Meu primo tem 17 anos, mora em casa deis do ano passado, o motivo, brigou com a minha tia e veio pra cá, em troca ele ajuda meu pai que é pedreiro a fazer as coisas, mas o meu pai não acha justo ele não ganhar nada então paga meu primo do mesmo jeito.
–Eu vi você abraçando aquele cara, quem era ele? Onde você estava de verdade?
–Fiquei presa dentro da escola e fiquei lá até agora sozinha ele apareceu e me trouxe até em casa.
–Por que não ligou pra cá?
–Estava sem bateria. Me faz um favor... não conta pra eles não, por favor.
–Tá bem, mas tá me devendo um favor.
–O que você quer?
–Ainda não sei, quando decidir te aviso.
Meu primo é como um irmão para mim, sempre me protege e tenta me ajudar como pode. Ele terminou a escola no ano passado, fez muitas amizades, principalmente com meus primos por parte da minha mãe, que moram aqui perto. Mesmo assim fico muito preocupada com ele, essas outras ''amizades'' que ele está fazendo não sei se são muito... como poder dizer? Saúdaveis? Meus pais acham que ele pode estar envolvido com droga mas eu não tenho certeza disso.
Fui arrumar meu material escolar para as matérias do dia seguinte, lá estava dentro da mochila a blusa do Leandro que tinha ficado mega-grande em mim, por sorte escondi lembrei de esconder antes de entrar. O Leandro é mais alto e um pouco gordinho, o Romeu dois é magrinho tem cabelos pretos em uma franja, Leandro tem o cabelo curtíssimo e castanho claro, os dois têm os olhos castanhos escuros.
Eu me deitei, mas fiquei observando o local onde estava a blusa. Pensei em pega-la... não isso é errado... mas ele me emprestou e eu só vou poder devolver amanhã... não! Não vou pegar essa blusa, mas pensando bem eu estou com um pouquinho de frio acho melhor pegar uma blusa e aquela esta fácil. Não vou pegar e pronto! Mas ela tem um cheirinho tão bom de Leandro. Que? Cheirinho bom de Leandro? To ficando louca, eu não posso ter pensado isso. Me virei para o outro lado, estava de cara com a parede, sem fazer nada só pensando que o cobertor não estava esquentando meus braços. Decidi, vou ir até meu guarda roupa e pegar uma blusa MINHA. Fui andando tentando desviar os olhos da blusa do Leandro, de tanto desviar os olhos bati meu pé na cadeira onde estava a blusa, machuquei o dedinho mindinho, cai no chão do lado da cadeira, esfreguei meu dedinho até a dor passar. Levantei ainda com ''frio''. Meu dedo estava machucado, eu não poderia mais ir até o meu guarda roupa e voltar só tinha força suficiente para ir. Então pensei 'por que não pegar a blusa do Leandro? Ele nem vai usar ela mesmo, e não tem por que eu pegar outra sendo que essa está na minha mão praticamente. Certo?', finalmente peguei ela e fui dormir. Acho que eu conseguiria sim ir até o guarda-roupa isso era só 'fogo no zoio' (minha prima que fala assim).
–Levanta... vamos lá...- Falei isso enquanto tentava abrir os olhos naquele escuro numa manhã de quinta-feira. Para mim o pior dia para se acordar.
–Jeni!- Porcaria, a Ingride acordou...-Você tem escola agora de manhã, eu não. Se eu quiser durmo até as 8:00.- Parece pouca coisa mas não é! É ótimo quando eu posso dormir até as 8:00 nos fins de semana. Ela adora me chacoalhar para lá e para cá. Sabe que isso me irrita, se ela fizer isso de novo...
–CHEGA!- Peguei ela pelos braços joguei na cama e comecei a dar cocegas nela.
–Ai! P-para! Há há há!- Peguei minhas coisas e fui me arrumar.
Depois dessa cena você vai imaginar ''nossa você adora sua irmã, né?''. NÃO! Ela é mais nova que eu 5 anos, então seria injustiça e até covardia bater nela. Vejo um monte de meninas da minha sala que batem nas irmãs mais novas, e quem tem irmãs mais velhas que batiam nelas, hoje não são boas referencias na minha opinião. Essa coisinha pode não ser perfeita, mas é minha irmã de qualquer forma e a ultima coisa que eu quero é que quando eu pedir pra ela pegar uma coisa para mim, ela lembrar algo que eu fiz antes e se recusar a pegar. Brincadeira, não sou tão preguiçosa assim (tá, sou sim).
