Up and down escrita por Débora SSilva


Capítulo 1
Elevador


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Finalmente quase em casa, só faltava passar pelos estúpidos corredores do prédio e ignorar as crianças que brincavam ali.

Entrei no elevador e apertei o botão que indicava o décimo segundo andar e respirei fundo, me preparando para o estresse pós folga.

No segundo andar o elevador já parou, e lá vou eu para o estresse.

O elevador parou e um garoto, que deveria ter mais ou menos seis anos, entrou. Ele estava cutucando o nariz de um modo que estava quase arrancando o nariz fora. A primeira coisa que fiz quando ele entrou foi me afastar um pouco e trocar de mão a pasta que estava carregando.

Ele apertou o botão para o sexto e décimo quinto andar. Revirei os olhos.

Respira fundo e lembre-se, só faltam mais alguns andares. Para ser exato só faltam dez andares, apenas dez andares de pura irritação.

O elevador parou no quarto andar e a criança saiu, o mais irritante foi que ela só entrou para fazer meu caminho ficar mais longo.

E a coisa mais idiota era que eu sempre achava que os pais dessas crianças iriam dar um jeito de cuidar dessas crianças e parar de me culpar por quase mata-las no corredor.

Eu não tinha a menor culpa se de repente as luzes do corredor se apagavam e da minha porta ter uma caveira em néon desenhada.

Ignorei todas as crianças perturbadas dentro do elevador, por sorte elas desceram no décimo primeiro andar.

Agora só faltava passar pelo meu corredor e tudo acabava, e só iria sair amanhã novamente com os meus amigos e voltar tão tarde que não precisaria encontrar com essas pestes.

Quando o elevador abriu no meu andar, disparei para meu apartamento, mas nada na minha vida sai perfeito. Esbarrei em uma motocicleta e me segurei para não cair em cima de uma garotinha que me olhou assustada.

– Natasha - uma mulher ruiva a chamou -, eu disse para você não sair do apartamento. Peça desculpas!

Tanto eu quanto a menina olhamos assustado para a mulher, ela era bem mais baixa que eu, mas tão bonita que você não prestaria atenção em sua altura.

Um corpo esbelto e um rosto delicado como as pétalas de flores. Ela se virou para mim e sorriu carinhosamente.

– Me desculpe - escutei a garota me pedir e entrar correndo para o apartamento de frente para o meu, da onde a mulher ruiva falava com ela.

– Vá tomar banho - a mulher mandou e se virou para mim novamente - Me desculpe, ela não esta acostumada com lugares pequenos - ela sorriu novamente.

– Ok - falei ainda assustado com a reação dela em relação a filha comigo, e duplamente assustado com a beleza que exalava dela.

– Sou sua nova vizinha - ela me ofereceu a mão que eu apertei ainda meio contrariado.

– Então ainda não te avisaram sobre mim? -perguntei sorrindo torto

– Já sim, mas odeio julgar sem conhecer. - ela disse sorrindo torto também - Mas até agora quem lhe prejudicou fui eu e não o contrário.

– Ok – falei com um sorriso.

– MAMÃE, EU NÃO CONSIGO TIRAR A BLUSA – escutamos a garotinha, que se chamava Natasha, gritar e aparecer na porta quase batendo a cabeça no portal da porta, por que estava com a cabeça coberta pela blusa que não conseguia tirar.

– Pode deixar, a mamãe tira – ela falou indo em direção a sua porta – E meu nome é Emma – ela disse com um sorriso.

– Drew – me apresentei antes de ela fechar a porta com um sorriso.

Abri a porta do meu apartamento e joguei minha pasta no sofá e me sentei na poltrona, olhei para a porta.

– Por que elas sempre são casadas? – me perguntei e olhei para o teto – Por quê?

Me levantei tirando o paletó e indo em direção ao banheiro tomar um banho e esquecer todos os relatórios que tinham passado pelos meus olhos, esquecer a mulher irritante que era minha chefe e esquecer esse prédio.

Enquanto estava ainda tomando banho e relaxando meu celular começou a tocar, ignorei a música ridícula que minha irmã havia posto como seu toque em meu celular e continuei meu banho. O telefone tocou cinco veze e parou, logo recomeçou e mais cinco toques. Quando eu realmente achei que os toques tinham cessado, eles recomeçaram.

