Natsu no Hana escrita por Deusa Tsukihime


Capítulo 1
Ato I: Começa o verão...


Notas iniciais do capítulo

Olá olá~ Mais uma fic de Kuroko no Basket para vocês! Desta vez, essa é um presente para a minha querida kohai, Kisacchi, mas espero que todos vocês gostem e não se esqueçam de comentar, certo?

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588934/chapter/1

“Aqui estou eu, uma jovem de dezesseis anos vinda do interior para a capital. Meu nome é Nakagura Tsukihime e começo as aulas na Academia Kaijou um mês depois das primeiras aulas...estamos no início de maio e meu verão certamente não será o mesmo...”

- Tsuki-chan, você vai se atrasar! – A voz de uma senhora ecoa pela casa.

- Já estou indo vovó! – Tsukihime estava ajudando o avô a tirar alguns biscoitos do forno da confeitaria. – Tchau vovô, até a volta!

- Não se esqueça de tirar o avental, filha. – Ri o senhor vestido com uniforme de pâtissier. – Seu obento também!

- Sim sim! Itekimasu!

- Iterashai! – Responde o senhor.

Tsukihime tinha longos cabelos negros com pequenos cachos nas pontas do mesmo, sua franja era longa e repicada a qual ela prendia de lado, com uma delicada presilha em formato de borboleta. A mãe morreu em um acidente de carro e o pai, que é jornalista, vive viajando, por isso ela passou a morar com os avós que são proprietários de uma confeitaria que mescla doces tradicionais japoneses e ocidentais. A casa fica no andar de cima da loja e atualmente estão alugando um dos quartos para estudantes do sexo feminino, de preferência.

Felizmente o caminho da confeitaria Nakagura até o colégio Kaijou não era muito longe e a jovem podia seguir despreocupada para seu primeiro dia de aula na nova escola. Tsukihime sempre teve a saúde um pouco frágil, por isso não costuma frequentar clubes de esportes, preferindo os clubes mais tranquilos como de prendas domésticas ou literatura. Para o azar da jovem de cabelos negros, Kaijou era famosa por seus clubes esportivos, principalmente os de basquete e de futebol. “É o que estava escrito no panfleto quando fiz a minha inscrição...”, pensava ela enquanto caminhava para a escola, distraída não escutou uma voz alta atrás de si.

- Saí da frente! – Um rapaz de cabelos loiros corria freneticamente para a escola e ao seu encalço tinha algumas meninas descontroladas.

- Ah!? – Tsukihime não teve tempo para fazer qualquer outra coisa e sentiu ser acertada por outro corpo que veio de encontro ao seu, em consequência disto, os dois caíram no chão.

- Droga, você está bem? – O rapaz pergunta para Tsukihime, mas ela tinha ralado o joelho na colisão. – Precisamos sair daqui, antes que elas cheguem!

- Kise-­sama, espere pela gente! – Algumas vozes femininas se aproximavam dos dois.

- Mas, o que está havendo e o que...espera! Espera, o que está fazendo? – Ignorando os protestos da menina, Kise a pega no colo.

- Eu cuido de você, não se preocupe. – Ele sorri e deixa a menina com as maçãs do rosto rubras que só acenou positivamente com a cabeça.

Eles chegaram à enfermaria e Kise certificou de que não foi seguido, mas alguns comentários começaram a circular por quem viu o famoso modelo carregando uma garota desconhecida em seus braços. “Bom, depois cuido disso” pensou Kise voltando para dentro da enfermaria e observando como habilmente a menina tratava do próprio machucado.

- Me desculpe por isto. – Ele se aproxima dela e senta-se em um banco de frente para e jovem. – Eu nunca te vi aqui no colégio, você é nova?

- Tudo bem... – Ela suspira terminando de colocar um curativo no joelho. – Sim, me transferi no final de abril, mas só pude vir agora no verão, sou Nakagura Tsukihime.

