Eduarda se recorda dos acontecimentos em sua vida, encostada num amontoado de travesseiros atrás de suas costas, acariciando sua barriga, já enorme.

Havia se passado sete meses desde que ela descobriu sua gravidez, neste meio tempo, aconteceu muita coisa.

O pedido de casamento de João Lucas, era a lembrança que ela mais prezava na vida. Quando Lucas, frente à praia, havia organizado um luau meio louco. Aquele dia ela quase caiu dura no chão.

Se lembrava dos momentos de depressão, quando sua mãe acompanhada de seu pai, foram lhe buscar no apartamento dos Medeiros, ao saber que ela estava grávida. Ela nunca iria se esquecer daquelas palavras acusadoras e cruéis que havia ouvido. João Lucas e seu pai quase saíram nos murros, quando Lucas viu Isaac arrastando Eduarda a força de dentro de casa. As marcas em seus braços, já não existiam, mas em seu coração, iria ficar para sempre marcado.

Apesar dos momentos ruins, existiam os bons. Aqueles em que Marta se dava bem com Du, conversavam como amigos, como mãe e filha. Aqueles em que Lucas lhe mimava, quando chegava em casa. Os bons momentos que, ao se lembrar, ela sorria feito boba, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Marta: Du? Você está melhor? - ela a confortava, colocando outro pequeno travesseiro em suas costas.

Du: Tô melhorando... - ela enxugava as lágrimas que ainda dançavam sobre sua pele. - O chá serviu, dona Marta. E eu que não acreditava em planta. - Marta sorriu.

A gravidez de Eduarda estava sendo difícil. Até agora, foram inúmeras consultas com dr. Marcos. As noites de sono, eram todas perdidas. As dores eram constantes, cólicas insuportáveis. João Lucas, havia se saído até agora um pai e noivo presente. Sempre estava ao lado dela pra tudo que ela precisava. Passava as noites mal dormidas, sem pregar o olho.

O casamento dos dois, já seria na semana que vem. Os preparativos eram poucos, já que seria uma festa simples, sem muito glamour, já que José Alfredo, havia falecido fazia seis meses.

Marta: Oh minha querida, você é guerreira! Te admiro muito. Mesmo as vezes não demonstrando... - ela lhe acariciou o rosto. Eduarda sorriu, estava mesmo precisando de todo o carinho do mundo. Marta, estava suprindo todo o amor e carinho que sua mãe não lha dava. - Ah, Natielle vai voltar amanhã! Ela ligou para o João Lucas.

Du: Que bom! Tô com uma saudade dela... - ela se animou.

Natielle, sua irmã, havia se mudado para São Paulo, havia seis meses também. Ela lá, iria fazer um curso sobre moda, para quando chegar aqui, iniciar a faculdade. Virou guerreira, arrumou um emprego e agora era independente. Eduarda se orgulhava dela.

O resto do dia passou tranquilo. As dores foram embora de seu corpo, e Eduarda se sentia melhor.

João Lucas, saiu da empresa, mais um dia de trabalho se passava. Apesar das dificuldades com a gravidez de Du, e das mudanças radicais em seu comportamento, Lucas estava gostando dessa nova fase.

Ele abriu a porta de seu quarto, tirando seu paletó e o colocando em cima de uma poltrona confortável.

JL: E aí, Du, como passou o dia? Tá melhor? - ele se sentou ao seu lado - Papai chegou! - disse brincalhão, com voz de bebê, dando dois beijos em sua barriga.

Du: Eu não acreditava em plantas, nem chás, mas agora... Lucas, elas salvaram minha vida! - ela sorriu, e ele riu - Oi papai. A gente tava com saudade... - ela correspondeu à brincadeira.

JL: Papai também tava morrendo de saudades. - ele continuava com a vozinha infantil - Mamãe, papai quer beijo! - Eduarda gargalhou.

Du: Seu bobo! - ela o beijou.

Eduarda abriu seus olhos e deu de cara com Lucas. Se espreguiçou-se na cama.

JL: BOM DIA PRA NOIVA E MAMÃE MAIS LINDA DO MUNDO! - ele saltou na cama.

Du: Bom dia.. - ela sorriu - Que animação, ein.

JL: Que foi? Nem parece que tá ansiosa pra casar comigo... - ele fez uma cara triste.

Du: Não é isso, lek. - Eduarda o chamou para um beijo.

JL: Não sei se vou conseguir te deixar sozinha hoje o dia todo... Tu tá gravidinha, precisa dos meus cuidados. - ele disse, no intervalo do beijo.

Du: Eu tô gravidinha, mas não tô mortinha... - ele riu.

Ouviram então, alguém abrir a porta. Deram de cara com Maria Clara, eufórica.

MC: BOM DIA! Lucas, larga a Eduarda! Hoje você só toca nela, depois do casamento. Du, a manicure já chegou e a cabeleleira, acabei de ligar pra ela, está a caminho.

Du: Ai meu Deus! Vai começar a agonia, o vestido, as cores, a tensão, a melancolia... SOCORRO! - ela disse, aos risos.

MC: Vai Lucas, some daqui! A Du vai começar a se arrumar. Mas antes, tu tem certeza que não vai fugir antes do casamento, né?

JL: Eu não sou tão louco assim, Clara. Deixa eu ir, logo! - ele lhe deu um selinho - Te vejo mais tarde... Fica bem linda! Qualquer coisa é só gritar. Se tu se sentir mal, me liga que eu venho correndo cuidar de você!

Du: Tá... - ela o beijou.

Depois de um banho, Lucas saiu. Começou ali então, a correria, os esmaltes, os cachos no cabelo, as medidas, a maquiagem.

Aquele dia seria realmente especial. Seria o começo de uma nova fase. Uma nova fase para os dois. Para os três. Ou quatro.