A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 43
Batalha de Garyjan - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Kayan está face a face com seu inimigo sem nem mesmo saber ao certo quem ele era. Será possível que o mago negro vença um oponente tão poderoso?



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Capítulo 042

Batalha de Garyjan (Parte 2)

Kayan permanecia em pé. Seus punhos estavam cerrados e tremiam de raiva. Seus olhos tão negros quanto a noite mais escura encaravam o taurino à sua frente. Neles seu ódio estava ainda mais evidente.

O motivo para isso jazia logo aos pés do mago. O corpo de Guin estava inerte e começava a perder o calor. O general Turenhead sorria de forma sádica e sombria, a cicatriz no local onde antes havia seu olho esquerdo lhe dava um ar ainda mais sinistro.

O primeiro movimento foi executado. Kayan movimentou o braço direito de modo a formar uma meia lua e um raio de energia negra se precipitou contra seu inimigo. O feitiço seguiu rasgando o solo por onde passava. Levantava poeira e escombros para todos os lados, danificando ainda mais o cenário. Por fim, atingiu seu objetivo e chegou ao taurino, que demonstrou seu poder de um modo que impressionou até mesmo o autor do ataque. Turenhead envolveu ambas as mãos em aura e amparou o raio negro com as próprias mãos. Seu corpo foi arrastado por alguns centímetros pelo chão e, assim que parou, fagulhas negras voaram pelo ar junto com arcos voltaicos da mesma cor.

O mago de cabelos negros não desistiu de sua investida. Levou a mão esquerda junto a direita e forçou ainda mais o feitiço. Gritou junto ao enorme esforço que fazia na tentativa de atravessar a defesa adversária, que se mantinha estável. O taurino simplesmente mantinha-se de pé, amparando o feitiço com as próprias mãos. Em seus lábios grossos, um sorriso de superioridade estava grafado. A energia, antes una, se dividiu em vários raios, atingindo as rochas e ralas vegetações próximas, que eram destruídas ou danificadas no ato.

Aparentemente cansado daquele embate sem futuro, o general forçou as duas mãos para frente e, em seguida, para ambos os lados. O feitiço sofreu um contra-golpe poderoso, que acabou por desestabilizar o mago que o lançara. Kayan desequilibrou-se e teve de dar um passo para trás, passando por cima do corpo que jazia ao chão.

— Não pode ser – disse com os olhos arregalados de espanto. Sabia que aquele taurino era poderoso, mas não imaginava que seria a tal ponto de impedir seu feitiço mais forte com tamanha facilidade.

— Assustado? Esse outro mago também mostrou essa mesma expressão antes de morrer. Embora deva admitir que seu poder é muito maior que o dele.

O Atreius sentiu seu sangue ferver novamente. Sua expressão de surpresa deu lugar a uma de ira. Estava determinado e iria enfrentar aquele inimigo até o fim, não importando qual seria ele. Correu em direção ao inimigo. Iria levar uma luta corpo a corpo, que era sua especialidade, apesar de ser um mago. Era um movimento arriscado, pois esta também era a preferência de seu adversário.

Sem dizer sequer uma palavra, as chamas negras de um durhan crisis surgiram em suas mãos. A seguir, o mago investiu contra o taurino com sua mão direita. Uma rajada poderosa de chamas se precipitou de sua palma aberta. O general, porém, esquivou-se para o lado com velocidade e perícia, escapando do ataque com facilidade.

Kayan, no entanto, não desistiu de sua investida e girou com agilidade. Seus pés dançaram no chão empoeirado durante a manobra e ele apontou a mão esquerda para o inimigo de modo a fazer com que o fogo das trevas seguisse formando uma meia lua.

O taurino flexionou os músculos de suas pernas e saltou a uma altura impressionante para seu peso. Seu corpo seguiu para cima de uma rocha de tamanho colossal, onde as chamas negras se chocaram e se extinguiram.

Algumas gotas de suor desceram da testa do Atreius até seu queixo. O jovem mantinha os dentes e os punhos serrados. Aquele bárbaro estava brincando com ele o tempo todo. E o pior: não tinha tirado o sorriso do rosto nem por um segundo. Seus dentes afiados se mantinham ali, sendo exibidos como se fossem a prova de sua superioridade.

