Edward

Maio

Encontramos com James todos os dias desde que chegamos aqui. Até agora não tive a oportunidade de procurar por Bella pelo simples fato de que James não largava do nosso pé. Ele queria arranjar uma boate perfeita pra fazer a despedida de solteiro de Garrett com direito á strippers e tudo mais. Nem preciso dizer que todos ficaram horrorizados com a ideia dele. Tirando ele e eu, todos os amigos e familiares de Garrett eram casados, isso iria deixar todos em maus lençóis, até que Emmett bolou um plano.

James em todas as vezes que vinha até o hotel ficava dando em cima da recepcionista. Emmett conversou com ela e perguntou se ela não estava interessada em sair com James, e a mesma aceitou. Enquanto James se divertia com a recepcionista em algum lugar, eu e os outros convidados de Garrett arrumamos um bar sem nenhum tipo de dançarina para fazer a despedida dele.

Quando James ficou sabendo o que fizemos ele prometeu vingança, mas ninguém levou a sério. Um item fora da lista, era hora do traje de Garrett. Mais dois dias pra escolher. E logo chegou a despedida de solteiro.

A vingança de James foi simples, ele contratou uma única dançarina que só não dançou no colo de Garrett porque o mesmo conseguiu escapar. A cena foi engraçada.

No dia seguinte todos foram acordar Garrett cedo e se arrumar com ele. Era uma tradição americana. Foi um dia divertido com o nervosismo do noivo virando piada. Antes mesmo que pudesse perceber já estávamos dentro da igreja tentando acalmar Garrett para que o mesmo não infartasse antes de casar.

O casamento foi emocionante, desde o momento que as mães dos noivos acenderam a vela, até o momento que Katrina e Garrett juntos acenderam uma única vela simbolizando que os dois estariam unidos para sempre. No final da cerimônia não poderia faltar arroz para jogar nos recém casados. E depois festa.

Na festa cumpriram todas as tradições até mesmo a de tirar a cinta liga da noiva. E James a pegou. Emmett ria e fazia piada de tudo. Não foi á toa que ele foi escolhido como “best man” de Garrett, ou seja, ele foi escolhido para contar piadas e fatos engraçados sobre o noivo e essa função lhe caiu super bem.

Quase no final da festa, Katrina jogou o buquê e uma garota chamada Victoria a pegou. James teve que colocar a cinta liga na tal Victoria e dançar com ela. Mais uma tradição americana. E ele estava adorando tudo isso. Nos despedimos dos noivos e enquanto para alguns a festa ainda rolava, eu e Emmett resolvemos voltar pra casa.

Devido ao tempo corrido que tivemos aqui e a falta de oportunidade para procurar por Bella, Emmett havia trocado as passagens de volta marcadas do dia 6 para o dia 7 pela noite. Amanhã eu iria atrás de Bella.

(...)

Eu mal consegui dormir a noite pensando em encontrar com Bella. Finalmente ver seu rosto e abraçá-la, dizer que a amo olhando em seus olhos, ter uma conversa franca com ela e saber o que a atormenta. Eu estava ansioso, muito ansioso por sinal.

Emmett estava animado e feliz por mim. Peguei o pedaço do pacote que havia chegado com o meu presente no Natal e ligamos para um táxi. Assim que o táxi chegou mostrei a ele o endereço e descobri que ficava há 20 minutos do hotel onde eu estava. Eu e Emmett ficamos conversando durante todo o trajeto.

– Chegamos. – disse o motorista do táxi. Quando olhei pela janela fiquei sem entender o que estava acontecendo.

– Tem certeza que é aqui? – perguntei para confirmar. O motorista olhou para o papel mais uma vez e apontou para um prédio enorme todo de vidro com uma arquitetura bem luxuosa e moderna.

Desci do táxi com o Emmett que pagou a corrida. Olhei para todos os lados vendo a placa da rua, confirmando que era mesmo aquela rua. Olhei para o prédio á minha frente e o número estava tão grande e preso na parede que era impossível confundir. Não era uma casa e nem um prédio residencial. Era uma empresa bem grande por sinal. Emmett me olhou com o cenho franzido.

– Esse endereço não devia ser da casa dela? – ele perguntou.

– Eu achei que seria. Talvez seja onde ela trabalha. – disse confiante. Caminhamos até a porta do prédio que se abriu automaticamente. Logo na frente da porta havia um balcão com três moças sentadas mexendo no computador ou no telefone.

