Edward

Abril

– VOCÊ VAI FAZER O QUÊ, TÂNIA? – perguntou Emmett.

Foi assim que começamos o mês de Abril. Tânia resolveu contar antes mesmo do café da manhã que iria trazer o namorado dela para nos apresentar. Emmett quase se engasgou com o oxigênio depois da forma super sutil dela de contar a novidade.

– Isso mesmo que você escutou, Emmett. Meu namorado vai vir aqui hoje e se apresentar. Não quero gracinhas hein?! – ela disse brava.

– Não conte com isso. – disse a provocando.

– Edward... – ela começou a dizer, mas não concluiu. Ela respirou fundo e dirigiu um sorriso falso pra mim. Eu retribuí da mesma forma e começamos a tomar o café da manhã.

Quanto mais a hora do almoço se aproximava, mais ansiosa Tânia ficava e Emmett mais nervoso. Papai estava tranquilo e ria do desespero de Emmett. Quando a campainha tocou, Tânia levantou rapidamente, mas Emmett a empurrou de volta e foi em direção á porta. Quando o mesmo abriu e eu pude reconhecer aquela cabeleira loira, quase não acreditei no que estava vendo.

– Caius? – perguntou Emmett e abriu o caminho para ele passar. Quando Caius chegou e sentou ao lado de Tânia e segurou sua mão, meu irmão parace ter voltado em si. – Você é o namorado da minha irmãzinha mais nova? – perguntou ele furioso.

– Então, eu primeiro gostaria de vir aqui e pedir permissão para vocês. Eu sei que isso é muito importante pra ela, e não gostaria de forma alguma desrespeitar a autoridade do Sr. e da Sra.Cullen e nem mesmo o cuidado de vocês Edward e Emmett. – depois disso todos na sala ficaram mudos. Caius havia se saído bem. Meus pais conversaram com ele e não foi necessário fazer o mesmo interrogatório que haviamos feito com Alec pelo simples fato de conhecermos toda a família de Caius desde crianças.

Mesmo que Caius fosse nosso amigo, Emmett combinou o nosso famoso papo e dessa vez Jasper estava presente do outro lado da história. Depois de 1 ano namorando minha irmã, ele já era considerado da família e tratava Tânia como uma irmã. Fizemos nossas famosas perguntas como “quais são suas intenções com minha irmã?” e ele se saiu bem mais uma vez. Depois foi só festa, mas Em não podia deixar nada passar e começou a contar na frente de todos o quanto estava agradecido por Tânia não ter tentado nada com Alec.

Caius acabou ficando para o jantar e a festa só acabou depois das 23 horas. Subi para o meu quarto e Valentina veio atrás. Amanhã ela não tinha aula e ela queria passar um tempo comigo. Liguei a televisão que havia no meu quarto e coloquei um DVD de desenho para ela assistir. Liguei o computador para conversar com Bella.

Edward: Boa noite, querida.

Bella: Boa noite, anjo.

Edward: Hoje tive que fazer mais um interrogatório.

Contei para Bella tudo que tinha acontecido hoje e ela só sabia rir e dizer que amava esse jeito da minha família.

Edward: Você está me devendo uma coisa

Bella: Eu? O quê?

Edward: Uma foto sua recente... Não tente me enganar mais, mocinha

Ela demorou alguns minutos até que respondeu.

Bella: Não acho isso necessário, Edward

E eu vou ficar muito magoada se você insistir.

Edward: Sério, Bella? É só uma foto. Eu te enviei uma minha. Qual o problema?

Bella: Se é só uma foto quer dizer que não é tão importante assim, então você pode ficar sem, certo?

Edward: Não, mas eu não vou discutir com você

Essa sua falta de confiança sem sentido...

Bella: E por que eu deveria confiar?

Edward: O quê? Você não tá falando isso, Bella

Bella: Tecnicamente eu estou digitando

Edward: Sem brincadeiras hoje, Bella.

Quando você resolver ser 100% sincera comigo, eu vou estar aqui

Desliguei o computador e acompanhei Valentina no filme. Eu não conseguia acreditar que Bella havia perguntado isso. Por que deveria confiar em mim? Talvez porque isso está incluído no amor que ela diz sentir por mim. Tentei esquecer isso, apesar de ter se mostrado impossível ao longo da noite e ao longo dos dias que se passaram.

Depois de 5 dias sem nenhum contato, Bella me ligou pedindo desculpas, dizendo que sentia muito. Ela me explicou que não queria dar esse passo ainda, mas que iria enviar uma foto dela em breve. O ‘em breve’ dela demorou apenas dois dias e quando recebi a foto pude reparar em duas coisas:

Bella era morena

Ela estava tentando me enganar mais uma vez.

A foto que ela me enviou estava com tanta luz que eu mal podia ver seu rosto. Não dava pra ver nada, e na foto ela ainda estava tocando um violão, com a cabeça baixa e os cabelos caíam escondendo já boa parte do seu rosto. Estava cansado de lutar pra ter esse contato com ela.

(...)

Estava nesse exato momento conferindo o lucro do mês passado e separando o dinheiro que precisava para pagar as contas e o que eu iria depositar no banco. Foi quando vi um rapaz com o uniforme do correio deixando algumas cartas debaixo da porta. Parei meu serviço para pegar as cartas e eram apenas duas. Uma direcionada á Emmett e outra á mim. Ambas as cartas eram do mesmo jeito.

– Cartas? – perguntou Emmett chegando perto de onde eu estava.

