What is Love? escrita por Every Simple Plan


Capítulo 1
One




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Lumpy estava colhendo flores silvestres no jardim da sua cabana. Pela chaminé saia a fumaça quente a torta de amora que assava no forno. Tartaruga acabara de sair, clube do livro. A vida na clareira era pacata e a garota gostava da sensação. Frutas frescas a um braço de distância e esquilos amigos. Já eram cinco anos que ela vivia em Ooo, e se pudesse nunca sairia de lá.

A garota foi tirada do seu devaneio pelos passos que se aproximavam quebrando galhos. Juntou as flores nos braços e viu a figura forte de Brad surgir dentre as jabuticabeiras. A roupa não exigia muito, não era uma visita especial. Porém o mais simples para os encaroçados era extremamente chic e, bem, sexy. Em sua calça tweed, jaqueta de alfaiataria e botas de couro, Brad desfilava na direção da princesa fugitiva.

– A que devo as honras?

– Vim ver como a minha noiva está sobrevivendo - respondeu o rapaz, pegando uma das flores e analisando-a, cheirando-a e despetalando-a.

– Noiva? Achei que a Melissa havia feito você mudar de ideia.

– Trocar a coroa por uma mulher? Não é do meu feitio.

– A coroa, claro - Caroço baixou a cabeça e entrou na casa, girando os calcanhares. Brad a seguiu, tentando disfarçar o nojo (e não conseguindo) pela vida campestre da prometida.

– Algum problema, querida?

– Eu só... Esquece.

– Ainda pensando naquela besteira?

– Não é besteira - Retrucou com força mas sem ânimo para argumentar.

– Querida, o amor é apenas uma invenção do povo dessas terras para tentar deixar a vida deles menos miserável.

– Eu sinto...

– Já chega - Brad pareceu prestes a perder o controle, aumentando a vóz e estufando o peito - Esse tal de amor não existe. Dinheiro existe. Dinheiro e poder.

Lumpy ignorou a fúria contida do enamorado e saiu em busca de um vaso para preservar as flores - Foi por isso que eu saí de lá - Disse por fim, sem tirar os olhos do vasinho de barro com água rasa e lindas flores mortas.

Brad não conseguia entender o conceito do amor. Encaroçados vivem numa mistura desgovernada de ódio, luxúria e inveja, esse era o único mundo que ele conhecia. Talvez ela realmente fosse capaz de amar, ou ela havia apenas enlouquecido, o que era mais provável. O fato é que isso o deixava muito exitado. Ela tinha tudo: dinheiro, poder e força. Era exatamente isso que ele procurava numa mulher. E claro, submissão doentia. Lumpy costumava ser assim, sua bonequinha particular, mas tudo mudou quando Tartaruga apareceu. Ótimo, um novo desafio.

Brad, sem convite, pôs-se a explorar a casa. Tão rústico! Como uma princesa poderia ter escolhido viver dessa maneira? Experimentou o sofá macio de segunda mão, cheirou todas as velas, abriu todos os armários (para que tantos livros?), degustou tudo o que encontrou na cozinha. Lumpy observava enquanto ele analisava a qualidade duvidosa da roupa de cama e das peças dentro do roupeiro. Observou o horizonte na varanda e se recusou a entrar no banheiro.

– Terminou?

– Está no limite sutil entre o patético e o aceitável. Queria que você voltasse - ele tentou soar sincero.

– Veio aqui para me levar de volta? Escuta, eu...

– Não - Brad não a deixou terminar - Ainda não. Como eu disse, queria saber como você estava vivendo. Quando nos casarmos você irá viver comigo no palácio, e se livrar dessa vida medíocre.

O rapaz selou seus lábios num estalo rápido e saiu, desaparecendo na floresta, a caminho do portal. A princesa sorria triste, sem saber o que sentir. Fechou a porta e escorreu até o sofá, discando o número da Tartaruga no celular.


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