Echo escrita por Duda Mockingjay


Capítulo 1
Shadows, is the only friend that I have!


Notas iniciais do capítulo

Oi Arqueiros!
Obg a todos q estão dando uma chance a fic ♥
Vcs são D+
Bem Roy e Diggle serão citados. Assim como outros.
Essa é uma oneshot feita com muito carinho para vcs ♥
Sei que to meio atrasada no tema da fic (SPOILER: até pq já sabemos que Oliver ta vivo),mas a Felicity não sabe ainda e bem, a ideia pra essa fic apareceu de repente e resolvi escrever.
O link da música estará nas notas finais!
Espero q amem ler como eu amei escrever ♥



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Meus passos refletem a escuridão. Tudo parece um amontoado do passado. Um passado que parece tão distante, mas tão nítido.

As portas de ferro rangem quando atravesso. Um som tão familiar que ecoa no silêncio do local. Uma organização impecável para um lugar que parece abandonado.

Abandonado apenas para mim.

Silêncio. Algo que infesta o lugar como uma fumaça invisível. Que rodopia ao meu redor e me asfixia. Dou o primeiro passo para dentro da boate, reunindo todas as forças que sobraram e dispensando todo pensamento que me manda voltar pra casa e me esconder embaixo das cobertas para nunca mais sair.

Mas essa não é uma opção.

Não posso mais me esconder de tudo e de todos mesmo desejando isso com todas as minhas forças. Não sou mais uma garotinha indefesa, tenho que enfrentar meus medos mesmo que eles sejam maiores do que eu mesma.

Tenho que enfrentar a falta.

Dele.

Ando firme, decidida, por entre as mesas bem arrumadas e o balcão decorado. Me encaminho para a parte mais afastada, mais solitária, pois é ali onde se esconde meus maiores temores. Atrás daquela grande e enferrujada porta guardada por um código criado por mim.

Eu realmente criei meus próprios demônios e admito que agora não consigo lidar com eles.

Não consigo lidar com o que está por trás dessa porta. Ou o que pode estar. Algo que a poucos meses eu era tão acostumada. Um lugar que eu desejava estar, como minha segunda casa. Mas depois de tudo descobri que aquele esconderijo não era meu segundo lar.

Meu lar era ele.

Mas, de repente, meu lugar seguro escapou bem embaixo dos meus olhos.

Aproximo meus dedos dos botões com uma calmaria excessiva. Ainda me questionando mentalmente. Ainda sentindo a água nos meus olhos, pronta para jorrar. Como ainda existia água em mim depois de tudo?

Eu deveria estar seca por dentro assim como estava por fora.

Os raios do Sol pousam em mim e refletem os números negros enquanto eu digito lentamente o código. A porta destrava com um click mínimo que parece absurdamente ensurdecedor para mim. O sol espalha seu típico calor pelo ambiente, mas não contenho o frio que percorre minha espinha ao perceber o que eu estava prestes a fazer.

O que estava prestes a reviver.

Agarro a maçaneta como agarraria um bote salva vidas em alto mar. Desesperada e ansiosa. Ansiosa pelo que? Uma parte mínima de mim ainda insistia em acreditar que ele estaria ali, como de costume, com seu porte firme e seguro, suas mãos cerradas ao lado do corpo que aliviariam no momento em que me visse, seus movimentos ansiosos apenas me esperando para resolver algo que ele não conseguira de forma alguma, me encarando com seus olhos esmeralda hipnóticos.

Me desafiando com seus lábios carnudos e convidativos.

Mas ele não estava. Eu tinha que repetir isso para mim mesma todas as horas, todos os minutos, segundos, milésimos. Ele não estaria ali. Seus olhos, seus lábios, seu alívio ao me ver. Não estaria.

Nunca mais.

Abro a porta com dificuldade, está emperrando pelos meses sem ninguém tocá-la. E num ranger triste e caótico ela se abre. Um ar quente escapa por ela como se esperasse pela liberdade há muito tempo. Há quantos meses não voltava aquele lugar? Quantos meses tive que reunir coragem para ao menos conseguir pensar no esconderijo? Respiro fundo e adentro as grandes portas, ouvindo o click soar novamente quando elas se fecham atrás de mim. Como celas que predem um prisioneiro. Mas eu não estava presa. Não fisicamente.

