me abaixei.

— Hey. – falei baixinho.

Ela se aproximou. Eu gostava de fazer isso com lebres às vezes – transmiti-las confiança. Estava tão perto que quase conseguia sentir seus bigodes. Então, mexeu seu nariz e saiu em disparada. Observei-a até que desaparecesse de minha vista.

Decidi vaguear mais. Podia sentir o odor das marcações de nosso território se enfraquecendo enquanto me distanciava. Mas algo parecia errado. Uma sensação de estar sendo observada não deixava que eu ficasse tranquila. Ericei os pelos da nuca e virei-me agilmente para trás, apenas para ver Nix ao longe.

— Pode parar com essa postura de durona. – ela brincou. – Sou eu.

— Por que está me seguindo? – indaguei ao me aproximar.

— Apenas queria ver para onde estava indo.

— Oh. Bom, não estou indo a lugar nenhum. Só perambulando por aí.

Ela se sentou ao meu lado.

— Parece pensativa. – falou.

— Talvez esteja. – dei de ombros.

— Diamond ainda não voltou... – sua voz saiu baixa e ela fitou o chão.

— É.

— Onde acha que ela foi? Será que algo aconteceu?

Admito que uma pitada de preocupação começou a se manifestar, porém tratei de espantar meus devaneios ruins. Ela estava bem.

— Aposto que está bem. Mike irá atrás dela de qualquer maneira, mas acredito que nada de grave aconteceu.

— Você liga?

Encolhi as orelhas. Eu ligava?

— Sim. – respondi simplesmente.

“Eu acho.” – meus pensamentos completaram.

***

— Estamos indo. – papai disse. Ele, mamãe e Mike iam sair, e não explicaram muito bem o porquê. Suponho que seja algo relacionado à Honey, a tal companheira de meu irmão. Ainda estava relativamente cedo, mas Diamond não retornara.

— Não vamos demorar. – foi a vez de mamãe. – Se ao voltarmos Diamond ainda não estiver aqui, eu e seu pai vamos procurá-la.

— Eu também vou e vocês sabem que não podem me impedir. – Mike protestou e papai soltou um leve rosnado.

— Você irá ficar aqui com suas irmãs. – ele ordenou. – Elas são fortes, mas não possuem experiência com batalhas, por tanto não é bom deixá-las sozinhas por muito tempo. Entendido, Mike?

O lobo castanho bufou.

Entendido?

— Sim, pai. Vamos logo.

E os três partiram em direção a sudoeste. Eu achava estranho como Mike e Diamond já haviam criado laços tão fortes com outros lobos. É claro, eu já tinha visto uns nômades, além de intrusos em nossas áreas, mas o máximo que aconteceu foi eu ter trocado alguns olhares com um macho cinza-escuro. Ele estava próximo ao nosso território, e eu ergui minha cabeça e minha cauda, avisando-o. Ele acenou com a cabeça e me deu as costas, para continuar sua caminhada. Lembro-me de ter olhos amarelos e um nariz rosado. Mas fora apenas isso.

— Tem alguém aí? – Nix chamava minha atenção.

— Desculpe. Quer patrulhar um pouco?

— Tudo bem.

Começamos então a nos mover. O dia estava nublado e ventava bastante. Os pelos cinzentos de Nix, relativamente mais longos que os meus, balançavam graciosamente.

— Tem alguma ideia do que eles foram fazer? – ela perguntou, sua voz saiu mais fina do que o normal.

— Acho que tem algo a ver com Honey.

— Por que acha isso?

— Não vejo outra razão para Mike ir junto.

— Ah... é verdade. – ela fez uma expressão engraçada. – Será que... Honey fará parte de nossa alcateia?

Hum. Não havia pensado nisso. Fazia total sentido.

— Talvez. Pode ser.

— Seria legal tê-la conosco. – Nix demonstrou animação. Honey já esteve aqui uma vez, e Nix gostou dela. Bom, ela gosta de todo mundo. Mas Honey é uma loba legal. Um tanto quieta, mas deve ser por ainda não nos conhecer. Mike realmente a amava, e eu ficava feliz por ele.

Ficamos conversando mais um pouco até que resolvi voltar para a caverna. Queria tirar um cochilo.