— Droga! Seu maldito!

— Acho que já passou da hora de eu atacar.

As palavras que foram ouvidas por Kayan, em uma voz grossa, não foram necessárias para que ele ficasse alerta – a aura crescente do oponente sim. Aquele poder era comparável com o de um granmestre.

— Raz Rashon.

Fogo surgiu da palma com apenas quatro dedos do taurino. O mago arregalou os olhos ao sentir a pressão esmagadora que vinha sobre ele.

Gritou, o susto lhe obrigou à isto. Um escudo de energia se ergueu no exato momento em que as chamas se encontraram com o mesmo. A pressão do feitiço inimigo teve força suficiente para arrastar o mago para trás. Seus pés tentavam, em vão, parar o movimento involuntário do corpo.

Kayan pôde sentir a temperatura ao seu redor aumentar de forma rápida e intensa. O suor começou a molhar-lhe levemente o corpo e as roupas. Nem mesmo Spaak era capaz de produzir chamas tão poderosas. Quando achou que não teria mais jeito, a pressão cessou. Surpreendeu-se ao ver que o inimigo tinha cessado o ataque.

— Agora eu entendo muita coisa.

O mago observou, estático, o general saltar de cima da enorme rocha e, apesar do peso, cair com suavidade no chão. Só então a criatura voltou a falar.

— Esses olhos, essa determinação. Você não é um mago comum. Não vou te matar ainda, quero ver até onde pode chegar.

O Atreius cerrou os punhos ao ouvir aquilo, que soava como um desafio, ou, como uma zombaria. Não aguentava mais aquele sorriso naquela face taurina. Queria arrancá-lo a todo custo.

Abaixou-se e tocou o chão com as duas mãos. A sua frente, dois enorme golens de pedra começaram a se formar. Turenhead apenas observou isso com extrema paciência. Em, no máximo, dois segundos, o mago estava pronto para atacar. Fez com que os dois monólitos avançassem contra seu alvo. Nesse meio tempo, saltou em cima do que estava um pouco mais na retaguarda.

O primeiro deles, ao alcançar seu objetivo, tentou desferir um golpe com o punho fechado. Porém, antes que conseguisse executar tal ato, jazia em pedaços devido a uma explosão de chamas que se seguiu ao Jaz Rashon proferido em uma voz grossa.

— Jaz Rashon.

Novamente Kayan pôde ouvir o mesmo som anterior. Desta vez, o alvo seria exatamente o golem ao qual usava como montaria. Assim foi feito. No entanto, o mago já havia previsto isso e, antes que o taurino executasse seu ataque, lançou-se a um salto impulsionado com sua aura. Ele conseguiu adquirir uma altura considerável e caiu logo atrás do adversário.

A seguir, o Atreius virou-se com velocidade e conjurou o crisis katris que pretendia utilizar. Com sua aura previamente concentrada, conseguiu lançar um feitiço de poder assustador. O taurino, por sua vez, girou com uma velocidade tão incrível quanto a do mago e formou um imenso e imponente escudo de energia para se proteger.

As chamas causaram suas explosões, provocando erosões ao solo e devastando a já pobre vegetação do local. Seu real objetivo, porém, não sofreu dano algum. Nem sequer moveu-se um centímetro no chão.

— Aurus pinn?

O general riu com o comentário e a expressão de desolação na face do seu oponente.

— Achou mesmo que eu só podia soltar fogo pelas mãos? Escudo de energia e barreiras são coisas básicas que quase toda criatura dotada de magia é capaz de fazer.

— Você acha que já me venceu, não é?

— Não. Eu tenho absoluta certeza. Você não tem nem mesmo chance de fugir.

Kayan voltou a expressão séria para seu rosto. Sabia que o inimigo a sua frente dizia apenas a verdade. O nível parecia ser outro completamente diferente. Provavelmente fugir seria algo mais difícil que vencer.

— Quem disse que eu tenho intenção de fugir? Eu quero é te ver caído, assim como todos os povos bárbaros que tentam desafiar a aliança.

O taurino riu ainda mais ao ouvir o que o mago dizia.

— Realmente é determinado. E idiota também.

