Um amigo no escuro (parte II) escrita por Clarice Reis


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Não ficou tão bom quanto eu queria que ficasse, mas queria postar antes das minhas aulas começarem, então é isso... Espero que gostem.



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Um amigo no escuro (parte II)

Dois meses se passaram desde a primeira vez que falei com Scorpius Malfoy. Nunca poderia imaginar que uma simples brincadeira fosse capaz de mudar tanta coisa na minha vida. Depois daquela noite, fiquei refletindo sobre tudo que ele dissera e quando vi já tinha discado seu número novamente.

Nossas conversas viraram uma rotina. Todo dia quando chegava em casa, ficava ansiosa esperando por uma ligação sua e quando ele demorava demais para ligar, eu o fazia. Na terceira ou quarta semana, Scar já sabia tudo sobre a minha vida e era incrível como eu tinha facilidade de me abrir com ele. Sempre fui uma pessoa reservada que preferia não falar sobre assuntos pessoais, talvez por medo de que as pessoas não compreendessem as minhas ideias e pensamentos. Mas com ele era tudo mais fácil...

Éramos como melhores amigos, mas eu percebi que o que sentia por ele não era o mesmo que sentia por Alvo Potter, que também era um grande amigo. Fiquei intrigada sobre o assunto, mas resolvi ignorar, afinal não devia ser nada demais, certo? A cada dia que passava ficava cada vez mais encantada pela personalidade de Scar. Ele costumava me contar sobre os livros que já tinha lido e sobre como fez questão de aprender braille para continuar lendo. Uma noite ele recitou uma poesia belíssima para mim e eu não pude deixar de notar o quanto ele parecia feliz em ler aquele texto. Scar me contou que era sua poesia favorita e tenho que reconhecer que também se tornou a minha.

As coisas melhoravam entre nós a cada dia que passava. Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, eu sentia que Scorpius Malfoy era uma pessoa importante na minha vida e naquela tarde de sexta feira eu estava determinada a marcar um encontro para conhecer aquele que agora era indispensável para mim.

Disquei seu número e para minha surpresa o telefone estava desligado. Resolvi esperar que ele retornasse a ligação, mas isso não aconteceu. No dia seguinte eu já estava ficando preocupada. Teria alguma coisa acontecido? Ele estava chateado comigo? Estava ocupado demais para conversar? Eu passei o dia pensando nos possíveis motivos para Scar não ter retornado minha ligação e isso de certa forma me incomodou. Eu nunca fui de me importar com esse tipo de coisa, então por que estava tão preocupada?

Assim que terminei de jantar, fui para o meu quarto e peguei o celular que estava jogado em cima da cama. Nenhuma ligação. Disquei o número que eu já sabia decorado e novamente a mensagem informando que o telefone estava desligado. Por que isso estava me deixando tão nervosa?

Quatro dias se passaram sem nenhuma notícia de Scar. A situação já estava se transformando em uma tortura quando recebi uma mensagem informando que o número estava disponível para receber ligações. Telefonei o mais rápido possível e depois de três toques ele atendeu.

― Alô? ― sua voz parecia cansada.

― Oi, sou eu.

― Desculpa não ter retornado suas ligações, eu só as vi agora.

― Tudo bem ― eu falei enquanto mexia em alguns cadernos ― Eu só fiquei meio preocupada porque você não é de sumir desse jeito.

― Esses últimos dias foram um pouco complicados para mim.

― Aconteceu alguma coisa? ― inquiri.

― Minha mãe teve que ser internada ― suspirou ― ela levou uma queda dentro de casa e vai precisar fazer uma cirurgia para consertar a coluna.

― Ai meu Deus , Scar ― eu estava realmente preocupada. Apesar de achar que ela agia de forma horrível com o filho, sabia que ele se importava muito com ela e que devia estar nervoso com a situação.

― Mas ela vai ficar bem. O médico disse que depois da cirurgia, ela vai ter que passar um tempo de repouso, mas logo vai poder voltar a sua rotina.

― É bom saber disso.

― Ela falou comigo, Rose ― pela sua voz podia dizer que estava emocionado ― Foi pouco, mas ela não parecia com raiva ou incomodada de eu estar lá, na verdade, parecia até um pouco feliz.