— Oh, okay. Acho que vou continuar patrulhando.

— Me chame caso precise. – lambi sua bochecha e segui retornando.

***

Acordei com uma comoção extremamente barulhenta. Identifiquei os uivos de papai, mamãe, Nix e... Diamond? Bom, ela estava viva. Mas havia outro uivo que eu não conhecia. Tentei ignorar e voltar a dormir. Após alguns minutos, tudo voltou a ficar quieto.

— Graças à Deusa. – disse a mim mesma e enterrei a cabeça nas patas.

Estava comemorando antes do tempo, porque logo pude ouvir papai, mamãe e Nix se aproximando. Desisti e simplesmente me levantei com um grunhido. Eles entraram na caverna, falantes e sorridentes demais para o meu gosto.

— Midnight, que bom que está acordada! – Nix exclamou. – Você não vai acreditar na novidade!

— Que novidade?

Mamãe e papai se entreolharam, e olharam para Nix também. Mas o que diabos havia acontecido durante meu sono?!

— Radius está vivo! – ela continuou.

Senti uma patada no estômago. O quê?

— Como assim ele está vivo? – questionei, incrédula.

— É uma longa história – papai começou a falar. – mas, num resumo, ele apenas se fingiu de morto em nossa luta e fugiu. Agora, ele está de volta, e salvou Diamond ontem à noite de um lobo que a perseguia. Por isso ela ficou fora. E, bem, ele se tornou um White Fang, e ficará na alcateia conosco.

Era muita informação para ser digerida alguns momentos depois de acordar. Radius estava vivo. Claro que a princesinha teria um final feliz digno.

— Quais são as probabilidades desse tipo de coisa acontecer? Quero dizer, por que tudo com ela sempre termina perfeitamente bem?

— Midnight... – mamãe ia começar a me dizer coisas bonitinhas e comoventes, mas era tudo o que eu menos queria ouvir.

— Estou saindo. Não me esperem. – rosnei e corri. Pude ouvir protestos de mamãe e Nix, mas papai as impediu de virem atrás de mim.

Após me afastar consideravelmente de casa, sentei-me sob uma árvore de tronco fino e folhas amareladas. Eu sempre vivi na sombra de Diamond. Vi todo o tipo de coisa boa acontecer a ela. Vi todas as atenções sempre direcionadas à ela. Mas acho que isso foi decidido desde que nascemos – a loba branca sempre estaria acima de mim.

“Está destinada a grandes feitos, Midnight. Será grandiosa quando se tornar adulta. Mas enquanto isso não chega, terá que passar por grandes tragédias e decepções. Você não estará pronta para isso, mas infelizmente, não terá escolhas”.

Lembrei do que a Deusa Loba me disse quando era apenas uma filhote e me segurei a isso. Eu estava destinada a coisas grandes. Seria grandiosa. Eu nunca tive em mente ser melhor que Diamond, eu apenas queria que notassem que posso ser boa como ela. Que me dessem uma chance. Então, houve o incidente. Daquele dia em diante, nossos laços, já frágeis, se romperam.

Mas acho que a vida é assim. Alguns tem tudo que querem, por mais que não mereçam. Outros não. Eu faço parte destes. Senti raiva de mim mesma. Odiava me sentir uma vítima. Eu ia provar que era boa. Eu seria grandiosa. A Deusa Loba havia me dito.

Mas como posso acreditar nela se não consigo acreditar em mim mesma?


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Notas finais do capítulo

meio filler meio desenvolvimento de personagem ehhhhhhhhh
admito que gosto de escrever como a midnight, porque, por mais surpreendente que pareça, ela e diamond foram os personagens a quem eu mais coloquei traços meus
~sons de choque everywhere~

"nossa midnight invejosa mimimiiiiiiiiiiii" nAO
ela não tem 'inveja' da diamond, apenas não entende porque sempre tudo de bom acontece à sua irmã, além de que ela acredita que diamond não mereça tudo isso devido a certas coisas que serão ditas em caps futuros
mas nao, mid nao tem inveja
ela tem falta de auto-estima, como se nota na frase final do cap, e um complexo de inferioridade
espero que ainda tenha alguem nessa fic help

até o próximo cap♡