Kuroko acordou numa manhã de sábado, olhou em seu quarto e bateu seu olho no calendário. “31 de Janeiro” estava marcado com um X.

– Chegou rápido. – Ele disse impassível.

– Tetsuya! – Sua mãe chamava.

– Pode entrar.

– Mamãe vai sair, tudo bem? – Ela sorria. – Não esqueça de comer, beber água e arruma seu cabelo.

– Certo... Quando volta? – Ele dava um mínimo sorriso.

– Devo voltar de noite. Acabei tendo de trabalhar hoje, me desculpe. – Sua expressão mudava para uma mais triste.

– Não tem problema. Não é nada importante mesmo. – Ele abraçava sua mãe.

– É importante sim, Tetsuya. – Brigava.

– Eu não ligo para isso. – Ele não aparentava estar brincando. – E se ficar muito tempo aqui vai se atrasar para o trabalho.

– Opa, é mesmo. Eu estou indo. Mamãe te ama. – Ela depositou um beijo na testa do garoto.

Depois da despedida de sua mãe e a saída de seu pai pouco tempo depois, o menino ficou sozinho. Ligou a televisão e assistiu um programa, não que ele realmente gostasse de assistir à televisão. Ficou menos de meia hora tentando aliviar seu tédio, por fim, resolveu ler um livro.

– “A solidão” Acho que combina comigo. – Ele dizia convicto.

Leu aquele livro por horas. Não leu apenas uma vez, duas ou até mesmo três. Ele leu aquele pequeno livro várias e várias vezes. A Razão? Nem ele mesmo entendia.

– Acho que no fim não queria mesmo passar meu aniversário sozinho... – Dizia cabisbaixo.

Deitou-se no sofá e adormeceu.

– KUROKO! – Uma voz familiar gritava seu nome.

O menino acordou com a companhia tocando e várias vozes o chamando. Passou a mão sobre sua face, ele havia derramado algumas lágrimas enquanto dormia.

– Sim? – Ele abria a porta.

O menino ficou um bom tempo com a porta aberta, mas não encontrou ninguém.

– Uma ilusão? – Perguntava.

Voltou para dentro no mesmo instante.

– Acho que vou levar o número dois para passear. – Ele pegava a coleira de seu cachorro.

Kuroko saiu de casa e deu voltas num parque com o seu pequeno cão. Encontrou muitas crianças pequenas e lembrou-se de quando comemorava as datas especiais com seus amigos e pais.

– Acho que não é mais tão importante quanto antes. – Deu um sorriso forçado. – Quando fiquei tão mal acostumado a ponto de me deprimir por isso?

Voltou para sua casa depois de um tempo, ele pensou em comprar um bolo para não passar seu aniversário totalmente em branco, mas o número dois não podia entrar na padaria. Contentou-se com a ideia de não ter uma comemoração.

– Voltei. – Deixava seus sapatos na porta e subia para seu quarto.

O garoto ligou seu computador e viu alguns vídeos de basquete, pensava em como fazer novas técnicas e coisas do tipo. Era a única coisa que poderia ocupar sua cabeça nesse momento, basquete.

– KUROKO! – Ouviu seu nome sendo chamado outra vez.

– Outra ilusão? – Ignorou.

– TETSU-KUN! – Dessa vez ouvia uma voz feminina.

– Dessa vez está mais forte. – Ignorou mais uma vez.

– TETSUUU! – Ouvia a voz de Aomine.

Kuroko desceu as escadas e abriu a porta novamente, dessa vez, encontrou seus amigos na porta.

– Pessoal? – Ele arregalava seus olhos em ver todos em sua porta.

– Desculpa Tetsu-Kun! Nós viemos mais cedo, mas o Dai-Chan se esqueceu de comprar o bolo e tivemos que voltar. – Dizia Momoi enquanto pulava no pescoço do aniversariante para abraçá-lo. – Feliz aniversário!

– Bem, como você pode ver, essa é a nossa desculpa por não vir mais cedo também. – Hyuuga aparecia logo depois carregando uma caixa, aparentemente era o bolo que teriam ido comprar.

– Kuroko-Kun, feliz aniversário! – Riko entregava um embrulho para ele. – Esse é o presente dos veteranos do clube para você.

– Obrigado... – Ele ainda parecia surpreso com a chegada de seus amigos.

– Kurochin, eu trouxe meu salgadinho favorito. – Murasakibara entregava o que havia trago para ele. – Coloque em um pote para a festa.

– Festa? – Questionou.

– É óbvio, Kurokocchi! – Kise também estava lá, ele ajudava a trazer algumas bebidas. – Trouxe um pendrive com músicas também.

– Eu disse para você não trazer isso, Kise. Você não tem um bom gosto musical. – Midorima implicava. – Kuroko... Esse é o seu item da sorte de hoje. –Ele entregava uma pequena estátua para o menino de cabelos azuis.

Depois da chegada de todos os seus amigos de time e ex-colegas da geração dos milagres, eles entraram em sua casa e Kuroko não havia conseguido analisar aquela situação.

– Vocês não esqueceram? – Ele dizia sem esconder sua cara de surpresa.

– É claro que não, Tetsu. Acha mesmo que a Satsuki ia deixar essa data passar? – Aomine dizia.

– DAI-CHAN! – Momoi batia no maior, ela estava realmente vermelha.

– Não precisavam ter vin... – Antes de completar sua frase, recebeu um tapa em sua cabeça.

– Nem venha com essa. É claro que não iriamos deixar você passar seu aniversário sozinho, seu idiota. E aqui está. – Kagami entregava um pingente para ele. O pingente era de uma bola de basquete e era realmente bonito. – Feliz aniversário.

Ao ver tanto carinho de seus amigos, ele não pode conter sua felicidade, e sorriu. E talvez até tenha derramado algumas lágrimas, não que ele não tivesse limpado antes de todos notarem.

– Obrigado por virem, pessoal. – Ele abraçava os presentes que havia ganhado.

– Não se esqueça da mamãe. – A mulher entrava em sua casa e corria para abraçar seu filho.

– Mãe? E o seu trabalho?

– Não é sempre que o meu bebê faz 17 anos. O trabalho pode esperar. Feliz aniversário, Tetsuya. – Ela sussurrava em seu ouvido no meio do abraço.

– Obrigado mãe. – Ele sussurrava também.

“É, acho que aquele livro realmente não combina comigo. Não estou realmente sozinho e nem pretendo ficar.” Pensava o menino em meio a sorrisos.

Pode ser que ele tivesse se contentado a passar o seu aniversário sozinho, mas ele não trocaria de forma alguma o carinho e amor que recebera dos amigos nessa data. E com certeza, aquele seria um aniversário que ficaria marcado para sempre em sua memória.