Férias escrita por Choko


Capítulo 1
Capítulo Único.




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Até mesmo países precisavam descansar às vezes. Tirar férias. Ficar um tempo - nem que fosse só olhando para o teto- sem pensar muito na vida, sem preocupações.

Islândia foi então convencido a tirar os dias de folga mais cedo.

— Você vai gostar de lá, Ice-kun! – dizia Finlândia, animado, enquanto arrumava uma das malas.

— Aquele lugar é o paraíso na terra!! – gritou o dinamarquês do outro lado do quarto – Não é Nor?

— É bem abafado... - O norueguês suspirou.

Suécia não falou nada. Apenas balançou a cabeça, concordando.

Aliás, todos já tinham visitado a ilha de Seychelles em algum momento - Quando? Em que ano? O mais novo se perguntava- ...menos ele.

Não que já não estivesse acostumado a ser excluído do grupo em alguns momentos, mas...

...ainda assim se sentia incomodado.

Aliás, por que estavam tão empenhados em ajuda-lo a arrumar as coisas?

— Não precisam me ajudar com isso, não sou uma criança. – falou emburrado.

— Que isso, não é trabalho nenhum para nós! É até divertido! – o finlandês sorriu.

— É! Não é como se estivéssemos fazendo isso de propósito, para que você não atrapalhe n-

Alguma coisa pesada acertou a cabeça de Dinamarca, fazendo-o se calar.

Por que pareciam querer se livrar dele? O que estavam aprontando, afinal?

Islândia olhava para os outros nórdicos, desconfiado.

— Vai precisar de uma boia? - perguntou Noruega.

— Eu já sei nadar!! –exclamou, corando.

A boia foi colocada em uma das malas, apesar de seus protestos.

— Hm, protetor solar...ok! Roupas para uma semana...ok também! E... – Finlândia checava a lista que tinha feito para ver se não faltava nada.

— Eu posso levar tudo sozinho. E também sei chegar até o aeroporto...

Foi ignorado.

Suécia carregou quase todas as coisas. Seguiram então para o seu destino.

— Tenha uma boa viagem!!! – gritou Dinamarca, sendo acertado na cabeça por Noruega em seguida. Islândia, já da janela do avião, fingiu que não conhecia aquele ser escandaloso. A vergonha estava estampada em seu rosto.

— Esses caras...tinham mesmo que me acompanhar até aqui?!

Logo o avião partiu.

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— ...tão...quente...

O sol do meio dia parecia que poderia fritar qualquer coisa. O ar era abafado também e ao invés de se sentir em uma ilha, sentia-se no meio de um deserto.

Quer dizer, aquele lugar para ele era o fim do mundo mesmo. Não havia passado nem cinco minutos ali e sentia saudades de casa. Nenhum sinal da anfitriã no aeroporto e ele teve que se virar sozinho para sair de lá.

Islândia, já cansado, sentou-se debaixo de uma palmeira – o único lugar com sombra que encontrou - e ficou observando os habitantes daquele país.

Perto da praia um grupo jogava bola.

— Será que só tem isso para fazer por aqui...?

Mr. Puffin – que o acompanhou também- se afastou um pouco do islandês e quase foi acertado. Xingamentos foram gritados pelo pequeno papagaio-do-mar.

Islândia segurou seu bico para evitar que falasse mais algum inconveniente e alguns nativos do local pararam o que estavam fazendo para olhar para ele.

— Droga...em que lugar horrível eu fui ficar...

Não queria se justificar com aquelas pessoas. Ele só queria...

— Desculpa! Eu me atrasei! Você é o Emil, certo?

Tomou um susto. De onde aquela garota havia surgido?!

— É Islândia para você!! –respondeu Mr. Puffin por ele.

— Que seja... – ela suspirou – Sou Seychelles! Seja bem-vindo à minha casa! Espero que esteja...

— Deixe-me em paz.

Seychelles gostava de recepcionar bem todos os países. Mesmo que nem todos fossem simpáticos com ela.

— Então, gostaria de dar um passeio pela ilha?

