Viva la vida escrita por slytherina


Capítulo 2
Shiny happy people


Notas iniciais do capítulo

E se Dean Winchester fosse o rei do baile?



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– Você teria ganhado.

– Tá! E você seria a rainha do baile.

Sam o olhou curioso. Então fez uma cara de desdém.

– Não inventa, Dean.

– Você que está inventando aí. Imaginando que eu poderia ser o rei da festa de formatura do colegial.

– Isso não é impossível.

– Sam, essas festas são feitas para pessoas ilustres, riquinhas, intocadas, felizes em seus mundos cor-de-rosa.

– Em teoria todos são iguais perante a lei.

– Sam, Sam ... Um dia você será um grande advogado, mas agora é apenas um garoto idiota e irritante.

Sam fechou a cara.

– Tá bom! Retiro o que disse. Você é um brilhante rapaz e meu irmãozinho favorito. Melhor agora?

Sam baixou a cabeça e ficou se segurando até não agüentar mais e começou a rir.

– Ainda não tá bom. Falta mais puxação de saco. - Sam falou galhofeiro.

Dean o agarrou pelo pescoço e passou a dar cascudos em sua cabeça. Até Sam conseguir se libertar.

Chegou o dia do baile de formatura. Dean foi, a despeito da sua falta de entusiasmo para com toda aquela pompa e circunstância. Sam foi também, embora sua própria formatura ainda estivesse distante. Ambos em ternos alugados, amassados, e com botinas velhas, lustradas com óleo de máquina. Seu pai estava em casa, esperando por eles, enquanto pesquisava em jornais velhos seu novo caso sobrenatural.

Os rapazes se sentiam deslocados, destoando daquele grupo de pessoas bem nascidas e com um futuro brilhante pela frente. Sorridentes e importantes, como se não houvesse monstros por aí, esperando um idiota qualquer atravessar seus caminhos, para estripá-los com as próprias mãos.

Dean tentou descobrir algo interessante naquela festa. Havia as garotas, mas cada uma delas estava acompanhada de um outro rapaz, de seu convívio social, aceito por seus pais. Na escola, elas viviam atrás de Dean, não lhe dando trégua até que ele lhes desse um amasso, mas aqui era diferente. Estavam diante de filmadoras profissionais, flashes, autoridades e figurões. Aqui, elas precisavam sair bem na foto. E Dean não combinava com isso.

– Babacas! - Dean falou entre dentes.

O Winchester mais velho localizou a mesa de ponche e salgadinhos. Serviu-se generosamente. Procurou por Sam para compartilhar, mas teve seu caminho impedido por três encrenqueiros da escola.

– Ora, ora! Curly, Larry e Moe. Não sabia que deixavam patetas participarem de festas de formatura. Ah, já sei. É o alívio cômico. - Dean falou gaiato.

– Pare com isso, espertinho. Nada nos impede de arrastá-lo pra fora e estragarmos esse seu terno de segunda mão. - Falou o maior e mais forte dos três.

– Olha só para os sapatos dele, Bucky. Ele veio de botinas pra festa. - Falou o mais baixo e mais jovem deles.

– Se falar dos meus sapatos de novo, eu vou enfiá-lo na sua boca. - Dean falou o mais calmo que conseguiu, mas a adrenalina já corria em suas veias.

– Rapazes, rapazes, parem de briga. Não estraguem a festa, por favor. - Falou o bedel da escola, apartando-os.

Cada um foi para seu canto, e Dean foi procurar por Sam.

Sam estava encostado na parede. Olhava sonhadoramente para a multidão. Ali havia pessoas normais, que tinham pai e mãe. Estudavam no mesmo colégio a vida inteira. Conheciam seus colegas de aula desde a infância. Festejavam aniversários, ação de graças, natal, noites de formatura... Sam os invejava, gostaria de ter uma vida como aquela. Metódica, trivial, segura. Ele se adaptaria como uma luva a estes costumes e hábitos das pessoas civis.

E seu pai? Será que ele poderia algum dia criar raízes em alguma comunidade, e levar uma vida normal como todo mundo?

– Não, papai é irredutível. Ele nunca dará uma trégua a sua vendetta. - Sam pensou tristemente.

Mas é Dean? Será que ele se adaptaria naquele mundo cor-de-rosa?

– Mas é claro que sim. Eu irei ajudá-lo nisso. - Sam pensou com um meio sorriso e os olhos brilhantes.

A sua frente o mundo se transfigurou. Não era mais o quarter-back musculoso quem subia ao palco para ser coroado o rei do baile, mas Dean Winchester, seu irmão. Todas aquelas garotas dando gritinhos e acenando, estariam gritando em coro: "Dean, Dean, Dean, Dean..." E depois ele receberia um banho de confetes prateados, contrastando com sua coroa postiça, dourada. Ele abriria seu melhor sorriso para a multidão, o que faria com que algumas garotas próximas ao palco desmaiassem.

– Isso! - Sam não se conteve e falou.

Algumas pessoas próximas, se viraram para encará-lo. Ele ficou encabulado e pôs a mão na boca, tossindo um pouco para disfarçar.