– Argh – urrei, sai do banho enrolando uma toalha na cintura e fui até meu celular – Quê?

– Oi, estressadinho – minha irmã falou dando risadas.

– Carla, pelo amor de Deus – falei exausto -, eu acabei de chegar do trabalho.

– Eu sei, e também estou sabendo que você acabou de entrar de férias. Vamos comemorar sua fase de relaxamento indo no bar do Cameron.

– Não vende bebida alcoólica lá, sendo assim não é um bar – expliquei

– Como se chama um lugar que é parecido com um bar, mas não é um bar? – ela perguntou confusa

– Sei lá, deixa bar mesmo – desisti de tentar achar uma resposta plausível.

– Então, vamos sair e curtir um pouco.

– Não – neguei de primeira

– Mas essa semana você vai fazer vinte oito anos, tem que se soltar – ela exigiu

– Eu já concordei em sair amanhã, hoje não – falei e desliguei o a ligação antes que ela falasse mais alguma coisa.

Eu já estava me encaminhando novamente para o chuveiro quando o celular voltou a tocar.

– Alô – falei cansado enquanto passava a mão na testa

– Fala aí cunhado – Leo falou ao telefone

– Só por que você está noivo da minha irmã não significa que pode me chamar de cunhado – falei revirando os olhos

– Ok, relaxa – ele disse rindo – Cara, sua irmã tá triste contigo, vamos sair um pouco – ele pediu

– Ok, desisto. Eu me encontro com vocês no...bar do Cameron – bufei

– Qual é cara? Vamos.

– Já disse que vou.

–É só uma noite de diversão, desencana desse estresse.

– Eu já falei que vou – disse perdendo a paciência.

– Cara, vamos...- desliguei a ligação e voltei a tomar meu banho.

Sai do banho alguns minutos depois e fui me arrumar, vesti uma calça jeans e uma blusa preta qualquer, nem sabia o que estava desenhado na frente e baguncei o cabelo, até que era bom ir para algum lugar que não necessitava de cabelo boi lambeu.

Abri a porta do meu apartamento, olhei para o apartamento em frente e sacudia a cabeça.

– Droga! – falei pensando na mulher ruiva e muito linda que agora morava de frente para mim. – Casada – me lembrei.

Tranquei a porta do meu apartamento e fui em direção ao maldito elevador, já me preparando para as crianças que essa hora, oito da noite, ainda estavam correndo pelos corredores. O incrível é que eu era o único que reclamava das crianças.

Quando o elevador se abriu eu agradeci a Deus por estar vazio, entre e antes da porta se fechar a porta do apartamento, de frente para o meu, se abriu e a criança saiu correndo em direção ao elevador. Alguns segundo antes da porta se fechar ela se jogou de cabeça em direção ao elevador, eu coloquei as mãos nas portas para impedir de se fecharem antes de esmagarem a cabeça da garota.

Ela caiu no chão e olhou para mim e sorriu, o mesmo sorriso da mãe.

– Oi, moço charmoso - ela disse acenando do chão.

– O que? – perguntei confuso

– Natasha – a mulher ruiva saiu do apartamento desesperada e agarrou a filha – o que você fez? Meu Deus! – ela disse limpando as mãos da filha – Me desculpe novamente – ela disse pegando a filha no colo.

– Tudo bem, só tome cuidado, se eu não tivesse sido rápido...- preferi parar a frase por ali mesmo.

– Eu sei – ela disse cansada – Obrigada.

– Você está bem? – perguntei a observando.

– Não, moço charmoso, mamãe está triste – a garota disse e a mãe o fuzilou.

– Moço charmoso? – perguntei erguendo as sobrancelhas.

– Foi a mamãe que disse – ela apontou para a mulher que fez um contraste engraçado com suas bochechas vermelhas e seus cabelos laranjas.

– Querida, volte para casa – ela falou colocando a garota no chão e a empurrando para o apartamento. Logo veio outra criança, não sei da onde (provavelmente do além), correndo em direção ao elevador.

– Quero descer, posso? – o garoto perguntou apontando para minhas mãos que ainda seguravam as portas do elevador.

– À vontade – falei apertando o botão para o estacionamento, uma coisa que aprendi era que crianças odiavam o estacionamento e odiavam mais ainda o guarda do estacionamento.