— Dispenso.

— Também temos outras opções aqui! Como um passeio de barco! Ou...

— Já disse que não quero.

— Tudo bem... – suspirou - Vou deixa-lo sozinho.

Ele ficou mais tranquilo quando a viu se afastando.

— Preciso voltar logo...não quero mais ficar aqui.

— Esse lugar é...HO-RRÍ-VEL!!! – e a pequena criatura tinha voltado a se manifestar.

— Fique quieto!

Novamente pessoas olhando para ele de modo estranho. E aqueles olhares o deixando desconfortável.

Resolveu fechar os olhos, se acomodar melhor debaixo daquela árvore. Usou uma das malas como travesseiro e esperou que o sono viesse. Talvez conseguisse dormir e, quem sabe, quando abrisse os olhos já não estivesse no avião de volta para casa?

E esse era só o seu primeiro dia...

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Era final de tarde quando, enfim, abriu os olhos. Um lindo por do sol refletido pela água do mar, essa foi a visão que teve. Ele estava sozinho – nenhum sinal dos nativos e...onde tinha ido Mr. Puffin?! – mas não se importou.

Era melhor assim.

Levantou-se e bateu nas roupas para tirar os grãos de areia que grudaram. Estava um pouco mais fresco ou, pelo menos, era o suficiente para ele manter o casaco sem sentir mal estar.

Foi levando as malas e tentando se lembrar do caminho para o aeroporto – não passaria mais um dia ali, não!

Isso até Seychelles aparecer novamente. Mr. Puffin era abraçado – ou melhor, quase sufocado- por ela.

— Já cansou de ficar na praia? Gostaria de...

— Cansei de ficar aqui. Onde fica o aeroporto?

— Hã?!

— O aeroporto, não ouviu?

— Sim, eu sei onde fica, mas...

— Não me faça repetir.

Mr. Puffin tentou falar – parecia estar pedindo socorro- mas não conseguiu completar a frase.

— Bem, que eu saiba era para você ficar aqui por uma semana.

— Sim, era. Mas cansei. Quero ir para casa. Onde está a droga do aeroporto?! – o islandês começava a perder a paciência.

— He he...como eu posso dizer isso? Ah, bem, você simplesmente não pode ir.

O pássaro conseguiu se desvencilhar dos braços dela e foi direto para a cabeça do dono, tremendo traumatizado.

— Como assim? Não pode me impedir de sair.

— Na verdade, posso sim. E também não tenho permissão para deixa-lo voltar.

— Permissão?

— Digo, seus irmãos...

Então realmente estavam aprontando algo?! , o pensamento veio imediatamente à mente dele. Estava certo. Não deveria ter saído de lá.

— Meu celular...!

Ele vasculhou a mochila buscando o aparelho. Ligaria para Noruega, ou melhor, para qualquer um que atendesse. Era importante, queria explicações.

— Não adianta tentar...

— Fique quieta! Estou tentando...

Ele ouviu uma voz do outro lado da linha...

...indicando que não tinha sinal.

— Preciso de um telefone!

Ele olhou para Seychelles. E pelo sorriso que a garota deu, soube imediatamente que não poderia contar com ela.

Islândia estava mesmo preso naquele país.

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Sem escolha.

Ele logo concluiu que não adiantaria tentar fugir. Além de ser algo trabalhoso, sua disposição parecia ter diminuído com o calor que fazia.

Dia desses pensaria em alguma coisa. Mas, por enquanto, só queria descansar.

— Pode ficar à vontade! Sinta-se em casa! – a garota disse, animada, antes de deixa-lo sozinho no quarto.

— Isso é impossível... –murmurou.

Acabou ficando na casa própria de Seychelles ao invés de ir para um hotel. Além dela não querer guia-lo, era a residência mais próxima.

As malas foram para a cama – o quarto pelo menos estava impecável- e ele começou a organizar as coisas.

O primeiro item que encontrou foi a boia murcha que Noruega insistiu em colocar. Islândia bufou, irritado e se lembrando do quanto havia pedido para que aquilo não fosse posto lá.

