Omaha, 20 de Dezembro de 2009 7:00 am

Pov Kimberly

Acordei ao ouvir uma música alta invadir meu quarto. Jack. Meu irmão adorava ouvir música alta de manhã, sempre achei isso um desaforo, claro que ele fazia isso para me afrontar.

Afastando qualquer pensamento que arruinaria meu dia. Levantei da cama quase em um pulo, caminhei até o banheiro para tomar uma ducha rápida, não podia me atrasar no último dia de aula. Sentir a água quente percorrer meu corpo era extremamente prazeroso, queria viver em baixo de um chuveiro pro resto da vida, pena que querer não é poder. Após terminar o banho peguei a roupa que tinha separado na noite passada e vesti apressadamente, peguei minha mochila e desci as escadas dando de cara com meu irmão e seu amigo, como toda a manhã, olhei para todos os lados a procura de Samuel, não estava entendendo, ele nunca é de faltar.

–Procurando o amado? - Reynolds falou me alfinetando logo soltando um sorrisinho.

–Escuto vozes mas não vejo ninguém. Sem nem olhar para trás, caminhei até a porta com passos rápidos. Ao abrir a porta avistei Samuel ancorado no capô do carro de braços cruzados, com seu amado óculos escuro.

–Achou que eu não ia vim?

–Já falei para você levantar essas calças, da pra ver suas coxas se bobear. Disse ignorando sua pergunta e adentrando no carro.

–Isso é estilo, minha linda, uns tem, outros tentam. Disse soltando um sorriso.

–Desculpa, mas você é aqueles que tentam, acelera aí, quanto antes chegarmos melhor. Ele assentiu dando partida no carro.

Apoiei minha cabeça no vidro observando a rua, não era um dia como os outros, as nuvens estavam cinzas, não estava frio e nem calor. Hoje é o dia do meio termo. Samuel cantarolava uma música qualquer que tocava na rádio, me virei em sua direção e o fiquei fitando. Seu rosto tinha uma feição de felicidade mas seus olhos se encontraram escuros. Ele percebeu que eu o olhava e me olhou rapidamente.

–O que tanto pensa Kim?. Balancei a cabeça saindo o transe.

Não respondi nada, só virei a cabeça percebendo que chegamos a escola. Abri a porta rapidamente e sai do carro sem nem trocar uma palavra.

Olhava para trás enquanto caminhava e bati em alguém, virei para a frente desesperada pedindo desculpa e vejo que era quem eu menos esperava. Taylor.

–Se eu soubesse que era você, pouparia minhas desculpas.

–Kim, deixa eu falar com você. Ele disse com um olhar de súplica.

–Seja breve. Senti sua respiração ficar pesada e seu corpo ficar tenso. Ele suspirou e disse:

–Você quer ir ao baile comigo? - Ele fechou os olhos apertando fortemente à espera de uma resposta.

–Vou pensar Tay, eu te ligo - Disse virando as costas e seguindo meu caminho. Não iria no baile com ele, nem com ninguém, simplesmente não vou, depois de o baile do ano passado desejo nunca ir em mais nenhum. Era o último ano de escola. Nem sequer pensei em uma faculdade para cursar, estava muito perdida na vida, precisava me resolver.

Caminhei até a sala e adentrei a mesma, todos já estavam lá e eu senti os olhares pesar sobre mim. O professor me olhava furioso, nem esperei ele falar e me direcionei a um lugar qualquer. Na frente, por sorte era perto da porta, tentei prestar a atenção na aula até avistar um rapaz no corredor, parado no bebedouro, fiquei observando ele, tinha algo que me despertava curiosidade. Ele me chamou a atenção quando olhou em minha direção e eu vi seus olhos vermelhos banhados com água, ele estava chorando, uma onda de duvidas me atingiu. Por que ele estava chorando? minha vontade era de sair da sala e ir falar com ele, dito e feito. Peguei minha mochila e sai disparada da sala sem nem ao menos comunicar o professor que berrava meu nome pelo corredor. Caminhei rapidamente em sua direção e o vi virar o rosto para o lado oposto quando cheguei perto. Toquei em seu braço fazendo-o virar em minha direção, nossos olhos se encontraram e eu senti um forte vento bater em minhas costas me causando arrepios, seu olhar era familiar, seu olhar transmitia horror, ficamos sem trocar uma palavra.