Nenhuma palavra mais foi proferida por nenhuma das duas partes. Turenhead avançou, em grande velocidade, contra o Atreius. Com o punho direito, tentou golpeá-lo direto na cabeça. Kayan, no entanto, usou sua aura para melhorar suas habilidades físicas e conseguiu esquivar-se para seu lado esquerdo.

O taurino, porém, também era veloz e desferiu um novo ataque. Desta vez, levou seu punho quase rente ao chão para erguê-lo apenas ao se aproximar do mago, que conseguiu escapar de mais um golpe que certamente causaria um dano considerável ao seu corpo.

Em um terceiro ataque adversário, no entanto, não teve o mesmo êxito. Assim que o general ergueu o punho esquerdo em falso, também desceu o direito que já estava livre. O golpe atingiu em cheio a face de Kayan, que ainda estava em meio ao seu salto usado para escapar da investida anterior. Com o impacto, seu corpo foi arremessado para trás, transcrevendo duas voltas no ar e caindo a alguns metros de distância.

O rapaz permaneceu no chão durante alguns segundos. Foi um tempo muito curto, mas o suficiente para que Turenhead acabasse com a luta se assim o desejasse. No entanto, não o fez. Por fim, Kayan utilizou as duas mãos para tentar se levantar. Tossiu um pouco de sangue e pôde sentir o lado esquerdo de seu rosto inchar. Toda a aura que ele havia utilizado para tentar se defender pareceu ser inútil.

— Cadê o mago que estava louco para vingar o amigo? Será que ele foi embora e deixou apenas um frango assustado?

A ira novamente brotou na mente e emoções do Atreius. Porém, desta vez, elas não tomaram conta de seu corpo. Ele terminou de se levantar lentamente e, a seguir, encarou o taurino, que deixou uma leve expressão de surpresa escapar-lhe na face bovina.

— Já entendi o que você quer fazer. Quer apenas me irritar. Está se divertindo com isso, não é?

— Então não vai mais se irritar? – disse com sua voz grossa e rouca. – Será que não sente mais a morte de seu amigo?

— É impossível não sentir mais pesar algum. Mas este não é o primeiro amigo que perdi e, infelizmente, não será o último. Sou um mago e tenho de viver com isso.

O general demonstrou surpreender-se ainda mais com a demonstração repentina de maturidade daquele que, há poucos instantes, estava cego pelo ódio.

— Interessante. Gostei de você, garoto. Se não estivéssemos em guerra, talvez te deixasse viver. Mas, como não é esta a situação, deixarei que saiba quem ira te matar.

Kayan sorriu com a prepotência de seu adversário. No entanto, esse sorriso escondia o fato de que ele sabia perfeitamente que havia razão em toda essa certeza da vitória.

— Meu nome é Turenhead – continuou. – Eu sou o general dos taurinos.

— General? – perguntou o mago, sem entender a expressão.

— Digamos que eu sou o taurino mais poderoso dentre todos. General é a mesma coisa que um granmestre para vocês, humanos, só que apenas existe um general em toda a raça.

Desta vez foi Kayan quem não conseguiu esconder a surpresa. Então ele confrontava nada mais, nada menos, que o mais poderoso dos taurinos.

Sorriu.

Ele não tinha esperanças de fugir, então ao menos morreria dando o máximo de si no duelo.

— Se te interessa, meu nome é Kayan Atreius. E eu sou apenas um mago.

— Guardarei seu nome como sendo um adversário honrado. Muitos mestres não têm a determinação que você tem, jovem. No entanto, isso não o salvará da morte. Jaz Rashon.

Turenhead estendeu sua mão direita em direção ao mago ao mesmo tempo em que pronunciou o feitiço. Um turbilhão de fogo se seguiu a esse ato e se direcionou contra seu alvo.

Para se proteger, Kayan lançou o feitiço de terra com a maior quantidade de aura que pode reunir em tão pouco tempo. Um poderoso tremor de terra se iniciou e dezenas de rochas se precipitaram contra as explosões que seguiam em sua direção. Certo de que isso apenas atrasaria o efeito do feitiço adversário, o garoto pôs-se a correr na direção contrária às chamas assassinas.

