You are all I need escrita por MoonEyes


Capítulo 26
Capítulo 26




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Os dias na mansão Queen passavam lentamente. Desde o domingo em que Oliver e Felicity brigaram eles não se falaram mais, e já era quinta feira. Ele trabalhava todas as tardes, o que por si só já contribuía para não se verem durante metade do dia, e as únicas vezes que se encontravam era durante as refeições, mas mesmo assim não conversavam. Nesse período Thea e Felicity se aproximaram bastante, e apesar da diferença de idade se tornaram verdadeiras amigas. Já Oliver andava mau-humorado pelos cantos da casa e voltara à sua personalidade taciturna e fechada. Moira, como sempre, trabalhava muito e estava ausente na maior parte do tempo, a não ser pelas reuniões com os advogados e Felicity.

Na segunda de manhã a loira recebeu a notícia de que Ray estava sabendo do pedido de divórcio e não reagira nada bem. Ele tentara entrar em contato com ela e tinha até mesmo ido até a mansão e ameaçado derrubar o portão se não o deixassem levar Felicity para casa. Os seguranças o mandaram embora dizendo que chamariam a polícia caso não obedecesse, e por fim ele concordou em falar com ela outro dia. Depois disso ligara várias vezes, até que ela concordou em encontrá-lo na sexta feira a tarde em uma cafeteria no centro da cidade. Thea e um advogado iriam com ela só por segurança, para que nada de ruim acontecesse. Oliver não estava sabendo daquilo, e ninguém desejava que soubesse.

Aos poucos ela foi se acostumando à casa. Os corredores já não eram mais estranhos, não se sentia mais deslocada e uma presença indesejável o tempo todo, nem precisava de alguém para guiá-la quando ia de um cômodo ao outro. Passava grande parte do tempo na biblioteca ou no quarto de Thea, e quando não estava fazendo isso gostava de ir até a piscina, mergulhar os pés na água e sentir a brisa suave no rosto. Ela morria de vontade de voltar ao jardim e ir até o labirinto, naquele lugar maravilhoso que havia estado com Oliver, mas sentia que era o lugar deles, e por mais que estivesse com raiva dele no momento, era com ele que queria estar quando fosse lá.

Neste momento ela estava em seu quarto relendo Um Estudo em Vermelho, uma das histórias de Sherlock Holmes, quando ouviu o barulho da porta se abrindo e fechando com um estrondo no outro lado do corredor. Naquela noite Oliver não havia se juntado a elas durante o jantar, e Felicity não ousara perguntar porquê. Odiava estar naquela situação na qual mal se falavam, mas no fim das contas, pensou, assim era mais fácil de cumprir a promessa que fizera a Moira. Já passava de onze horas da noite quando resolveu deixar o livro de lado e lembrou do que Thea havia lhe falado mais cedo naquele dia. Elas estavam no quarto da mais nova e ela fazia uma trança em Felicity

— Fel, quando você e Oliver voltarão a se falar? Já está ficando chato.

— Não sei Thea, e nem quero saber. Não acho que meus sentimentos sejam da conta dele, e enquanto ele insistir nessa teimosia e não reconhecer que estou certa em querer cuidar da minha própria vida, não iremos nos falar.

— Ele não é o único teimoso nessa história. — Thea olhou para ela sugestivamente.

— O quê? Quer dizer que estou errada? — Perguntou na defensiva.

— Não! Acho que está certa. Mas Oliver se importa com você e só quer o seu bem. Na verdade, acho que se importa um pouquinho de mais, se é que me entende... E ficar assim com você o está incomodando mais do que tudo.

— Bom, se Oliver está tão incomodado, eu acho que Oliver é que deveria falar alguma coisa. — Aquilo deu a discussão por encerrada e nenhuma das duas voltou a tocar no assunto.

Deitada na cama, Felicity se segurava para não bater na porta dele e pedir para fazerem as pazes. Ela não iria se render quando nem errada estava, mas... Não sabia explicar, só queria tê-lo por perto.

Oliver, em seu quarto, olhava com uma cara emburrada para o teto. Ultimamente andava tão mau humorado que nem ele se aguentava, e sabia muito bem o motivo daquilo. Ter Felicity naquela casa e nem ao menos falar com ela estava o matando. Todos os dias ele a via durante as refeições, mas em nenhum momento ela dirigia o olhar para ele. Todas as manhãs era uma tortura quando ela abria a porta de seu quarto um pouco antes dele e saía pelo corredor, espalhando seu perfume pelo ar e ele era obrigado a vê-la virando o corredor com passos decididos sem nem lembrar que ele existia. Sentia uma necessidade inexplicável de estar perto dela, de saber o que estava fazendo e com quem passava o dia. Invejava Thea por terem ficado tão amigas em tão pouco tempo, embora soubesse que poderia muito bem estar no lugar dela caso pedisse desculpas por ter sido um idiota. Mas ele não queira pedir desculpas. Felicity estava errada em pensar que Ray não merecia sofrer pelo que tinha feito a ela, e mais errada ainda em continuar amando-o. Tudo bem que esse tipo de sentimento não é uma coisa que se pode desligar quando não está mais fazendo bem, mas mesmo assim, se ela apenas o desse a chance de lhe mostrar... "Mostrar o quê Oliver? Que você poderia fazê-la mais feliz do que aquele crápula? Certamente ela não sente por você o que você sente por ela.", pensou magoado.

