— Não! — Felicity falou se rendendo completamente, e aquilo foi o bastante para acabar com qualquer auto-controle que Oliver ainda se dava ao trabalho de manter. Dessa vez o beijo partiu dela, deixando-o completamente sem ação por alguns segundos. Ela colocou as mãos em sua nuca, arranhando a pele e puxando seu cabelo curto enquanto o beijava apaixonadamente. Suas bocas se completavam, se encaixavam e funcionavam juntas.

Ele tinha as mãos em sua cintura, apertando e a puxando contra ele, perto, cada vez mais perto. Felicity sentiu sua roupa sendo levantada e antes que pudesse processar qualquer coisa Oliver já tinha a arremessado para longe. Estava praticamente nua na frente de um homem que mal conhecia, mas naquela hora isso não importava. Oliver era apenas Oliver, a pessoa que a protegera de Ray, que estava lá por ela ajudando-a em todos os momentos, lhe dando atenção e a animando, a fazendo rir quando pensava que não era possível, sendo o homem mais carinhoso e preocupado que conhecia há tempos, capaz de fazer com que ela perdesse a cabeça com o mais ínfimo dos toques e fosse ao céu com apenas um beijo, e tudo o que ela queria era mais daquilo. Mais dele ao seu redor, mais da sua pele tocando a dela e provocando um calor diferente de tudo que já sentira, mais daqueles lábios macios percorrendo seu corpo com uma urgência incessante e mais das suas mãos fortes se impondo possessivamente em seu corpo como se à elas ele pertencesse.

Oliver não conseguia mais pensar claramente. Assim que sentiu as mãos da loira desabotoando sua camisa e a jogando para longe, em seguida passando por seus ombros, peito, abdômen e arranhando suas costas já não era mais possível parar. Cada um de seus toques era capaz de fazê-lo se arrepiar da cabeça aos pés, e quando os lábios dela lhe tocavam a pele uma descarga elétrica percorria todo o seu corpo.

Ele levantou, ainda a segurando em seu colo com suas pernas enroladas em seu quadril para poder colocá-la deitada na cama. Felicity o devorava com o olhar, admirando cada centímetro daquele corpo esculpido por Deus em pessoa enquanto ele fazia o mesmo com ela. Nenhuma palavra foi trocada, o que estava estampado em suas faces era o bastante para explicar o que ambos sentiam no momento.

Oliver pousou o corpo sobre o dela e uma faísca de puro fogo acendeu no canto mais profundo de seu ser. Ela era dele. Daquele dia em diante Felicity lhe pertencia assim como ele pertencia a ela e nada seria capaz de separá-los. Naquele momento ele percebeu como ela era perfeita. Como tudo, absolutamente tudo nela o agradava, como seu corpo reagia ao dela e ele era capaz de fazê-la sentir que algo mais profundo os ligava e os tornava dependentes um do outro, como uma droga. Felicity era sua droga. Ele precisava dela assim como o dia precisa da noite. Aquele era o equilíbrio que ele precisava para sua vida, algo que ele nunca fora capaz de imaginar que encontraria em apenas uma pessoa mas, quando menos esperava, havia o atingido como um cometa e mudara o curso de seu destino radicalmente.

Ele apreciou seu corpo mais uma vez o sentindo na ponta dos dedos, delicadamente contornando a curva do quadril até a cintura, e então seus seios. Felicity arfava de olhos fechados, sem conseguir se conter. Suas mãos tremiam como nunca antes, o cheiro dele estava em todos os lugares a impedindo de pensar. Mas ela não queria pensar. Ela queria ele, mas sentiu que apesar de seus sentimentos estarem evidentes, de ambos não esconderem nem mais uma gota do desejo que sentiam um pelo outro, algo o impedia de continuar, de ir adiante.

O coração de Oliver parecia querer pular para fora do peito, suas mãos começaram a suar e a boca estava seca. Tudo o que conseguia ver era ela, tudo o que ocupava sua mente era ela e tudo com o que se importava era ela, por isso precisava ter certeza. Inclinou a cabeça até seu ouvido e sussurrou as palavras sem saber se iria se arrepender depois.

— Felicity, depois disso não há mais volta. — Encarou seus olhos azuis em busca de uma resposta.

— Ótimo. Eu não quero voltar Oliver. — Ela falou, e ele mais leu seus lábios do que ouviu sua voz. Era só o que precisava saber, e agora estava livre.

