Aquela manhã estava realmente quente. Tão quente, que foi preciso ligar o ar-condicionado, se não, os moradores daquela casa iam acabar derretendo! Do Contra não se importava com o calor. Ele estava com a Mônica... Sim... Ela estava linda naquele vestidinho... Ele não conseguia parar de admirá-la. Mais o que é isso? A menina linda fez uma cara feia pra ele e se afastou rapidamente. Ela estava indo para... os braços do Cebola!! "O quê???? NÃO!! MÔNICA EU TE AMO!!! NÃO....."

– DO CONTRA, ACORDA!!! – Nimbus gritava, assustado.

– O QUÊ? NIMBUS ME DEIXA, EU PRECISO VER A...

– Cara, você tava sonhando, calma!!

– Eu tava? Caramba, acho que te acordei...– DC disse um pouco sem graça.

– Você acha? Você acordou toda a vizinhança, inclusive aquele cachorro maluco da Carmem da esquina... – Nimbus disse, com um sorrisinho debochado.

– Ai não, aquele cachorro não... Tudo bem, esquece isso. Vou tomar banho, já estou atrasado!

– ESTAMOS, mano, estamos... O irmão disse, finalizando a conversa.

Dona Keiko, a mãe dos meninos, aceitou levá-los até a escola naquele dia. Afinal, dormiram até mais tarde e já estavam atrasados para a aula do Licurgo. Aliás, ele dá aula de quê mesmo?

Chegando na sala, Do Contra viu a Mônica, e, automaticamente, sentou o mais distante possível. Ele quase morreu ao fazer isso, porquê seus sentimentos por ela eram claros e ele sentia muita, muita falta da menina.

– Aê DC, acho que seu topetinho não está mais brilhoso como de costume. Acordou atrasado hoje? – Cebola zoava, fazendo todos e meninos, Denise e Carmem rirem.

– Nossa, você é adivinho? Estou impressionado. Aliás, seu cabelo também tá diferente... não tá parecendo a Cebola que sempre parece. – DC devolveu, fazendo TODOS da sala rirem, exceto Cebola.

Realmente, TODOS riram mesmo. Inclusive a Mônica. Do Contra encarou a menina com um pequeno sorriso, mas, assim que ela o encarou de volta, virou o rosto. É... bom... aquilo foi um começo... não foi?

– Atenção turma!! O que disse Titi???? EU NÃO SOU LOUCO!!! Hm, quer dizer, acalmem-se, por favor. Antes de começar a nossa aula sobre as morsas em extinção, quero lhes apresentar a mais nova aluna nova: SAMARA. – O professor Licurgo disse.

A turma toda prendeu a respiração. Pela porta, passou uma menina diferente. Pelo menos foi isso que pensou DC. Ela tinha a altura mediana, mais alta que a Mônica (novidade) e mais baixa que a Carmem. Seus cabelos lisos lhe caiam pelos ombros. DEFINITIVAMENTE, não era um cabelo qualquer. Era roxo! Sim, todo roxo. Ela tinha um piercing argola no nariz e uma pele morena. Tinha olhos cor de mel e era magra, mas nem tanto.

– Sente-se onde quiser querida...– Licurgo susurrou.

– Obrigada professor! – Samara disse, sentando-se justamente atrás de Do Contra.

DC reparou que ela tinha um jeito... diferente. Na verdade, MUITO semelhante ao da Mônica. Ela era destemida, e parecia não ter medo de nada. Parecia ter... ATITUDE de mais e MEDO de menos.

Depois de TRÊS tempos seguidos de Licurgo (Fala sério, quem deixou esse cara ser professor? Ah é, ele é o diretor) o sinal do recreio. Do Contra saiu quase que correndo da sala. Ele não aguentava mais aquela tortura e não queria MESMO trombar com a mônica. Mas, principalmente, estava apertadíssimo para ir ao banheiro. Estava correndo quando, sem querer, trombou em Samara.

– Ops, foi malz. – Ele disse, meio que apressado.

– Jaé, tá tudo bem. Aliás, posso falar com você? Tipo, to perdida aqui, sabe? Pode, me apresentar pro pessoal? Eles parecem maneiros... Ih colega, nem sei seu nome, que vacilo... Meu nome é...

– Samara, já sei. Olha, eu tô um pouco apressado, será que podia esperar um pouquinho? Olha aquela ali é a Magali, ela é bem sociável e meiga. Não ande muito com aquela ali, a Denise. Ela é minha amiga, mas... AIMEUDEUSTCHAU! DC falou apressado, precisava se aliviar.

E saiu correndo, deixando a novata ali sozinha. Ok, ele é DO CONTRA e é um pouco diferente das pessoas, mas não era exatamente grosso. Mas precisava ir ao banheiro.

Chegando lá, ele pensou um pouco sobre a menina... Tinha um sotaque meio... estranho? Carioca, talvez? Não sabia, mas ele tinha gostado. Era diferente, e ele gostava do que era diferente...

– E aí DC, beleza? – Xaveco disse, com um sorriso no rosto.

– AI QUE SUSTO!!! – Cara, você me assustou!! Do Contra disse, realmente assutado.

– Nem foi pra tanto! Puxa você viu a mina nova? Que gata! Acho que a galera gostou dela, estão lá urubuzando... O cabelo dela é massa! A Denise já atacou a menina, querendo saber marca de tinta e...

– Diferente da Denise, eu não quero saber a marca de tinta da novata! Pode me deixar sozinho com os meus pensamentos, please? – Disse DC.

– Nossa DC, hoje você não tá mesmo bem. Você já era chato, ficou ainda mais quando terminou com a Mônica. Bom, se seu humor melhorar, estarei conversando com a Samara. Você precisar conhecer meninas novas.

Aquilo foi golpe baixo. Xaveco, sem querer, acabou magoando o amigo. Ele tinha mudado tanto assim depois do término? Ele parecia tão idiota assim, como se fosse um "magoadinho" que não aguentava um fora. Ele teria tempo pra pensar nisso depois, porque agora estava com fome!

Xaveco não estava mesmo brincando! Toda a sua classe estava em cima da aluna nova, perguntando de onde vinha, quantos anos tinha, qual era a comida preferida (cortesia da Magali.)

Do contra achou digno não ir lá. Afinal, ele era DO CONTRA, e todo mundo estava lá, aí mesmo que ele não ia. Gostava de autenticidade. Assim como o cabelo da mina nova.

Aliás, ele não tinha percebido o quanto o cabelo roxo era bonito...