Ele revirou na cama buscando o sono, mas não o encontrava. Ouviu a porta do quarto da frente se abrir e fechar, e seu coração bateu forte no peito ao pensar que talvez ela tivesse decidido falar com ele. Esperou pelas batidas na porta, que não vieram, e voltou a deitar a cabeça no travesseiro, decepcionado.

Felicity tinha deixado seu quarto decidida a bater na porta dele, mas desistira no último segundo. Ao invés disso fora direto para a biblioteca e se sentara em uma poltrona grande de couro, de frente para a janela. A noite estava escura e com poucas estrelas, com algumas nuvens de chuva cobrindo a luz da lua. Deitou o a cabeça no encosto e pousou o olhar sobre o nada, sentia-se triste.

Depois de ouvi-la saindo do quarto Oliver não conseguiria pegar no sono tão cedo. Deixou as cobertas de lado e saiu da cama em um pulo. Andou pelos corredores escuros com a esperança de encontrá-la, e quando chegou na porta da biblioteca a viu, sentada na penumbra, olhando triste pela janela. Se aproximou com cuidado para não assusta-la e só quando estava muito perto tomou coragem para falar.

— Também sem sono? — Ela se sobressaltou primeiramente, e depois fechou a cara ao ver quem era.

— Sim... Mas já estava voltando para o meu quarto. — Ela se levantou, tentando passar por ele, mas sua silhueta musculosa impedia o caminho. — Me deixe passar Oliver. — Falou irritada.

— Não. Precisamos conversar Felicity.

— Não tenho nada para falar com você.

— Claro que tem! Até quando ficaremos assim?

— Até você parar de querer se meter na minha vida!

— Eu estava tentando ajudá-la! Desculpe-me por querer o melhor para você! — Falou com ironia.

— Você pode ajudar, mas não pode interferir nas minhas decisões! Já passou pela sua cabeça que por um tempo eu e Ray fomos muito felizes, e que não quero machucá-lo como ele fez comigo? Não sou esse tipo de pessoa Oliver, não quero vingança.

Ele não tinha como argumentar com isso. Percebeu que quem queria que Ray pagasse era ele, por ter feito Felicity sofrer e, em parte, por ter sido casado com uma mulher incrível que ele desejava para si. Ela o olhava, esperando uma reposta que não veio. Oliver queria lhe pedir desculpas mas as palavras pareciam presas em sua garganta, e antes que ele pudesse falar ela desviou e seguiu andando.

— Felicity, espere! Me desculpe! — Conseguiu falar. Ela já estava quase na porta, e não parou nem mesmo ao ouvir isso. Em poucos passos ele a alcançou, segurou seu braço sem machucar e virou-a de frente para ele. Com um sobressalto seus lábios se abriram e naquele momento o olhar de Oliver se prendeu em sua boca. Só então ele tomou consciência do fino tecido da camisola que lhe cobria o corpo até os joelhos. Era branca e leve, solta em todo o comprimento, com um decote redondo, mangas que iam até o cotovelo e babados de renda na região do busto. Não era nada sexy, mas dava a impressão de ser uma visão muito íntima, íntima demais para seu estado de sanidade mental. Oliver esqueceu totalmente o motivo da discussão, mesmo que a feição zangada de Felicity estivesse bem na sua frente.

Felicity puxou o braço como se quisesse se soltar, mas na verdade fizera aquilo mais por impulso do que por vontade. Oliver estava tão próximo que ela não conseguia pensar direito. Seu perfume era capaz de anuviar sua cabeça o bastante para que o motivo da briga de poucos segundos atrás se reduzisse a quase nada em sua cabeça. Ela tentou se manter completamente lúcida, mas não estava dando certo.

— Me solte... — Falou sem vontade.

— Não. — A voz dele parecia um rosnado. Ele pressionou o corpo contra o dela, tomando-a e seus braços e em seguida Felicity sentiu suas costas baterem contra a parede, embora não doesse. Suas mãos foram tomadas nas dele e encontravam-se na altura de sua cabeça, presas, assim como o resto do corpo, contra a parede. Oliver aproximou o rosto do dela numa velocidade absurda, ainda que para ela tudo parecesse estar em câmera lenta, e tomou seus lábios em um beijo urgente. Então ela sentiu seu corpo queimar de um jeito que nunca tinha visto antes, e era bom. A sensação da boca dele contra a dela era única, diferente de qualquer coisa que já tivesse provado, viciante de uma maneira que ela não tinha forças para reagir.

