Diamond: A história de uma loba escrita por meriesha


Capítulo 18
Doce, doce mel


Notas iniciais do capítulo

NOME DO CAP REVELANDO SHIPPS, SEI DE NADA Ó~
"Ahá! Quando você quer você consegue escrever um capítulo grande com rapidez! ¬u¬" - vocês diriam. Mas na verdade eu escrevi esse cap logo depois de escrever o anterior; eu estava na minha avó, onde não tinha internet, e não pude postar c':
Esse é o POV do Mike no dia anterior (no dia em que ele encontrou Honey, antes do dia onde tiveram aula de caça).

Ah, e obrigada à wolfs por ter recomendado a fic! É minha segunda recomendação e eu estou mega feliz *joga confete* :'D
Aproveitem a leitura, yo!


[capítulo editado e revisado em 23/12/2017]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590331/chapter/18

Mike

 

— Pai, é sério, eu estou bem. — disse, ainda deitado na caverna. Diamond havia saído há um bom tempo e aqui estava um tédio total. Quero dizer, a família de Tex era até legal, mas eu realmente não estava com saco pra isso.

Ele deu um longo suspiro. Entendo sua preocupação, mas eu realmente estava bem. Sim, eu tive sorte, pois aquela corça era bem ruim de mira. Alguns centímetros mais para a direita e eu estaria morto, talvez.

— Está certo, pode sair. — ele me olhou de um modo novo. Na verdade, parece que ele sempre está fazendo caras novas. Papai é um lobo bem difícil de compreender. — Mas tenha cuidado.

— Eu terei. – disse e lambi sua bochecha, em sinal de agradecimento. Assim, saí daquela caverna chata e corri em direção a um mundo novo de possibilidades e aventuras.

Ri em pensamento. No fundo, eu ainda tinha o espírito de um filhote brincalhão. Depois de uma longa corrida, acabei chegando numas montanhas, acho. Mas menores.

Roooonc!

— Mas o que...? – fiquei em posição de alerta, procurando de onde veio aquele ruído estranho, similar a uma trovoada. Então percebi que era meu estômago.

Fome. Mas já?

Funguei o ar em busca de uma lebre ou uma carcaça. As áreas de caça estavam muito longes dali e eu não seria louco de caçar sozinho. De repente, um cheiro acre de morte invadiu minhas narinas. Uma carcaça, a poucos metros de distância. Podia ser ruim para o nariz, mas era ótimo para a barriga.

Segui o caminho tortuoso dos morros, até encontrar uma carcaça de cervo, que estava numa floresta de pinheiros. Alguns animais estiveram aqui antes de mim, mas ainda havia bastante carne. Corri até ela e comecei a rasgá-la com força para logo depois engolí-la rapidamente.

Estava tudo calmo, as árvores se balançavam com delicadeza e eu estava feliz pela comida. Até que ouvi passos. Suaves, por sinal. Farejei o ar — era um lobo. Levantei a cabeça, ericei meus pelos e pus meus caninos para fora. Eu não estava em território nenhum, logo ele não tinha o direito de me atacar.

— Quem quer que esteja aí, mostre-se. — rosnei, irritado, olhando para os lados.

Então uma bela loba marrom saiu de trás das árvores, com a cauda entre as pernas e a cabeça baixa. Ela devia ser um pouco maior do que eu, e talvez um pouco mais velha também. Ao se aproximar de mim, ela deitou de barriga para cima.

— Por favor, não me machuque. — ela choramingou. — Só quero um pedaço de sua carcaça, nada mais.

— A-ahn, claro. — voltei ao meu estado calmo. — Pode pegar. Ela nem é minha, na verdade.

A loba se levantou e, com cautela, caminhou em direção a carcaça. Antes de mordê-la, ela olhou para mim.

— Já disse, pode pegar. — dei de ombros enquanto a analisava. Ela parecia magra e faminta; provavelmente era dispersa.

— O-obrigada. É bem gentil de sua parte dividir este achado comigo. — ela agradeceu e começou a devorar a carcaça.

— Sem problemas. Você parece estar com mais fome do que eu. Qual o seu nome?

— Honey. — ela disse com a boca cheia de carne. — Desculpe. — ela riu logo em seguida e voltou a comer.