Assim que alcançou seu objetivo, fez uma curva fechada e continuou a correr por detrás de algumas elevações do terreno. Ainda podia ouvir as explosões tentando alcançá-lo, portanto, não poderia parar de se movimentar.

Sentiu uma poderosa aura vindo em sua direção e, quando percebeu o que era, o taurino já havia saltado de cima dos morros mais altos e seguia sua queda rumo ao corpo do mago, que usou um clayn para gerar uma abertura na montanha e se esgueirar por ela, fechando-a em seguida.

Quando avistou o inimigo novamente, já estava preparado para atacar. Turenhead avançava em velocidade contra o mago, na intenção de golpeá-lo novamente com os punhos. Kayan, no entanto, não permitiu que isso chegasse a acontecer e disparou um durhan crisis concentrado contra o inimigo.

O taurino teve de usar um aurus pinn para se defender e, mesmo que Kayan tentasse forçar a passagem das chamas negras, isso se mostrou ser uma tarefa impossível.

Tendo frustrado a nova tentativa de ataque do mago, o general avançou novamente para um novo ataque de curto alcance. Parecia estar determinado a terminar com aquilo utilizando os punhos.

Sem ter tempo para ganhar distância novamente, o Atreius se viu obrigado a enfrentar um combate corpo a corpo, apesar dos riscos que isso trazia. Esquivou-se dos três primeiros golpes, defendeu-se com um aurus pinn de um quarto e, quando pensou ter uma abertura para atacar, foi surpreendido com um golpe direto contra o tórax.

O impacto foi tão forte quanto o primeiro que havia recebido e fez com que o mago fosse arremessado para trás. Porém, Kayan ainda conseguiu se manter em pé, apesar da dor lancinante a qual estava submetido e da suspeita de ter várias costelas quebradas.

O taurino não lhe deu tempo para descansar e lançou-se ao ataque novamente. Com muito custo e muita dor, o mago conseguiu se esquivar da investida. Então, Turenhead moveu seu punho esquerdo em direção ao corpo do jovem, que saltou para trás e usou um aurus pinn para se defender. O escudo de energia conteve o golpe durante alguns segundos, porém, quebrou-se em seguida. Kayan recebeu o punho adversário direto contra o abdômen, tendo apenas sua aura como proteção. Apesar da dor excruciante que sentiu novamente, ele esforçou-se ao máximo para conseguir agarrar o braço do adversário com ambas as mãos.

Um poderoso raio de energia negra surgiu de suas mãos, atingindo o braço do taurino a queima roupa. Com o impacto do feitiço, a criatura acabou sendo lançada para trás. Seus pés bovinos formaram dois largos rastros no chão para poder se manter em pé. Kayan, no entanto, apenas cessou o ataque quando seu corpo não aguentou mais o desgaste de usar tanta aura.

Riu.

— Pe... pelo menos isso... pelo menos um ferimento eu consegui te causar – disse, ofegante e em meio a um riso sem graça.

O braço esquerdo do general estava em frangalhos. Sua pele estava praticamente carbonizada. Seus nervos e músculos haviam sido dilacerados. A carne recebera diversos cortes, por onde filetes de sangue jorravam. O taurino se continha para não demonstrar traço algum de dor, ou da ira que consumia seu corpo. Ao invés disso, riu.

— Ainda ri? Você é pior que eu.

— Espere um minuto e verá que o dano que me causou não foi nada.

Kayan não entendeu o que ele quis dizer, porém, na atual situação, poder descansar por um minuto seria um alívio. No entanto, nem bem esse tempo havia passado e o braço do taurino começava a aparentar melhoras. Num instante, terminou de se regenerar; foi tudo em questão de segundos.

— Im... Impossível! – exclamou Kayan, mantendo os olhos incrédulos fixos ao braço do inimigo.

— Sim, esta é mais uma de minhas habilidades. Meu corpo possui uma regeneração muito acelerada, principalmente se eu impor minha aura na parte que desejo curar.

— Mas... turinos não deveriam ser capazes de fazer isso.

— Taurinos não, mas você já deve ter visto alguém que pode.

— Trolls... – Kayan arregalou os olhos com a conclusão que obteve.

— Bingo!

— Como pode? Isso deveria ser impossível...

