Caminhando Entre Os Bordos escrita por Nena Lorac


Capítulo 8
Caçadores - 2/2


Notas iniciais do capítulo

[Caçadores]
"Varamos toda floresta, por mares e serranias
Caçamos onça pintada, pacas, tatus e cotias..."



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A cara de Ivan não esboçava felicidade em nenhum sentido. Na verdade, aquela expressão estava mais para “desgosto” ou “frustração” ao ver Arthur e Francis chegando mais perto. Ele pensava que Yao viria ao seu encontro e que finalmente pudesse abraçar o seu tão amado espírito. Mas a realidade era pior.

A arma já preparada e uma luz se criando nas mãos de Arthur eram bem visíveis. Isso até deixou o grande lobo preocupado por alguns segundos. Mas ele se lembrou da imponência que o seu nome transpassava para todos os seres daquele local.

– Vocês acham mesmo que vão me matar usando isso? – riu ao perceber a preocupação dos dois.

Arthur queria se manter mais alerta, mas pelo visto, a sua febre resolveu aparecer justo naquela hora. Sua visão estava começando a ficar um tanto embaçada e os olhos estavam pesados. A única coisa que o mantinha em pé e lúcido era o fato de resgatar Matthew daquela criatura.

“Eu me odeio por ter ficado tão inútil...”

Já se preparando para mirar em Ivan, Francis tentava evitar ao máximo olhar para Matthew para não despertar uma fraqueza indesejada. Ele sabia que com Ivan não se podia brincar ou dar um pequeno deslize. Isso era questão de vida ou morte.

O grande lobo olhou mais uma vez para os dois e voltou para a sua forma animal. Aquela pelagem quase toda esbranquiçada fora surgindo, que deixou Francis um pouco assustado. Mas Arthur logo fez questão de traze-lo de volta para a realidade. Ele falava baixinho para o jovem caçador, o quanto Matthew era importante para ele, e que se alguma coisa acontecesse, ele não iria perdoá-lo e o mataria primeiro que Ivan.

– Não precisa repetir... Eu sei o que fazer. – Francis falou um pouco mais alto dessa vez.

Pode-se ouvir o forte uivo de Ivan, e logo em seguida era possível enxergar um grande amontoado de pelos correndo em sua direção.

“Não há mais volta!”

–-- X ---

Estava escuro, e Alfred não conseguia parar de pensar no bem estar de Matthew e de Arthur. Já fazia algumas horas que ele tinha chegado em casa e nada de seu doce irmão voltar para lhe informar sobre o bem estar de seu amado. E com o tempo, Alfred foi ficando preocupado com ambos.

“Droga... O que está acontecendo?”

Ele sentia um mal pressentimento vindo da floresta. Sentia que alguma coisa estava acontecendo com as duas pessoas mais importantes da sua vida. Mas entrar na floresta durante a noite era pedir para morrer. E ele sabia que Arthur cuidava para que nenhum ser encantado fugisse de lá e atacasse o vilarejo, mas se ele entrasse as coisas seriam diferentes.

– Preciso saber como vocês estão...

Ele não demorou muito para tomar a sua decisão. Pegou um casaco marrom para se proteger do frio e pegou uma arma que ele guardava em um baú debaixo da cama. Ele sabia que algo ruim estava acontecendo, e ele não queria se culpar se isso piorasse.

“Vou entrar nessa floresta.”

–-- X ---

Tanto Francis quanto Arthur tinham vários machucados e manchas de sangue ao redor do corpo. Mas mesmo assim eles levantavam e tentavam a todo custo chegar próximo de Matthew para resgatá-lo. Isso era extremamente complicado...

As garras de Ivan estavam cobertas de um vermelho vivo. E cada vez que ele conseguia depositar mais um corte naqueles dois, parecia que a sua sanidade ia embora. Após tanto tempo sem ver ou sentir sangue tocando seu corpo era demais para se aguentar. Ele com certeza precisava de mais.