– Bom dia, senhores. No que posso ajudá-los? – perguntou uma moça loira onde o crachá dizia se chamar Lauren.

– Bom dia. Eu estou procurando por Bella Marie. – disse.

– Bella Marie? Ela é advogada ou uma das publicitárias? – perguntou olhando pra mim e depois pra garota que estava ao lado dela. A garota ao lado dela balançou a cabeça negativamente.

– Ela é secretária. – disse. A garota loira digitou algo no computador e levantou se dirigindo a mim.

– Desculpe-me, mas não há nenhuma Bella Marie por aqui. – respondeu. Olhei para Emmett dessa vez em pânico. Como assim não havia nenhuma Bella ali?

– Peço desculpas por ocupar seu tempo, mas há alguns meses meu irmão recebeu uma encomenda com o nome de Bella Marie e com esse endereço. – explicou Emmett.

– Eu vou ligar pra minha superior. Talvez ela saiba de alguma coisa. – disse e logo pegou o telefone. – Ela já está descendo pra falar com os senhores. Podem se sentar ali. – disse a mesma apontando para um conjunto com poltronas e cadeiras do lado direito da recepção. Eu e Emmett nos sentamos ali e eu já passava as mãos no rosto e no cabelo.

– Fica calmo, Edward. Pode ser um mal entendido. Talvez Bella seja um apelido e por isso não esteja no registro deles.

– Eu espero que esteja certo, Emmett. – disse já descrente. Esperamos por dez minutos até que uma garota loira e baixa apesar dos saltos enormes parou em nossa frente.

– Bom dia. Lauren disse que estavam procurando por um funcionário daqui. – a garota já chegou sem nem se apresentar e aparentava estar bem nervosa.

– Eu estou procurando uma mulher chamada Bella Marie. – disse e pude observar a garota á minha frente ficar bem nervosa.

– Bella Marie? Não há nenhuma pessoa com esse nome aqui. – disse e começou a estalar os dedos. Por que tanto nervosismo?

– A senhorita tem certeza disso? – insisti.

– Bom... As pessoas da empresa costumam me chamar de Bella. Qual o seu nome? Talvez eu seja a pessoa que você procura. – a garota disse. Sério? Se isso fosse verdade por qual motivo ela não havia dito isso antes?

– Se fosse a pessoa que eu procuro você saberia o meu nome. – disse e saí daquele lugar me sentindo completamente sufocado. Emmett saiu atrás de mim e não disse mais nada. Pegamos outro táxi e logo chegamos no hotel.

Eu não sabia nem mesmo dizer o que estava sentindo. Eu estava confuso, chateado, decepcionado. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. E nenhuma dessas coisas me fazia feliz.

Deus, me ajuda! Eu não posso ter me enganado tanto assim com alguém. Eu a amo, pai. Traz ela pra mim, por favor!

Isso era tudo que eu conseguia pensar.

– Tudo bem? – perguntou Emmett.

– Tudo... menos bem. – respondi de cabeça baixa sentado na cama do quarto de hotel.

– Olha... tem algo de estranho acontecendo. Aquela garota parece estar mentindo.

– É óbvio que ela tá mentindo! Se ela tivesse mesmo esse apelido logo as recepcionistas diriam que era ela, ou ela mesma se acusaria quando disse esse nome. E a verdadeira Bella me reconheceria – disse exasperado.

– Podem estar acontecendo duas coisas. – disse Emmett e eu olhei pra ele. – Primeiro: Ela é realmente Bella, mas não queria que ninguém soubesse desse relacionamento entre vocês dois. Ou ela não sabe quem é Bella, mas tentou tirar vantagem da situação, não sei.

– Realmente? Eu não sei qual das duas opções é pior. – disse deitando na cama. Eu fiquei sem coragem para enviar uma mensagem para Bella. Desde que cheguei aqui não estavamos nos falando, pois eu tinha essa sensação de estar traindo Bella e não queria me sentir assim.

No dia seguinte Emmett me convenceu a voltar até aquele endereço e procurar saber de outro funcionário se havia alguma Bella por lá. Emmett antes de sair do hotel parecia prestes a resolver um crime, se eu não estivesse tão chateado provavelmente estaria rindo agora.