— Quantas vezes vou ter que dizer para ele que já sei nadar?!

Aliás, quanto a parte de saber nadar, o islandês estava mentindo mesmo. Mas, não iria admitir. Era vergonhoso que um país cercado por água não soubesse nadar nem cachorrinho.

Jogou a boia do outro lado do quarto, quase acertando Mr. Puffin. O pássaro reclamou.

— E as roupas...

Um pijama. Ótimo, pelo menos não tinham se esquecido disso.

Protetor solar. Sim, era algo essencial caso quisesse ficar uma semana na ilha sem ter insolação.

Uma toalha com a bandeira do seu país. Ok.

Chinelos.

Escova-de-dentes.

Até então parecia uma mala normal.

Apenas parecia, claro.

— Que $#*@% é essa?!

Ah, ele conhecia muito bem aquela roupa branca que mais parecia um lençol. Ele a usava quando era pequeno.

Depois, outro conjunto raro, uma conhecida vestimenta roxa e o chapéu. Outra que usou bastante quando era um pouco maior.

Roupa de marinheiro...até por aquela fase ele tinha passado.

Também tinha a que usou num Halloween de certo ano.

E muitas, mas muitas roupas de frio! – tinha a impressão de que essas coisas tinham sido postas propositalmente por certo dinamarquês.

— ...e nenhuma roupa de banho...

Islândia suspirou. Aquilo podia ficar pior?

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E no segundo dia...

— Bom dia, Emil!!

— Islândia... –ele murmurou e se aconchegou mais debaixo do lençol.

— Está um lindo dia de sol hoje!!

— Eu sei que faz sol quase todos os dias aqui...

— E também é um belo dia para nadar!!

— Não quero.

— Eu comprei o café da manhã. – Seychelles não costumava cozinhar.

Sem resposta.

— Comida francesa... –cantarolou.

Aquilo despertou o mínimo de interesse. Ele resolveu levantar.

Não gostava do França. Mas comida francesa - quase todos os países concordavam- era maravilhosa.

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O café da manhã foi bom. O almoço também. Ele não tinha nada para fazer ali, mas era melhor ficar dentro daquela casa, perto de um ventilador, do que ficar derretendo lá fora.

Mesmo assim, Seychelles ainda queria tirá-lo de lá.

— Vamos para a praia! Vai ser divertido!

— SAIA DAQUI!! – Mr.Puffin respondeu. O pássaro criou uma certa aversão à ela.

— Você pode ficar aí. Mas quero levar o seu dono para...

Islândia parecia alheio à discussão dos dois. Mas a história mudou quando sentiu a garota o puxando pelo braço.

— Já disse que não quero sair!

— Mas você vai!!

De alguma forma ele acabou sendo arrastado até a areia.

— Ah! A brisa do mar! – Seychelles respirou fundo, satisfeita - Ei, mas isso é...

Ela puxou seu casaco marrom.

— Está querendo tirar minha roupa?!

— Claro!! Você quer derreter aqui?

— Eu não sou um boneco de neve para derreter!!

— Ah, certo...se quiser ficar assim...

— Estou ótimo assim.

— É, eu percebo.

Sabiam que era mentira.

— Aliás, porque está com a mesma roupa de ontem?

— Não é como se tivesse outra...

— Como assim?! E todas aquelas malas?

— Roupas de frio.

Como tinha vontade de discutir com quem tinha feito àquela brincadeira de mau gosto...

Seychelles começou a rir. O que piorou ainda mais a situação.

— N-Não acredito!! Você vem para cá sem nenhuma roupa pra aguentar esse calor?!

—...

— Mas, eu posso arrumar alguma coisa para você! Espere aqui!

Seychelles voltou com duas bermudas.

— Acredito que alguma dessas acabe servindo.

Uma com a bandeira francesa estampada e outra com a bandeira do Reino Unido.

Islândia não conseguiu decidir...qual era a pior.

— Não tem outra coisa?

— Hm, só tenho essas...às vezes o Inglaterra e o França vem me visitar, então...