Mas... Mentalmente?

Quem sabe...

Eu voltei. Estou aqui novamente. No lugar que me traz felicidade angustiada. No lugar que já não faz mais parte de mim.

Não como antes.

Não sem ele.

Sozinha. Seguro a vontade de gritar “alguém ai?”, pois sei que minha resposta será o nada. Não haverá resposta. As paredes não falam. Muito mesmo os trajes de batalha. Sinto o aperto em meu peito voltar com força total enquanto me pergunto onde meu velho mundo tinha ido parar. Eu sinto falta do meu velho mundo, do meu velho eu.

Eu sinto tanta falta dele.

Hello, hello
Anybody out there?
'Cause I don't hear a sound
Alone, alone
I don't really know where the world is but I miss it now

Desço as escadas como se pisasse em cacos de vidro que poderiam se partir a qualquer momento. Escorrego a mão pelo corrimão áspero. Sinto falta, até mesmo, da velha escada. A poeira marrom e fina se espalha por onde minha mão toca. Ela se prende a minha mão como o passado se prende a minha memória. Fixo e irrevogavelmente.

Ela mostra a real face do que aquele lugar havia se tornado.

Ela esconde a beleza do que ele havia sido.

Abandonado e solitário. Como um cão que perde seu dono, o esconderijo havia perdido seu chefe, seu amigo, seu parceiro, seu homem. A esse ponto eu não sei se estou pensando no esconderijo ou em mim mesma. Acho que em nós dois. Dois abandonados. Mas eu havia perdido mais. Além de tudo, eu perdi meu grande amor.

E como se esquece um amor?

Simples. Não se esquece.

Chego ao fim da escada como quem chega ao fim da vida. Lenta e sofregamente. A cada degrau eu lembrava de um momento da minha inconstante vida. Momentos bons e ruins. Os melhores deles aconteceram depois que cheguei aqui.

E o pior deles também.

E o último degrau, o fim, destinado a notícia fatal. A notícia de que ele se fora. Para sempre. O ar ainda falta ao me lembrar e vejo que ainda estou cheia de água por dentro quando as lágrimas começam a rolar desenfreadamente.

Fazia alguns meses que Diggle me contara, da forma mais carinhosa que pode. Mas não era o bastante. Ele me abraçou, me confortou até a noite chegar. Fez até minha comida preferida. Mas eu não controlava mais o que sentia. Ele voltou para casa depois de muitos protestos meus e frases como ‘vou ficar bem’ ou “qualquer coisa eu te ligo”. Mas eu não liguei. Nem mesmo quando um ataque de enjoos me dominou ao imaginar a espada atravessando o corpo dele.

O corpo de Oliver.

E voltava a chorar e soluçar como uma criança ao pensar em sua queda do penhasco. Ele não merecia morrer assim.

Ele não merecia morrer!

De todos o que conheci foi ele quem mudou minha forma de pensar, minha forma de olhar para os milionários e ver que nem todos eram o que pareciam. Ele me mudou. Ele era diferente do que mostrava pra mídia, tabloides ou as mulheres com quem saía. Atrás do playboy milionário havia uma pessoa real, um homem com sentimentos verdadeiros e que era capaz de arriscar sua vida por pessoas que nem ao menos conhecia.

Ele era um herói.

Ele é um herói.

Mesmo que agora seja apenas em boas lembranças.

Passei dias em casa. Apenas eu e o silêncio dos móveis. Sem perguntas, ou abraços que demonstravam mais pena do que solidariedade, ou frases de força que no fim não mudavam nada. Eles me confortavam de uma forma que nenhuma pessoa conseguiria. E bastava um pensamento para tudo voltar.

Choros, enjoos, soluços.

Tristeza, angustia. Dor

Eu não ia ficar bem.

Assim se passaram meses da minha vida. Diggle e Roy me ligavam e até apareciam. E eu usava uma máscara de felicidade na frente deles que, acredito, os enganava. Até eles saírem pelas portas e eu voltar a ser a pessoa fria e angustiada que havia me tornado. Vivendo meus dias como um fantasma em minha própria vida.