–Bom dia. Filha? Que blusa é essa?- Nossa, eu ainda estou usando a blusa do Leandro.
–Essa... estava no carro da professora. Acho que é do sobrinho dela. Ela me emprestou porque eu não tinha levado uma.
– Lave antes de devolver.
–Está bem. -Não gosto de mentir para meus pais mas essas coisas não aconteciam até esse ano.
Ano passado não tinha um menino inútil o suficiente para reprovar até em artes, em uma matéria que na minha sala só é preciso entregar os trabalhos e fazer qualquer desenho, a professora não julga se você desenha mal ou bem.
NOSSA! Eu me esqueci totalmente, o Leandro vem me buscar hoje pra irmos juntos para a escola, mas o carro da minha mãe já está bom.
–Mãe... eu vou para escola com um colega que mora aqui perto.
–Um colega? Você nunca fala dos seus amigos.- Ela foi abrindo um grande sorriso, tipo, muito grande mesmo daquele que até dá medo. - É amigo ou amiga? É da sua sala? Quanto tempo vocês se conhecem? Por que só me falou desse seu amigo agora? Quando vou conhece-lo ou conhece-la?- São muitas perguntas de uma só vez nem sei qual responder primeiro.
–Mãe, não é amigo, é colega, na verdade é conhecido. Ele faz parte daquela peça de teatro que iremos encenar, lembra?
–E ele se ofereceu para ir com você para a escola?
–Sim, ele falou que ia se passar aqui.
–Quer que eu leve vocês dois?
–N-não precisa não, mãe. A escola até que é pertinho, pode ficar calma, ele é legalzinho.
–Legalzinho? Vai ser necessário que eu o conheça? Vou levar vocês de qualquer jeito. Vai tomar seu café e termina de se arrumar.
Depois dessa nem tem como dizer não, e nem vou tentar. Ela não fica animada assim deis de que eu fui obrigada a dançar na festa junina da escola na 5º série com um menino que era meu melhor amigo depois que conheceu meus pais ele nunca mais falou comigo. Nunca fui do tipo de ter muitos amigos , diferente das meninas eu não gosto de maquiagem, nem de boneca e muito menos de sapatilha, maquiagem só no Halloween, não sou do tipo de fazer amizades com outras meninas , não sou do tipo de fazer amizade.
–Jenifer! - Ouvi uma voz me chamando vindo do portão, desci as escadas correndo. Chegando lá vi a minha mãe falando com o Leandro.
–Vamos entrando crianças!
Entramos no carro.
–Oi Leandro. - Falei baixinho.
–Oi Jenifer... por que vamos com a sua mãe?
–Ela insistiu em nos levar, achei melhor deixar. Por que? Isso te preocupa?
–Não, é que iremos chegar vinte minutos adiantados.
–Mãe, por que vamos tão cedo?
–É que hoje tenho que chegar mais cedo no trabalho. - Minha mãe estava correndo. Chegamos em dois minutos de silencio intermináveis.
Minha mãe teve uma tentou ligar o rádio durante a viajem, mas foi mais ou menos assim:
''-Filha qual botão que liga o rádio mesmo? Há, lembrei! Só apertar aqui né?
–Sim mas não esquece de abaixar o vol...- E veio aquele som no máximo que eu tinha esquecido de abaixar da ultima vez que eu tinha mexido.- Desculpa esqueci de abaixar!
–O que que você disse?
–DESCULPA!
–FILHA COMO EU DESLIGO ISSO?
–CALMA AÍ! - Atá, até parece que eu pensei que ela tivesse pensado em se jogar pela janela só para diminuir o barulho de heavy metal latejando em sua cabeça. Olhei para traz rapidamente e o Leandro estava com as mãos nos ouvidos, com uma cara de quem estava odiando o que estava ouvindo. Pulei do banco de trás para o banco da frente o mais rápido que pude e desliguei o rádio e assim continuou o silencio...''
–Tchau mãe, obrigada. - Ela me deu um beijo na testa.
–Tchau, dona mãe da Jenifer.
–Tchau crianças, boa aula meus amores.