Oliver não conseguira se impedir de fazer o que estava fazendo naquele momento, por mais que soubesse o quanto era errado e que haveria conseqüências mais tarde. Felicity estava ali, na sua frente, tão linda com seus lábios macios o atraindo mais do que nunca, e ele não resistiu. Precisava senti-la. Agora seus lábios percorriam seu pescoço, e ele sentia sua pele macia se arrepiar a medida que os descia até seus ombros.

A barba mal feita de Oliver arranhando sua pele sensível e combinada aos seus lábios deixando rastros de fogo por onde passavam foi demais para Felicity. Ela soltou suas mãos e as perdeu no pescoço dele, passando as unhas por seus cabelos cada vez mais forte enquanto ele a puxava para ainda mais perto como se fosse fundir seus corpos. Ela sentiu seu corpo se elevar, e as mãos dele agarravam suas coxas quando ele andou com ela em seu colo pelo cômodo e a colocou sentada em cima de uma escrivaninha alta. Agora estavam quase da mesma altura, as pernas dela enroladas no quadril dele como se fosse possível estarem ainda mais próximos. As mãos dele estavam em sua cintura, incontroláveis enquanto exploravam seu corpo em busca de um brecha no tecido para que pudessem tocar sua pele. E ele desceu cada vez mais, encontrando em suas pernas a barra da camisola. Colocou as mãos por baixo do tecido e subiu, apertando e acariciando suas coxas até que tivesse memorizado cada uma de suas curvas no escuro.

Felicity, que não estava mais no controle de si mesma, forçou a camisa dele a abrir e os botões voaram por todos os lados. Nenhum deles se importou. Passava as mãos por seu abdome definido, subindo para o peito e então os ombros, para que pudesse se livrar daquele maldito pedaço de tecido. Explorou suas costas com as unhas, deixando marcas que não sairiam tão cedo, e beijou cada centímetro dele que conseguiu enquanto conseguia manter ambos os lábios afastados.

Oliver esperava por uma reação totalmente diferente, talvez ser empurrado e levar uns tapas, mas não aquilo. Se antes havia algum indício de que a atração que sentia por ela era retribuída, agora tinha certeza, e não ia poupar esforços em usar aquilo para conquistá-la. Mas eles estavam indo rápido de mais, e não queria fazer nada que ela pudesse se arrepender depois, por isso diminuiu o ritmo. Beijou-a mais lentamente, tirando com muito esforço suas mãos de baixo da camisola e depositando-as em sua cintura, por cima do tecido. Ela percebeu e desenlaçou suas pernas da cintura dele, embora Oliver ainda se mantivesse entre elas. A urgência dos beijos diminuiu até que suas testas estivessem encostadas, ambos de olhos fechados esperando que suas respirações voltassem ao normal. Ficaram assim por alguns minutos até que Oliver colocou suas mãos delicadamente em sua nuca e olhou naquele lindos olhos azuis.

— Suponho que tenhamos feito as pazes? — Falou com um sorriso de criança. Ele estava feliz, a expressão radiante.

— Acho que sim. — Respondeu Felicity, aproveitando o momento antes que a culpa a invadisse, e ela sabia que isso aconteceria. Oliver notou que havia algo errado com ela e dessa vez não deixaria passar.

— Felicity, acho que agora consegue perceber que não consigo encará-la apenas como amiga, e a julgar pela sua reação também não sou um homem qualquer em sua vida. Então será que pode me falar o que está acontecendo? E não diga...

— Nada...

— Não siga "nada"! — Ele a encarava como se pudesse descobrir todos os segredos de sua alma. Ela poderia mentir, mas sabia que não o convenceria.

— Eu não posso te contar.

— Você pode me contar qualquer coisa!

— Não isso.

— Felicity, por favor!

— Eu preciso pensar, está bem? Prometo que vamos conversar, mas não hoje. — Voltou a encostar sua testa na dele. Não podia simplesmente contar que Moira a pedira para se manter longe dele e não queria que aquela conversa estragasse o momento.

— Eu só quero uma chance...

— Eu sei Oliver. — Ela passou a mãos em seu rosto em um gesto de carinho. — Acho melhor irmos para a cama. — Oliver arregalou os olhos e mesmo no escuro ela podia ver um brilho diferente neles. — Eu quis dizer... Eu para a minha e você para a sua! — Se corrigiu rapidamente, arrancando um sorriso de seus lábios.

— Está bem. Vamos... — Ele a segurou pela cintura e a colocou no chão novamente. Envolveu suas mãos e andaram em silêncio até seus quartos, parando em frente às portas. Ele a olhou, suspirando, louco para que pudesse deitar e apenas dormir com ela em seus braços. — Você promete que vamos conversar? — Perguntou com uma cara de gatinho abandonado.

— Prometo.

— Então está bem. — Pareceu pensar por um segundo, e inclinou mais uma vez a boca em direção à dela, pousando ali um beijo lento. — Boa noite Srta. Smoak. — Disse com um sorriso, e ela corou.

— Boa noite Sr. Queen. — Lhe devolveu o sorriso, e ambos se dirigiram para seus quartos, Oliver esperançoso e com cara de bobo, e Felicity pensativa, sem saber como era possível estar feliz e triste ao mesmo tempo.




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