Antes da porta se fechar eu dei um sorrisinho e o garoto se assustou.

Escutei uma risada ao meu lado, olhei para baixo e vi a ruiva rindo enquanto olhava para o elevador.

– Entendi o por que de te chamarem de ‘O caçador de crianças’ - ela disse e gargalhou, sua gargalhada era engraçada e sincera, uma risada fácil.

– Obrigado pelo elogio – disse com um sorriso

– É Drew, certo?! – ela perguntou e eu assenti – Obrigada por salvar a Natasha, ela não quer ficar com a avó hoje, mas me convidaram para sair, então...

– Entendo.

– Querida, consegui chegar – uma senhora saiu do elevador sorrindo e puxando a ruiva para um abraço e depois a jogando para o elevador. – Esse é o seu acompanhante?

– Não, mamãe – ela discordou da senhora, mas antes de eu me dar conta tinha sido empurrado para cima da ruiva.

– Divirtam-se – a senhora acenou e o elevador se fechou, olhei para os botões e o primeiro andar já estava acesso, a senhora havia apertado antes de nos empurrar para o elevador.

– Desculpe – pedi saindo da frente da mulher.

– Eu que peço desculpas, minha mãe é louca – ela disse rindo.

– Sua filha não é tão perturbada quanto às outras crianças desse prédio – falei e ela riu

– Oh, obrigada – ela agradeceu entre risadas – Ela não é perturbada, só é extremamente agitada.

– E educada – completei

– O pai dela era rigoroso nesse quesito – ela disse séria

– Divorcio – falei revirando os olhos, mas um caso de divorcio. Eu enfrentava isso o tempo inteiro no meu emprego, já bastava no meu emprego.

– Viúva – ela disse negando com a cabeça – Sou viúva há três anos.

– Desculpe – pedi, mas uma fez Drew Fesst estava errado, palmas para mim.

– Não tem problema – ela disse sorrindo para mim. Quando eu ia puxar mais assunto a droga do elevador abriu no primeiro andar.

Pela primeira vez a droga do elevador se abriu, ele se abriu no primeiro andar e foi rápido. Como essa droga de elevador desceu tão rápido? Como?

– É melhor eu ir, minhas amigas estão me esperando – ela disse saindo do elevador e eu a acompanhei. - Também vai sair?

– Vou me encontrar com minha irmã e alguns amigos, em um bar não bar

– Bar não...bar? – ela perguntou com um sorriso.

Argh, que sorriso maravilhoso.

– Sim, um bar que não tem bebida alcoólica.

– Eu também vou a um parecido, mas eu não lembro o nome – ela falou colocando a ponta do dedo no queixo e olhando para cima, parecia que aquela era sua pose de pensativa.

Meu telefone voltou a tocar a música irritante da minha irmã, eu peguei o celular do bolso e antes de atender ouvi a ruiva ao meu lado cantarolar a música.

– Carla, eu já estou a caminho – falei, minha irmã começou a falar algo. Não consegui prestar atenção, pois um carro com três garotas parou na entrada do prédio e buzinou.

– Tenho que ir – a ruiva falou ao meu lado – Tchau, Drew – ela acenou e se distanciou.

Pude reparar em seu vestido preto rodado até o joelho, marcava muito bem suas curvas, e deixava evidente a cor laranja de seus cabelos.

– Aí ele morreu – Carla disse ao meu ouvido

– Foi quem? – perguntei confuso

– O peixe do Cameron morreu – ela repetiu – estamos te esperando para fazer o enterro.

– Não me diga que vamos fazer a descarga de mais um peixe – reclamei

– Vamos, o Leo apoia totalmente um enterro descente para os animais.

– Cameron precisa parar de matar os peixes dele. - falei me encaminhando para o lado de fora do prédio indo pegar um táxi, não iria ir de carro para me estressar. Bem mais fácil pagar para uma pessoa me levar e se estressar por mim.

– Eu também acho - Carla concordou - Mas Laisa concordou com a ideia dele comprar um aquário maior e ter mais peixes.

– Ele vai querer o que agora, um baiacu?

– Talvez - minha irmã riu enquanto eu pegava um táxi.

– Estou entrando no táxi agora, logo chega aí.

– Ok

Consegui pegar o táxi e cheguei rápido no...naquela coisa que o Cameron era dono.