Um trovão soou, fazendo a janela tremer, mas eles não perceberam. A tempestade começou e a chuva caía violentamente do lado de fora, mas do lado de dentro tudo era fogo. Eles se amaram da maneira mais profunda, mais sincera e mais íntima que duas pessoas são capazes de se amar. Entre beijos, quentes e molhados, seus corpos se encaixaram como duas peças de quebra-cabeças feitas para jamais estarem longe uma da outra. Se antes estavam na dúvida, agora sabiam que não apenas o sentimento era recíproco, como também era intenso! E não era só "gostar", era amor. Um amor rápido que ainda não sabiam se ia durar, mas que fora instantâneo desde o primeiro olhar, o primeiro toque. Oliver pensou que, se fosse necessário, lutaria com unhas e dentes para ter essa mulher para o resto da vida, pois sentia que valeria a pena. E Felicity só sabia que mil anos não seriam o bastante para passar com ele.

Por mais que a vida dos dois fosse uma bagunça e ambos fossem pessoas quebradas e machucadas pelas desavenças do destino, eles só queriam ser livres para se apaixonar durante aquele dia, e todos os dias que se seguiriam. E se algo acontecesse no caminho, se os ventos soprassem contra e a maré lutasse para separá-los, seria sempre possível se apaixonar novamente, todas as noites, como se fosse a primeira vez.

. . .

Felicity estava com a cabeça deitada no peito de Oliver, as pernas entrelaçadas com as dele e o braço ao redor de sua barriga. Não se cansava de sentir sua pele sob seus dedos nem seu cheiro que agora impregnava o quarto. Ele era perfeito em todos os sentidos e ela não tinha pressa em se arrumar para o longo dia que teria pela frente. Queria poder não sair daquela cama nunca mais, pois sua felicidade agora estava ao alcance de suas mãos.

Oliver alternava entre acariciar o cabelo dela e passar a mão por suas costas nuas, sentindo sua pele macia até onde podia alcançar. Era impossível ficar longe dela quando tudo nela o atraía da forma mais devastadora possível. Sentia que quando se tratava de Felicity todas as suas barreiras iam ao chão, tornavam-se inúteis, e ela podia decifrá-lo da maneira que preferisse. Mas isso não era necessariamente ruim. Embora se sentisse totalmente vulnerável também sabia que podia confiar nela com sua vida, e aquela era a melhor sensação do mundo. Um dia antes, se lhe perguntassem o que esperava que acontecesse entre eles dois, Oliver responderia que fazer as pazes já estava além de suas expectativas, mas desde a noite anterior tudo havia mudado, para melhor é claro, e tudo o que conseguia fazer era agradecer mentalmente por isso.

Mas nem tudo estava resolvido, e em meio àquela maravilhosa "distração" Felicity não havia contado nada a ele, e estava na hora de perguntar.

— Felicity. — Ele chamou da forma mais delicada que pôde. — Hey, olhe para mim. — Ela apoiou as mãos em seu peito e o olhou nos olhos. Corou imediatamente, pois só agora parava para pensar no que haviam feito. Oliver sorriu e acariciou seu rosto. — Você é linda!

— Você também. — Ela sorriu de volta, mas seus olhar estava apreensivo. — Ainda quer saber, não é?

— Sim. Eu preciso saber. Preciso te ajudar, se for possível.

— Eu entendo. Mas Oliver... Antes me prometa que não fará nada. Por favor. Seja lá o motivo pelo qual ela me fez esse pedido, tenho certeza de que tinha boas razões, então não julgue.

— Felicity, você está me deixando nervoso. Ela quem? Que pedido?

— Prometa. — Insistiu.

— Está bem, eu prometo.

A loira sentou-se na cama, a visão de seu torso nu o distraindo por um instante não tão breve até se enrolar no lençol.

— Sua mãe. — Falou, e aquelas palavras o acertaram como um tiro. Ele não estava entendendo nada. Sua mãe? Como assim?

— O quê? O que ela fez? — Ele também se sentou, subitamente tenso.

— Ela se comprometeu a me ajudar com o que fosse necessário para o divórcio. Me ofereceu a estadia aqui até que estivesse tudo resolvido, e sou imensamente grata. Acho que nunca serei capaz de agradecer o suficiente. — Felicity fez uma pausa.