Apenas o trabalho mudava minha mais nova rotina. Os agendamentos de reuniões e a criação de projetos desviavam minha mente do principal assunto que a torturava. Mas ela era teimosa e acabava voltando a mesma tecla. Até mesmo Ray notou minha súbita mudança e tentou se aproximar. Mas o que eu sentia não deixava ninguém se aproximar. E eu vivi em minha bolha de trabalho e mais trabalho.

Ninguém voltou ao esconderijo depois disso.

Não havia Caverna sem o time.

Não havia time sem Arqueiro.

Não havia Arqueiro sem Oliver Queen.

Relembrei todos aqueles dias parada ao pé da escada. Sonhando acordada. Tendo pesadelos acordada. Encarando o grande galpão que agora parecia saído de um filme de terror. Um daqueles bem elaborados e horrendos.

Sinistro. A poeira competia com as teias de aranha para saber quem tomaria o lugar primeiro.

As duas estavam empatadas.

Sigo até a maca que foi palco de tantas tragédias. Palco da primeira vez que Oliver conseguiu me angustiar. Do momento que entrei pro meu ‘segundo emprego’, minha segunda vida. Vê-lo deitado e imóvel, à beira da morte, fez surgir algo novo em mim. Percebi, naquele momento, que não aguentaria se algo pior acontecesse a ele. Mas eu ainda cria que era apenas uma amizade que não queria perder. Um amigo que confiou seu maior segredo a mim.

Um bom amigo.

Eu pensava.

Lembro de todas as outras vezes que ele esteve aqui, entre a vida e a morte. Me deixando entre a vida e a morte só por saber que não podia fazer nada para ajudá-lo. Lembrei até mesmo da vez em que eu estive ali.

Num dia que deveria ser o melhor da minha vida.

De nossas vidas.

Um dia que deveria marcar o começo, mas marcou o fim.

Não. Eu estava enganada. Aquele dia não marcou o fim. O fim foi perder aquele que eu nunca tive. O fim foi saber que não teria mais chance de um novo começo.

O fim foi saber que não existia mais Oliver.

Caio sobre a maca fria, como se minhas pernas já não aguentassem mais meu peso, e grito o nome dele com todo o meu fôlego. Toda minha alma. Como se eu pudesse trazer ele de volta. Lágrimas se misturando ao suor que brotava constantemente. Ele só não estava me ouvindo, mas se gritar ele vai me ouvir, penso no auge da loucura. Grito como uma tola até não ter mais voz.

Ninguém me ouve. Não há ninguém. Nem mesmo quem eu mais desejava que estivesse ali. Meu grito não é suficiente pra traze-lo de volta. Nunca foi. Nunca será.

Me ergo e olho ao redor. A escuridão me consome mesmo que feixes de luz não deixem tudo se torna um completo breu. Até que percebo a verdade. A escuridão está dentro de mim. E as sombras são minhas únicas amigas.

I'm out on the edge and I'm screaming my name
Like a fool at the top of my lungs
Sometimes when I close my eyes I pretend I'm alright
But it's never enough
Cause my echo, echo
Is the only voice coming back
Shadow, shadow
Is the only friend that I have

Encaro minha antiga mesa. Meus computadores. Velhos conhecidos. A sujeira cobre o teclado e se estende pela mesa num mar sem fim. Aqueles monitores empoeirados, porém de última geração me instigam a sentar na cadeira acolchoada e voltar à ativa. Voltar a me afundar ali e ‘pesquisar’ sobre tudo, usando fontes que muitos não conseguem e que muitos proíbem. Voltar a pôr o comunicador no ouvido e guia-lo, sem medo, até o sucesso da missão.

Com ele, seguiria até o fim do mundo.

Mas como guia-lo agora? Como sentar novamente ali, ajustar o comunicador e esperar ouvi-lo dentro de mim, mas na verdade sua voz nunca voltará? Como voltar à ativa sabendo tudo isso?

Me afasto das perdições tecnológicas. Paro ao lado da mesa. No local que marcou realmente o fim. No mesmo lugar onde tudo mudou. No lugar onde o vi pela última vez. No lugar onde ele declarou, com todo o coração, seu amor por mim.

E o que eu fiz?

Nada

Me calei. Perdi a voz diante de tal declaração. Perdi tudo diante da intensidade de seu olhar sobre mim e seus lábios encostados em minha pele.

Eu fui uma idiota.