–É... o que aconteceu? - falei com certo receio.

Ele não me respondeu, apenas pegou sua mochila e apressou os passos, fui em sua direção e o peguei pelo braço que o mesmo chacoalhou de forma bruta, me deixando sozinha sem entender o que tinha acontecido. Quem era ele? nunca o tinha visto, essa ação me deixou muito pensativa.

Sentei no chão e abracei minhas pernas totalmente frustrada, a vontade de ir atrás dele era maior do que o medo de ser ignorada novamente. Fiquei sentada olhando pro nada até que escuto passos no corredor, viro meu rosto em direção a porta e avisto a diretora com cara de poucos amigos.

–Dona Kimberly, posso saber por que a senhorita saiu da sala sem permissão? - Abri minha boca para responder mas ela não deixou eu dizer nada.

–Para minha sala, AGORA.-Levantei lentamente o que fez ela ficar mais irritada, peguei minha mochila e a segui até sua sala que não era tão longe assim. Chegando a sala ela me mandou sentar e ficou olhando pra nada.

–Já estou cansada das suas trapalhadas Kimberly.

–Mas diretora, dessa vez foi por um bom motivo. - tentei rebater.

–E qual seria esse motivo? - ela falou enquanto limpava seus óculos em um pequeno pedaço de pano branco.

–Eu vi um menino... - quando percebi o quão bobo era, diminui minha voz na esperança dela não escutar.

–E isso fez você sair da sala? ótimo motivo.

–Você... A senhora não entende! ele estava chorando.

–Chega, não quero saber desse menino, não vou puni-la pois hoje é o último dia de aula. Porém, ficará até mais tarde na escola. - peguei minhas coisas e fui em direção a porta sem pedir permissão.

–A senhora é injusta - bati a porta fortemente sem ouvir uma resposta.

Andei pelo corredor a procura da sala do Sammy, o que foi um fracasso pois tocou o sinal na segunda sala que eu olhei. Logo o corredor encheu de pessoas falando alto e correndo. De longe vi o mesmo rapaz de mais cedo, caminhei em sua direção rapidamente e o toquei nas costas. O rapaz virou em minha direção e me olhou furioso e completamente assustado. Ele pensou em falar algo mas eu fui mais rápida.

–Por favor, não fuja, não me ignore, apenas me responda uma coisa, por que você estava chorando? - ele olhou para o nada, deduzi que estava pensando em alguma coisa.

–Cuida da sua vida. - respondeu apenas isso e virou as costas me deixando sozinha novamente.

Frustração, era o que eu sentia no momento. Algo nele era misterioso e tal ação me deixou pensativa, larguei esses pensamentos quando senti uma presença do meu lado.

–Olhando pro nada, Kim?

–Pensando, apenas. - virei para o lado dando de cara com o Sam.

–Sam, deixa eu te perguntar uma coisa? - ele assentiu

–Você me acha invasiva demais? hoje eu vi um menino chorando e eu tentei falar com ele só que ele me ignorou completamente. - ele fechou a cara assim que eu terminei.

–Você falou com o Whitesides, Kimberly?

–Então esse é o nome dele? Sim, falei - ele apenas balançou a cabeça negativamente e virou as costas me deixando sozinha.

Hoje era o dia das pessoas me deixar falando sozinha? soltei um grito de nervoso atraindo olhares em minha direção, apenas ignorei e fui em direção ao banheiro, no caminho que pela primeira vez parecia ser tão longo, avistei novamente o rapaz que agora eu tinha mínima informação sobre. Whitesides. Tentei ir em sua direção mas algo que eu vi fez meu corpo travar, o rapaz levantou sua blusa mostrando sua barriga que estava toda cortada.

Pensar demais queima os neurônios

Ouvi vozes sussurrarem no meu ouvido, tentava reagir mas nada dava certo, só consegui ver a feição de Whitesides antes da escuridão cobrir meus olhos e eu sentir meu corpo chocar no chão gélido até tudo apagar completamente.