Dei um sorriso discreto enquanto a observava. Queria saber o que havia acontecido com ela. Expulsa? Uma batalha territorial perdida? Saiu por conta própria? Em pouco tempo, Honey já havia comido toda a carne visível da carcaça. Só conseguia pensar em como ela não estava passando mal de tão rápido que comeu.

— E o seu nome, qual é? — ela perguntou, lambendo os beiços, agora avermelhados.

— Mike. — me aproximei dela. — Aqui ainda está sujo. — apontei para uma região em sua bochecha, onde ela nunca alcançaria, e lambi para remover o sangue.

Ela corou levemente, mas eu ignorei isso.

— Então, você não tem alcateia, tem? — resolvi dialogar.

— Eu tinha, mas me expulsaram faz um tempo. — ela rolou os olhos.

— Pode dizer o porquê?

— Eu... hum.....

— Pode falar, não vou fugir caso seja uma assassina. — brinquei, mas engoli em seco logo em seguida.

— Ok... Eunãoseicaçarporfavornãoria. — ela disse incrivelmente rápido.

Demorei um tempo para decifrar suas palavras, e admito que quando o fiz tive uma vontade de rir. Isso explicava porque ela estava tão magra — sem a alcateia, não conseguia obter alimento.

— Anda, pode rir. — ela se encolheu e fechou os olhos, aguardando por minhas críticas.

— Hum, quantos anos você tem? — tentei desviar o assunto. Seria muito rude de minha parte rir assim na cara dela.

— Um ano e alguns meses... Bem, quase dois anos. Eu deveria saber caçar, mas sou muito enrolada e não consigo alcançar as presas, sejam cervos, alces ou qualquer coisa. — ela explicou. — Eu sei, sou uma vergonha para nossa espécie. Só estou viva por causa das carcaças que acho às vezes e das lebres que consigo pegar.

Quer saber? Quero ajudar Honey. Se eu for embora agora, ela pode acabar morrendo de fome por aí, e nunca terá uma família ou filhotes. Ela pode não ser a loba mais incrível do mundo, mas como sou um lobo muito legal e generoso, posso tentar mostrar a ela como se caça. E sem que ela precise me oferecer comida.

Até porque é isso que eu vou ajudá-la a conseguir.

Ah, esquece.

— Bem, eu poderia te ensinar a caçar. — sim, eu não estava completamente treinado, mas aparentemente era muito bom caçando. Não conseguia ver problemas em mostrar a Honey como se faz.—– Talvez você não tenha tido o ensinamento correto, nunca se sabe.

— Ahn, você? Me ajudar a caçar? Desculpe, mas quantos anos você tem?

— Um.

— Sei que nossa diferença de idade não é tão enorme, mas, sinceramente, sabe mesmo caçar? — notei que ela havia discretamente rolado seus olhos.

Ela estava zombando de mim? Porque se for, bom, digamos que ela não estava numa posição muito favorável.

— Caso não saiba, é nessa idade onde aprendemos a caçar. Mas se você não quiser não precisa. Continue se aproveitando de suas carcaças surradas e lebres magrelas enquanto eu aprendo a caçar alces e bisões. — virei as costas e comecei a caminhar. Que loba estúpida! — Eu poderia lhe mostrar o que sei, mas já que parece estar numa posição tão alta na cadeia alimentar vou voltar para casa.

Eu mal podia esperar para coontar à Diamond sobre Honey e como eu nunca mais queria vê-la na minha vida, quando:

— Espera! — ela gritou.

Dei um sorriso malicioso e olhei para ela.

— Me ensine o que sabe. Não tenho nada a perder mesmo. — ela rolou os olhos.

Estufei o peito, levantei a cauda e fui até ela.

— Venha comigo, conheço um lugar relativamente vasto de presas. Você me mostra o que sabe e eu mostro o que eu sei.

Assim, fomos para a região mais próxima, em outra floresta, não necessariamente para caçar um cervo. Há muitas lebres nesses locais, devido a vegetação fresca. Ela me mostrou uns movimentos bem básicos, que eu e minhas irmãs já sabemos desde bem novinhos.

