Blurred Lines escrita por Lady Dark


Capítulo 1
I Know You Want It


Notas iniciais do capítulo

Está na hora de dar voz a H. Taylor.



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Eu não deveria estar ali. Tive a total certeza disso quando o murmurinho começou a se formar gradativamente pela igreja. Todos olhavam em volta, procurando por alguém que pudesse comentar um fato que estava claro para todos ali: O noivo tinha sumido.

Soltei o ar segurando o impulso de coçar a cabeça de nervoso e senti os dedos longos e quentes de Anthony em minha coxa. Virei-me para ele dando um sorriso fraco em uma tentativa fracassada de esconder a minha culpa. Nunca tinha gostado da atitude de Rachel com Morgan, porém ela merecia algo melhor do que o que estava acontecendo com ela.

“Não fique assim.”, ele sussurrou mantendo os olhos azuis passivos e observando cada pequena reação que meu corpo tinha. “Não foi você quem abandonou a noiva no altar.”

Suspirei por saber que ele tinha razão. Aproximei-me dele temerosa de que alguém escutasse as minhas palavras e me acusassem de ter conspirado com toda aquela confusão. Se bem que o barulho já tinha tomado a igreja num ponto em que o padre tinha que erguer as mãos e gritar por silêncio. Aproveitei esse curto momento.

“O problema é que eu sei onde o Alex está. E talvez soubesse que ele iria fazer isso.”, abaixei os olhos, levemente incomodada com o jeito que ele me analisava. “Tony, vamos sair daqui.”, pedi em voz baixa. Ele assentiu começando a se levantar. Pus a mão em seu bíceps, o parando. Ele me encarou confuso. “Preciso ir ao banheiro primeiro.”, justifiquei-me sentindo minhas bochechas corando.

Ele sorriu pondo uma mecha do meu cabelo loiro atrás da orelha.

“Estarei te esperando aqui.”

Mordi o lábio retendo o impacto que a beleza de Anthony tinha sobre mim. Os cabelos loiros e sempre aparados, os olhos azuis brilhantes e atentos, o corpo definido e que me fazia perder o controle em questão de segundos. A melhor parte era que ele não era apenas aparência. Ele realmente me entendia, via a minha insegurança e tentava impedir que isso atrapalhasse nossa recente relação.

Dei um sorriso e me levantei tentando ser o mais discreta possível. Se bem que com aquela confusão ocorrendo ao meu redor, ninguém iria notar uma pessoa se levantando apenas para ir ao banheiro. Apertei a bolsa contra o meu corpo e apressei o meu passo, ao mesmo tempo em que queria ser silenciosa. Perdida, virei no primeiro corredor que vi e fiquei olhando para as paredes, procurando qualquer tipo de indicação.

Meu celular vibrou na minha bolsa e me recostei em uma parede para catá-lo no fundo de minha bolsa. Pensei que pudesse ser uma das meninas para me contar alguma novidade – ou talvez Morgan dizendo que concretizou sua vingança e fez Alex rastejar aos seus pés. Porém quando peguei o celular, minha primeira reação foi arfar com o nome que brilhava na tela.

Liam Stevens.

Engoli a seco tentando controlar a tremedeira de minhas pernas e fechei os olhos, esperando que o celular parasse de vibrar. Ou que meu coração retomasse ao ritmo normal. Não, não, não! Ele não podia fazer isso comigo novamente. Não quando eu estava querendo ser feliz com Anthony. Respirei fundo e decidida joguei o celular de volta no fundo da bolsa. Aquele não era o momento para lidar com esses assuntos. Talvez nunca mais fosse.

“Eu vou mudar, Harper.”, ele sussurrou tocando em meu rosto com a ponta dos dedos. Suspirei, sendo enfeitiçada por seu toque e o tom doce de suas palavras. “Você tem que confiar em mim e me dar um tempo para me acostumar com tudo isso.”, ele sorriu aproximando nossos rostos. “Sabe que o passado não importa. Eu só quero você.”

Seus dedos desceram por meu pescoço e envolveram minha nuca. Ele mordeu meu queixo e arranhou minha pele com seus dentes. Por mais que minha mente quisesse me ater ao fato dele ter me trocado por sua ex sem pestanejar, eu simplesmente não conseguia fazer o meu corpo obedecer. Era culpa do maldito coração traidor.

“Você terminou mesmo com Lita?”, indaguei sem conseguir impedir que as palavras deslizassem por meus lábios. Era como se eu fosse obrigada a saber isso. Ele começou a beijar o meu pescoço com luxúria. “Liam!”, gemi de frustração.

