A Floresta de Adelfa escrita por Aib


Capítulo 1
Sonho ruim


Notas iniciais do capítulo

Oi Pessoinha! Obrigada por visitar meu conto, boa leitura!



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Era um campo tão grande que não podia ver seu fim. Minha visão estava meio embaçada, não conseguia enxergar. Pisquei o olho duas vezes para ter certeza do que estava vendo. Era uma noite escura, com a lua coberta por nuvens cinzentas. Ali naquela colina em meio à floresta ao ar livre, estava acontecendo a maior batalha que eu poderia imaginar. Havia pequenas cabanas de madeiras espalhadas pelo campo, que estavam totalmente em ruínas. A grama, as árvores, as folhagens e arbustos, tudo em volta estava em chamas. E na linha de batalha havia centenas e mais centenas de monstros. Minotauros, Cruéis, Gigantes, Centauros, Fúrias Malignas, Ogros, e vários outros um mais horrendo que o outro. Alguns usavam machados, lanças, e outras armas letais. Todos tinham olhos de um alaranjado sinistro da mesma cor das chamas que os rodeavam. Eu estava a poucos metros da batalha, entre algumas árvores que eram o início da floresta sem fim. Estava muito confusa, afinal! Quem seria o adversário daquele exercito mortal? Enfim, o oponente foi tomando o espaço em minha visão. Não podia acreditar em que meus olhos viam! Era impossível! Todas aquelas criaturas horrendas lutavam com...

Não, não podia ser. Aquelas belas criaturinhas, que em comparação a aqueles seres eram tão pequenas que quase chegavam a ser insignificantes. Mas não eram. E lutavam bravamente. Eram ninfas! Como eu! Uma ali, outra ali! Não podia crer! Estavam guerreando contra todos aqueles gigantes!? Sim, eram ninfas mesmo! E estavam por toda parte! Começo a observar uma para ter certeza do que estava vendo. Estava ferida, com o rosto arranhado e sujo de cinzas. Possuía nas mãos uma espada, com a qual duelava com determinação e técnica, que nunca imaginei que uma ninfa tivesse.

Seu adversário era um ogro com quase o triplo de seu tamanho! Com um golpe na espada, arranhou o pé do ogro que o fez cair no chão gemendo de dor. Ele com seu punho gigante tentou esmagar a ninfa, que rolou para o outro lado, fazendo nesse momento um buraco no exato lugar onde ela se encontrava há um segundo atrás. Reparei no olhar da ninfa. Estava exausta, quase sem forças, mas era percebível o propósito que ela carregava. A impressão era de ouvir a acelerada batida do seu coração.

Aquela guerra não estava acontecendo à toa. Cada uma das ninfas ali presentes carregavam o mesmo propósito de defesa. Nesse pensamento, voltei a observar a ninfa valente. Seu cabelo enrolado e castanho estava para trás em uma trança que chegava a metade das costas. Tinha como adorno uma flor azul completamente despedaçada, que quase passara derpercebida . Usava um peitoral prateado para se proteger que estava todo arranhado, uma saia com tiras de couro e pés descalços, sujos de terra e cinzas. Havia muitas e muitas mais, tão numerosas quanto o inimigo. Até que pude perceber ali a frente uma cabana sendo dominada pelo fogo, que se espalhava cada vez mais.

Quanto mais observo, mais sinto aflição. Vejo uma ninfa ser abatida depois da outra, com golpes mortais, sendo jogadas ao fofo. Sinto um calafrio terrível dentro de mim. Aquela cena me dava arrepios. Mesmo com toda a corajem e valentia, todo esforço parecia ser em vão! Como poderiam vencer todos aqueles demônios? Derrepente, senti uma aflição e angústia inundar meu coração. Não suportava mais olhar! Tentei correr, não sei exatamente se para ajudar ou se para fugir floresta adentro. Mas foi então que percebi que meus pés eram enormes raízes profundas na terra. Fiquei tremula com o coração apertado, querendo sair desesperadamente daquela cena! Mas as enormes raízes só cresciam e se aprofundavam no chão, me impedindo de qualquer movimento do das pernas para baixo, como uma árvore indefesa. Apenas observando, sem nada poder fazer. O desespero só subia minha garganta! Comecei a gritar histericamente, mas não podia ouvir o som de minha própria voz. Era terrível! Ajoelhei e tapei os ouvidos, tentando usar minha magia para desfazer as raízes que me mantinha presa. Inútil! Olho para frente e vejo a ninfa que estava observando. Ela mantinha seus olhos fixos no inimigo, tinha conseguido derrubá-lo de alguma maneira. Empunhou a espada para dar o golpe final. Porém, pouco antes, algo chamou sua atenção que a fez recuar sem pensar duas vezes. Uma de suas companheiras que estava duelando com uma Cruel logo a frente fora encurralada pela mesma. A ninfa da flor azul saiu em disparada, deixando o Ogro totalmente perdido.

