"So you can make another claim"* escrita por Milady


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Como dito anteriormente, esse pode ser considerado um Capítulo 3.2.

Espero que seja do agrado de vocês.

Beijos e obrigada por me seguir até aqui!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589149/chapter/4

Os pensamentos de Carol tornaram-se um turbilhão. Porque ele estava tão magoado? ele mesmo já a havia rejeitado várias vezes e ela havia levado numa boa. Quem ele pensava que era para jogar todo esse sentimento de culpa sobre ela. Humilhação, raiva… Desespero. Não conseguiu se concentrar mais na vigia. Não conseguiu comer.

Ao fim do dia, desceu rapidamente e praticamente correu ao passar pela porta do Douglas. Não queria vê-lo, na verdade, não queria ver ninguém, mas sabia que não podia passar a noite na torre.

Abriu a porta de casa e percebeu que estava super lotada, todos estavam ali para jantar. Ela sorriu um sorriso triste e perguntou se precisavam de ajuda. Tara negou, disse para que descançasse. Foi até a sala, Daryl e Carl mais uma vez com Judith. Trocou um olhar com Daryl. Apenas isso (não conseguia explicar essa comunicação silenciosa que tinham) e soube que podia se aproximar. Ninou a bebê… Aquele cheirinho bom… A pele macia sob suas mãos calejadas.

Demorou para subir. Demorou para se lavar. Uma tensão tomando conta de si, sem que soubesse o motivo. Ao abrir a porta do quarto, Daryl estava de pé, travesseiro e lençol na mão.

– Estou indo dormir na sala.

Ela fechou a porta devagar, foi até ele e tirou os objetos de seus braços, depositando-os na cama. Somente mais uma troca de olhares e ela soube que podia se aproximar para um abraço. Apertou seus braços ao redor dele e sentiu que ele fazia o mesmo em sua cintura. Era tão bom estar ali.

– Eu não consigo ficar com raiva de você…

A resposta dele foi mais um aperto ao redor de seu corpo.

– Mas você tem que entender, que não pode falar assim comigo… - ela se afastou para encará-lo - Eu não sou sua!

– Você é assunto meu! E não to pedindo sua permissão sobre isso.

Ela riu. Não tinha mais forças para brigar. Ela lhe depositou um beijo na fronte, enconstando-a na sua. Sentiu quando os músculos dele ficaram tensos e ele buscou seus lábios. Nunca imaginou, que se um dia fossem se beijar, fosse por iniciativa dele… E também sabia que não estava certo… Mas estava tão cansada…

Ele devorou seus lábios. Sem jeito, rápido e forte. De uma forma completamente diferente do que achava que Douglas faria. Havia uma respiração ofegante e ela forçou a diminuição do ritmo. Sentiu que ele estranhou, mas continuou… Devagar. Deslizando a língua pelos lábios finos dele… Até que ele aceitou e entrou no mesmo ritmo, apertando seu corpo magro contra o dele. Carol sentiu sua própria respiração ficando profunda… Seu corpo reagindo… Tão erótico…

Então ela se afastou.

– Não… isso não tá certo…

– Por que não?

– Eu não sei…

– Estava bom…

Ela quis rir, mas se conteve

– Você não pode fazer isso comigo… Não precisa fazer isso só pra marcar território

– Eu não tô fazendo isso… Você me viu primeiro, lembra? Eu também te vi primeiro!

Então ela riu.

– Daryl… Você não tem que fazer isso para eu manter minha promessa, ok? Eu não vou a lugar nenhum… - ela sorriu para ele - Melhor ir dormir… Eu tô cansada.

E foi para sua cama, acomodou-se enquanto ele ainda observava. Alguns segundos depois, ele saiu do quarto. Já era tarde quando voltou. Ela viu, mas fingiu dormir.