- Kise Ryouta, mas já deve saber quem eu sou, né? – O loiro ri e Tsukihime o encara sem entender.

- Não, desculpe-me, mas não conheço você.

Ora, foi um choque para o loiro, pela primeira vez uma mulher não o reconhecia, já que ele era um modelo popular e também hábil no basquete de Kaijou. Aquilo foi até um alívio, era difícil se relacionar com meninas de forma tranquila, visto que elas em sua maioria só o assediavam.

- Qual é a sua sala, Tsukicchi?

- T-Tsukicchi? – Ela repete e inclina um pouco o pescoço para o lado. – Não entendi...

- Ah, desculpa desculpa! – Kise coça a nuca em sinal de vergonha. – Eu geralmente chamo as pessoas quem eu respeito assim.

- Não, não tem problema... – Ela sorri achando ele engraçado. – Estou na sala 1-B.

- Que ótimo! É a minha sala! Eu vou te acompanhar até lá.

Durante o trajeto Kise contou à Tsukihime que era do time de basquete de Kaijou e que também era modelo nas horas vagas. Ele comentou que ela era muito habilidosa em fazer primeiros socorros e ela explicou que aprendeu com a mãe, que era médica. Tsukihime contou à Kise que devido a sua saúde, não podia praticar esportes, mas que gostava de acompanhar jogos de basquete pela televisão.

- Oh, eu conheço a confeitaria Nakagura, lá servem ótimos bolos! – Kise achou interessante ela ser neta dos donos daquela confeitaria que geralmente ele e o pessoal do clube de basquete iam.

- Sim, passe lá qualquer hora.

Ela sorri, estava gostando da conversa com Kise e era bom já ter feito um amigo na escola nova, mas não deixou de perceber que estava recebendo alguns olhares de desprezo por parte das garotas que cruzavam o caminho com eles. Resolveu ignorar e não comentar nada com Kise, mas pelo que já sabia do rapaz, os motivos eram óbvios.

“Eu vivi alguns anos na Alemanha, mas resolvi voltar para o Japão, quero caminhar com minhas próprias pernas e não depender mais dos meus pais. Resolvi entrar na escola Rakuzan, onde meu irmão se formou...espero que meu verão seja cheio de novas experiências.”

- Atenção classe, a partir de hoje vocês terão uma nova colega de sala. – O professor falava calmamente. – Por favor, entre Hitsuga Melody-san.

Melody não era muito alta, tinha cabelos curtos da cor castanho, a franja era repicada e em cada lado dos cabelos havia uma longa mecha solta. Os olhos eram bem verdes que pareciam ser enérgicos.

- Podem me chamar apenas de Melody, eu morei uns tempos na Alemanha, mas nasci aqui no Japão! Espero que possamos nos dar bem! – Sua voz era animada e alguns alunos foram contagiados por aquela menina.

- Vejamos onde você pode se sentar... – O professor passa os olhos rapidamente pela sala até achar uma carteira vaga. – Ótimo, sente-se atrás do Akashi-san.

- Akashi-san? – Ela repete e o professor mostra a quem ele se referia.

Melody fica hipnotizada pelos olhos frios e vermelhos de Akashi, ele emanava uma aura imperial, como se fosse superior a todos ali. Ela sorri para ele, ao se aproximar e tomar seu lugar na carteira, mas ele não esboça nenhuma reação sequer.

- Espero podermos ser amigos, Akashi-kun! – Ela sussurra para ele que finalmente mostra alguma reação e a olha por cima dos ombros.

- Por favor, não fale coisas desnecessárias comigo, só o que for impreterível.

- Nossa, desculpa majestade! – Melody faz uma careta para Akashi, incrivelmente irritante e ao mesmo tempo interessante...