― Isso é incrível, Scar ― eu realmente estava feliz por ele ― Quem sabe essa não é a chance de vocês se aproximarem?

― Eu espero que seja ― falou sonhador.

Pensei no motivo de ter ligado para ele naquele dia. Queria marcar para que nos encontrássemos. Será que eu não deveria esperar até a mãe dele melhorar? Passei algum tempo pensando e fui interrompida pela voz do outro lado da linha.

― Rose? Você está aí?

― Desculpa, estava pensando.

― Sobre o que estava pensando?

― Nada demais ― disse rapidamente.

― Sabe, eu estava querendo falar com você. Eu estou com isso em mente já tem um tempo e estava pensando se você não queria sair comigo qualquer dia desses. Não no sentido romântico, quer dizer, sair como amigos... ― ele parecia estar um pouco nervoso.

― É claro ― falei entusiasmada ― Vai ser ótimo, finalmente vamos nos conhecer.

― Vai ser um prazer conhecê-la, Rose.

― Igualmente, Scar.

A semana seguinte passou o mais devagar possível. Combinamos de nos encontrar no domingo em uma parque próximo à casa dele e tenho que reconhecer que a partir do momento em que desliguei o telefone, um sentimento de ansiedade me atingiu. Ele já havia me contado que era loiro e que tinha mais ou menos um metro e oitenta de altura, mas mesmo assim eu o imaginava de várias formas possíveis. Pensava em como deveria ser seu sorriso, qual era o tom de loiro do seu cabelo e tantos outros detalhes que eu só viria a descobrir no momento que o encontrasse.

Na quarta-feira, uma notícia veio para deixar aquela semana ainda melhor. Assim que cheguei em casa, fui até a caixa de correio pegar a correspondência e para minha surpresa no meio de várias contas e catálogos, havia uma carta destinada a mim. Uma carta de Oxford. Corri para dentro de casa e me joguei na cama. Peguei meu celular e disquei o número de Scar que atendeu no mesmo instante.

― Rose? ― sua voz estava sonolenta.

― Eu recebi uma carta de Oxford ― Disse sem conseguir conter o tom de alegria na voz.

― Isso é incrível ― ele agora parecia mais desperto ― E o que tem escrito nela?

― Eu ainda não sei. Queria abrir junto com você.

― Então já pode abrir ― ele disse parecendo ansioso ― Tenho certeza que serão boas notícias.

Respirei fundo, contei até três e rasguei o envelope. Li rapidamente o texto e disse eufórica.

― Eu fui aceita, Scar!

― Meus parabéns, Rose, sabia que iria conseguir.

― Eu tenho que contar para a minha mãe, meu pai, minhas amigas. Eu ainda não acredito.

― Você merece, Rose. Vai ser uma excelente advogada.

― Obrigada.

― Ainda vamos nos ver domingo? ― questionou.

― Claro que sim.

― Sendo bem sincero, estou meio nervoso com a ideia de te conhecer.

― Por que?

― Não sei explicar, mas eu quero que o domingo chegue logo.

O resto da semana se passou com muita comemoração da minha família e amigos. Todos estavam orgulhosos, em especial minha mãe. Eu ganhei bolo, presentes e o melhor de tudo, um carro. Eu já tinha carteira de motorista, mas até agora só usava o carro dos meus pais de vez em quando. No meio de toda essa comemoração, quando me dei conta, já era domingo.

Acordei e quase dei um pulo da cama. Comecei a me arrumar e parei na frente do guarda-roupa pensando no que iria vestir. Ok, eu sei que é exagero, afinal, eu só estou indo conhecer um amigo e não indo para um encontro ou algo assim, mas eu estava preocupada com os detalhes e isso era no mínimo estranho.

Depois de pronta, eu desci correndo com medo de me atrasar e passei correndo pela cozinha onde todos tomavam café.

― Para onde vai com tanta pressa? ― meu pai perguntou.

― Me encontrar com um amigo. Até mais tarde.

Fui correndo até a garagem pegar o meu carro e depois de uns 10 minutos eu cheguei ao parque. Era um lugar lindo e muito tranquilo. Muitas árvores e um grande lago onde em volta várias famílias faziam um lanche ou brincavam com seus filhos. Caminhei um pouco e olhava para todos os lados a procura de Scar, mas não o encontrei. Peguei meu celular e já ia discar seu número quando senti alguma coisa pulando em cima de mim.