Meus amores? Ela nunca me chama de 'meu amor'.
– Sua mãe é bem divertida! - O Leandro fala logo após ela sair correndo asfalto a fora.
–Divertida? Ela deve ta passando mal ou algo assim...
–Ué, por que você ta dizendo isso?
–Ela nós chamou de 'meus amores'.
–Atá, pensei que seu pai era tipo que nem você ou que você tinha vindo defeituosa.
–C-como assim defeituosa?
– Sei lá sua mãe tão divertida e alegre e você tão tímida e séria, só se você tivesse puxado seu pai ou veio com defeito mesmo.
–Nossa, obrigada por jogar na minha cara que eu sou chata. Bom minha mãe não é assim comigo só com minha irmã e meu pai que é divertido, gosto muito dele.
–A gente chego muito cedo você não acha?
–Sim...
–Vem vamos alí o parque que tem aqui perto.- Ele saiu andando, parou olhou para traz e perguntou esticando o braço para mim. - Você vem?
–S-sim vou sim - Fiz o movimento para segurar a mão dele e ele me puxou e fomos correndo seis e pouco da manhã feito dois doidos para um parque que eu imaginei estar deserto essa hora... espere aí. Nós dois vamos para um parque deserto as seis e pouco da manhã sozinhos, só eu,ele, algumas árvores e poucos raios de Sol que ainda estão pensando em aparecer por completo. Ok, super normal, somos ''amigos'' eu acho, e eu sou menos chata e mais liberal... Liberal o caramba! Eu não vou ir no meio do mata com esse cara ai que me roubou um beijo na aula de artes com toda sala vendo, imagina o que ele vai fazer comigo sozinha....... NÃO, não imagina não.
–Por que vamos no parque se tem tantos outros lugares mais povoados do que lá?
–Povoados? O que? Agora você gosta de gente, é? Vem vamos logo!
Não tive escolha (na verdade sim você tem escolha, mas preferiu ir no parque porque você não consegue dizer não para aqueles olhos) isso não é verdade eu posso dizer não para ele quando eu quiser.
Depois dos meus devaneios e alguns segundos correndo chegamos em um parque que estava com os portões trancados.
–Que pena não vai dar para entrar vamos embora. - Falei com uma mistura de ironia e alivio ao mesmo tempo.
–Se você vai ficar tão triste assim nós daremos um jeito de entrar! -Ele se abaixou e fez pesinho para mim subir.
–Não Lendro você tá doido? Daqui a pouco temos aula!
–Se você não ficar enrolando a gente vai embora rapidinho. O que você acha senhorita chata?
Senhorita chata, sério? Esperava mais.
–Então senhor ''péssimo em apelidinhos ridículos'' -Falei com deboche enquanto retirava a mão dele do meu caminho. -eu não preciso da sua ajuda, ok? Se for para quebrar as regras pela primeira vez, eu farei isso sozinha!
Subi em uma lixeira que tinha encostada na parede e como sou alguém muito forte (já contei que sou uma tripa seca?) não consegui subir no resto por falta de um impulso, sim aquele muro era extremamente alto.
–Quer ajuda ai em cima? Precisa de impulso não é?
–Talvez...- Falei baixinho um tanto desapontada.
Ele subiu na lixeira junto comigo.
–NÃO, SOBE NÃO! Ela não vai aguentar nós dois!
–Como se você fosse muito gorda, né?
–Cala a boca!
Tipo eu sei que sou magra mas odeio que as pessoas fiquem comentando sobre meu peso.
Em alguns instantes ele já estava ali do meu lado, nem eu nem ele podíamos nós mexer muito por falta de espaço. Estávamos muito juntos mesmo, a ponto de eu conseguir sentir sua respiração.
– Consegui e a gente não caiu, você não acha isso bom?
–Sim.
–Então tava preocupada comigo?
–N-não, tava preocupada em não cair isso sim.
–Se você cai-se eu te pegaria.- Corei
–C-como você ia me pegar se fosse cair junto comigo?
–Me jogava e conseguiria, por você!
–Cala boca e - Ele me cortou.
–Me beija? - Leandro tentou completar. Ele vinha se aproximando de mim cada vez mais, com delicadeza e levantou a mão para tocar em meu rosto, não parava de fitar minha boca. O que eu vou fazer? Deixar ele me roubar outro beijo?