Arthur tentava a todo momento lançar raios de magia para atordoarem Ivan. Mas a maioria não acertava ou não fazia efeito, e percebendo isso, Francis começou a gritar para Arthur tentar mata-lo. E quando ouviu isso, Arthur começou a chorar.

– Não posso... Não posso mata-lo...

– C-Como assim?? – Francis ficou cada vez mais confuso.

Ivan começou a uivar mais e correu na direção de Francis e jogou seu peso contra ele. Francis acabou ficando imobilizado pelo tamanho descomunal daquele lobo, e as grandes patas seguravam os seus antebraços. E foi deitado no chão que o caçador viu o rosto de lobo se transformar em um rosto humano mais uma vez e começar a falar.

– Ele foi proibido por Yao de usar magia para matar qualquer ser encantado dessa floresta... Por isso ele não pode me matar. – Ivan soltou mais um daqueles sorrisos assustadores – E se ele desobedecer... ele morre.

Francis ficou estático com aquela informação. Se ele soubesse disso, ele teria puxado Antonio ou Gilbert para ajudá-lo. E lutar com esse feroz lobo, sozinho, e praticamente desarmado como ele estava, só resultaria no pior.

–-- X ---

Gilbert estava cada vez mais agoniado em relação àquela situação. Ele queria entrar e ajudar o amigo, mas sabia que Yao o impediria.

– Me sinto um idiota nessas condições! Me deixe passar! – Gilbert esperneava para Yao, mas foi totalmente ignorado.

Ele estava pensando realmente em partir para a agressão, mas sabia que seria inútil. Isso só fez ele ficar mais irritado e que não conseguisse ficar parado num canto. Ele precisava saber o que estava acontecendo lá dentro. Não queria esperar o pior.

Yao só ficava parado. Como se estivesse esperando alguém chegar. Ele não esboçava nenhuma reação ou expressão. E isso perdurou por muito tempo, até ele fechar os olhos e ouvir certos animais se aproximando. Sem demorar muito, ele sorriu. E isso chamou a atenção de Antonio.

– O que aconteceu?

– Nada demais... só aquela pessoa chegando. – ele então apontou para uma parte da floresta que tinha uma grama alta e que estava se mexendo.

Antonio e Gilbert ficaram encarando aquela vegetação até sair uma cabeça de lá. A cabeça possuía cabelos loiros e usava óculos, vestia um grande casaco marrom e segurava uma arma na mão direita.

– Onde vocês me trouxeram? – Alfred falou com as criaturas que voavam que não lembravam em nada um animal normal.

– Então é você o amante de Arthur, não é?

– O que? – Alfred encarou Yao para tentar descobrir como ele conhecia sua relação com Arthur.

–-- X ---

Ele apertava fortemente os pulsos de Francis. Mais um pouco e eles seriam, com certeza, arrancados. Mas pelo jeito, Ivan gostava de torturar e isso ficou claro nas grandes marcas, roxas e avermelhadas, que se alastravam pelo corpo de Francis. Ele resistia a dor como podia, mas não sabia quanto ele conseguiria aguentar. E do outro lado, Arthur se encontrava caído e quase desmaiando. Sua febre começou a piorar muito rápido, fazendo com que ele não conseguisse mais se manter em pé. Com isso, o seu desespero de que algo muito pior pudesse acontecer.

– Me... larga! – Francis gritava no rosto de Ivan tentando se soltar, inutilmente.

– Se pedir alguma coisa funcionasse, aquele garoto já nem estaria aqui. – Ivan começou a rir da situação.

– O que você fez com o Matthew?? – Francis acabou ficando irritado.

– Nada demais... Mas ele tem um gosto muito bom.

– Eu não acredito que você teve a coragem de fazer isso com ele!

– Eu não me importo com o que eu fiz ou deixei de fazer.

– Desgraçado!

Ivan apertava cada vez mais os pulsos de Francis, fazendo com quem ele gritasse de dor. Isso realmente fazia muito bem para ele.