Enquanto a Cruel preparava sua lança para dar o último golpe, Flor Azul (como resolvi chama-lá) empurrou sua companheira, se colocando no lugar. A lança fez um profundo corte em seu braço, que imediatamente começou a sangrar. A Cruel urrou de raiva, ergueu sua lança, e logo as duas estavam encurraladas. Não tinham saída. Agora, podia sentir meu rosto coberto de lágrimas! Não podia deixar aquilo acontecer! Me remexi o máximo que pude, mas as raízes cresciam tanto em meu corpo quanto na profundidade. Caio no chão apoiando as mãos para não bater de cara. Não aguentava mais! Precisa sair! Chorando, pedi a mim mesma:

— Por favor — peço de súplica

Sento-me em minha cama e abro os olhos, acompanhado de um grito que não pude evitar soltar. Minha respiração estava pesada e acelerada, começo a tossir imediatamente, talvez por causa do fogo. Olho para cima, e vejo a luz do sol atravessar as folhas e os galhos das enormes árvores que estavam em toda parte. Era o início de mais uma bela manhã na floresta. Levanto-me e olho em volta. Tudo como deixei na noite passada. Dou um suspiro de alívio, consolada por saber que nada naquilo foi real. Pelo menos é o que eu prefiro acreditar. Fico pouco mais tranquila, ainda impressionada com a realidade de tudo aquilo!

Fico feliz em estar em casa, e não naquela guerra terrível. Ah sim, casa. É aqui que eu moro. No coração da floresta. Não que eu lamente por isso. Pelo contrário, eu amo estar aqui! Quando era menor, era bem mais difícil. Mas acostumei rápido. E hoje, essa é a minha vida! No chão há a terra fofinha natural coberta por uma grama fina e algumas folhas. Como proteção, tenho uma parede de bambu bem resistente que eu mesma plantei, para manter os animais ferozes afastados de noite. Outras árvores muito próximas uma da outra em volta formam o meu território, uma clareira. Uma grama mais fofinha e uma bela camada de folhas coberta por um cobertor de pele é minha cama, no cantinho no chão, onde estava deitada. Perto dela, uma fogueira feita pedras e galhos secos, na qual eu me aqueço a noite. Tem na sua frente como sofá um tronco de árvore pequeno. E bem ali na frente minha querida rocha! Até hoje não acredito como ela é grande! Algumas partes estão cobertas de musgo nas laterais, e serve como mesa, balcão, cadeira, tudo! Eu amo ela! Minha cestinha de palha está sobre esta com algumas frutinhas que colhi ontem dentro, e meu caixote de maneira ao lado do tronco onde guardo meu arco e flecha e meu colete. Tudo em ordem!

Ah, e tem mais uma coisa que acho que deveria saber. Pra falar a verdade, nem eu mesma sei muitas coisas sobre mim. Mas de uma coisa eu sei!

Meu nome é Katherine, sou ninfa das plantas. Se nunca ouviu falar nas ninfas, não se preocupe, não é nenhum ser revolucionário e complexo. Para ser resumida, sou uma espécie de fada sem asas que protege a natureza (pelo menos essa deveria ser minha função), e em especial, as plantas! Um ser mágico! Afinal, é nesse mundo maravilhoso de magia e mistério em que vivo. Com meus poderes, posso fazer às plantas, árvores, as flores e a grama crescerem saudáveis e fortes! Deixar a terra macia, fazer frutas e outras coisas cresceram apenas com um toque e um pensamento! Eu adoro tudo isso! Para muitos podem não ser grande coisa, mas para mim é! Não sei muito bem o que mais eu posso fazer, mas nunca me preocupei em aprender. Isso basta para mim.