— É isso que sabe fazer? — provoquei-a enquanto sorria verdadeiramente.

Ensinei-a coisas importantes, como verificar a direção do vento, deixar o peso nas patas traseiras, tocaia, como manter a postura de tocaia e outros truques legais e alguns até avançados. Ela realmente não sabia praticamente nada. No fim da minha aula gratuita, até que estávamos nos divertindo um pouco.

— Bom, hora da sua prova. Digamos que eu seja uma presa; você deverá me atacar.

— Tem certeza? E se eu te machucar? — ela parecia preocupada. Que graça.

— Não se preocupe, você não vai.

Ela se afastou consideravelmente, já que eu não sabia mais apontar sua localização. Como eu era uma presa, não podia me manter alerta, pois seria trapaça. Então relaxei meus músculos e fiquei apreciando o céu azul. De repente, ouvi um farfalhar. Olhei para os lados e me pus alerta novamente. Sendo uma presa, esperaria um segundo barulho ou um cheiro forte para começar a correr.

Ouvi outro som, uma patada forte demais dessa vez. Grunhi e dei início a minha fuga. Olhei por cima de meu ombro e pude ver Honey me perseguindo vorazmente; seus caninos afiadíssimos e garras à mostra me intimidavam um pouco, e seus pelos eriçados faziam ela parecer bem maior. Comecei a pensar na possibilidade de sair machucado dessa experiência, o que só me fez correr mais rápido.

Olhei para trás novamente, mas não a vi dessa vez, então parei repentinamente, pois estava cansado. Arfei um pouco e me questionei de onde Honey poderia estar. Com o cenho franzido, olhei para a direita e só pude ver seu corpo esguio caindo sobre mim. Ela me derrubou no chão e cumpriu seu trabalho como caçadora. Mas agora resolvi deixar de ser um cervo.

Sou um lobo de novo.

Empurrei-a enquanto ela me mordiscava de leve. Ela entendeu que estávamos lutando, mas se afastou um pouco.

— Eu devo te morder de verdade? — ela perguntou enquanto se sentava.

— Você nunca brincou de luta?

Ela negou com a cabeça.

— Ah... Bom, não, pois estamos brincando.

— Acho que entendi. — ela disse e pulou sobre mim, me derrubando de novo.

Se ela pensa que vai me vencer assim tão fácil está enganada. Passei quase metade da minha vida lutando com Diamond. Foi uma boa base para treinar minhas mordidas e ataques.

Dei uma patada no focinho de Honey, o que a deixou desnorteada. Agilmente a derrubei no chão e fiz uma jaula sobre seu corpo magro, o que era complicado pois eu tinha medo de machucá-la. Mordi seu focinho e ela compreendeu que havia perdido.

— Até que está bom. — disse enquanto saía de cima dela. — É uma oponente considerável.

— É um grande avanço. Nunca fui uma boa lutadora. — ela sorriu.

— Sério? — fiquei surpreso. Ela era bem forte, pensei que vivesse batalhando por aí.

— Uhum. Na minha alcateia antiga eu sempre fui malvista pois havia nascido no inverno. — ela comentou enquanto se deitava.

— E daí?

— Lá existem crenças que dizem que filhotes invernais são amaldiçoados ou trazem má sorte. — Honey abaixou a cabeça. — Por isso nunca recebi treinos muito adequados e nunca brinquei de luta, pois os outros filhotes se mantinham distantes de mim.

— E quanto aos seus irmãos? Você nasceu sozinha? Seus pais não tiveram outra ninhada?

— Meus pais não eram os alfas. Eles só puderam procriar porque nossa alcateia estava numa época de boa sorte, onde a comida era muito fácil de encontrar e conseguir. — o semblante de Honey revelava sua tristeza ao falar do assunto. — E, bom... Eu tinha três irmãos, mas eles morreram poucos dias depois de terem nascido. O inverno é uma estação árdua para pequenos filhotes.

— Sinto muito. — disse e deitei ao seu lado.

Honey deve ter tido uma infância difícil sofrendo tanto preconceito de sua alcateia. Deve ser horrível ser maltratado por sua própria família, que deveria lhe proteger e incentivar.