Francis tentava virar a cabeça para enxergar Matthew. Ele estava jogado, em cima de várias folhas secas, desacordado. Ele percebia que suas roupas estavam rasgadas e era bem provável que Ivan tivesse realmente o estuprado. Mas ele não queria acreditar nisso. Ele não queria acreditar que tinha permitido tal ato agressivo contra aquele doce ser. Ele precisava ficar perto dele e cuidar para que isso não se repetisse.

– Matthew... eu te am- - Ivan deu um soco em sua barriga para que ele não pudesse completar aquela frase.

– Então é por isso que você está aqui.

Ivan se levantou e segurou Francis pela gola da camisa e o jogou com força ao lado de Matthew. E quando percebeu que Matthew estava muito mais machucado do que ele pensava, Francis ignorou a dor de ter sido jogado, bruscamente, ao chão, e se prontificou a colocar Matthew em seus braços.

– Por que fazer isso com ele? – Francis começou a chorar – Ele não te fez nada!!

– Por que? Por que eu quis. Não tenho um motivo real para fazer isso.

– Com certeza você é o pior...

Francis abraçava Matthew para tentar evitar que algo pior fosse acontecer a ele. E enquanto ele o abraçava, o pequeno foi acordando da pancada que ele recebeu de Ivan. Ele estranhou aqueles braços, mas eram braços confortáveis. Mas o cheiro de sangue o incomodava. Era muito sangue. De onde estava vindo tudo aquilo?

Ele então tentou virar o rosto para cima e conseguiu visualizar a face de Francis, toda machucada e coberta de vermelho. Mas aqueles olhos lhe transmitiam segurança. Ele sabia que aquela pessoa estava o protegendo.

“Por favor... Não me deixe sozinho.”

Ivan tinha se transformado em lobo mais uma vez e levantou as afiadas garras para depositar um último golpe em Francis e Matthew. Parecia que nada mais importava naquele momento. Nem seu amado Yao, nem a sua sanidade ou a sua vida. Sim a sua vida. Ele se esqueceu totalmente se sua segurança e nem percebeu que uma pessoa levantou a arma, puxou o gatilho e atirou em suas costas. E Ivan parou totalmente o que estava fazendo e começou a uivar e grunhir de dor. Ele nunca tinha sentido tamanha sensação de horror em sua vida. Como é que um grande lobo como ele deixava isso acontecer?

– Posso não usar magia para te matar... mas nada impede de eu usar uma arma convencional... – Arthur tentava se manter de joelhos e segurando a arma de Francis que ele havia deixado cair quando Ivan se jogou contra ele.

– Mago idiota... AH! QUE DOR! – ele alternava entre os uivos e os gritos de um ser humano.

Não demorou muito para que Yao, Gilbert, Antonio e Alfred entrassem no local. E ao ver que a presença de quem ele mais esperava estava tão perto, Ivan começou a chorar. Como ele podia agir desse jeito só ao ver aquele ser?

“O que você fará comigo agora?”


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo (Estrofe/Frase):
[Chapeuzinho]
"O lobo mau já morreu, agora estamos em festa
Posso brincar com as crianças
E passear na floresta."

—-- x ---

Já está acabando a fic, gente linda (;u;). E espero que todos que conseguiram acompanhar até aqui sejam iluminados com a graça do dinheiro em seus bolsos, porque né... Perder tempo lendo uma fic minha só pra quem é gente linda e divosa. Vocês merecem ganhar na Mega Sena! (chega de puxar saquismo dos leitores!!).
Mas enfim, eu espero que tenham gostado do capítulo e que tenham aprovado esse desmembramento da história. E qualquer coisa a acrescentar (discas, críticas, apontar erros...) será bem vinda para que eu possa melhorá-la.
E para quem não sabe, eu estou postando essa fic também no Social Spirit. E se por acaso acabar acontecendo algo com a sua conta do Nyah ou o site der aqueles bugs doidos de parar de funcionar, fique ciente que a fic também estará no SS.
Obrigada por ler essa nota gigante e até o próximo capítulo!



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