Ele rosnou se afastando de mim e revirou os olhos verdes.

“O que?!”

O encanto pareceu se dissolver em questão de segundos. Afastei-me de seu toque e cruzei os braços, sentindo vergonha por estar apenas de roupas íntimas na sua frente. E também por minha burrice. Deveria ter imaginado que não seria tão fácil.

“Você e Lita?”, repeti a pergunta com mais força em minha voz. “Você não terminou com ele não é?”

Liam soltou um suspiro passando as mãos pelo rosto, frustrado, e as deslizou até os cabelos castanhos claros. Aproveitei esse silêncio e andei por seu quarto catando minhas roupas com o restante da minha dignidade. Ele só despertou quando percebeu o que eu estava fazendo.

“Little Harper, o que você está fazendo?”

Fechei os olhos por um segundo.

“O que você acha, Liam?”, perguntei retoricamente. Abri os olhos erguendo-os em sua direção, explicitando toda a raiva que sentia naquele momento. Não só dele, mas de mim mesma também. “Eu deveria saber que nada iria mudar e que eu sempre seria a outra. Estou cansada, ok? Simplesmente cansada.”

Ele se levantou da cama me impedindo de vestir a calça.

“Harper, pense no que está dizendo.”

“Eu sou mais velha do que você.”, continuei meu discurso como se ele nem tivesse me interrompido. “Mas estou em comportando como se fosse mais nova. Você não entende do que preciso e nem vai entender.”, puxei minhas calças e a abotoei. Tudo enquanto ignorava a dor que surgia lentamente por meu peito e o como minha garganta começou a coçar. Pisquei com os olhos ardendo. “Estou indo, Liam.”

Inclinei-me na sua direção e beijei o rosto daquele garoto dois anos mais novo que tinha conquistado meu coração e feito meu corpo sua propriedade por mais tempo do que qualquer um indicaria. Caminhei em direção com o corpo pesado, sabendo que essa seria uma das decisões mais difíceis da minha vida.

E em nenhum momento ele me impediu.

“Não acredito que isso está acontecendo comigo.”

Acordei de meu devaneio com a voz chorosa de Rachel invadindo os meus ouvidos. Por mais que fosse antiético, fui à direção onde os lamentos se originavam. Virei o corredor vendo uma porta entre aberta e me aproximei. Vi Rachel sentada na penteadeira tirando todos os grampos do cabelo com raiva e fazendo careta de dor quando alguns fios também iam juntos.

“Eu deveria ter imaginado.”, ela continuou falando com a mulher que estava do seu lado lhe esticando um lenço. Rachel pegou-o e passou pelo rosto, borrando a maquiagem e mostrando algumas marcas de sua briga recente com Morgan. Seus olhos verdes tendo o mesmo pensamento que eu. “A culpa é daquela vaca!”, ela berrou desesperada. “Eu deveria ter imaginado que ela iria foder com meu casamento. Nunca deveria ter voltado a Chicago.”

“Oh, querida.”, a mulher – que deduzi sendo sua mãe – acariciou o cabelo loiro e desarrumado da filha. “Vai ver não era para acontecer.”, ela disse carinhosamente. “Sei que Alexander vai aparecer com uma justificativa por ter faltado. Talvez tenha acontecido alguma coisa e...”

“Acontecido o quê, mãe?”, Rachel a encarou com raiva, descontando sua frustração. “A família dele toda está aqui. O celular toca e ele nunca atende. É óbvio que ele foi atrás de Morgan.”, agarrou seus cabelos e balançou a cabeça com força. “Não acredito que estou perdendo de novo.”, fechou os olhos e soluçou. “Eu só queria que minha vida não fosse essa droga que está sendo agora.”

Recuei não querendo mais ver aquela cena. Não sentia nenhum orgulho por ter participado do plano de vingança de Morgan e sabia que se ela estivesse ali, também sentiria o mesmo. Na verdade, ela já estava sentindo a dor de perder alguém desde que Dexter pediu para se mudar para o apartamento de William. Ela estava mal ao ponto de nem querer debochar da condição de Rachel.

Senti minhas costas se pressionando em um corpo alto e eu congelei imaginando ser algum dos parentes de Rachel que iria me interrogar para saber o porquê de eu estar parada no corredor. Vire-me, preparando mentalmente uma desculpa que não fosse tão furada, quando dei de cara com a expressão preocupada de Anthony.

“Você está bem?”