Era um lugar onde havia musica agitada, comida e nada de bebida. O que era bom que se você entrasse não iria arrumar confusão, a menos que o cara ou a garota fossem uns completos babacas.

Por incrível que pareça aquele lugar enchia de gente, pelo jeito muitas pessoas só querem dançar e se divertirem com os amigos, sem bebidas alcoólicas.

– E aí, Cley - falei passando pelo segurança do lugar, já havia uma fila imensa de pessoas querendo entrar. Mas eu tinha o privilégio de ser amigo de infância do dono e passava direto.

– Chegou o cara estresse - Leo falou ao lado da minha irmã, que logo que me viu desceu as escadas em direção ao primeiro andar e pulou em mim.

– Que saudade - ela disse me abraçando.

– Também estava com saudades - falei a abraçando forte e sentindo todas as semelhanças de minha mãe nela.

– Esse é o abraço que a mamãe mandou - ela disse rindo.

– Eu senti - falei com um sorriso - Um pequeno lembrete se você quiser casar. - ela me olhou atenta - Diga para o Leo nunca mais me chamar de cunhado.

Ela riu alto, mesmo dentro daquele lugar barulhento ela conseguiu chamar atenção de algumas pessoas ao nosso redor.

– Vocês que são amigos de infância - ela começou a contar nos dedos -, você que me apresentou ele, você que apoiou de primeira, você qu...

– Eu já entendi, fui eu que proporcionei a felicidade mundial - falei sarcástico.

– Óbvio - ela disse com um sorriso. - Vamos logo para o enterro do Henry.

– Pensei que esse fosse o Jess - falei tentando me lembrar dos nomes dos peixes de Cameron.

– Não, o Jess morreu mês passado - ela me explicou.

– Então tá - ela pegou minha mãe e me arrastou para o segundo andar, onde havia o banheiro particular do dono.

– Fala aí cunh...

– Cala a boca, Leo - disse o interrompendo.

– Por que você desligou na minha cara? - ele perguntou entrelaçando os dedos com a mão livre de minha irmã.

– Por que eu já havia dito que viria e você não calava a boca

– Pô, tu vir na primeira tentativa é até sinistro, né!

– Fato - Carla concordou.

– Chegaram - Laisa se alegrou, Laisa era uma morena alta e elegante, depois da minha irmã, ela era minha melhor amiga. Era esposa do Cameron, o garoto que era popular em qualquer lugar que fosse, tinha cara de esnobe, era riquinho e se você passasse dois minutos com ele percebia que ele trabalhava para se sustentar, nunca abusou do dinheiro que os pais lhe deram, sempre foi muito simpático e um amigo para qualquer hora.

E era por esses motivos que eu aceitava participar dos enterros dos peixes dele.

Mesmo com toda essa amizade a esse casal eu ainda não concordo em Laisa permitir Cameron continuar a ter peixes.

Vamos chegar a uma fase que os peixes entraram em extinção, com a velocidade que ele mata peixe, não estamos longe disso.

– E aí - disse abraçando Laisa. - Cadê o assassino? -perguntei e Laisa me deu um tapa no ombro, mesmo assim abrindo um sorriso.

– Não fala isso, ele está mal.

– Demorou quanto tempo para esse morrer? - perguntei e olhei para Leo e Carla - Uma semana - respondemos juntos.

– Um mês - Laisa contrariou

– Ok, vamos logo acabar com isso - Carla disse entrando no banheiro.

Entramos e nos deparamos com Cameron olhando para um pote de vidro onde o peixe boiava de barriga pra cima, mórbido até para um peixe. Mas eu prendi o riso com tanta vontade que saiu uma tosse que chamou a atenção de Cameron.

– Valeu por virem - ele agradeceu, ele abriu a privada e fizemos uma rodinha em volta dela. - Primeiramente eu queria agradecer a todos que estão presentes, para darem um último adeus ao Josh - ele falou e eu cutuquei Carla.

– O Henry já foi? - perguntei em um sussurro

– Pelo jeito sim - ela respondeu de volta em um sussurro.

– E queria agradecer a amizade que esse peixe me proporcionou, ele sempre fazia cambalhotas quando eu o chamava - Cameron disse emocionado e eu tossi junto com Leo para a risada não escapar - Drew, poderia falar algumas palavras. Como advogado de separação você deve saber algumas palavras para despedidas.