***

Foi uma semana de céu cinza. Algumas tardes de garoa fina, outras manhãs de chuva forte. Naquela tarde, em especial, o céu estava pesado e uma brisa fria atingia sua pele. Atravessou os portões após sua vigia e encontrou Carl no caminho de casa. Sorriu para ele e começaram um assunto qualquer sobre camas e cobertores e chocolate quente, quando Douglas a viu e a chamou. Despediu-se do garoto e acompanhou o homem mais velho. Ele havia feito uma sopa quentinha e a convidou para provar. Carol sorriu e quando cruzou o umbral da porta, se perguntou como faria para voltar para casa, se toda aquela promessa de chuva se concretizasse.

Viu o brilho em seu olhar quando respondeu que ela e Daryl não estavam juntos, não como um casal (apesar de Daryl ter feito questão de comentar, em uma conversa qualquer, na frente dele que dividiam o mesmo quarto). Também viu o desapontamento no olhar dele quando afirmou que precisava voltar para casa. Ele alegou a chuva, ela disse que não tinha problema, apenas precisava voltar antes que ficasse tarde demais. Levantou-se e quando Douglas abriu a porta para ela, lhe disse que a achava uma mulher incrível, e beijou-lhe o rosto.

Sentiu-se corar, ao mesmo tempo que varreu a rua preocupada se alguém tinha visto. Tudo o que não queria era ter que lidar com comentários. Despediu-se rápida e caminhou para a chuva. Primeiramente com pressa, mas quando chegou perto da casa que divida com seus amigos, parou um momento e permitiu-se sentir as gotas da chuva escorrrendo por seu rosto.

Aquilo era bom. Um pequeno momento de normalidade diante de toda a loucura daquele mundo. Subiu as escadas que levavam á porta e entrou. Não havia ninguém na sala, parecia que todos estavam recolhidos. Correu pelas escadas para não molhar a casa toda. Abriu a porta do quarto devagar, sua respiração entrecortada pelo frio.

– Carol? - a voz rouca de Daryl a fez pular de susto.

– Oi...

Ele se sentou na cama.

– Você tá tremendo…

– É… Tá chovendo - ela disse o óbvio como forma de aliviar a tensão - Desculpa se te acordei…

– Eu não tava dormindo…

– Tô indo trocar de roupa. - Não deixou ele terminar sua frase, apenas pegou a primeira muda de roupas que encontrou.

Voltou ao quarto e percebeu que ele ainda estava acordado.

– Por que você não ficou lá?

Ela ainda passava a toalha em seus cabelos encharcados e tentou transmitir dignidade em sua voz.

– Não estava com vontade.

– Eu pensei que você estava com vontade…

– Eu não quero ter essa conversa. - ela o cortou.

– Ok.

– E pare de sorrir.

– Eu não estou.

Mas ela sabia que ele o estava fazendo, mesmo estando mergulhados na escuridão.

– Está sim.

– E por que eu estaria sorrindo?

– Porque é um idiota.

Então ele riu. Ela jogou a toalha em sua direção e ouviu seu sorriso abafado, indicando que tinha acertado diretamente em seu rosto.

Caminhou até sua cama e sentou, quando ele recomeçou a falar.

– Você tá bem?

– Claro que eu tô. Por quê?

– É que você tava tremendo… Devia estar congelando…

– Nada que meu cobertor não resolva.

E enfiou-se em um casulo quente de cobertas, sendo engolfada lentamente pelo sono, até que a voz dele novamente lhe trouxe para a realidade.

– Ele deixou você vir debaixo de chuva?

– Daryl…

– Desculpe… É que… Eu posso não ter muito jeito com as mulheres, mas… Eu não deixaria a minha garota tomar um banho de chuva…

– Eu não sou a garota dele…

– Você entendeu o que eu quis dizer - e ela viu a sombra da mão dele fazendo um gesto de descaso.

– Não, eu não entendi…

Um silêncio incômodo se instalou e Carol resolveu quebrá-lo.

– Então… Eu que pensava que esse jeito era só charme de um garanhão…

Ela não o via na escuridão, mas sabia que ele estava com o olhar meio fechado em direção a ela.

– Não precisa ser um gênio para saber que eu não tenho muito jeito… Ou descobrir que eu nunca tive uma namorada… - ele percebeu que ela queria falar, mas não permitiu - Mas eu aposto que você teve vários… Com esse jeito…

Ela riu.

