Bad Red escrita por Tay Swan Jones


Capítulo 5
Coincidência?


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Olá!
Well, well.
Nesse capítulo, eu coloquei um pouco sobre o que aprende na vida. Você pode achar meus ideais errados, não concordar com minhas opiniões. Isso não deixará de acontecer, claro. Porém, eu, como você, tenho meus princípios.
Espero que aproveitem o capítulo.
Boa leitura.



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Jake puxou a garota pelo braço e a levou para dentro da academia.

A garota parou.

– O que foi? -Jake perguntou.

– Eu não sei se é uma boa ideia. Olha, eu já te trouxe aqui, garoto. Agora eu preciso ir...

– Não! Espera, por favor. Não vai. - Ele pediu. Brooke observou o menino. Seus olhos, antes escuros e nublados, estavam com um brilho intenso. Era como se Brooke o fizesse sentir seguro, claro, ela o salvou. Mas o que ele estava fazendo? Levando um estranha para a sua casa? Quem em sã consciência faria tal coisa?

Jake esperava que Brooke aceitasse seu convite. A sua casa era monótoma, ele não tinha amigos. Ele sabia que Brooke não ficaria por muito tempo, mas depois de tudo que ela fez por ele, porque não? Jake estava feliz, depois da morte de sua mãe, tudo ficou tão escuro, tão frio. A solidão tomou conta de seu dia-a-dia.

Afinal, quem liga para os sentimentos de um moleque? Todas as crianças são felizes, não tem preocupações. Isso é apenas frescura...

Tem noção do quão hipócrita e desprezível o ser humano pode ser?

Então, o garoto perguntava-se o porque de não fazer tal coisa.

Brooke queria um pouco de água e comida.

Jake queria um pouco de atenção e importância.

Aquilo era certo, não era? Tentar alimentar suas necessidades, a falta de atenção e carinho com os outros? Era errado tentar suprimir a sensação de desprezo?

Sim, nós precisamos de atenção. Não, não está errado. Nós, seres humanos, precisamos sentimos seguros. Nós simplesmente queremos nosso lugar no coração das pessoas. Alguns são amados, outros porém, não merecem sua promessa de carinho e cuidado.

Sim, eu aceito. Não, eu não aceito.

Tudo é questão de lógica.

Brooke cedeu. Jake agradeceu mentalmente.

Ele pegou sua mão e a levou para dentro.

Lá estava quentinho, Brooke sentiu-se aconchegada.

– Aqui é onde os lutadores malham... -Ele apontou para a esquerda. Brooke observou, ao canto localizava-se equipamentos, alguns pesos etc. Ao lado havia alguns Posters de lutadores. A sua frente uma sala, talvez fosse o escritório do pai do menino. Sim, ele o filho do dono.

Sua atenção foi em direção a Jake. O menino parecia entusiasmado. No caminho até aquele lugar, Jake contou um pouco de sua história.

Não era demasia grande, afinal,o que um menino de dez anos poderia ter passado?

Ela estava totalmente errada. Nos poucos minutos em que andou com o menino, ele contou sobre a morte misteriosa da mãe, a mudança comportamental de seu pai, o inferno em que sua vida transformou-se. A cada pedaço de história que o menino contava, ela sentia toda a emoção em suas palavras. Porém a garota não conseguia chorar, o remorso a abateu, mas seus olhos estavam secos, frios.

– Aqui fica o vestiário... - Ele apontou para uma porta verde escura. - Ele é unissex.

– E aqui é o tatame, onde os eles lutam, ou melhor, preparam-se. - Ele apontou para o centro da sala.

Aquela academia era enorme, estava toda iluminada. Aquele lugar cheirava a suor, luta, sangue.

Brooke sentiu sua boca cair e formar um grande "O".

– Como é mesmo o nome da academia? - Brooke perguntou, ela estava tão absorta em meio aos seus pensamentos, que não prestou muito atenção no que o menino dizia.

– O nome da academia é em homenagem a minha mãe. - Ele respondeu. Seu sorriso aumentou e diminuiu na mesma proporção de tempo.

– Seu pai devia ama-la muito. - Brooke deixou escapar.

– E amava. Ele ainda ama. Sabe, as vezes sinto-me mal. Meu pai não quis envolver-se com mais ninguém depois de sua morte.

Pobre Jake, perder a mãe é a pior coisa que se pode acontecer a uma pessoa. Mas ainda sim, Jake estava aqui, forte, enfrentando a vida.

– Eu sinto muito, garoto.

– Tudo bem. - Ele deu um pequeno sorriso, porém seu olhar transparecia outras coisa, tristeza.

– E como era o nome dela?

– Alice, Alice Castillo.

Não.
Aquilo não estava acontecendo.
...Estava?

– O quê?!– Ela quase gritou.

A garota levou um susto com o nome.
Castillo? Mas o que diabos...

Ela pensou.

Marie não havia falado quando Alice tinha fugido de casa, ela apenas disse sua idade. Mas uma vez aquilo parecia um filme, um clássico. Não. Era uma peça teatral. Imagine a vida como uma peça de teatro que não permite ensaios

Tudo é improviso.

Tudo é relativo.

A relatividade é relativa.

Curioso, não?

Aquilo era muita coincidência.

Seria trágio se não fosse ainda pior.

O quão a vida pode nos pregar peças?

Quem e o que está ao seu lado agora? Uma pessoa? Um objeto?

Quanto, para você, ele/ela vale?

Muito? Pouco?

O quão importante isso ou aquilo é para você?