Não, eu não, eu vou gargalhar. Como quase todas as outras vezes. As vezes eu acho que o Cameron faz isso para saber se realmente somos amigos dele.

– Bem, ele foi um peixe bonito e ele conseguiu - dei mais uma tossida para disfarçar - nos convencer de não comer peixes por uma semana - Carla deu um tossida mais forte, parece que prender a gargalhada para ela era mais difícil - Nunca iremos o esquecer.

Cameron derramou o peixe na privada, ele direcionou a mão devagar para descarga.

– Não consigo - ele falou

– Eu consigo - Leo falou e apertou a descarga, e pelo que parece o peixe não queria ir para o esgoto, por que ele pulou da privada para o chão.

– Eca - Carla e Laisa soltaram.

– Vou pedir para a faxineira limpar - Laisa disse.

– Sim, vamos ir comer algo - falei empurrando Cameron para a saída do banheiro junto se Laisa.

– Que não seja sushi - Carla garantiu.

(...)

Já havia se passado algum tempo e Cameron já estava bem melhor. Eu e os noivos estávamos sentados comendo alguns salgadinhos e bebendo suco de maracujá. Que na realidade, deve deixar mais bêbado que qualquer outra bebida, eu só queria cair na cama e dormir até meu corpo cansar de dormir.

– Nem parece àquele cara que chora por peixes – Carla disse apontando para Cameron que estava se agarrando com sua esposa, Laisa.

– Malucos – falei antes de dar mais uma golada na minha bebida.

– Vamos dançar? - Carla nos convida, Leo concorda na hora e eu prefiro ficar quieto na mesa enquanto os dois correm para a pista de dança.

Os segui com o olhar e quando Carla estava dançando eu parei para ver as pessoas que estavam ao seu redor, e vi uma ruiva. A mulher que se chamava Emma e que agora morava em frente ao meu apartamento.

Ela se movia alegre, rindo e gritando. Seu corpo realmente era maravilho de se observar, seu sorriso era perfeito e imaginei o quanto deveria ser bom toca-los.

– Devo estar com muito sono - murmurei ainda a observando. Uma mulher ao seu lado tocou seu ombro e apontou para as mesas, a ruiva sorriu e olhou para as mesas procurando algo ou alguém, depois de observar quase todas as mesas seu olhar caiu sobre mim.

Ela sorriu a me ver, falou algo com a amiga e depois veio em minha direção, droga!

O que eu estava pensando que continuava a encarando, mesmo depois de ser descoberto a observando.

– Oi, Drew - ela falou ao se sentar ao meu lado.

– Olá - falei e dei um pequeno sorri - É a primeira vez que vem aqui?

– Sim, por quê? - ela perguntei arqueando uma das sobrancelhas.

– Nunca te vi por aqui - respondi e ela riu - O que foi?

– Nunca achei que um homem como você fosse da curtição - ela disse balançando os braços no ar.

– Meu amigo é dono desse lugar, por isso sempre estou aqui.

– Ah, tá explicado.

– Ei, eu sou maneiro.

– Não duvido - ela respondeu com um sorriso.

– É mesmo? - perguntei com um sorriso torto

– Claro, deve se divertir muito. Mas antes de saber que você vinha para esse tipo de lugar não conseguiria te imaginar fora de um terno.

– Pode admitir que sou charmoso com terno.

– Como?

– Sua filha que te dedurou - sorri

– Admito - ela disse fixando vermelha e olhando para a mesa -, você realmente é muito charmoso.

– E você é realmente muito linda - falei e ela me encarou e depois sorriu. Não dava para acreditar que aquela mulher já havia sido casada e tinha uma filha. Ela parecia uma adolescente de dezesseis anos envergonhada. - Acho que estou com muito sono. - falei esfregando a testa.

– Por quê? Não acha que sou bonita? - ela perguntou confusa.

– Não, você é bonita, só que eu não teria falado isso assim tão fácil.

– Entendo - ela disse rindo e cruzando os braços - Gosta de se fazer de difícil.

– Eu sou difícil - a encarei mais de perto. Ela sorriu e deixou a cabeça cair pelo ombro.

– E eu, sou difícil?

