Os dois ficaram alguns segundos se olhando, quando Jade o abraça sorrindo. Cobra não correspondeu, estava sério e ainda magoado.

– Cobra... Estava com muitas saudades de você! - Jade ainda o abraçava, mais depois se soltou e o olhou. - Como veio parar aqui?

– Eu e o Duca vamos treinar em uma academia daqui. - Cobra continuava sério.

Duca percebeu a ausência de Cobra. Olhou para o lado e o viu no outro lado da rua com Jade.

– Parabéns! Você merece vagabundo. - Jade acariciava o rosto do rapaz, porém ele tirou a sua mão dali. - O que foi?

– Você ainda pergunta? - Jade o olhou confusa. - Você foi embora sem se despedir de mim Jade. Veio correr atrás do seu sonho se esquecendo completamente da minha existência! Você nem se deu ao trabalho de atender as minhas ligações...

– Cobra você não entende que... - Jade estava com os olhos cheios de lágrimas.

– Sabe qual é o seu problema? Você só pensa em você mesmo! Não se preocupou nem um pouco comigo... Você realmente gostava de mim Jade?

– Eu te amo... - Jade respondeu, deixando uma lágrima cair.

A bailarina viu uma lágrima no rosto de Cobra, que ficou em silêncio. Duca, que observava a cena se aproximou.

– Jade? - Duca sorriu.

– Oi Duca. Parabéns! Fiquei sabendo que vai treinar em uma academia daqui... - Jade enxugava as lágrimas.

– Vou sim.

– Vamos Duca? Ainda estou cansado da viagem. - Cobra saiu andando, e Duca foi atrás.

– Espera! - Cobra parou e virou - se para encarar Jade.

– Obrigada...

Cobra não respondeu nada, apenas olhou pra frente e continuou andando, com os olhos cheios de lágrimas. No fundo estava feliz em revê - la, porém acreditava que havia sido abandonado há dois anos atrás. Jade correu até Duca, pegou em seu braço e lhe entregou um papel. Cobra não percebeu que Duca não estava mais ao seu lado, afinal tinha muita gente em volta.

– Entrega isso a ele. Por favor! - Jade lhe entregou o papel e Duca pegou, afirmando que iria entrega - lo a Cobra com a cabeça.

Viu o rapaz longe, então correu para alcança - lo. Jade caminhava feliz, chorava e sorria ao mesmo tempo emocionada. Seu coração estava acelerado, dois anos depois o cara que ela ama reapareceu em sua vida. Jade chegou ao apartamento, abriu a porta e viu Sara.

– Boa tarde Jade! - Sara beijou a testa da garota.

– Sara você não vai acreditar! - Jade estava animada. - Eu vi ele! Ele está aqui...

– Quem Jade?

– O Cobra! O grande amor da minha vida. - Os olhos de Jade brilhavam.

– Aquele rapaz que sua mãe não gosta? O motivo de você ter vindo pra cá? - Sara estava surpresa.

– É ele mesmo! - Jade se jogou no sofá. - Sara estou tão feliz! Ela está do mesmo jeito, não mudou nada!

– Ele veio atrás de você?

– Não. - O sorriso no rosto de Jade sumiu. - Na verdade ele está magoado... Ele acha que eu o abandonei, e não avisei que ia viajar porque eu não quis! Ele veio lutar profissionalmente...

– Nossa Jade... - Sara sorriu impressionada. - É muito coincidência!

– Não Sara... É destino! - Jade deu um sorriso enorme. - Sara não conta pra minha mãe que eu vi ele por favor!

– Jade eu...

– Por favor! - Jade juntou as mãos.

– Ok, não falo nada! - Sara abraçou a menina. - Que bom que você está feliz. Desde que chegou nunca tinha visto assim!

– Obrigada! - Jade beijou o rosto da mulher.

Jade entrou em seu quarto, se jogou na cama e agarrada ao travesseiro se pôs a pensar no que havia acontecido naquela tarde. Um sorriso apareceu em seu rosto, só de pensar que Cobra estava ali, perto dela, seu coração se alegrava. "A gente ainda vai ficar junto vagabundo..." pensou.