Neguei.

“Vamos sair daqui agora, por favor.”, pedi.

Ele entrelaçou as nossas mãos e me puxou para outro corredor com confiança de saber qual era o caminho para a saída. Meu peito se remexeu um pouco por todo aquele sentimento contido por Anthony. Meu corpo implorava para senti-lo dentro de mim, porém saber que ele tinha ido para a cama com a minha melhor amiga antes de mim me travava. Passamos por uns poucos conhecidos e fui obrigada a cumprimentá-los com sorrisos falsos.

Assim que consegui sair de toda aquela confusão e entrar no carro com Anthony, finalmente consegui respirar tranqüila. Encostei minha cabeça no banco do passageiro me reconfortando com o som do motor sendo ligado e a presença de Anthony ao meu lado. Só o som de sua respiração e ocasionalmente seus olhos descendo por meu rosto verificando se eu estava bem, fazia com que me sentisse confortável.

Foi então que o questionamento começou. Enquanto passávamos pelas ruas de Chicago ansiando por chegar em casa, minha mente divagava o motivo por eu nunca ter dado um passo a mais com Anthony. Ele tinha feito muito mais do que Liam em todos os anos que passamos vivendo de idas e vindas. Minhas unhas cravaram no estofado e assim que o carro parou na entrada de meu prédio, eu soube que para continuar com Anthony teria que confiar nele.

“Liam me ligou.”, confidenciei mantendo meus olhos fixos na fachada do prédio. “Ele voltar e disse que está com saudades de mim. Perguntou se eu não o amava e se não estava querendo recomeçar do zero.”, suspirei sentindo a dor em meu peito só por dizer aquelas palavras. Ao mesmo tempo em que me sentia ficando aliviada, sentia que não deveria contar as coisas de um jeito tão súbito. “Eu pensei em voltar.”, disse com sinceridade. “Era o que eu estava tentando contar para Morgan no dia em que te conheci...”

Virei-me para Anthony vendo que ele estava me olhando com cautela, porém toda a sua fachada se desfazia ao olhar suas mãos apertando o volante com força. Aquele poderia ser um sinal para que eu calasse a boca, entretanto parecia ser uma missão impossível naquele momento.

“Eu sei como Rachel está se sentindo por ter sentido a mesma coisa com Liam.”, abaixei os olhos, triste com as lembranças que me tomavam. “E eu sei que fui idiota por ter ficado insegura com você.”, estiquei-me para tocar seu rosto e dei um sorriso terno. “Eu quero recomeçar sim. Mas com você.”

Ele riu e soltou o volante. Passou os braços ao redor de meu corpo minúsculo e puxou-me contra si, dando um suspiro aliviado contra o meu ouvido. Afastamo-nos apenas para que eu pudesse ver o quanto os seus olhos azuis brilhavam contra a luz precária das ruas.

“Você não sabe o quanto fico aliviado ao escutar essas palavras de sua boca.”, ele sussurrou rouco com os lábios praticamente nos meus. “Quero você de todos os jeitos e maneiras possíveis, mas quero que você também me queira.”

“Eu quero!”, afirmei com veemência.

“Eu sei, anjo.”, ele acariciou minha bochecha com delicadeza.

Ele começou a me beijar com leveza, passando os dedos por dentro de meu cabelo loiro como um sinal de que eu na poderia sair com facilidade. Entreabri os lábios e estufei o peito, fazendo com que nossos corpos se pressionassem. Sua outra mão deslizou por minhas costas até alcançar minha bunda e me puxar para o seu colo. O desejo tomou o meu corpo em uma velocidade que eu me assustou. Meus dedos apertaram os seus braços, sentindo seus músculos firmes contra os meus dedos.

Um lembrete me fez rir e afastar os nossos rostos.

“Eu odeio que me chamem de Harper por causa daquele filho da mãe.”, estreitei os olhos levemente vendo-o conter o riso. “Na verdade, quando eu era mais nova, me zoavam por causa do meu nome ser de menino.”, fiz uma careta. “Só que ele reforçou esse trauma com o Little Harper. Apelido idiota...”

Anthony botou um dedo em meus lábios.

“Que tal se eu te chamasse de Anjo?”

Eu sorri.

“Está perfeito.”, beijei o canto de seus lábios, deixando-me cair no desejo que seus olhos exalavam. “E como eu te chamo?”

Ele pousou os lábios em minha orelha e respirou ali por alguns segundos antes de responder com a voz rouca:

“Que tal de namorado?


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