– Dois namorados. Então… Ed. Viu? Não muito diferente de você.

– É que você… Seu beijo é bom…

O ar lhe faltou por um momento. Ele havia dito aquilo rápido, e ela achou simplesmente… inacreditavelmente… forte.

– Isso não tem a ver com a quantidade de pessoas….

– Eu sei… - ele ficou em silêncio mais um momento, então falou, em tom de confissão - Eu nunca tive sexo com alguém com quem eu realmente me importasse… Sempre foi aquela coisa… Vem cá neném… fazer o trabalho… Obrigado e até a próxima.

Carol sentiu uma pontadinha de piedade.

– Obrigado?

– É… Você sabe…

– Então você nunca… sabe… dormiu com alguém. Tipo… dormir abraçado?

– Não - a voz dele um sussurro.

Primeiramente, ela não entendia o motivo de estarem naquele momento de confissões… Então percebeu que aquele era mais um momento de virada em sua relação. Havia tensão e constrangimento, então ela fez o que sabia.

– Oh, Pookie... Quer dizer que você nunca passou pela experiência de sentir o calor de outra pessoa… até se sentir sufocado, querendo jogar as cobertas longe… Ou mesmo ficar com torcicolo ou dores pela posição incômoda… Ou com os braços dormentes por alguém usá-lo como travesseiro… E sentir vontade de chutar a pessoa de sua cama porque ela está lhe pressionando em um espaço apertado?

Então ele começou a rir. Ela também. Foi bom. O som da risada dele e o barulho da chuva do lado de fora.

– Não pode ser tão ruim assim… Se fosse as pessoas não fariam…

– É… eu estava exagerando… - e num arroubo de coragem ela levantou e foi até a cama dele - Você quer saber como é?

Ele acenou com a cabeça e deu espaço para ela na cama. Ela sentou-se e posicionou o braço dele sobre o travesseiro, depois enfiou-se embaixo do cobertor dele e aninhou-se com a cabeça sobre seu ombro. Sentiu a respiração dele ficar difícil, então passou a deslizar sua mão em seu peito.

– O que eu tenho que fazer? - ele perguntou.

– Nada. Apenas feche seus olhos e durma

**

Carol acordou com um vazio ao seu lado e por um momento imaginou que toda a conversa que tiveram há poucas horas podia ter sido um sonho. Olhou pela janela, ainda estava escuro e chovendo. Após alguns minutos, sem sinal de Daryl. Levantou-se e foi até sua cama. O tempo de deitar-se, de lado, encolhida de frio, foi o mesmo que Daryl levou para cruzar a porta. Ele ficou um momento parado.

– Tá tudo bem? - ela perguntou.

– Yeah. Eu tive que mijar.

Ele continuou olhando para ela.

– Eu preferi vir logo, antes que você me desse aquele chute, sabe?

Ele não respondeu. Foi até sua cama, pegou seu cobertor e deitou-se na cama dela, puxando-a para encostar as costas em seu peito.

– Assim tá bom?

E ela se aconchegou naquele calor.

– É perfeito.

E mais uma vez, sem raciocinar sobre as linhas cruzadas naquela noite, deixou-se levar por um sono tranquilo, tendo a respiração dele em seu pescoço, o calor dele em suas costas, o barulho da chuva na janela… Nenhuma certeza quanto ao futuro, mas nenhuma dúvida quanto ao que estava vivendo naquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sabem o que eu gosto na relação destes dois personagens? A facilidade que eles tem de conversar, de se reconhecer um no outro. É uma cumplicidade que eu ainda não vi entre eles e outros (como Beth, apesar do que metade do público diz, eu não a vejo como "salvadora" dele... Carol esteve fazendo esse papel desde o segundo ano da série). Eu sempre imagino que, por trás do sofrimento e da nojeira da luta contra os zumbis, deveria existir momentos assim entre eles... Leves, de confissões e crescimento.

Enfim, espero que tenham gostado. me deixem saber se gostaram, sim?

Mais uma vez obrigada, e um xêro em todos!