Deveria ter gritado. Declarado meu amor por ele aos quatro cantos do mundo. Deveria tê-lo convencido que ficar era o certo. Feito ele esquecer dessa ideia absurda. Deveria tê-lo beijado como nunca antes havia beijado ninguém.

Deveria...

Mas não fiz. Nada.

Apenas encarei suas palavras em silêncio e vi-o sumir pela escada em direção a seu futuro incerto. Seu destino final. Me deixando só, naquele galpão que, de repente, pareceu grande e silencioso demais.

Se eu tivesse cedido e implorado ele voltaria atrás? Se eu tivesse dito um ‘eu te amo também’ ele teria ficado?

Por mim?

Por nós?

São muitos ‘se’ para poucas confirmações. E pouco tempo para muitas palavras não ditas. Mas agora é tarde.

E eu estou afundando em meu próprio mar de loucura. Perdendo a lucidez nas minhas perguntas sem respostas.

Eternamente sem respostas.

Me perguntando se havia correspondido a intensidade do amor dele apenas com meus olhares e meus atos. Provavelmente não. Ele merecia mais, merecia palavras. Palavras que não saíram de minha boca. Palavras que ele nunca mais ouviria.

Listen, listen
I would take a whisper if
That's all you have to give
But it isn't, isn't
You could come and save me
Try to chase it crazy right out of my head

Turbilhões de lágrimas escorrem por minha face. Não consigo detê-las. Eu tentei, mas não dá mais. Não depois de voltar aqui e ver tudo isso. Sentir tudo isso. De novo e de novo. Sem parar.

O calor no galpão é palpável, mas o frio que congela meu ser é maior que qualquer temperatura. Sigo vagarosamente para lugar nenhum, apenas observando cada objeto, cada pista que agora não servem de mais nada. Ligo a luz e o local se ilumina dando um pouco de vida a um lugar que parece morto. Eu preciso vê-lo com a grandeza que ele já possuiu, preciso lembrar como aqui era feliz.

Perigoso.

Mortal.

Mas, de alguma forma, feliz e aconchegante.

Fito o local de treinamento que parece antigo e empoeirado. Monótono e entregue a tristeza. Ando e, em segundos, estou plantada a alguns metros do alvo vermelho e branco pintado na parede. O arco dele ainda jaz intacto na mesa. Flechas, com todas as habilidades, organizadas delicadamente sobre ela. Como se a qualquer momento ele fosse entrar, tirar sua camisa e minha concentração junto e atirar firmemente, acertando o centro de todos os alvos sem nem ao menos se esforçar.

Ele não precisava se esforçar para ser bom em tudo o que fazia.

Pego o arco cuidadosamente e uma flecha comum. O tempo de convívio com ele me ensinou tudo o que precisava. E algumas pesquisas também ajudaram. Ergo-o e miro no alvo, atirando com toda a raiva que sentia. Era duro e difícil, o sinônimo da minha vida, e isso só me dava mais força para prosseguir atirando.

Atirando e errando.

Mas sem parar de atirar.

Eu já deveria ter superado. Atiro mais uma que não chega nem perto do centro. Todos já o fizeram. Diggle seguiu sua vida com sua mulher e filha, feliz e confiante. Mais uma sai do arco com fúria. Laurel tem um emprego maravilhoso e parece que Ted está ajudando muito no seu luto. Roy trabalha normalmente e até voltou a sair com Thea. Até mesmo Thea parece estar vivendo super bem. Atiro mais uma.

Mas e eu? Porque é tão difícil para eu superar.

Eu nunca vou superar. Meu coração diz que não.

Eu não quero superar e acabar esquecendo-o

Eu não quero esquecê-lo.

Ele não merece ser esquecido!

Atiro a última flecha com toda a dor e raiva que sinto. Ela voa rápida e certeiramente caindo direto sobre o centro do alvo. Um tiro certo. Um pensamento certo.

Ele não será esquecido.

Nem que tenha que gritar seu nome para o mundo ouvir. Nem que tenha que sussurrar seu nome para eu ouvir. Mesmo que o eco de seu nome seja a única voz que permaneça. E a sombra de quem ele foi seja minha única companheira no fim.

