A Dança das Serpentes escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira femmeslash... peguem leve... huehue



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- Anda, Daphne. Deixa de ser frouxa!

Eu ainda queria entender como Mila havia me convencido de matar a aula de Poções.

Ai, ai, ai... Snape ia matar nós duas.

- Pare de correr, Bulstrode.

- Quer ser pega pelo professor? – ela me encarou, petulante – ótimo... então continue correndo, cabide.

- Eu não sou cabide! – reclamei, dando um puxão em sua mão, que estava fechada em meu pulso – espera!

Puxei Mila para trás, impedindo-a de dar um encontrão com aquela menina psicótica da Grifinória.

- Olhe por onde anda, Bulstrode.

Eu não estava gostando nada do modo como a garota nos encarava. Parecia saber que estávamos fugindo da aula... provavelmente tinha até certeza, dado que ia fazer o próximo horário com Snape.

- Sai da frente, Granger!

- É, sai da frente, Granger.

Ela se afastou, com os olhos revirando, enquanto continuávamos nossa corrida pelos corredores.

- Chega! – exclamei, exasperada, empacando outra vez atrás de Mila, após quase cinco corredores – já estamos no Salão Comunal... – franzi o cenho – estamos no Salão Comunal... o que viemos fazer aqui?

- Você pergunta demais – fungou Mila – espere aí, a senha... cascavel!

A parede se abriu, nos acolhendo dentro do Salão Comunal. Segui Mila, ainda me perguntando o que diabos íamos ficar fazendo ali que era tão melhor do que cozinhar uma Poção do Sono.

Como todos da Sonserina estavam na aula, o subterrâneo estava vazio.

- Temos os dormitórios e a sala todinhos para nós! – Mila bateu palmas, animada. Finalmente me permiti dar uma risada, enquanto via a alegria dela. Parecia uma pirralha outra vez.

Fui até o sofá, tendo uma ideia.

- Ei, Mila.

- Fala, Grengrass.

Gargalhei quando a almofada verde que joguei em Mila acertou seu rosto.

A expressão dela parecia furiosa, mas pude ver que se divertia por dentro.

- Você não fez isso.

- Fiz sim.

Desviei, rindo, das duas almofadas que ela arremessou. Comecei a correr pelos sofás, fugindo de sua mira.

- Volte aqui, sua peste! – Mila começou a me perseguir – quando eu te pegar...

Era quase uma coreografia: ela tentava me pegar, e eu desviava. Isso aconteceu por quase um minuto, até eu resolver fugir.

Desci correndo as escadas, em direção ao nosso dormitório, tentando me esconder. Assim que entrei, procurei uma cama e me escondi embaixo, segurando o riso.

Meu coração pulsava rápido, parecendo tão emocionado e animado com a brincadeira quanto eu.

- Daphne... – ouvi a voz de Mila ecoar dentro do dormitório, dramática – onde você está, sua cobrinha sapeca? Não vou fazer nada não... só te dar uma travesseirada bem na fuça!

Segurei a respiração quando as pernas dela passaram pela cama em que eu estava escondida. Minha nossa... aquilo era de dar nos nervos, mas era muito divertido.

- Ahá!

Gritei quando senti duas mãos se fecharem em meus tornozelos e me puxarem para fora.

- Ah, não!

Fui golpeada várias vezes com um travesseiro de cor creme.

Ri de novo, fingindo me debater.

- Socorro!

- Ninguém vai te ouvir daqui... não tem ninguém pra te salvar – Mila riu, continuando seu assalto.

Chutei de leve as pernas de Mila, aproveitando para dar impulso e me levantar. Eu ainda apanhava, mas consegui me agarrar ao colchão e subir, deitando-me e erguendo as pernas para impedir os golpes do travesseiro.

Caramba... aquilo era muito bizarro...

- Abaixa... – Mila mordeu o travesseiro, usando as mãos para tentar segurar minhas pernas – não, não!

Usei meus pés para chutar Mila para o colchão, fazendo-a cair do meu lado.

- Toma essa, Bulstrode! – ri, segurando sua mão.

Ela pareceu invocada, mas não aguentou fingir e gargalhou.

- Sua bobona...

Sentia a respiração acelerada de Mila em meu rosto. Seu sorriso esgarçado de humor, seu corpo sacolejando de risinhos, e seus olhos, pretos como a noite, encarando-me.

Ela parou de sorrir, apenas continuando á me fitar.

Não sei explicar o que aconteceu em seguida.

Em um momento, estávamos apenas ali, olhando uma para outra.

No outro, para meu completo choque, nossos lábios estavam unidos num beijo.

Estaquei, paralisada.

A boca dela era surpreendentemente macia, assustadoramente carinhosa.

Pisquei, afastando um pouco o rosto, quase anestesiada de espanto.

- Mila...

Ela olhou para mim. Parecia tensa... receosa.

- Daphne... eu... desculpe. Eu sempre quis dizer isso... só não sabia como.

Meu coração ribombou.

A ternura me invadiu, tão espantosamente quanto o choque.

- Acho que eu também não saberia responder... – engoli em seco - sempre fomos amigas.

- Eu não quero ser sua amiga! – Mila se ergueu, com os olhos sobressaltados – eu te amo, Daphne!

Minha garganta se fechou. Então tudo... faltar a aula, a brincadeirinha dos travesseiros... claro.

Soltei uma risada baixa e nervosa.

E, para meu alívio, voltar á beija-la foi muito mais fácil desta vez.

Senti os braços de Mila se fecharem em minha cintura. Um deles desceu até minha perna, afagando delicadamente o ponto entre o joelho e a coxa.

Abracei seu pescoço, sentindo o sorriso dela em minha boca. O calor de seu corpo, a maciez de seus lábios, tudo isso, faziam minha pulsação disparar e meu estômago se derreter de carinho.

- Também te amo, Mila.

A reação dela foi impressionante. Ela soltou minha cintura, só para me dar um abraço de pura felicidade. Gargalhei, enquanto caíamos de volta na cama, entrelaçadas.

Parecia que tudo dali em diante seria perfeito... e assustador, provavelmente.

Mas o maldito sinal soou acima do teto.

Entreolhamos-nos outra vez. Mila estava corada e ofegante.

- É melhor subirmos. Vão perguntar por onde andamos.

- Inclusive o Draco – ela bufou.

- Do jeito que é assanhado – desdenhei – ia mais era descascar a banana se nos encontrasse aqui.

Gargalhamos enquanto levantávamos da cama.

Não dissemos mais nada pelo resto do dia, enquanto íamos para as demais aulas.

Nem comentamos o porquê não aparecemos na aula de Poções com ninguém. Ia ser nosso segredo.

Mas meu coração estava infinitamente mais leve – e, quem diria, completo – quando a noite finalmente trouxe a lua e as estrelas para nosso dia.

E, enquanto via Mila ao meu lado, deitada em sua própria cama, sabia que não estava dormindo.

Pois provavelmente ainda estava se lembrando, assim como eu, da secreta e maravilhosa dança das serpentes que ocorrera entre nós duas.


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Notas finais do capítulo

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