— Não quero usar isso.

— A do Inglaterra é até parecida com a sua bandeira!

Sim, era justamente por esse motivo que ficou com mais raiva ainda.

— Bem, não importa! Vamos entrar na água logo!

Seychelles foi para a direção da água, o islandês para o sentido oposto. Ela teve que voltar a arrastá-lo.

— Eu já disse que não quero ir!!

— Mas você vai!!

— É assim que trata os visitantes do seu país?!

— Só os mais teimosos como você!!

Enquanto discutiam, mais iam entrando no mar.

Até que uma onda de pânico começou a tomar conta do islandês conforme ele era puxado para uma parte mais funda. Quando a água começou a bater em seu pescoço, ele achou que poderia desmaiar.

— Viu só? Não é refrescante?

A garota ainda segurava suas mãos.

— Tire-me daqui. Ou melhor, não precisa...eu vou...!

Outra onda. Essa conseguiu cobrir a sua cabeça e quase o fez perder as forças. Ele precisava sair dali e rápido.

— Ei, tudo bem?

Por mais que fosse desligada, Seychelles conseguia perceber quando alguém não estava normal. As mãos se soltaram. Ele se afastou.

A garota foi atrás. Queria saber o que tinha acontecido. Segurou novamente o braço, Islândia se virou irritado.

— Eu já disse!! Não vou voltar para lá!!

Ele puxou o braço com força, tentando se soltar. Seychelles acabou tropeçando e o peso fez com que os dois caíssem antes de chegarem à areia.

A garota começou a rir, de alguma forma aliviada por ouvi-lo implicando novamente. O outro permaneceu emburrado. Ficaram imóveis por um tempo.

Mr. Puffin se juntou aos dois, ficando no topo da cabeça do dono.

E aquele não parecia ser mesmo o seu dia de sorte.

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O casaco foi posto para secar. Mas o restante da roupa ele se recusou a tirar.

— Você é mesmo tão teimoso... – Seychelles deitou a cabeça em uma das tartarugas-gigantes, como se fosse um travesseiro. Observar as reações estranhas do islandês estava virando um hobby – É um crime na sua terra ficar sem camisa?

— Eu não me importo de ficar sem, mas só se for... bem longe de você!!

— Ah, entendi...você não consegue ficar assim perto de uma garota.

— Não a considero uma.

Ao invés de ser uma ofensa, aquilo só fez Seychelles abrir um sorriso.

— E mesmo que fosse, não me interessaria, afinal...

— Ah, eu sei. Quase todos os países tem...digamos...um gosto um tanto peculiar.

—...

— ...e só gostam de homens...

— Seja como for, minhas preferencias não dizem respeito à você.

— Será que seus irmãos não te mandaram pra minha casa para...ah, sim! Certamente é isso, eles...

— N-Não diga nada!!

Islândia não queria ouvir o que já sabia. Ou melhor, não tinha muita certeza, mas...como poderia explicar se eram próximos demais?

Não, não, ele não queria pensar naquilo. Balançou a cabeça, afastando qualquer pensamento e olhou revoltado para a morena.

— Ah, não me olhe assim... – e ela abraçou a tartaruga gigante – eu sei o que acabou de pensar. E sabe a verdade, não é minha culpa...

— Apenas...fique...quieta...

Ignorando-o, Seychelles começou a cantarolar uma típica canção da ilha.

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A noite daquele segundo dia foi um pouco mais tranquila – ou então, de forma improvável, ele estava começando a se acostumar com o local.

Após terminarem o jantar, Seychelles resolveu alimentar Mr.Puffin.

— Venha, venha aqui! Tenho uma coisa que vai agradá-lo!!

O papagaio-do-mar foi se aproximando, um tanto desconfiado. Até que percebeu que o que tinha na mão da garota era algo que gostava: Peixe!

— Isso! Bom garoto! – ela sorriu vendo o pássaro comendo. Ele não se afastou dela, sua antipatia parecia ter sumido naqueles instantes.

— Não acredito nisso...

— Viu só? Eu disse, ele ia comer...