I'm out on the edge and I'm screaming my name
Like a fool at the top of my lungs
Sometimes when I close my eyes I pretend I'm alright
But it's never enough
Cause my echo, echo

Is the only voice coming back
Shadow, shadow
Is the only friend that I have


Largo seu arco sobre a mesa com um baque alto, espalhando as flechas por todo lado. Ando, aos tropeços, até o espaço onde sua roupa pende no vácuo da solidão. A quanto tempo ela está ali, entregue as traças? Até quando ela aguentará aquilo? Ela era fraca como eu ou mais forte?

Eu não aguentaria muito mais.

A calça verde apertada. As botas negras jogadas. O casaco cor de musgo com suas mangas já gastas. O capuz que continha uma história não narrada pelos livros.

Uma história digna de livros.

Ou, quem sabe, quadrinhos.

Um mínimo sorriso escapa por meus lábios, algo atualmente raro. Sinto um orgulho de mim mesma por ainda possuir uma parte da velha eu. Nem que essa parte seja mínima.

Admiro o traje verde desbotado. Gasto de tantas batalhas, tantas vitórias e derrotas. Arranhões, rasgos. Cada um com sua história. Uma roupa que ainda delineia as curvas que seu dono possuía. O peito forte que estufava a frente, os braços e pernas malhados que cabiam perfeitamente no traje apertado. O rosto sombrio e sério que o capuz e a máscara escondiam.

A roupa foi criada para ser dele.

Ele foi criado para ser o Arqueiro.

O Arqueiro Verde.

Belo codinome, pensei com meus botões. Porque nunca o usamos? Quem sabe ele usaria?

Se ainda fosse vivo.

Desabei aos pés da redoma de vidro que guardava um pedaço do meu passado. Um pedaço do meu herói. Apenas um pedaço. Lágrimas e mais lágrimas mancham o vidro que protege o traje. Já não consego enxergar. Meus óculos manchados chocam-se com o vidro cada vez que minha testa bate naquele santuário ao Arqueiro. Minha mão desliza lentamente como se ainda pudesse sentir a energia que aquela roupa irradiava.

Mas não era a roupa. Nunca foi.

A energia vinha dele. A energia era ele.

Esmurro o vidro enquanto um filme se passa em minha mente. Um filme que não cessa. Um filme sobre ele e tudo o que ele me fez sentir. Um filme sobre todas as brigas, todas as reconciliações, todas as preocupações, as angústias, todos os sorrisos, as lágrimas. Sobre o nosso começo, meio e fim.

Sobre nós.

Encaro a roupa finalmente percebendo a verdade e pronta para extravasá-la.

Eu era dele.

E sempre serei.

Oliver, seu grande idiota! – Berro com o traje. Como se ele fosse me ouvir sério, me interromper no auge de minha tagarelice, pousar a mão em meu ombro, fazendo uma descarga elétrica percorrer meu corpo, e lançar um de seus sorrisos perfeitos com suas explicações nada plausíveis, mas extremamente românticas que me faria esquecer a causa da minha fúria.

Mas ele não faria isso.

Ele não é Oliver.

E logo uma enxurrada de palavras escorrerem por minha boca. – Porque você fez isso? Enfrentar uma liga repleta de assassinos, nomeada de forma inteligente de Liga dos Assassinos, sozinho e levando a culpa de outro. Uma culpa que não era sua! Eu sei que foi pra proteger Thea, mas eu não consigo aceitar isso! Meu coração não aceita. Eu deveria ter pulado na sua frente e te prendido em Lian Yu se fosse necessário! Enfrentar o líder dos assassinos? Sério? Sozinho? Essa não foi sua ideia mais inteligente! Você não entende que sem você nós não podemos continuar. Sem você não existe nada disso! – Aponto ao redor com as lágrimas escorrendo descontroladamente por minha face. O traje apenas me encarando com seu olhar vazio e sem rosto. – Eu ainda tinha muito pra te dizer. E era você que tinha que estar aqui ouvindo. Ouvindo que o que eu sinto por você é muito mais que uma simples amizade. Mais do que uma parceria. Ouvindo que eu não consigo viver sem você. E mesmo que você continuasse com sua proteção idiota e sem cabimento, é melhor ter você longe de mim e me evitando, mas vivo do que saber que nunca mais poderei te encarar face a face. Sentir seu cheiro de suor misturado a seu perfume amadeirado. Ver seu rosto firme, mas sensível quando eu o tocava. Olhar em seus olhos verdes e ver o brilho que possuía quando me olhava. Ouvir você dizer mais uma vez que me ama. – Soluço mais e mais sentindo minha respiração se perder em meio ao choro. – Eu correria riscos por você. Eu viveria no perigo se pudesse estar contigo. Você não entende? Eu sempre estive em perigo apenas por ser sua parceira! O que mudaria se tivéssemos algo mais? Eu sempre serei sua garota, Queen. – Olhei para o chão e implorei como uma prece. – Eu não quero, não consigo viver sozinha, sem você. Eu só queria te ver mais uma vez. Te abraçar mais uma vez. Mas eu tive essa chance? Não! Eu só queria me sentir viva mais uma vez.

