1 de Agosto de 2014

Minha cabeça doí -esse era o único pensamento que vagava pela minha mente. A dor era realmente insuportável. Mal conseguia abri meus olhos. Meu corpo parecia uma pedra e que seria impossível me levantar.

Onde estou? -Perguntava a mim mesma enquanto meus olhos se abriram lentamente,mas logo se fechavam de novo por causa do fecho de luz que adentrava o comodo pela janela aberta.

Aquele mero raio de luz queimava minhas retinas,ate parecia que tinha ficado sucumbida nas trevas durantes anos e agora tinha emergido dessa escuridão,na verdade minha cabeça ainda estava dentro da escuridão. Era como se uma expensa nevoa pairasse pela minha mente me negando o acesso a toda minha vida.

Inúmeras perguntas tomavam conta da minha mente,me esforçava para lembrar de algo mais era como olhar para um sótão vazio,não via nada. Nem mesmo meu nome ou minha idade. Será que sou louca?

Meus olhos voltaram a se abri,bem lentamente e aos poucos iam se acostumando com aquela claridade. Estava deitada em uma cama de solteiro. Era bem quentinha e aconchegante. Virei de bruços e abracei o travesseiro,sentindo o cheiro do mesmo. Não sentia nada e isso indicava que aquela era a minha cama já que as pessoas não sentem seu próprio cheiro. Dei mais uma olhada no redor. Estava no meu quarto,eu acho.

As paredes possuíam um tom escarlate e era bem organizado,tirando o fato de uma pilha de roupas amassadas e jogadas de qualquer jeito sobre a cadeira da escrivaninha. Haviam duas janelas no quarto e ambas estavam abertas,o vento que soprava do lado de fora fazia as cortinas brancas dançarem de uma forma calma as fazendo parecerem seres com vida. A porta feita de madeira e pintada de branco estava fechada,havia um casaco azul pendurando na maçaneta.

Levantei da cama e comecei a andar pelo comodo a procura de alguma pista sobre meu passado. A unica coisa que tinha era um pequeno mural de fotos. Me aproximei do mesmo para observa-lo com mais cuidado. Em todas as fotos só via rosto desconhecidos,nenhuma imagem me trazia lembranças e nem mesmo sentimentos. Não sentia nada,era como ser uma pedra de gelo,sem nenhum sentimento.

Me dirigia ate o espelho que havia pendurado na parede no canto esquerdo do quarto. Me deparei com meu reflexo e levei um breve susto em me ver. Aquela não era eu...Não podia ser-essas palavras ecoavam pela minha cabeça e causava uma certa estranheza,que tipo de pessoa não se reconhece?

Escorregava minhas mãos pelas madeixas loiras que caiam até um pouco depois dos meus ombros. Minha pele alva tinha um contraste muito forte com os lábios vermelhos e meus olhos azulados. Aquele rosto fino,aquela mecha loira posta atrás da orelha me irritava e fui logo a tirando e balançando um pouco a cabeça para bagunçar aquele maldito cabelo liso. Trajava apenas um conjunto de lingerie. O sutiã era preto com alguns detalhes em vermelhos,assim como a calcinha. Meu corpo era tão fino...Fui interrompida daquele pequeno momento e pega em um susto ao escutar algo vibrando sobre o criado mudo.

Dei um salto para trás,mas logo percebi que era meu celular. Meu celular!

Ela podia ter algo que me ajudasse.

Comecei a digitar,com certa dificuldade não estava nenhum pouco acostumada com aquele aparelho.

''Sinto muito. Me atrasei. Onde você está? Já estou a caminho,Rosa.''

Corri até o criado mudo pegando o pequeno aparelho e observando a telha do mesmo. Havia uma mensagem,tratei logo de abri-la.

''Agnes,que droga! Quando pretende me responder? Estou preocupada com você e sem contar preciso de você aqui. Só falta seu voto pro lugar que vamos viajar. É bom você votar no que eu quero ou eu juro que te mato ''

-Agnes...-murmurei baixo enquanto lia aquela mensagem. Continuei observando o visor do aparelho e vi o nome Rosa.

Não fazia nem ideia de quem era ou onde estava,mas precisava me encontrar com essa garota. Ela sabia quem eu era.