Breakfast celebraria seu vigésimo aniversário. Ainda haviam tensões mal resolvidas entre as princesas. Lumpy e Marceline pediram perdão pelo incidente de anos atrás, mas a cada encontro o céu escurecia.

Rainha Caroço insistiu para que a filha fosse ao baile, afinal, mesmo refugiada em Ooo, ela continuava pertencendo à realeza e tinha como dever representar o seu povo.

Torcendo o nariz, a jovem saiu com a Tartaruga amiga na busca de um vestido perfeito. Curto de mais, comprido de mais, brilhante de mais, simples de mais. Quando finalmente escolheram, depois de uma semana, saltitaram para a modesta mansão da loira.

– Acha que vai acontecer algo de ruim, sabe, entre vocês?

– Ela me perdoou, miga. Vai dar tudo certo, confie em mim – Mas ela própria não acreditava em suas palavras.

Café da Manhã era a mesma adolescente mimada que desdenhara dela, isso fazia com que Caroço lembrasse-se de casa. Seu perdão fora rancoroso. Os olhos da princesa roxa estavam tristes, mas seus lábios sorriam.

Ensaiavam a maquiagem e o cabelo. Passaram horas experimentando sapatos e jóias. Ao final da tarde, Lumpy voltou para a sua cabana. Percebeu que havia esquecido de regar as margaridas que alegravam a entrada e pôs-se a procurar um regador. Na cozinha escura, viu uma sombra recostada à porta. Lentamente, o esverdeado surgiu entre os bules.

– Droga – exclamou, passando a mão no alto da cabeça – Brad, o que está fazendo aqui?

– Eu vim te levar ao baile – respondeu mantendo a seriedade.

– Eu não pedi que me acompanhasse.

– Não, não pediu – caminhava ao lado dos pratos pintados e panos bordados – Sua mãe me pediu que eu fosse com você.

– Ah, claro. Eu não quero que você vá.

– Não? – Questionou, olhando-o para ela do lado oposto do aposento.

Caroço ficou sem palavras, apenas apertou forte o regador em suas mãos e desviou o olhar. Brad se aproximou, tomou o objeto azul da garota e se dirigiu a pia, enchendo-o de água gelada. Saiu pelo balcão e regou as flores. Observando o comportamento atípico, a princesa se sentiu em paz por um segundo. Naquela noite, eles dividiram a cama.

Ao entardecer do dia seguinte, Brad auxiliou sua enamorada a vestir o traje cheio de diminutos botões e esperou na rústica sala enquanto ela recriava o visual do dia anterior. O prometido cochilava no sofá quando Caroço anunciou que estava pronta. Deslumbrante. Deu o braço para acompanhá-la até a limusine que lhe esperava do lado de fora. A arroxeada percebeu que suas margaridas haviam sido pisoteadas e que estavam envoltas na lama.

Chegando ao baile, que havia começado há um bom tempo, Lumpy insistiu que eles se sentassem com Princesa Tartaruga, mas Brad a convenceu a sentarem-se sozinhos. A cada música que tocava, lenta ou alegre, Caroço queria dançar. Parou de se importar com as caretas do amado e foi para o meio do salão. Ele se recusava a comer ou beber qualquer especiaria que lhe era oferecida, que, na verdade, se limitava a panquecas e calda.

Na pista de dança, Lumpy se aproximava da protagonista sem perceber. Estava escuro e todos se balançavam rápido. Ao último soar do refrão, Caroço pisou no vestido da anfitriã, rasgando-o até a altura da cintura. A música parou quando o grito da aniversariante encheu o ambiente e todos pararam para assistir a cena que se formava.

– Você nunca aprendeu a fazer nada direito, não é? Não consegue nem ser uma princesa de verdade, imagine se portar como uma convidada decente. Eu sinto pena pelo seu povo que terá que viver ao regime de uma rainha tão desastrada e bruta. Agora eu entendo porque a sua mãe te expulsou de casa, ninguém te quer por perto...

A outra revirou os olhos e não revidou com palavras, apenas desferiu um soco certeiro no rosto engordurado da rival. Com a mão no queixo para tentar estancar o filete de sangue que escorria, Breakfast retribuiu a ofensa e golpeou Lumpy. Em poucos segundos as garotas estavam engalfinhadas no chão, se estapeando compulsivamente. A briga parecia infinita dentro daquele minuto, até que Finn separou-as e ralhou com Jake que havia filmado tudo com seu celular.

Café da Manhã foi levada para dentro, ainda raivosa. Caroço permaneceu no mesmo lugar e não notou quando os outros convidados voltaram a dançar. Finalmente uma mão toucou-lhe no ombro e a levou para fora. A limusine os regressou à cabana.

A roxa não disse nada durante todo o caminho, e Brad se animava com a música que tocava dentro do carro. Descalça, ela se sentou no balanço que descansava em seu jardim e esperou que o vento da noite a empurra-se. O rapaz finalmente se pronunciou.

– Todos esses anos você quis aprender a amar e ser como eles, mas, admita, você é a mesma de antes, não mudou nada. Você encheu sua cabeça com esses valores mundanos e fingiu esquecer quem você é. Mas você é uma encaroçada, a princesa deles. E os caroços estarão sempre em você.

Lumpy deixou as lágrimas mancharem seu rosto e o vitorioso amante partiu para o sapo. Ela tinha muito no que pensar.