P. O. V. Jack

Eu não podia acreditar como tudo podia ter sido tão rápido, me apaixonei perdidamente e a acabei perdendo no mesmo dia, só pensava em uma coisa porque a Homem da Lua me odiava tanto, porque ele a deixou morrer, porque ela tinha de se sacrificar, aquilo era tão injusto, eu me sentia tão impotente como se a culpa fosse minha, eu tinha uma dor tão grande no peito, parte de mim tinha sido destruída.

A família de Clara estava desolada mais iam se recuperar, agora tinham um ao outro sem medo, sem culpa e sem ódio, somente conviveriam com amor e carinho, como uma verdadeira família superariam tudo juntos, com a permissão deles levei o corpo de Clara para a oficina do Norte, queria fazer uma despedida adequada.

Quando cheguei à oficina estava exausto física e mentalmente, tudo o que eu sentia era dor, imensa e profunda dor, não tinha paciência para explicações mais não tive que dar nenhuma já que a noticia da morte de Clara havia chego antes de mim, todos estavam cabisbaixos e quietos, sei que nem a conheciam pessoalmente porem sabiam a dor que eu estava sentindo e isso de alguma forma os afetava.

Levei Clara para sala do globo, fiz uma cama de gelo próximo ao cristal da Lua (ou onde ele deveria estar, já que este permanecia abaixo do chão e só aparecia quando o Homem da Lua queria dizer algo), e coloquei sem corpo sem vida nela, eu estava muito irritado tudo era culpa do Homem da Lua, porque designar uma mortal para fazer a tarefa de um guardião, ainda mostrando seu dever a ela quando criança, a impedindo de ser uma criança normal sem amigos, sem brincadeiras, permitindo ela ficar só lutando desde pequena contra o medo a dor e a solidão, depois de crescida ela ainda teve que dar esperanças mesmo sem ninguém dar nada a ela, e finalmente quando ela encontra alguém em quem se firmar, ela tem de se sacrificar para um bem maior, ela foi só uma peça do jogo do Homem da Lua, e quando finalmente cumpriu o que lhe foi destinado, ela simplesmente foi descartada, como se não valesse nada.

Todos já estavam reunidos ao redor de Clara à cerimônia já iria começar, olhei novamente para seu corpo sem vida, sentia a raiva crescer dentro de mim então sem controle acabei explodindo:

— Isso é muito injusto – gritei com os olhos marejados – é tudo culpa do Homem da Lua, porque dar um destino tão cruel, para uma pessoa tão boa – todos me olhavam assustados.

— Jack você não pode questionar os motivos do Homem da Lua, - disse Fada me encarando – o destino dela era fazer uma escolha, e ela decidiu, ela morreu para salvar não só as pessoas próximas, mas a todo mundo, foi uma escolha muito nobre Jack, ela decidiu e morreu com honra.

— Eu sei de tudo isso, - respondi atônito – mas você não faz ideia da dor que eu estou sentindo, você não sabe como é perder quem se ama. – mal disse isso e me arrependi os olhos de Fada antes violeta agora estavas de um roxo quase preto, ela me encarou com tanta raiva que acabei ficando não com medo, mas sim apavorado.

— Sim Jack, eu sei como é perder quem se ama – ela disse quase chorando, Coelhão já ao seu lado segurando a mão dela, ela sorriu um pouco e depois continuou – pior Jack, eu sei como é amar alguém que esta muito próximo de você, porem o qual não nota ignorando completamente seus sentimentos, eu sei como é amar alguém que não te vê mais do que somente uma amiga, pior eu sei como é conviver com essa pessoa e guardar esse sentimento para si, e então quando você toma coragem percebe que é tarde demais pois essa pessoa encontra outra para amar ignorando completamente que alguém já a amava.

— Como assim Fada – eu estava ficando ainda mais nervoso – o que você quer dizer com isso?

— Eu te amava Jack, e você nunca notou ou fingiu que não notou – berrou ela, seus olhos voltaram à cor normal então ela começou a chorar, Coelhão a abraçou firmemente, eu acho que não era só Fada que escondia seus sentimentos.

— Desculpe Fada eu não fazia ideia, sinto não ter percebido antes, mas não posso mudar meus sentimentos eu te amo muito mais não desse modo, eu vejo vocês como uma família, para mim você é como minha irmãzinha – eu estava sendo sincero, meu coração doía mais eu não podia mentir isso acabaria magoando nós dois – perdoe-me Fada, mas não quero te magoar, com falsas ilusões é isso que eu realmente sinto.

— Tudo bem Jack, - ela estava mais calma ate sorria com Coelhão – eu percebi que você não iria gostar de mim desse jeito já faz um tempo, mais quando você disse que amava Clara me doeu um pouco, como você poderia amar alguém que só viu uma única vez, porem agora percebo o porquê, o coração dela era puro, ela teria a sorte de ter você mais você teria ainda mais sorte de tê-la – ela disse num tom triste.

— Então – eu perguntei um pouco nervoso – tudo bem?

— Claro Jack, - ela disse e veio me abraçar – além disso, agora descobri alguém que gosta de mim do jeito que eu gostava de você, e para ser sincera eu também estou gostando dele – ela falou puxando Coelhão para um beijo, este ficou em choque, mas logo retribuiu o beijo.

Fiquei feliz com os dois ao menos uma coisa boa com tudo isso, quando voltei novamente à atenção a Clara a dor veio novamente, mais desta vez tão forte que comecei a chorar e soluçar descontroladamente, os outros guardiões vieram me ajudar, mas eu só enxergava borrões vindo em minha direção, quando de repente tudo escureceu eu havia perdido os sentidos.