— Sim, e qual é o problema?

— Em troca, ela me pediu para ficar longe de você. Disse que você tinha passado por muitas coisas ruins, que sabia desde a primeira vez que nos viu juntos que você me olhava de uma maneira diferente, e que não precisava de mais um problema em sua vida. — A feição de Oliver foi mudando de curiosidade para compreensão a medida que entendia o que ela falava, e terminou em uma carranca.

— Minha mãe fez isso? Ela... Meu Deus! Ela te chantageou Felicity. Te fez pensar que porque estava oferecendo ajuda você devia algo a ela. E como se não bastasse ainda tentou controlar a vida de todos à sua volta, como sempre! — Ele colocou as mãos na cabeça, esfregando o rosto

— Oliver, ela só estava tentando protegê-lo! Por favor, não faça nada. Eu também não cumpri minha promessa! Imagine o que ela fará quando souber disso...

— Ah, ela vai saber! E não vai fazer nada, porque vou colocá-la no exato lugar que ela merece estar. Onde ela estava com a cabeça??? — Falou com raiva.

— Não quero causar nenhuma desavença entre vocês dois!!! Não faça nada Oliver, estou lhe pedindo

— Foi ela quem causou isso Felicity, não você! E não se preocupe, eu vou continuar te ajudando no que for necessário, não depende dela. Moira e eu teremos uma conversa séria ainda hoje, e você estará presente!

— Não! Ela me dá arrepios! — Disse sem pensar. — Desculpe, não quis dizer... — Ela tentou se corrigir, mas não havia porquê. — Bom... Quis sim. É verdade. Mas a questão é que não há necessidade disso. Pense bem Oliver. — Felicity colocou a mão em seu queixo e levantou seu rosto até que seus olhares se encontrassem. — Você me prometeu.

— E você quer o quê??? Que eu aceite esse acordo estúpido de vocês? Vai voltar a se afastar de mim por causa de uma promessa ridícula que fez à minha mãe? — Com isso ela olhou para baixo, tirando a mão de seu rosto. Ele se arrependeu imediatamente. — Me desculpe. Hey, olhe para mim! Me desculpe... — Foi a vez dele de colocar a mão em sua face e insistir para que ela o olhasse. — Só não consigo aceitar algo assim, deixar que ela continue a controlar todos como bem entende.

— Eu sei. Mas não quero gerar uma briga de família por causa disso. Ela não fez por mal.

— Está bem. Concordo que não era a intenção dela, mas mesmo assim precisamos conversar. Me recuso a me afastar de você daqui para frente, e espero que não ache isso ruim. E não vou ficar fingindo que nada está acontecendo entre nós pois sei muito bem que não serei capaz de convencer ninguém.

— Então o que faremos?

— Reunião de família, hoje a tarde. — Ele puxou o corpo dela de encontro ao seu, beijando-a intensamente. — Vou contar às outras duas mulheres da minha vida como você me conquistou e me seduziu. — Ele sorriu indicando que era brincadeira, mas isso pouco importava à Felicity, que parou de prestar atenção em "às outras duas mulheres". Isso indicava que ela era a terceira? — E que estou catastroficamente apaixonado por você. — Ele continuou sem perceber.

— E você está? — Ela perguntou curiosa.

— Não tenho porquê mentir. — Falou, beijando-a mais uma vez.

Felicity estava feliz como há muito tempo não ficava, mas alguma coisa no fundo de sua mente insistia em incomodá-la. O que era aquilo?

— Ah meu Deus! — Parou de beijá-lo no instante em que se lembrou de seu encontro com Ray naquela tarde. Oliver odiaria saber disso. — Você não precisa trabalhar hoje a tarde? — Enrolou-o com uma pergunta aleatória, mas válida.

— Isto é mais importante. E além do mais, acho que não preciso mais daquele emprego. Servia apenas para me distrair, mas agora tenho algo infinitamente melhor. — Falou como se aquilo explicasse tudo e se inclinou novamente para ela, queria sentir o gosto de seus lábios o máximo de tempo que pudesse antes de se levantar.

— Oliver... — Ela colocou a mão em seu peito para e parasse. Tomou uma boa dose de coragem antes de falar. — Há mais uma coisa que preciso te contar, e você não vai gostar.

— O que é? — Ele voltou a ficar tenso.

— Vou me encontrar com Ray hoje a tarde.