Todos os dias podemos estar acompanhados de pessoas. O mundo ao nosso redor não para. A vida não para. Enquanto estamos aqui, uma nova pessoa chega ao mundo, outra morre. É arte. Renascer. A vida é maravilhosa quando se não pensa no amanhã, até porque, você vai estar vivo amanhã?

Brooke sabia que aquilo poderia ser uma total confusão.

Era apenas obvio que alguma coisa do gênero acontecesse com ela.

Ela tinha mais certeza sobre isso do que 2+2 é 4. Do que o sol vai nascer amanhã. Que a lua vai brilhar á noite.

– Ca... Castillo? - Ela gaguejou e olhou para Jake, surpreso.

– Sim, hã...Brooke? Está tudo bem?

– Sim, estou, mas é... - Ela tentou formar a frase. - Sua...Sua mãe, ela morreu de que mesmo?

– Nós não sabemos ao certo o que foi, mas dizem que... - Jake começou a falar mas calou-se quando um homem sai da sala e entrou em cena.

O homem aparentava estar na meia idade, talvez uns trinta e oito anos. Alto, mais ou menos 1,90, cabeça raspada, olhos azuis, queixo cerrado. Seu corpo era todo músculos e tatuagens. Ele parecia estar treinando, seu peito estava todo suado e sem camisa, vestido apenas com uma bermuda preta.

Ele observou Brooke atentamente. Apenas a aparência daquele homem fez ela tremer. Seu rosto fechado, como se estivesse com raiva.

Seu olhar aparentava estar triste, como se tivesse perdido a esperança, como se seus sonhos não importassem mais... Era como observar um ser sem vida.

O pai de Jake não queria sem tetos em sua academia. Ele agradeceu que estava tarde e ninguém a viu. Não era preconceito, era apenas cuidado. Sua academia era muito famosa na cidade e ele não queria estragar sua reputação.

– Jake, o que está fazendo com essa...Menina? - Ele perguntou. Desviou o olhar para Brooke e completou secamente. - O lar para sem tetos é na outra rua. -

Brooke estava ainda mais suja e sua roupa mais rasgada, porém não importou-se. A garota queria ter respondido da mesma forma grosseira e seca que o homem falou, porém, ainda tinha a educação que seus pais lhe deram e não era esse babaca que iria tira-la do sério. Até porque, pelo o que ela já passou, aquilo estava sendo flores.

– Pai. - Jake advertiu.

– Eu não vim pedir abrigo, aliás, já estou indo embora. - Ela virou-se para Jake e sorriu docemente.

O menino ficou de ponta de pé e beijou sua bochecha. Aquele simples ato fez Brooke refletir sobre o parentesco de pai e filho. Gentileza e grosseria com certeza não combinava. Talvez ele tenha herdado isso da mãe...

– Por favor, fique mais um pouco. - Jake sussurrou em seu ouvido

– Não, obrigada. Você não ouviu seu pai? O lar para sem tetos é na outra rua. - Ela não queria chatear Jake mais do que o pai fez, então, ela resolveu dar uma pequena lição aquele homem.

– Bem, eu... - O homem tentou falar mais Brooke o interrompeu. Ele parecia sentir-se culpado. Porém, era tarde demais.

Ela ainda continuava a olhar para Jake.

– Sabe, garoto. Eu entendo seu pai. Ele tem que cuidar de você. - Ela zombou. Brooke não iria xinga-lo, não, ela ia fazer pior. Ela ia machucar sua honra.

– Escute aqui... - Ele tentou falar, mas a garota o interrompeu novamente.

– Não. -Brooke virou-se. - Escute aqui você. Eu não sou a roupa que visto. Você não me conhece, não sabe pelo que passei e ainda passo. Por favor, seja educado.

O homem sentiu-se desconfortável.

Brooke aproximou-se dele. Olhou fundo em seus olhos. A garota estava cansada de ser humilhada.

Já chega!

Sabe aquela sensação de desprezo e solidão?

Nessas horas você percebe o quão é verdade tudo o que disse. No final, para quer ter o dinheiro se não tem a verdadeira atenção. No final, para quer ter um bom emprego se você não gosta do que faz. Para o que?

Você não é as coisas que possui.

Você não é nada. Você, meu caro, é como eu. Nós somos o nada. Nós somos o tudo. Nós podemos ser quem quisermos. Porque no final, acabaremos do mesmo jeito.

Mortos.

– Você não é a roupa que veste. Você não é o carro que dirige. Você não a porcaria do seu emprego. Você é igual a mim. Sabe porque?

Jake prestava ainda mais atenção no que Brooke dizia.

O homem, perplexo, não sabia o que fazer. Apenas ficou lá, parado.

Ela continuou.

– Porque daqui alguns anos, meu camarada. Você vai estar a sete palmos do chão, assim como eu.

A garota respirou e manteve a calma. Aquilo a chocou um pouco. Grey não conseguiria fazer tal coisa...

Ela volta sua atenção para o menino.

– Boa noite, garoto. - Brooke afastou-se de Jake e foi em direção a saída, mas antes de sair ela olhou de relance para trás.

Os dois estavam parados. Jake estava a observando curiosamente. Seu pai não tinha uma expressão fixa. Todas passavam pelo seu rosto. Ela não queria ter feito aquilo, mas havia sido a gota d´água. Ela tinha sentimentos. Não era um lixo qualquer.

Bateu a porta atrás de si.

Deixando o homem boquiaberto com sua atitude e um menino nada satisfeito com a ação do pai.


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