As visitas de Brad estavam ficando cada vez mais frequentes. Desta vez ele trouxera flores para ornamentar algum vaso de barro que LSP tanto adorava confeccionar. Eles estavam na varanda dos fundos da cabana, Lumpy havia servido chá; a louça não era de porcelana, mas o esverdeado não se importava mais. A princesa, apoiada na mureta, não podia ver o prometido que brincava com a especiaria, dosando a quantidade de açúcar, sentado numa poltrona de bambu cozido.

– Eu nunca escolhi nada, não até eu chegar aqui. Descobri as consequências das minhas más escolhas, e colhi os frutos das boas. Não pude escolher as minhas amigas; mamãe não permitia que mais ninguém se aproximasse de mim. Tudo o que eu conhecia era você e Melissa.

– Melissa não é ruim. Ela tem a cabeça vazia e é uma pessoa fútil, mas essa é a essência do nosso povo, não?

– Tem razão, ignorância é sinônimo de felicidade. Eu a encontrei ao vir para esse lado do mundo, mas ela nunca será minha.

Caroço parou de falar. O chá jazia esquecido em sua mão. Ela tentava se concentrar num ponto fixo, numa moita onde cresciam morangos, mas seu olhar era distante, desfocado.

– Você ainda gosta de mim? - Perguntou Brad após algum tempo, receoso de ter seu ego ferido, porém incomodado demais com o silêncio.

– Droga, eu te adoro – ela se virou para poder vê-lo, mas não teve coragem de manter o olhar em sua face – Mas eu fui ensinada a te adorar.

– Se você pudesse escolher outro, você... – O orgulho não deixou que o esverdeado continuasse, as palavras falhavam.

– Não. Você é o mais adequado a ser rei. Apesar de querer viver em Ooo para sempre, eu descobri que quero ser a rainha que eles precisam; e quero fazer isso ao seu lado.

– Isso é ótimo – disse o rapaz, se levantando e caminhando até a roxa – Porque eu quero ser rei.

– Você realmente deseja isso ou te ensinaram a desejar?

Brad ficava confuso com essas conversas. Ela havia aprendido muito deixando sua terra, e ele admirava todo esse conhecimento que nunca poderia ter para si, mas todo ele era inútil para reger os encaroçados. Era necessário sadismo e medo; Lumpy era assim. Não mais.

– Eu odeio este lugar, mas adoro o que ele fez com você – Disse por fim.

Brad selou seus lábios, mas dessa vez ele foi gentil, deixando que ela retribuísse. Sorriram e o rapaz partiu com a promessa de um ‘até logo’.