Família Dixon escrita por Andhromeda


Capítulo 4
E do desespero nasce a força


Notas iniciais do capítulo

Povo, muito obrigado pelos comentários!
Adorei cada palavra - e mesmo com a demora na resposta - li cada um no minimo umas 5 vezes. Ate mesmo obriguei a minha mãe a ler - como minha progenitora, é obrigação dela aceitar as minhas excentricidades u.U
Bem, esse papo todo é só p/ agradecer a vocês por fazerem o meu coração feliz...
Espero que goste!



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Os três dias após o incidente com os errantes, tinham rastejado em uma mistura de acessos febris e desespero.

As feridas de Daryl – uma fenda profunda e áspera em sua coxa, cortes espalhados acima do quadril através de suas costelas do lado esquerdo e um longo e irregular, corte no braço – não estavam nada bem.

Tudo resultado de um pára-brisa quebrado.

Beth tinha feito o seu melhor, em primeiro lugar para fechar o pior deles – o da sua coxa e do quadril – mas ela não tinha nada que pudesse costurar as feridas, apenas alguns antibióticos e curativos esterilizados.

No dia em que tudo havia dado errado, ela tinha feito o que podia para carregar – arrastar – Daryl ate o carro, onde ele tinha sagrado por todo banco do passageiro. O caçador havia dito – entre grunhidos fracos e muitas vezes incompreensíveis – para continuarem. Porém, quando a noite caiu, ele estava cinza e batendo os dentes.

A Greene já havia observado seu pai cuidar de feridos o suficiente para compreender as etapas do choque por perda de sangue e sabia que se não fizesse nada, ele provavelmente... morreria.

Impulsionada por puro desespero, no dia seguinte, a garota conduziu o carro direto a uma cidade – o que estavam evitando fervorosamente, já que cidade significava mais errantes, mais errantes significava; morte certa.

De alguma forma milagrosa, Beth conseguiu desviar dos zumbis, fazer um malabarismo com um Daryl quase inconsciente e Judith, e se trancar num quarto de hotel com uma escada de incêndio e uma porta para um segundo quarto.

Ela teve que se aventurar por duas vezes do lado de fora – para trazer outro veículo ate a parte inferior da escada de incêndio, no caso de o lugar ser invadido, e na tentativa desesperada de encontrar a medicação para ele.

Na primeira vez, o caçador estava acordado o suficiente para bloquear a porta atrás dela, enquanto Beth ignorava seus protestos.

Na segunda vez, foi diferente.

Daryl entrava e saia da inconsciência, por isso ela foi obrigada a trancar Judy em um armário, segurando as lágrimas e sufocando seu rostinho confundido com beijos. Deixou uma garrafa de água, biscoitos e alguns brinquedos com ela.

Engoliu o pânico, saiu pela janela e logo depois pela escada de incêndio.

Com nada mais que uma arma, sua faca – ou de Daryl, ainda não tinham conversado sobre isso – e a certeza de que se não voltasse, seu caçador e a sua bebê estariam perdidos.

*

Isso tinha sido ontem, pensou a Greene freneticamente.

Voltou para os gritos de Judith e dois errantes empurrando a porta do seu quarto, tentando entrar – a porta estava trancada por dentro, mas a garota sabia que dois não eram muita coisa, porém, eles atrairia outros e a porta iria acabar cedendo, mas Beth simplesmente não tinha a coragem necessária para resolver o problema.

Daryl estava inconsciente no chão entre a cama onde ela o deixou e a porta, sangue se espalhava por toda parte – a besta ainda em sua mão.

Você nos...deixou – gemeu o caçador, quando Beth o ajudou a voltar para a cama.

Eu sinto muito, Daryl – sussurrou, lagrimas embaçavam a sua visão – não tive escolha.

Você...me...deixou – ele acusou, no seu ultimo momento de lucidez, logo depois voltou a cair em seus sonhos febris.

Judith soluçou por uma hora, enquanto Beth tentava acalmá-la de todas as formas que podia.

O bolo do pânico estava preso em sua garganta, mas por mais que necessitasse desesperadamente chorar, a Greene não sucumbiria.

Em toda sua vida ela nunca tinha sido responsável pela segurança ou bem estar de outra pessoa, antes do mundo acabar, Beth era a filha caçula, a meiga e alegre, sempre protegida pelo pai e irmão super protetores. Mesmo quando estava na prisão, jamais estava na linha de frente das batalhas e ninguém nunca a tinha ensinado a usar uma arma, porque ela sempre estava atrás das grades.

Segura.

Rick a tinha dado Judy para cuidar, mas não para proteger.

Ela sempre era aquela que se preocupava pela segurança dos corajosos, não pela sua. Porque sempre existiam pessoas como Daryl Dixon para salva-la.

Não mais.

Agora a vida dele dependia dela

Respirando fundo, Beth Greene colocou cautelosamente Judith no armário – a menina dormia tranquilamente – trancou suas portas e se preparou para matar os errantes que arranhavam a porta com avidez.

**

Ela arriscou tudo por alguns analgésicos e um único tubo de anti-séptico, e não foi o suficiente.

Daryl tinha febres absurdamente devastadoras, sua forma esguia e forte, estava ficando a cada dia mais fraca. E não tinha muito que Beth poderia fazer, alem de vigiá-lo, fazer compressas com a água morna e lamacenta das torneiras do hotel e colocar em sua testa suada. Também manteve seus ferimentos tão limpo quanto pôde, mas a infecção rançosa era inevitável.

Ela se lembrou de uma vez ter visto em um documentário na tv – muito antes do dia Z. – que durante a Guerra Civil, a maioria dos soldados morria não pelo ferimento em si, mas pelos sintomas que o sucediam e a falta de tratamento adequado.

Estamos tão ferrados.

Ela não tinha dormido mais que breves momentos – na saída de incêndio ou encostado na parede – uma vez que Daryl tinha ficado doente. Eles estavam com pouca comida, e o quarto fedia a vômito e suor velho.

O caçador não estava ficando melhor e Beth estava aterrorizada.

***

Seu quinto dia estava amanhecendo sobre eles.

Beth estava apoiada no parapeito da janela, Judith brincava no chão com alguns copos descartáveis que ela havia encontrado pelo quarto. Daryl murmurava através dos pesadelos incoerentes e alucinados.

Teve que segurá-lo o melhor que pode durante a noite anterior, enquanto ele gritava para Merle "fazer parar de doer". O caçador sangrou ao longo dos últimos curativos limpos e Beth estava chorando de novo quando ele finalmente desmaiou para a inconsciência.

A Greene tinha percebido que havia monstros no passado dele, muito antes dos mortos voltarem a andar.


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Notas finais do capítulo

Sobre o titulo " E do desespero nasce a força": Escolhi esse titulo pq o seriado sempre mostra a Beth como uma garota boba e inocente, que nunca enfrentou o perigo real e tal - ou pelo menos eu imaginava ela dessa forma!
Só que com os últimos acontecimentos ela foi meio que obrigada a ser forte, se não todos eles estariam mortos no próximo por do Sol. Acho que todas as decisões da nossa querida Greene, foram doutrinadas pelo desespero, não coragem.
Enfim, espero suas sinceras opiniões!