Quando chegamos no mesmo prédio de ontem tivemos sorte... ou não. Na recepção só havia uma funcionária que estava ocupada falando ao telefone. Emmett caminhou até o elevador e encontrou um ascensorista que estava sentado em um banco alto dentro do elevador.

– Bom dia. – cumprimentou o senhor.

– Bom dia. O senhor trabalha aqui há muito tempo? – perguntou Emmett.

– Há mais de dez anos, rapaz.Por quê? – o senhor que vi se chamar Billy Black respondeu.

– Nós estamos procurando por uma funcionária que se chama Bella Marie. O senhor conhece? – perguntei esperançoso.

– Bella? – perguntou o senhor pensativo.

– Esse pode ser o apelido dela, talvez. – completou Emmett.

– Olha, rapazes, em 10 anos que eu estou aqui eu nunca ouvi esse nome. Nem mesmo apelido. – disse o senhor.

– Obrigada, senhor Black. – disse e saí do prédio quase correndo. Tudo que eu queria agora era arrumar minha mala e voltar pra casa.

– Nós vamos dar um jeito nisso, Edward. Vamos procurar mais! Talvez alguma coisa sobre ela que você deixou passar...

– Nós vamos voltar para o hotel e arrumar nossas malas. Estou cansado, decepcionado e muito confuso. Eu só quero voltar pra minha casa. – respondi e saí andando. Hoje iria voltar andando para o hotel. Emmett me seguiu e em 40 minutos já estávamos fazendo as malas novamente.

Eu pensei em ligar pra Bella e perguntar onde ela estava. Pensei em enviar uma mensagem dizendo que havia procurado por ela, mas não tinha achado. Porém, no final, tudo que eu fiz foi me desligar do mundo. Sem notebook, sem celular, só a minha consciência gritando que eu deveria ter tomado mais cuidado e o meu coração gritando que mesmo assim amava Bella.

(...)

O vôo de volta pra casa durava 9 horas e 40 minutos. Saímos no vôo das 19:30 e chegamos na Itália ás 11:10 no horário local. Assim que saímos á procura de um táxi avistamos Rosalie e Valentina encostadas no carro de Emmett.

Meu irmão saiu correndo para abraçar as duas, deixando até mesmo a mala pra trás. Peguei a mala dele e a minha e caminhei até o carro. Rosalie abriu o porta-malas e eu coloquei a bagagem dentro. Valentina logo correu para me abraçar também. Dei vários beijos no seu rosto a fazendo rir.

– E então? Como foi a viagem? – perguntou Rosalie enquanto dirigia de volta pra casa.

– Foi interessante. – respondeu Emmett. Pelo olhar que ele trocou com Rosalie eu sabia que ele havia dito pra ela sobre a minha ideia de encontrar com Bella. Passamos o resto da viagem em silêncio. Valentina acabou dormindo e eu me dispus á levá-la no colo até seu quarto. Rosalie havia dito que ela não dormia bem desde o dia em que viajamos.

Emmett tirou nossas malas do carro e deixou a minha na minha porta. Eu subi até o quarto de Valentina e a coloquei na cama debaixo das cobertas.

– Dorme com Deus, anjinho. – disse e beijei sua testa. Saí do quarto dela e acenei para Emmett e Rosalie assim que saí da casa. Peguei minha mala e entrei em casa. Eu estava fazendo tudo no piloto automático. Guardando minhas roupas, separando o que tinha pra lavar, passando as poucas fotos que tirei em Miami para o notebook, tudo no automático.

Donna apareceu em casa e pulou na cama tentando chamar minha atenção e conseguiu. Estava cansado de pensar no que aconteceu em Miami, naquela empresa. Depois de brincar com a branquinha, tomei um banho e desci para ver meus pais e minha irmãs. Quando cheguei na pizzaria levei um susto vendo Jasper e Caius com avental e touca preparando pizza.

– Edward! Você voltou! – exclamou meu pai assim que me viu. Ele me deu um abraço meio desajeitado, pois estava todo sujo de farinha e todo tipo de molho. Eu não ligava pra isso. Já estava acostumado.

– Colocou os genros pra trabalhar? – perguntei.

– Eles precisam provar que podem cuidar das minhas filhas. – ele disse. Depois de mais um abraço, cumprimentei meus cunhados e fui atrás da minha mãe. Fui até a doceria e lá estava dona Esme fazendo os bolos para encomenda. Alice estava confeitando.