– Diria misteriosa - falei e ela se aproximou um pouco mais

– Entendo - ela suspirou e se levantou - Desculpe, é melhor eu ir, tchau.

– Tchau - falei assustado, eu realmente queria que aquela conversa tivesse progredido bem mais.

– O que foi aquilo? - Laisa chegou me abraçando

– Nada demais - infelizmente, completei mentalmente. - Vou indo, diga para Carla que mandei um beijo.

– Ok, tchau - Laisa acenou.

(...)

Depois de alguns minutos eu consegui chegar a casa, o taxista enrolou muito apenas para eu poder pagar mais caro.

Sai do taxi a meia noite, entrei no prédio e fui assediado por um cabo de vassoura no queixo.

– Que isso? - perguntei assustado e vi a velha com bobs no cabelo segurando a vassoura - Não acha que está muito tarde para a senhora estar acordada?

– Nunca é tarde para proteger o prédio, Drew Feest - Sra. Regina disse.

– Ok, enquanto a senhora protege o prédio eu vou dormir.

– Soube que já conheceu a nova moradora do prédio - ela disse enquanto eu me virava, logo parei e olhei novamente para ela.

– Por que, já quer protege-la de mim também? - perguntei cruzando os braços.

– Não, na verdade espero que dê tudo bem certo para vocês - ela me olhou pelo canto do olho -, você é um 'Caçador de crianças', mas é um bom homem e aquela menina está precisando disso.

– Boa noite - me virei para o elevador, o esperei e logo que entrei ouvi um grito.

– Segura, por favor.

Segurei as portas e Emma entrou correndo, estava começando a ser inevitável nossos encontros.

– Obrigada - ela agradeceu. Subimos dois andares e de repente ele o elevador não subia e nem descia.

– O que aconteceu? - Emma perguntou

– Parece que paramos - bufei.

– Boa noite, nos desculpe esse pequeno problema, mas já chamamos um técnico com urgência. - uma voz masculina falou ao interfone.

– Pelo menos sei que Natasha esta com a minha mãe - Emma falou se se encostando a uma das paredes do elevador, eu me encostei a frente dela. - E pelo menos não estou sozinha, odeio lugares fechados.

– Claustrofobia? - perguntei.

– Não chegar a ser isso - ela riu com nervoso e se encolheu um pouco.

Cheguei mais próximo dela e segurei seus ombros os esticando.

– Não vai melhorar se encolher, respire fundo - ela fez isso e ficou me encarando - Continuei - mandei e ela me encarava enquanto respirava fundo.

Não sei o que me levou há aproximar um pouco mais o meu rosto do seu, mas eu aproximei.

– Continuei - mandei novamente, ela começou a respirar mais rápido assim como eu.

– Então continuei se aproximando - ela mandou e eu a beijei.

Tudo era tão estranho, eu estava beijando uma mulher que conheci hoje, só por que quase atropelei sua filha. Ela era diferente de tudo que eu já tinha visto, enrolei meus braços em sua cintura enquanto ela enrolava seus braços em meu pescoço.

Ela pareceu soltar um suspiro ao longo do beijo que eu torcia para não acabar.

Sentimos o elevador começar a subir e nos separamos.

– Isso foi muito imprudente - ela comentou.

– Desculpe.

– Não se desculpe - ela pediu e eu a encarei confuso - Eu gostei, se você se desculpar, para mim, significa que não gostou.

– Nunca mais me desculpo - falei com um sorriso torto, ainda ofegante.

– Que bom, por que eu também não vou - ela disse ficando na ponta dos pés e voltando a me beijar.

A porta do elevador se abriu e olhamos para o corredor pouco iluminado, assim era capaz de ver a caveira em néon desenhada em minha porta.

– Deveríamos dar mais passeios em elevadores - sugeri e ela riu.

– Concordo, mas é divertido quando não sobe nem desce.

– Podemos dar um jeitinho nisso.

Ela gargalhou feliz, eu a encarei feliz por ser eu a fazer aquilo. Hoje eu sei que era isso que faltava na minha vida, proporcionar a alegria em alguém, minha vida nunca mais foi vazia ao lado de Emma, ainda mais com Natasha sendo, agora, minha enteada.

E ao lado de Emma descobri que eu realmente amo elevadores.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?Por favor, comentemBjin amores e até...



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