– Uma pra você e outra pra mim, mas parecem iguais. – disse e entreguei a carta dele. Abrimos a carta ao mesmo tempo e Emmett saiu gritando e pulando.

– GARRETT VAI CASAR! GARRETT VAI CASAR, CARA! NÃO TÔ ACREDITANDO NISSO! E COM KATE AINDA! – Emmett gritava e começava a rir. Garrett era um amigo que Emmett havia feito na época que foi estudar gastronomia em NY, quando eu resolvi que iria para os EUA, anos depois que Em havia voltado, ele contou para esse amigo e o mesmo estava em Miami e me acolheu como se fosse meu amigo também. E foi isso que nos tornamos. Se James era festeiro e aventureiro, Garrett era mil vezes pior. Era o terror da faculdade, não deixava escapar nem mesmo as professoras, mas quando conheceu Kate na época que eu ainda estava lá, ele mudou.

– Eu acredito. Kate fez ele correr atrás dela. Ele deu valor e agora ela está aí prestes a se tornar a Sra. Stevens. – disse rindo. Emmett ainda estava sem acreditar. Voltei para o meu trabalho e depois de tudo devidamente calculado, fui ao banco e depositei o dinheiro, paguei as contas e os funcionários da pizzaria e da doceria.

Quando voltei pra casa Emmett ainda contava tudo que Garrett aprontava e dizia o quanto estava espantado por ele resolver casar. O casamento seria na primeira semana de Maio. Rosalie e Valentina também iriam, mas o resto da família não poderia ir por causa da pizzaria e da doceria. Ficamos conversando sobre esse casamento até tarde da noite. Dormi como uma pedra depois disso.

No domingo bem cedo eu e minha família fomos á missa e nesse dia eu estava me sentindo muito mal. Não era nada físico, mas emocional. Enquanto o padre falava sobre amor e sobre família, eu tinha uma vontade enorme de chorar. Parecia que isso nunca aconteceria comigo. Era tão estranho que há alguns meses atrás eu estava aqui agradecendo á Deus por ter colocado Bella em meu caminho, hoje eu só implorava para que o Senhor acalmasse meu coração e me concebesse sabedoria para entender se isso era o certo pra mim. Era o certo sofrer com a distância que me separava de Bella? Era certo sofrer com a falta de confiança dela?

Só me restava esperar para que no tempo certo eu tivesse a resposta para todas essas dúvidas que me atormentavam.

(...)

O resto do mês se resumiu em trabalho e mais trabalho. Recebi propostas para me tornar fotógrafo fixo de uma revista cujo o tema era a Europa. Eu teria que viajar por vários países e teria um espaço na revista para falar sobre as minhas impressões sobre os lugares que visitei. A proposta era tentadora, mas não era o que eu queria pra mim. Não gosto dessa instabilidade de viver viajando e não ter um lugar fixo. E dessa vez minha família toda apoiou minha decisão.

Se por um lado eu perdia por outro eu ganhava. Recebi também vários convites para festas de aniversário e até um prefeito havia me convidado para tirar foto de um festival que teria na Toscana. Esse eu resolvi aceitar, porque era perto de casa e eu só ficaria ausente por 3 dias. Nos dias que passei lá resolvi ficar longe de tudo: celular e computador. Apenas tirava as fotos que eu queria e precisava para o jornal, conhecia novas pessoas e assim me senti mais leve.

Quando voltei para casa o assunto mais uma vez era o casamento de Garrett e Kate. Minha mãe queria saber onde compraríamos ou alugariamos o terno para ir ao casamento. Resolvemos que faríamos isso por lá, porque levar um daqui seria um risco muito grande. Rosalie decidiu não ir ao casamento, porque Valentina não poderia faltar de aula logo agora que era final de ano escolar e ela não queria deixar Esme sozinha na doceria.

Hoje era dia 26, faltavam 9 dias para o casamento de Garrett. Iríamos viajar amanhã pela noite e eu nem mesmo havia falado com Bella sobre o fato de que estaria na mesma cidade que ela em poucas horas. Como eu não poderia levar Donna comigo, resolvi passear com ela hoje por Pineto e Emmett veio junto.

– E aí, cara? Como anda as coisas? – perguntou Emmett enquanto esperava sua lata de refrigerante chegar.

– Normalmente com as pernas, Emmett. – respondi mesmo sem um pingo de animação.

– Você é tão engraçado, Edward. – disse. – Estou te sentindo meio estranho nos últimos dias. O que tá acontecendo?

– Bella.

– Essa é sua resposta para todas as perguntas nos últimos meses.

Contei para Emmett todo o drama da questão das fotos, e as ligações estranhas de Bella e enquanto eu me sentia mal sem poder ajudar e sem nem poder saber o que está acontecendo.

– Bom, você tem o endereço dela e nós estamos indo pra Miami amanhã. Você pode fazer uma visita surpresa. – ele disse.

– Eu pensei nisso. – disse simplesmente.

– Mas tem que ser surpresa mesmo. É óbvio que ela tá escondendo alguma coisa e se ela negou uma mísera foto, se ela souber que tu vai estar na mesma cidade que ela, é capaz dela fugir pra outro país. – disse Emmett exagerado.

– Eu me sinto estranho em omitir isso dela. – falei sem olhar pra ele.

– Você que sabe. Nós vamos lá para o casamento de Garrett e você pode ter a oportunidade de encontrar a garota que você ama, ou você vai para o casamento, volta pra casa e espera pelo dia que a Bella resolva te dar um pouco mais de espaço na vida dela. O que você prefere?