— Isso...

— Ah, pessoas são como animais, afinal! Basta você trata-los bem, providenciar comida que eles provavelmente serão amigáveis com você! Ah, aliás, você é bem parecido com ele...

Islândia não gostou muito da comparação com o Puffin. Mas, pensando bem, era como ela vinha o tratando...comprava todas as refeições e fazia o possível para que se sentisse melhor lá...

...sim, era dessa mesma forma que tratava Mr. Puffin...

— Eu não sou como um pássaro!!

— He he...

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Assim, na manhã do terceiro dia…

— Onii-chan...n-não vá!!

Lágrimas caiam dos olhos da criança. Ele tentou alcançar a embarcação, mas acabou tropeçando no meio do caminho.

— Não vá, por favor!!

Porém o norueguês não ouviu. Já estava distante daquela terra.

— Não que isso me preocupe mas...só se passaram 3 dias e você já está chorando e chamando seu irmão?

—Ugh.

Islândia abriu os olhos. Havia tido novamente aquele pesadelo com seu irmão indo embora.

Seychelles estava ao lado de sua cama, olhando-o entediada.

— Bom dia.

— Vá embora.

— Eu comprei o café...e...ah, deixa para lá.

— Eu não estava chorando. Nem chamando meu irmão...

— Certo, certo...

Ele dizia isso ainda com o rosto molhado e corado. Não conseguia olhar para ela, então Seychelles resolveu que era melhor sair, não estava a fim de discutir.

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Incrível como o tempo começou a passar rápido. O terceiro, logo o quarto dia, então o quinto...quando percebeu já era o sexto e faltava pouco para deixar aquele lugar.

Seychelles havia conseguido, de alguma forma, deixar sua estadia um pouco mais suportável.

Enquanto observava o mar ele pensava no tempo que havia passado com ela. Tinha se acostumado a ficar embaixo de alguma árvore todos os dias, tentando dormir. Ela às vezes trazia sorvete, ou então falava sobre as opções de lazer, os roteiros de viagem...até um coco com formato estranho ela conseguiu trazer. E nas diversas tentativas, conseguiu em algum momento fazê-lo rir um pouco – ele virou o rosto e o escondeu com as mãos, se lembrava daquele momento, enquanto a garota se afastava alegre e vitoriosa.

Bem, Seychelles era...como poderia defini-la? No mínimo curiosa. É, interessante. Bem diferente de qualquer outro país que conhecesse.

E foi pensando assim que sentiu o sono chegar.

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Outra tarde que terminava. O islandês ainda dormia debaixo de uma árvore. Seychelles se aproximou com o intuito de acordá-lo. Antes mesmo de ele abrir os olhos, já imaginava os xingamentos que ouviria.

Mas, de alguma forma, desistiu. Havia algo nele – e ela não sabia o que – que a intrigou. Talvez fosse a expressão serena ou o fato dele ser bastante diferente dela e qualquer um de seus habitantes. Os olhos eram claros, o cabelo também, a pele era tão branca...vê-lo era como visualizar uma paisagem com neve, tão fria. Sim, era como aquele fenômeno climático que ela só via pela TV.

A respiração subia e descia, tranquilamente.

Resolveu, então, sentar-se ao lado dele. E o esperaria acordar.

Mas...novamente uma curiosidade a tomou...

Como seria tocá-lo? E sentir sua pele contra a dela? Um sentimento estranho crescia e a garota, sem pensar muito, tocou em seu rosto.

— É mesmo...frio!

A pele, a temperatura, a personalidade, em tudo eram opostos.

Ela levou uma mecha dos fios esbranquiçados à mão, mas tomou um susto quando ele se mexeu. Parecia que ia acordar.

Felizmente, ele apenas deu um longo suspiro e continuou com os olhos fechados.

A boca entreaberta... será que poderia? Não, ele não deixaria. Certamente acordaria e...

Quando Islândia abriu os olhos visualizou as orbes escuras bem próximas, ao ponto de se perder o foco. A respiração quente chocando-se contra a dele. Antes que pudesse questionar, sentiu os lábios dela contra os seus.