I don't wanna be without it
I just wanna feel alive and
Get to see your face again
I don´t wanna be without it
I just wanna feel alive and
Get to see your face again once again
Just my echo, my shadow
Youre my only friend"

Meus soluços interrompem meu discurso. Respiro fundo com a visão ainda embaçada. Ergo o rosto e algo brilha em minha mente. Um pequeno pensamento, um feixe de luz na escuridão.

“Me sentir viva novamente”.

Sim. Oliver me fazia estar viva. E tudo começou naquele fatídico dia em que ele apareceu sangrando em meu carro. No dia que salvei sua vida pela primeira vez. E a partir dali minha vida mudou. Eu me senti realmente viva.

Descer para aquela caverna todo dia e ter meu segundo emprego me deixava viva. Salvar pessoas e deter bandidos me deixava viva. Correr riscos e ajudar meus amigos me deixava viva. Estar com Oliver me deixava viva.

Principalmente carregar seu legado.

Seu legado era parte da minha vida.

E o que eu estava fazendo? Chorando e me lamentando pelos cantos enquanto a cidade vivia esses meses entregue ao mal. Aos roubos e mortes.

Eu poderia estar salvando pessoas.

Poderia estar levando o legado de Oliver adiante.

Eu sou uma grande idiota.

Bato em minha própria cabeça e me ergo em um salto. O traje parece sorrir com minha atitude. Oliver sorriria com minha atitude. Mesmo com todos os perigos a cidade precisa de um herói.

Ou melhor, de um grupo deles.

Me perguntei: O que Oliver faria? E tive a resposta em segundos. Ele não desistiria. Pois heróis não desistem. O legado deles não morre enquanto haja pessoas que acreditem nele.

O Arqueiro não morreria enquanto houvesse seu time.

Somos um time de heróis.

Eu sou uma heroína.

E nós carregamos um legado.

Sorrio o primeiro sorriso sincero desde a morte dele. Um brilho antigo e familiar toma meus olhos e minha boca. O brilho que o amor dele me fazia sentir.

Esse amor ainda está em mim.

E cada vez que salvar alguém em nome dele esse amor renascera mais forte e inesquecível.

Ele sempre viverá.

Olho seu traje mais uma vez antes de subir as escadas. Minha mente buscando Diggle e Roy. Tenho que reunir o time.

A cidade precisa de nós.

O legado dele precisa de nós.

Olho ao redor com alegria estampada. Fecho a luz com rapidez e chego a enorme porta, que agora me parece cada vez mais familiar e amiga.

Em algumas horas estarei aqui novamente.

Concentrada em meus computadores.

Guiando os garotos pelo caminho certo.

Fazendo as lutas de Oliver não terem sido em vão.

E vendo que meu amor por ele nunca será esquecido, pois ele é meu amor épico e sempre será.

Eu te amo”, ouço sua voz soar docemente em meu corpo, me arrepiando de um jeito bom.

E, olhando meu antigo e futuro lar mais uma vez, sussurro para o vento, esperando que algum dia Oliver receba a resposta de meu coração para sua admirável declaração.

– Eu também te amo, Oliver Queen.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoas it's the end!
Se gostaram, recomendem. Se gostaram muito mesmo, recomendem, comentem, favoritem, deem ideias e quem sabe eu escrevo outras songfics sobre esse casal maravilhoso ♥
Aki a música: https://www.youtube.com/watch?v=pxpLxb5jHO0
Bem , espero reviews
Até logo
Bjos, XoXo



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