Ikebukuro - Interativa escrita por Áron


Capítulo 17
Não somos heróis


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Se sim, foi mal '^^



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Eram dois garotos novos, sentados no telhado de uma casa, deitados, vendo a lua e as estrelas; junto da caída das pétalas de flores, marcando o começo do outono. Um deles era visivelmente maior do que o outro; deveriam ter oito e onze anos.

– Ei, ei, oni-chan!! - Foi a voz do mais novo primeiro, que se sentou e começou a balançar as pernas.

– Não, não repita o "ei" duas vezes. - O mais velho corrigiu.

– Ok! Ei, oni-chan!! Posso te perguntar uma coisa?? -

– Não pode fazer essa pergunta. Deixa de ser besta e pergunta direto. - O mais velho também se sentou, passando a mão nos cabelos do outro.

– Oni-chan, por que existem pessoas mais más do que outras, se somos todos humanos? - Essa pergunta, saída da boca de um menino de 8 anos, arrancou uma alta gargalhada do irmão mais velho.

– Como assim? De onde você tirou essa pergunta tão filosófica?? - Enquanto ele ria, o mais novo olhou para o chão, meio envergonhado. - Olha, existe gente ruim, que fazem maldade por coisas ruins; elas nascem assim, não tem como evitar. Por isso, me promete que nunca vai ser mau?

– Prometo!! Eu juro para o oni-chan que nunca vou ser um mau-garoto!!

...

"Acidente de carro."

Foi a desculpa que Saito usou no colégio, sem dar a menor explicação, sobre o por quê de estar todo quebrado. Para a sorte dele, ninguém que testemunhou a briga apareceu. Ele sabia que Chiba havia visto, mas o mesmo não dissera uma palavra sobre o ocorrido.

– Espere! - Saito falou para Chiba, quando o mesmo ia para casa. - Eu vou com você, tenho algo a fazer por ali!

– Saito-kun... Qual é o problema? - Chiba perguntou, parando de andar.

– Eh? O que quer dizer com isso?

– Por favor, desde que esses assaltos começaram, antes mesmo de chegarem aqui, você não larga do meu pé. Acha que eu estou envolvido, é? - Chiba foi duro na resposta, e Saito fechou o sorriso bobo.

– Eu não duvido. - Foram apenas três palavras, mas que conseguiram provocar a ira de Chiba.

– Aquilo foi só um incidente!! Eu achei que aquilo tinha ficado por trás, que éramos amigos!! - Ele soltou a mochila no chão, e aumentou o tom.

– Sim, somos amigos, mas isso não quer dizer que eu confie em você. - Saito continuou com o tom controlado, sem aparentar raiva ou nada do tipo.

– Foda-se! - Chiba apanhou sua mochila, e deu as costas para Saito; enquanto andava, soltou aquilo. - O sujo falando do mal-lavado! Pelo menos eu não protejo um ladrãozinho safado, que nem você faz!!

Aquilo deixou Saito com a mesma raiva do que talvez a partir daquele momento se tornou seu ex-amigo. Em passos duros e raivosos, cada um foi para uma direção diferente. Depois de uma certa distância, Saito se acalmou e passou a andar normalmente; percebendo que desde que passara pelo centro de Ikebukuro, estava sendo seguido.

– O que você quer, motoqueira? - Em determinado ponto, mais escondido dos olhares de curiosos, Saito parou, e se dirigiu a Celty.

...

– Desiste, cara. Se o seu irmão está te ignorando até agora, ele te odeia. - Ayumi jogou na cara de Yuuji, enquanto ele mexia no celular.

– Isso foi cruel, Ayumi-chan! - Yuuji respondeu, mas logo fechou o celular. - Sabe, se ele realmente me odiasse, já estaríamos presos. Eu já passei para ele onde estamos e para onde iremos. Ainda estamos aqui, por isso ele não nos dedurou.

– Então por que ele não responde nada seu, idiota? - Keiko perguntou; já chamava ele de idiota casualmente.

– Eu lá sei! Droga, será que ele mudou muito em três anos...? - Yuuji desabou na mesa, cansado por causa da noite anterior.

– O que aconteceu, para vocês se separarem? - Ayumi continuou, esperando não ter feito uma pergunta errada.

– Eu fui preso depois de roubar algumas lojas e passei esses três anos no reformatório, sai há umas semanas, sabe? - Yuuji tranquilamente explicou, sem nenhum traço de arrependimento. - A gente era muito próximo, já me ajudou em alguns roubos, mas nem consigo falar com ele agora...

– Espera aí, seu irmão aprovava o fato de você roubar? - Haruto entrou na conversa também, fechando o livro que lia.

– Bem, isso é uma longa história...

...

– O que você quer, motoqueira? - Saito perguntou em seu tom casual, como se nada tivesse acontecido.

"Vou ir direto ao ponto, Saito-kun. Você é um ladrão?" - Celty digitou.

– E se eu for? - Saito perguntou, não respondendo do mesmo jeito que falou para Shizuo; e sim de uma maneira mais amena.

"Me responda um sim ou um não."

– Talvez.

Depois daquilo, os dois apenas ficaram se encarando por alguns momentos; Saito não parecia que iria dar uma resposta exata, ele aparentemente continuou controlado, mas Celty percebera algo de errado.

"Você está bem...? Suas mãos estão tremendo."

– Hã...? - Saito rapidamente colocou as mãos no bolso. - Bem, se é isto, tchau.

"Espere!" - Celty bloqueou o caminho de Saito. - "Eu sei que algum parente seu é um ladrão... Você o ajuda?"

– Não, sim, digo quem sabe... - Saito voltou a dar respostas desconexas, olhando para o chão.

"Eu não pretendo fazer nada com você, mas por favor, me diga respostas exatas. Está ou não está envolvido com os ladrões?".

– N-Não, digo, dependendo do sentido... - Saito fez uma pausa, mas logo aumentou um tom; parecendo um desesperado. - Não vou falar nada sobre o desgraçado do Yuuji, ou dos ladrões, desista!!

Saito sequer esperou a resposta, e fugiu de lá. A corrida era difícil, mas ele estava desesperado para sair daquela pressão toda. Sim, ele colaborava com os ladrões, mas os odiava e queria que eles fossem presos. Sim, ele queria que todos morressem, mas não faz nada para colaborar. Tudo isso que passa em sua cabeça o perturba. O perturba demais.

" - Yuuji, eu queria que você morresse! " - Saito pensou, ainda correndo de Celty.


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Notas finais do capítulo

Até! o/
A história irá se encerrar no capítulo 20.



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