No outro lado do salão, Dean não conseguiu achar Sam, voltando então para o ponche de frutas, batizado com alguma bebida alcoólica. Tomou alguns copos. Olhava de soslaio para as pessoas a sua volta. Todos contentes e felizes. Engomados em seus melhores ternos e vestidos de baile. Suas roupas de seda, brilhavam, dando a impressão de que eles eram preciosos.

Dean olhou para os próprios pés. Suas botinas lustradas não disfarçavam o couro gasto, que já não estava em seus melhores dias. Seu terno alugado parecia gritar que era de segunda mão. Também pudera. Dean não se dera ao trabalho de passá-lo a ferro. Estava bem amassado. Ele entornou três copos em sucessão.

"Quer saber? Eu não sou um civil. Sou um caçador. E um caçador não precisa de seda e jóias preciosas, mas de uma boa escopeta, instinto de sobrevivência, e audição apurada. Esses riquinhos não durariam nem..."

– Enchendo a cara, Winchester? Já tão cedo? - Falou Bucky, o valentão e jogador do time da escola.

– Ele está triste porque as garotas o ignoraram a noite toda. Ele não é mais o queridinho das patricinhas. - Falou Steve, o baixinho invocado.

– Cadê tua marra agora, Winchester? Sozinho, esquecido e abandonado, se embebedando com ponche. Você é patético. - Falou John-John, o chefe da tríade, ex-presidente de classe caído em desgraça por ser pego com cola.

– Quer saber onde está minha marra? Está bem aqui, esperando por vocês três para cantar aleluia. Fico feliz que vocês tenham encontrado os culhões que haviam perdido, quando o bedel puxou suas orelhas. Né por nada não, eu só não gosto de bater em gente aleijada.

– Não vamos estragar nossa própria festa brigando aqui, Winchester. Vamos resolver isso lá fora, como gente civilizada. - John-John falou, aproximando-se de Dean, segurando-o pelo cangote, com o intuito de arrastá-lo para fora do salão de festa.

Ele só não esperava pela reação de Dean, que facilmente torceu seu braço e lhe aplicou uma rasteira, fazendo com que caísse sobre algumas cadeiras, quebrando-as. Dean sentiu a porrada seca na cabeça, fraca o suficiente para lhe permitir o contragolpe em Steve, que ficou pasmo por ver que a cadeira não nocauteara o outro, mas o cruzado de direita que lhe atingiu o rosto, o arremessou longe, derrubando um grupo de formandos que dançava ali perto.

Bucky era o mais perigoso e durão. Ele e Dean trocaram socos, e Dean sentiu o sangue escorrendo pela face, após um soco bem dado, mas ao contrário de Dean, Bucky nunca havia enfrentado um wendigo, ou um lobisomem. Dean acertou um golpe em seu flanco esquerdo, complementado por uma joelhada certeira e um uppercut bem encaixado. Bucky caiu duro e estatelado na mesa do ponche, fazendo com que a mesma viesse abaixo.

–Pare, pare imediatamente o que está fazendo ou eu chamo a polícia. - Gritou o bedel.

– Não é preciso, já estou de saída. Saamm! - Gritou Dean enquanto limpava o sangue da face.

– Estou aqui, Dean. - Sam aproximou-se rapidamente e ficou do lado do irmão.

– Vamos embora, Sammy, essa festa de repente ficou paradona. - Dean dirigiu-se aos colegas da escola e fez uma reverência jocosa. - Adios, amigos!

Ele e Sam saíram, enquanto eram observados em silêncio pelo outros alunos.

Enquanto voltavam pra casa, começaram a lembrar os detalhes da festa.

– Sabe Dean, você deveria ter sido eleito o rei da festa, apenas pela surra que deu naqueles valentões.

– Ah, tá! E eu subiria naquele palco, com coroa e tudo, pra receber um balde de sangue de porco na cabeça. Não, Sammy, tou fora.

– Você acredita em tudo que vê na TV. Eles não fazem esse tipo de coisa, e você não é uma garota psíquica.

– Não, eles não fazem esse tipo de coisa. Apenas levam uma AK47 pra escola e matam os colegas de aula. Sabe, prefiro a Carrie, pois com ela eu sei lidar. Gente normal me assusta.

– Dean, eu sou normal.

– Não, você é só um tipo diferente de aberração. Um tipo chamado irmão caçula.

Dean fez cócegas na nuca de Sam e o puxou para seu lado, quando o mesmo tentou se afastar.

Sam pensou com resignação que seu irmão nunca se adaptaria a vida civil, mas ele era perfeito assim mesmo, com esse jeitão de homem da caverna de bom coração.


.

Shiny Happy People (REM)

Shiny happy people laughing
Meet me in the crowd
People people
Throw your love around
Love me love me
Take it into town
Happy happy
Put it in the ground
Where the flowers grow
Gold and silver shine

Shiny happy people holding hands
Shiny happy people holding hands
Shiny happy people laughing

Everyone around love them, love them
Put it in your hands
Take it take it
There's no time to cry
Happy happy
Put it in your heart
Where tomorrow shines
Gold and silver shine

Shiny happy people holding hands
Shiny happy people holding hands
Shiny happy people laughing


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