— Nunca ouviu falar de mestiços?

— Nã... não...

Turenhead caiu na gargalhada novamente. Divertia-se com o espanto causado no mago a sua frente.

— Entre os bárbaros existe alguns gnolls que gostam de fazer algumas experiências com magia, misturando algumas raças. A maioria dessas experiências cria algumas aberrações deformadas, mas as poucas que funcionam geram um mestiço com habilidades de duas raças. É claro que isso tem que ser feito antes da criatura nascer e como o eu fui gerado através de encantamentos em uma troll fêmea, eu acabei sendo rejeitado ao nascer.

— Rejeitado... por isso você é assim tão revoltado?

— Revoltado? De onde você tirou essa ideia, garoto? Eu vivi sozinho desde muito pequeno até meus cinquenta ou sessenta anos. Só então que descobri que poderia ser um shaman. Treinei minha magia durante mais de cem anos antes de tentar me tornar o general dos taurinos. Portanto, eu tenho um corpo tão ou mais forte que um guerreiro e a magia muito maior que um shaman.

— Qua... quantos anos você tem?

O taurino riu novamente. Aparentemente tinha se simpatizado com Kayan, apesar de que teria de matá-lo em breve.

— Eu acho que perto de uns trezentos. Os trolls costumam viver quinhentos anos e eu herdei isso de minha mãe. Embora eu acho que posso viver mais do que isso.

Kayan sentiu uma pequena gota de suor escorrer-lhe da testa para rosto e cair até o chão. Ele estava nervoso novamente. Não teria mais como manter aquela conversa e nenhum tipo de ajuda havia chegado ainda. Pelo jeito, teria de vencer sozinho, ou morrer tentando.

— Chega de papo e vamos voltar ao nosso combate, humano.

— Espere! Eu vi que você se regenerou depois de receber o meu feitiço, mas esse olho que te falta indica que sua regeneração não é perfeita.

— Perspicaz... realmente não é perfeita. Uma única pessoa conseguiu deixar uma cicatriz no meu corpo. No entanto, essa pessoa não está mais viva. E foi um mago humano que encerrou sua vida, não eu. De qualquer jeito, você não terá a mesma sorte que esse mago que me feriu de tal maneira.

Desta vez quem riu foi Kayan. Turenhead não entendeu o motivo para tal reação, mas logo pôde perceber o que era.

— Eu sei exatamente como feri-lo.

Uma expressão de interrogação surgiu na face do taurino. O mago, então, pairou a mão esquerda sobre o antebraço direito e este começou a emanar um brilho escuro.

— Giudecca.

Ao movimentar a mão lentamente, uma lâmina negra e muito sólida se materializou. O Atreius, então, correu em sua direção com a intenção de atacá-lo.

Usando sua aura como apoio, ele conseguiu uma incrível velocidade de ataque. No entanto, o taurino era experiente e não foi pego de guarda baixa. Ergueu o braço, que já estava envolto em um escudo de energia, com grande agilidade. Fagulhas de cor preta foram despejadas no ar com a intensidade do impacto.

A seguir, Turenhead forçou o braço contra o mago, que acabou sendo arremessado para trás, caindo em pé a alguns metros de distância.

— Nada mau, mas não adianta nada se não conseguir me atingir.

Kayan não respondeu, apenas avançou para um novo ataque. A cada movimento que o jovem fazia, um pontada de dor subia-lhe pelo peito, efeitos dos golpes recebidos há pouco. No entanto, ele ignorava tal fato e atacava com determinação.

O primeiro golpe foi evitado com êxito pelo taurino, que simplesmente tirou seu corpo para o lado. A seguir, o mago foi obrigado a se defender de um contra-ataque. Um golpe com o punho fechado do taurino foi evitado com perfeição pela lâmina negra. Então, seu portador saltou para trás na tentativa de manter a distância.

Avançou novamente e, desta vez, foi o taurino que saltou para trás, evitando, assim, o golpe que causaria sérios danos.

— Raz Rashon.

— Merda!