– Bom dia. – disse e elas me olharam assustadas.

– Filho! – gritou minha mãe me abraçando. Retribuí com um abraço bem apertado e um beijo na testa, com Alice foi a mesma coisa. Alice começou a me perguntar várias coisas sobre a viagem, o casamento e perguntou como foi com Bella. Então todos sabiam que eu tentaria me encontrar com ela?

Antes que pudesse responder fui salvo por Emmett que chegava na cozinha naquele momento. A sessão abraços e perguntas começou. Emmett respondeu tudo sobre a despedida de solteiro, o casamento, a festa e sempre mudava de assunto quando Alice tentava perguntar sobre Bella. Antes que eu não pudesse mais escapar, me despedi de todos dizendo que estava cansado, e era verdade, mas não pelos motivos que eles estavam pensando.

Cheguei em meu quarto e logo deitei em minha cama e fiquei olhando para o teto enquanto Donna pulava em cima de mim. Quando ela cansou de tentar chamar minha atenção e eu cansei de tentar arranjar desculpas para as mentiras que Bella contou, acabei adormecendo.

Mais tarde acordei e percebi que meu notebook estava ligado. Desconectei a câmera dele e estava pronto para desligar quando vi que havia recebido mensagem no Pheed.

Bella: Você me pede confiança, mas nem mesmo confia em mim

Que ideia estúpida foi essa de vir até aqui pra me encontrar sem me avisar?

Edward: Eu queria fazer uma surpresa, mas quem acabou surpreendido foi eu

Por que você não fala a verdade? Por que não confia em mim?

Depois de 10 minutos percebi que Bella não iria responder. Coloquei meu celular pra carregar e disquei o número dela. Ela não atendeu. Olhei para o notebook novamente e havia novas mensagens.

Bella: Por que você faz tanta questão de me ver? Minha aparência é tão importante assim pra você?

Edward: Nós fizemos planos, Bella. Planos que só podem ser realizados quando estivermos juntos! Como você não quer que eu te veja?

Bella: Olha, Edward... Por que você não me esquece?

Edward: Porque eu realmente te amo e quero ter a oportunidade de fazer isso dar certo! Me ajuda, Bella!

Bella: Eu estou confusa e magoada. Eu não posso.

E essa foi a última mensagem que eu recebi de Bella. Uma mensagem onde ela diz estar magoada comigo.

Eu queria chorar, gritar e achar um culpado pra toda essa confusão que estava acontecendo comigo. Mas eu não o fiz. Tomei um banho, arrumei a bagunça que havia feito no quarto ontem e saí atrás de algo pra fazer. Cheguei á pizzaria e meu pai pediu pra que eu descansasse mais, mas eu neguei e comecei a ajudá-lo fazendo todo tipo de serviço que ele precisava.

Quando acabou o serviço na pizzaria eu comecei a limpar tudo, fui até a doceria e fiz algumas tortas que precisavam ser entregues no dia seguinte. Eu não dormi, apenas trabalhei e segui nesse ritmo por dois dias. Minha família me lançava olhares estranhos, mas eu não poderia ser julgado por tentar ocupar a minha mente.

Porém todo esforço cobra seu preço. E o meu foi cobrado no domingo de manhã enquanto eu estava na missa. Escutar o padre falar sobre amor e perdão não me fez bem e então chegando em casa eu finalmente coloquei pra fora o que estava sentindo.

Dor.

Dor por amar tanto alguém. Dor por me doar tanto alguém e receber pouco em troca. Dor por ter tantos sonhos não realizados. Dor pela falta de confiança de Bella e agora pelo seu distanciamento. Não tenho vergonha de dizer que chorei.

Minha família ficou ainda mais preocupada. A expressão de todos era de tristeza e decepção assim como eu. Meus pais repetiam pra mim á todo momento que era o meu momento, mas não era o momento de Bella. Meus pais ainda tinham fé que Bella fosse a mulher que eu sempre sonhei, mas que eu precisava esperar o tempo dela.

As palavras dos meus pais foram repetidas tantas vezes que acabaram entrando em meu coração. Todos os dias durante um mês eu enviava mensagens para Bella como se a qualquer momento ela fosse responder. Bella havia excluído seu perfil no Pheed. Ela não atendia o telefone e depois de duas semanas o número dela foi dado como inexistente.

Bella sumiu do mapa e foi como se ela nunca tivesse existido.