― Me desculpe, ele não costuma fazer isso.

Olhei para o labrador imenso que quase tinha me derrubado no chão e sorri, ele era lindo.

― Não tem problema, ele é muito... ― parei de falar quando olhei para a pessoa que segurava a guia.

― Scar?

― É você, Rose? ― questionou.

― Sim, sou eu.

Ele veio na minha direção e me deu um abraço apertado.

― Eu não acredito que finalmente te conheci ― ele tinha um sorriso estampado no rosto ― E me desculpe pelo Ben, ele deve ter te assustado.

― Na verdade não. Ele é muito fofo.

― Quer dar uma volta?

Eu assenti e começamos a andar. Estar com Scorpius pessoalmente me deixou bastante envergonhada. Eu não sabia o que falar e as vezes me pegava observando seu rosto. Ele era incrivelmente lindo. Seus cabelos eram de um tom muito claro de loiro, ele tinha um rosto fino e um sorriso perfeito. Eu conseguia ver algumas cicatrizes que os óculos escuros não cobriam, mas que importância elas tinham? Scar era um homem lindo.

De repente paramos e ele perguntou se eu não queria sentar. Nos acomodamos embaixo de uma árvore e permanecemos alguns minutos em silêncio.

― Eu fico feliz que esteja aqui ― comentou.

― Estou feliz de finalmente te conhecer.

― Eu sou como você imaginava? ― Inquiriu.

― Na verdade, é bem mais bonito ― Espera, por que eu disse isso?

Eu estava corada e ele sorriu para mim.

― Posso te pedir uma coisa?

― Claro.

― Posso tocar no seu rosto? É que eu quero saber como você é.

― Pode sim ― disse sorrindo.

Ele passou sua mão delicadamente pelo meu queixo e subiu para a minha bochecha e depois para o nariz. Ele tocou cada centímetro do meu rosto e depois passou para o meu cabelo.

― Você é linda, Rose, uma das moças mais bonitas que eu já conheci.

Um pequeno sorriso se formou no meu rosto.

― Eu queria te agradecer... ― comecei a falar um pouco envergonhada.

― Pelo que? ― Inquiriu.

― Por não ter desligado o telefone. Por ser meu amigo e por estar aqui.

Sua mão tateou a grama procurando pela minha e quando a encontrou, ele entrelaçou nossos dedos.

― Eu que tenho que agradecer. Você não imagina o quanto eu me sentia sozinho antes de conhecê-la. Minha mãe não falava comigo e meus amigos me abandonaram por conta da minha condição. Eu levava uma vida monótona e passei os últimos meses somente focado em estudar. Eu me sentia só até você aparecer na minha vida, Rose ― Ele fez uma pausa e sorriu ― Você foi uma luz no meio de toda essa escuridão.

Eu não conseguia conter as lágrimas. Scar era um homem incrível que não merecia nenhuma das coisas ruins que tinham acontecido em sua vida.

― Eu vou ficar do seu lado para sempre ― afirmei.

― Vai ser minha amiga para sempre? ― Perguntou sorrindo.

― Eu vou sim.

Esse foi o primeiro de muitos encontros que vieram em seguida. Scorpius Malfoy se tornava cada vez mais parte da minha vida e com isso, acabei percebendo que não era apenas amizade o que sentia por ele. Fazer uma declaração me deu bastante trabalho, quase dois meses de ensaio em frente ao espelho até que finalmente tomei coragem.

Se estamos juntos? Sim, nós estamos. Foi um pouco difícil para os meus pais aceitarem a ideia de que eu estava namorando com um homem onze anos mais velho no começo, mas depois de conhecê-lo, meu pai passou a tê-lo como um filho. Scar voltou a falar com sua mãe depois que a mesma saiu do hospital e ela até nos convidou para um almoço.

As coisas estavam dando certo entre nós, estávamos felizes e as vezes eu me pegava pensando em como uma simples ligação foi capaz de mudar tanta coisa em nossas vidas. Talvez tenha sido o destino, ou talvez apenas um acaso, mas eu sabia que a nossa amizade e o nosso amor seria o que nos manteria juntos para sempre.


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