Moro aqui sozinha desde que me nasci. Ou pelo menos é o que eu acho. Meus pais? É um mistério. Não sei quem são nenhum deles. Mas acho que não me importo mais tanto assim. Do que eu posso reclamar? Estou viva, tenho tudo o que preciso, e aqui na floresta me sinto forte e saudável! Além disso, os animais me ajudam muito, são muito bons companheiros, bom, a grande maioria pelo menos. Acho que foi por causa deles que não enlouqueci. Isso me faz lembrar...

Ollie? — chamo pelo meu amiguinho, olhando em volta. Sem resposta. Ele sempre costuma dar uns passeios matinais, já que não consegue ficar muito tempo em um só lugar.

— Vamos, onde está você? — chamo novamente, quando uma ideia me vem à mente. Sei bem do que ele gosta...

— Que pena... Eu estava pronta para colher uns morangos na vale, já que a manhã está tão bonita, mas ele não poderá ir comigo...

— Hey Hey, estou aqui mocinha! — Meu fiel amigo lobo-cinzento surge caminhando calmamente entre as árvores, eu olho em sua direção.

— Aí está você fujão! Andou tentando achar uma namorada de novo? — Pergunto com ar brincalhão enquanto dou risada, lembrando-me do hilário episódio.

— Muito engraçado, muito engraçado — respondeu ele, com uma risada sarcástica — Minha nossa, o que aconteceu com você? — Perguntou espantado enquanto se aproximava de mim.

Me ajoelho na sua frente.

— Como?

— Estava chorando? — perguntou ele acariciando meu rosto com o focinho frio (o que me costuma fazer cócegas)

Lembro-me do sonho. Tenho um leve calafrio. Toco minhas bochechas perto dos olhos e sinto que está úmida, e meus olhos devem estar inchados. Até minha garganta está doendo! Eu chorei de verdade enquanto dormia. Apenas o aproximo de mim e faço um carinho debaixo das orelhas dele, para consolá-lo. Eu gosto tanto disso... O pelo cinzento e branquinho dele é tão fofinho e macio... É um consolo para mim também.

— Foi só um sonho — digo, tentando não preucupá-lo.

— Espero que seja — Responde ele, ainda meio desconfiado. Ele virou a cabeça em direção ao bosque — Nós não íamos colher morangos? — Perguntou agora mais descontraído.

Dou risada. Esse Ollie adora mesmo morangos! Faço mais um carinho na cabeça dele, bagunçando seus pelos, me levanto e começo a me preparar. Ele aproveita pra comer algumas frutinhas que deixei na cesta enquanto me arrumo.

Visto o meu colete marrom por cima da minha blusa feita de várias camadas de folhas grandes e lisas, com tons variados de verde que acaba um pouco antes do meu joelho. A blusa tem como alça super fashion cortas e cipó transsados. Ajeito minha calça de couro preta, que eu fabriquei há alguns anos. Terminei! Pego a cesta de palha interrompendo a comilança do Ollie.

— Guarda um pouco de espaço pros morangos — digo rindo novamente

— Ei, a cesta precisa estar vazia para podermos enchê-la de novo sabia? — diz em sua defesa.

Ele começa a caminhar entre ás árvores em direção ao campo de morangos que fica perto do lago. Observo-o por um instante meu amigo. Respiro fundo, pronta pra começar o novo dia. Vou atrás dele, caminhando na trilha.


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Notas finais do capítulo

Ninfas: Na histórias, as ninfas são divididas pelos seus talentos (poderes), como fogo, água, neve, animais, e outras... são da mesma forma que uma moça humana, porém com sua aparência refletindo o seu talento. Ao contrário da mitologia, aqui elas são nascidas naturais, ou seja, pelo processo de gestação, o que quer dizer que cada ninfa tem pai e mãe assim como os seres humanos e animais.

Fúrias: Seres mitologicos com grandes asas de morcego, garras imensas e letais, e uma calda combrida, que fazem parte do exército maligno (isso na história)

Cruéis: criaturas demoníacas que fazem parte do exército maligno.

Muito obrigada por lerem! Por favor comente o que gostou, desgostou, ideias, sugestões, isso é muito importante pros escritores, principalmente os novatos! Me ajude a melhorar essa história.



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