O quente com o frio.

Sentiu a face esquentar e a razão ir se perdendo ao poucos, conforme o tempo passava.

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Terminou de arrumar as malas. Ainda estava com uma cara emburrada.

— Acidente?! Não tinha uma desculpa melhor para aquilo?!

Ele ainda se lembrava do que Seychelles havia dito quando se separaram. E ficou tão indignado que não quis mais falar com a garota – e foram várias as tentativas dela de iniciar alguma conversa.

E a pior delas foi quando ficou batendo várias vezes na porta.

— Emil!! Eu sei que está aí!! Abra a porta!

E nada. Até que ela começou com uma conhecida frase:

— Você quer brincar na areia? Um boneco quer fa-

— Cala a boca!! – Mr. Puffin gritou e Islândia tampou os ouvidos.

— Tá bem... – Seychelles suspirou. Cantar a música daquele filme do America – mesmo substituindo a parte sobre a neve - não tinha sido uma boa.

O islandês não teve tempo para pensar se aquele beijo tinha sido ou não significativo. Na verdade, não queria sequer lembrar aquele ocorrido, ficaria com raiva.

E o motivo? Bem, não tinha como explicar. Ele não gostava daquela garota, então não tinha motivos para ter se irritado tanto quando ela disse que foi só um acidente.

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Foram em silêncio para o aeroporto. Seychelles segurava o Puffin como se fosse um urso de pelúcia, volta e meia olhava para Islândia e suspirava. Ela não sabia mesmo o que dizer.

Porém, antes de entrar no avião, ela o abraçou. Aquilo o surpreendeu. O calor dela percorrendo o seu corpo. Ele de alguma forma sentiria falta, sabia disso...

— Venha me visitar nas próximas férias, ok? – disse com a voz embargada.

Ele poderia dizer várias coisas. Que não pretendia voltar naquele lugar nunca mais, mas...

— Sim, eu vou...

E terminada a despedida, o avião partiu.

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— O que achou daquele lugar, Ice-kun?

Finlândia foi o primeiro a perguntar.

— Bem...

Como começaria? Questionando o que havia acontecido enquanto esteve fora? Ou discutindo com um dinamarquês por ter colocado aquelas roupas constrangedoras? Perguntaria quem tinha se esquecido das roupas de calor e colocado só as de frio? Ou se voltaria indignado para o irmão mais velho, Noruega, dizendo que não precisava daquela porcaria de boia?

Também poderia dizer sobre todas as dificuldades que passou na ilha de Seychelles. O quanto aquela garota poderia ser relaxada ou extremamente irritante às vezes...ou...

Ah, a parte do beijo. Essa ele não iria contar.

— É bastante abafado...e...não tem muito o que fazer também...

— Mas, diz aí, você gostou ou não? Da próxima vez vamos todos juntos, não é m- Dinamarca apareceu na sala, junto com Noruega. O primeiro foi impedido de falar.

— A comida de lá é muito boa... –continuou Islândia com o relato – os nativos daquela ilha e a própria dona do lugar também são um pouco estranhos, e...

Ele não queria admitir, mas...

...tinha gostado um pouco do local.

— Talvez eu possa voltar mais vezes... mas não sozinho!! -enfatizou.

— Sim, sim! Podemos ir juntos da próxima vez! - os presentes concordaram.

E assim, Islândia aguardaria ansiosamente - ou não? – as próximas férias.


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Notas finais do capítulo

Ah! Não acredito!! Eu postei isso!! Consegui!! *comemora*
Eu fiz essa fanfic apenas para passar o tempo e depois pensei... "será que não está muito...sei lá...muito tosca?"
E é a terceira vez que cito a Seychelles em uma história...puxa...
Fazer os nórdicos interagirem - mesmo que numa cena bem simples- foi um desafio...
Bem, eu queria escrever alguma coisa para me despedir das minhas amadas férias.
Apesar de não ter saído muito, gostaria de ficar mais alguns dias tranquila em casa...



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