What About Now

“Agora que chegamos aqui.

Agora que chegamos tão longe.

Apenas espere.

Não há nada a temer.

Estou ao seu lado.

Por toda a minha vida.

Sou seu.”

What About Now - Daughtry

O sol escondia-se por trás das nuvens naquela manha fúnebre. Quanto tempo já fazia desde Mystic Falls? Há quanto tempo não o via mais? Há quanto tempo não via qualquer um de seus amigos? Mas lá estava ela, forte e inabalável, apreciando aquele fim de outono numa mesa frente a uma cafeteria qualquer na Itália.

Os sentimentos lutavam dentro de si, todos indo contra a sede incontrolável que mantinha sob o mais seguro controle. O paladar amargava só de lembrar o que e quem a deixou para trás, mas no mesmo segundo punia-se mentalmente pelo arrependimento que sentia; não podia mais pensar nisso, Tyler partiu sem nunca entrar em contato, depois de algumas décadas a loira resolvera aceitar de vez os sentimentos de Niklaus para consigo. Se tivera coragem para pedir ao Original para dar uma chance ao ex, não havia mau algum dar alguma chance para os sentimentos do hibrido; ao menos era disso que Caroline tentava convencer-se.

E fora então, que desviando o olhar da cadeira que em breve seria ocupada, logo a sua frente, que a loira os viu. Estavam do outro lado da rua e observavam fixamente uma vitrine de brinquedos. A vampira podia ver através do reflexo do vidro os olhos verdes brilhantes das crianças, gritando para que ganhassem presente; e com isso ela sorriu. Sorriu por que se viu décadas atrás naquela mesma situação, implorando ao pai por uma boneca que queria muito. Mas o mesmo sorriso, este muito apreciado pelo homem jovem que ocupava o outro acento que havia na mesa enquanto apreciava toda a beleza que aquela mulher lhe disponibilizava apenas num ato, logo se desfez, murchando, ocultando o branco dos lábios e as pequenas presas vampirescas.

Fora a vez do Mikaelson vincar a testa, num pequeno desconforto e descaso por não ter tido mais tempo de apreciar a beleza da mulher que tanto amava. Por que tirar um sorriso tão belo daqueles lábios pintado de vermelho? E ainda de testa franzida, o homem virou a face, a fim de descobrir o que retirara o belo sorriso da Forbes, logo deparando-se com duas crianças a fitar uma vitrine de brinquedos.

O que ela poderia estar pensando? Questionou-se enquanto observava os pais levar o casal de crianças loiras para dentro da loja para, quem sabe, dar aos pequenos o que eles desejavam. A menina de cachos loiros lhe lembrava tanto Caroline que, se esta não fosse o que é, Niklaus poderia jurar que a criança era uma pequena Caroline Forbes. E então a realidade lhe veio como um tapa, enquanto voltava o olhar para a face serena e de olhar distante da bela loira que tanto amava. Ela era uma vampira, não podia ter filhos – ele tinha um filho, mas obviamente não era com a mulher que amava -, nem com ele nem com ninguém; ela nunca constituiria família, nunca poderia dar o ar da graça de ter um pequeno ser loiro – e se o Mikaelson tivesse sorte, fosse um herdeiro seu - em seus braços lhe dando a maior felicidade que poderia ter no mundo.

E então a sensação que lhe abatera somente uma vez em todos os seus séculos de vida, retornou. A vontade estúpida e repugnante de ser um simples e fraco humano. Poder ser essa coisa frágil ao lado de Caroline e, junto a mesma, ter uma vida curta, feliz e com família; uma família que poderia confiar. Mas, no mesmo minuto em que tal desejo vinha, ele desaparecia afogado no veneno de hibrido que corria por suas veias.

Ele não era humano. Ele nunca seria humano. Nem Caroline. E eles nunca teriam uma família, mas poderia ser felizes.

Ele poderia fazê-la feliz. Ele a faria feliz. E, quanto mais ela o amasse, mais feliz ele poderia ser. E mais ainda ele a faria se sentir completamente única.

Rapidamente desfez a carranca que a pouco tomara seus traços belos, substituindo o desgosto por uma alegria e pondo um sorriso nos lábios enquanto depositava a mão sobre a da mulher loira a fim de chamar a atenção da mesma que, no mesmo instante, virara-se para si.

O sorriso se espalhou fácil e rápido nos lábios vermelhos que clamavam para serem beijados.

- Está um pouco atrasado não acha? – questionou-a erguendo a sobrancelha, mas sequer desfazendo o sorriso.

Com delicadeza ele beijou a mão de Caroline, isso antes de depositar sobre a mesa uma caixa retangular de veludo azul. Era apenas um presente, mais um dos tantos que ele já lhe dera, mas a loira sabia que ele era daquela forma quando queria desculpar-se por algum inconveniente que prendeu por mais tempo do que deveria.

- Apenas acertando a nossa ida a Las Vegas, meu amor. – sussurrou-o enquanto a mulher apreciava a bela jóia que lhe fora presenteada.

- Bebidas, Cassinos e Apostas? – riu-a, contagiando-o com tal ato. E assim a loira apenas retirou a peça da caixa, esta que coincidentemente combinava com o anel de compromisso que Niklaus insistiu para que usasse, e fez charme; expondo-a em seu pescoço. – Então serei seu amuleto da sorte! – anunciou, deixando de lado todo e qualquer pensamento que teve minutos atrás.

Não poderia deixar-se levar por algum sentimento desagradável. Estava tudo bem da forma como estava. Tinha de estar. E Nik – como agora o chamava – estava tornando tudo cada vez mais fácil e menos culposo.

- Então vamos? – indagou-o, já de pé oferecendo o braço a mulher.

- Mais é claro. – respondeu-a com um sorriso. A peça de aço e diamante brilhando em seu pescoço enquanto enlaçava o braço do seu atual companheiro.

A única coisa que, naquele momento, rondava a sua mente era:

Será que as coisas teriam seguido o mesmo rumo se ela houvesse dado uma chance para os sentimentos do Original quando teve sua primeira oportunidade?

Fim.