Kayan gritou ao perceber o feitiço que vinha em sua direção. Em pleno ar, o general lançou uma poderosa rajada de fogo contra o mago, que usou sua lâmina negra na tentativa de se defender. O jovem golpeou as chamas com velocidade e força, impondo toda a aura que conseguiu. A seguir, com ela já dividida ao meio, criou uma elevação rochosa estreita e alta com o clayn para, então, subir em cima dela correndo. Ao chegar ao seu final, saltou contra o inimigo, deixando que a construção que havia criado fosse consumida pelo fogo.

O taurino já havia voltado ao solo e se preparou para se defender da nova investida de seu adversário, que já transcrevia um semicírculo com a lâmina negra. Turenhead simplesmente ergueu a mão direita envolta em sua aura e amparou o giudecca, fechando o punho em seguida.

Kayan ainda tentou impor mais aura no feitiço e forçar seu ataque, se obtivesse êxito, seu inimigo teria sérios ferimentos. No entanto, não aconteceu como ele esperava e, assim que o general forçou um pouco mais seu punho, o feitiço adversário cedeu e se desintegrou em milhares de fagulhas negras.

— Raz Rashon.

Com a mão esquerda, o taurino lançou o feitiço de chamas contra o corpo do mago, que ainda estava no ar. O jovem foi completamente envolto na poderosa rajada e arremessado para o alto. Depois de subir até uns cinco metros de altura, caiu ao chão em trajetória inclinada, sendo arrastado no mesmo através da inércia.

Quando as chamas se apagaram, elas revelaram o jovem caído e com severas queimaduras pelo corpo todo. Suas roupas estavam parcialmente rasgadas. A parte esquerda da blusa havia sido queimada e o braço, além do ombro do mago, estavam expostos junto com diversos cortes um tanto quanto profundos. Apesar dele ter se protegido com a aura, este membro havia se quebrado com o impacto.

Ainda atordoado pelo duro golpe, ele tentou se levantar. Virou o corpo para o lado direito e se apoiou nesse braço. Tossiu e uma grande quantidade de sangue caiu no chão. Arfava muito e lutava para não perder a consciência, sabia que, se isso acontecesse, estaria perdido. Com uma força e determinação sobre humana, além da vontade de viver, ele conseguiu colocar-se em pé.

— Ainda vivo? Estou impressionado.

Kayan não respondeu com palavras. Em um gesto rápido e desesperado, girou o corpo, ignorando a dor excruciante que isso causava e lançou um durhan crisis utilizando apenas o braço direito para tal.

O general Turenhead simplesmente parou de caminhar e se preparou para receber o impacto do feitiço. Entretanto, o mago apontou o braço para outra direção e as chamas negras seguiram o mesmo trajeto, dando a volta por trás do taurino. A seguir, o Atreius fez com que elas tomassem a forma de um dragão negro imponente e atingissem o inimigo pelas costas, com toda a força que ele poderia utilizar debilitado como estava.

Novamente o taurino não se preocupou em se defender, o feitiço lhe atingiu as costas com força total, porém, sua aura lhe salvou de qualquer dano que poderia receber.

Kayan cambaleou novamente e quase caiu ao chão, inconsciente. Mais uma vez conseguiu lutar e vencer contra isso, apesar de que não conseguia fazer o mesmo contra o inimigo que cada vez mais se aproximava.

— Realmente impressionante, mas acabou. Parece que sua aura esta chegando ao limite. Manter a aura envolta do corpo o tempo todo faz isso com uma pessoa. Além disso, tem o dano de todos os ataques que recebeu. Incrível como você ainda consegue se manter em pé, mas acho que não poderá mais fazer isso com o pescoço quebrado.

Turenhead liberou seu sorriso sádico. A seguir, agarrou de forma rápida e brusca o pescoço de Kayan, que impôs toda a aura que podia para não o ter quebrado no mesmo instante. Seu corpo foi erguido do chão como se fosse nada, então, o general lhe encarou direto nos olhos. Provavelmente queria ver alguma expressão de medo ou desespero antes de tirar a vida de seu adversário.


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Notas finais do capítulo

Será o fim? Kayan encontrará alguma maneira de sair desta situação? Não percam no próximo capítulo de A Ordem de Drugstrein.

Alias, o que acharam do Turenhead? E deste duelo que foi o mais longo até o momento? Espero que tenham gostado.



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