— Tudo bem. Estou melhor sem eles... — seus olhos estavam marejados, e logo algumas lágrimas começaram a escorrer vagarosamente.

— Não chore. — eu disse, lambendo seu focinho para enxugar suas lágrimas salgadas.

Ela fungou e me lambeu de volta. Senti meu coração acelerar e sacudi a cabeça levemente. Eu estava confuso; ainda sentia algo forte por Amber e se ela aparecesse aqui agora, eu correria para suas patas macias. Mas quando olho para Honey, sinto um calor por dentro, como se uma chama apagada há tempos voltasse a se acender fervorosamente.

— Bem, Mike... Acho que já falei muito de mim. — ela se virou de barriga para cima e me encarou, divertida. — Você tem alcateia?

— Tenho. Acabamos de nos mudar para cá. — abanei a cauda e me virei de barriga para cima também. — Não é muito grande, na verdade. É mais uma alcateia familiar.

— Ah, entendo. Quantos irmãos?

— Três... — suspirei. — E são irmãs, na verdade. Um dia elas ainda me matam. — eu ri, lembrando dos tempos de filhote.

— Parece divertido! — ela me encarou e riu também. Então, Honey se levantou e se espreguiçou.

— Está com sono? — perguntei.

— Um pouco. Acho que nunca fiz tantas coisas num dia só. — ela divagou.

Olhei para cima; o Sol ainda estava forte. Honey não gostaria de dormir nessa quentura. Procurei e encontrei algumas poucas árvores próximo à nós.

— Venha, vamos para a sombra. — disse e caminhamos até lá, sem pressa.

Ela se deitou e me fitou do chão.

— Pode dormir, vou ficar aqui. — dei uma risada boba. Sei o porquê de sua preocupação: se lobos agressivos a vissem aqui, totalmente vulnerável, a atacariam.

Ela sorriu timidamente e fechou os olhos. Diferente de mim e de minhas irmãs, ela não dormia feito uma bolinha, e sim com o corpo totalmente reto.

Observei-a dormir por um tempo até que resolvi descansar um pouco. Deitei ao lado de Honey, mas não fiquei reto como ela, como também não me encolhi. Fiquei de cabeça erguida e com as patas traseiras jogadas de lado, assim eu não dormiria. Porém, um sono repentino começou a tomar conta de mim, e eu deitei a cabeça.

“Vou ficar acordado, vou ficar acordado, vou ficar acordado.”

 

***

 

— Huh? — resmunguei enquanto bocejava de leve.

Ok. Eu não fiquei muito acordado. Dei alguns cochilos como este, mas agora vou despertar pra valer.

Depois de piscar um pouco os olhos, com uma pequena preguiça, notei que minha cabeça estava sobre o pescoço de Honey, e que a cabeça dela sobre minhas patas dianteiras. Corei de imediato, mas logo tentei retirar minhas patas dali sem que ela percebesse e despertasse. Já estava começando a anoitecer e eu deveria voltar para casa, mas não sabia se a deixava dormindo tranquilamente ou se a acordava.

De qualquer modo, quando retirei minha pata esquerda ela percebeu o movimento e abriu os olhos.

— Desculpe... Eu preciso ir para casa.

— Oh, tudo bem... Obrigada por tudo que me ensinou hoje, Mike. Você não precisava.

Dei um sorriso e encolhi a cauda.

— Sem problemas. Tchau, Honey.

— T-tchau... — ela se despediu e lambeu meu focinho.

Comecei a correr pensando no que diria à Diamond. Meus pensamentos sobre Honey mudaram muito numa única tarde. Mas será que eu deveria contar a ela? E se ela ficasse com aquele ciúme ridículo novamente?

“Nah, não importa. Ela provavelmente vai me convencer de todo jeito.” — ri com meus próprios pensamentos e continuei a correr.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AWN QUE FOFURA *vomita arco-íris* Mas o que vocês preferem? Mamber (Mike x Amber) ou Hike (Honey x Mike)? 0: que as tretas comecem, aeho

~playlist~
Shut Up And Dance - Cover by Devin and Kyle
Through The Dark - One Direction
Little Things - One Direction
Dangerous - Before You Exit
The Best Damn Thing - Avril Lavigne