Um pouco longe dali, Cobra abriu o apartamento e sentou - se no sofá. Em sua cabeça estava um confusão. Dois anos depois, ele a reencontrou. "Ela está ainda mais linda." disse com um sorriso no rosto. A verdade é que aquele encontro mexeu muito com o lutador, ele estava muito feliz em revê - la, e o que ele mais queria era estar com ela naquele momento. Como ele estava com saudades de sua dama.

Já era noite, Cobra comia um sanduiche quando Duca tocou a campainha.

– Oi. - Cobra voltou para a cozinha. - Quer um sanduiche? - Gritou.

– Não. - Gritou Duca que estava sentado no sofá. - Na verdade eu vim te entregar uma coisa! Importante.

Cobra largou o prato com o sanduiche em cima do balcão e foi até a sala, apenas com um copo de suco de laranja na mão.

– O que? - Cobra o olhou sério. Duca apenas se levantou ficando de frente ao rapaz e lhe entregou o papel que Jade havia dado a ele. - O que é isso?

– É o número da Jade! - Duca sentou - se novamente. - Já que você não quis falar com ela...

Cobra sentou - se no sofá e ficou pensativo. Estava com o número de Jade nas mãos, mais tinha uma dúvida: "Ligo ou não ligo?" pensou. Observou bem o papel, e percebeu que atrás tinha o nome da companhia de dança que Jade estudava.

– Se eu fosse você eu ligava! - Intrometeu - se Duca, depois de minutos em silêncio.

– Por que eu faria isso? - Cobra levantou - se e jogou o papel em cima da mesa de vidro a sua frente.

– Talvez porque você a ama.

– Esqueceu que ela me deixou? - Cobra pausou. - E além disso, ela é passado.

Duca suspirou, sabendo que Cobra não tinha esquecido a bailarina. Levantou - se novamente, colocando a mão em seu ombro.

– Será mesmo que ela te deixou? - Duca andou até a porta e saiu.

Cobra sentou - se no sofá e colocou as mãos na cabeça. Sabia que ainda amava Jade, mais era muito orgulhoso. Resolveu ir dormir, afinal no outro dia bem cedo ia realizar o seu primeiro treino na nova academia, iniciar a sua nova vida. No dia seguinte, Cobra acordou antes do previsto, estava muito ansioso. Tomou café e desceu para se encontrar com Duca, como haviam combinado. Com eles, tinha um homem que ia leva - lós até a academia.

Jade também despertou cedo para ir até a companhia de dança. Precisava ensaiar para a sua apresentação, que já estava perto.

– Muito bem Jade! Está cada vez melhor. - A professora sorriu para a garota.

– Obrigada.

– Gente, tenho um aviso importante! - A professora bateu palmas atraindo a atenção de todos. - A nossa apresentação vai ser antecipada. Por algum motivo desconhecido, vai ser daqui a duas semanas. Tudo bem? - Perguntou, e todos assentiram. - Ótimo! Descansem, depois vamos repassar a coreografia.

Jade estava muito bem nos ensaios, porém nervosa. Era a primeira apresentação que séria a protagonista, a dançarina principal.

Enquanto isso, Cobra e Duca conheciam a nova academia. Seu novo mestre era bem mais exigente do que Gael, afinal aquela era a melhor academia de muay thai do mundo. Foram muito bem recebidos, porém entendiam pouco o que os seus novos colegas de treino falavam. Já o mestre, falava várias línguas, entre elas o português. Naquele mesmo dia, iniciaram os treinos, satisfazendo o mestre, que de cara viu o potencial dos rapazes brasileiros.

– Muito bem jovens! - O mestre se aproximou dos dois. - Vejo que são talentosos! Se continuarem assim, vão longe...

Cobra sorriu ao ouvir aquilo. Estava muito cansado, o esforço físico era bem maior do que estava acostumado, porém estava se esforçando. No final do dia, Cobra e Duca saíram com o mesmo rapaz que os trouxeram. Pela janela do carro, observava a paisagem, quando algo lhe chamou atenção. Miami City Ballet, o mesmo nome que estava escrito no papel de Jade. Cobra observou o prédio grande, e não pôde deixar de pensar na garota.

Ao chegar no apartamento, Cobra foi direto para o banho. Ligou a televisão, sentou - se no sofá e começou a assistir a um filme. Olhou para a mesinha a sua frente, e viu o papel debaixo de um livro. Pegou o papel e ficou o observando por um tempo. Levantou - se e pegou o telefone, olhando fixamente para o aparelho.