Durante o intervalo, uma movimentação intensa estava acontecendo na quadra de basquete de Rakuzan, o que chamou a atenção de Akashi e Reo que percebem que aquela bagunça toda estava sendo causada por uma menina baixinha que mostrava boas habilidades no basquete, dando trabalho para alguns membros de apoio do clube.

- Ela é demais! – Exalta uma das meninas que assistia.

- Sim, soube que ela é ótima em várias modalidades de esporte...Esse pessoal que chega do exterior é surpreendente.

- Ora ora, uma abelhinha entrou na nossa colmeia. – Reo se diverte com a cena.

- Essa habilidade dela... – Akashi murmura. – Eu já vi em algum lugar antes, preciso me lembrar...

- Estranho você não ter algo em mente, Akashi-kun. Mas enfim, uma pena não termos um time feminino de basquete aqui, ela seria útil, não acha?

- Sim...mas, mesmo não tendo essa possibilidade as habilidades dela podem ser de vantagem para nós, pelo menos nos treinos. – Pondera Akashi, sempre com seu ar sério. – É sempre bom diversificar o que nós já sabemos.

- Você é o capitão, você que decide o que fazer com essa abelhinha. – Ri o ala-armador de Rakuzan.

“Eu não sabia que eu estava entrando em uma situação bem tumultuada, por ter cruzado com Kise, Kise Ryouta...”

O resto do dia foi um pouco desconfortável para Tsukihime, parecia que quando mais interagia com Kise, mais as meninas se afastavam dela e até mesmo o loiro começou a perceber aquilo, que o incomodava, será que nunca poderia ter uma amizade tranquila com alguém do sexo aposto? O loiro não sabia, mas desde que conheceu Tsukihime, ficar ao lado dela preenchia algo que faltava nele, mas não sabia descrever o que era.

- Já decidiu em qual clube entrar, Tsukicchi?

- Devo entrar no de literatura... – Ela analisava a cartilha do clube de literatura e o clube de prendas domésticas. – Já tenho muito trabalho em casa.

- É mesmo, você comentou que ajuda seus avós na confeitaria, né?

- Sim, nas coisas de casa também, sabe? – Ela sorri. – Sou muito grata a eles e os dois já trabalham duro na confeitaria, por isso eu assumo as responsabilidades domésticas, em sua maioria.

- Você é uma boa menina, Tsukicchi! – Kise faz um leve carinho no topo da cabeça da menina, com a intensão de bagunçar os cabelos dela.

- Baka... – Ela ri da brincadeira do rapaz. – Bom, eu vou preencher o formulário do clube de Literatura, aproveitando que não teremos a próxima aula.

- E eu vou dar uma passadinha no clube de basquete! – Ele se levanta da carteira que era ao lado da de Tsukihime. – A gente se vê no outro horário então.

- Claro. – Ela despede-se com um delicado aceno de mão.

“Vejam só, não é que o Akashi-kun tomou a iniciativa de falar comigo?”

Quando o capitão de Rakuzan entrou na quadra, um grande silêncio se instalou no local e aquilo chamou a atenção de Melody que jogou a bola para fora da quadra e levou uma das mãos à cintura.

- Invadi seu castelo, majestade. – Ela ri para Akashi que só levanta uma sobrancelha como resposta. – Me falaram que você é o capitão do time de basquete, aproveitei para jogar um pouco, sabe? Não gosto de ficar parada.

- Você joga bem, mas essa habilidade não foi desenvolvida sozinha por você. – Ele fala de forma direta. – Quem te ensinou a jogar é bem experiente e soube aproveitar suas qualidades físicas.

- Vou entender como um elogio, Akashi-kun, obrigada – Ela sorri um pouco sem graça. – Uma pena não terem um time feminino aqui...Eu ia adorar entrar no clube de basquete.

- Concessões podem ser feitas, dependendo da volta que isto trará para quem a concede.

- Hã? – Melody pisca os olhos algumas vezes até entender o que Akashi queria dizer com aquela linguagem extremamente formal. – Bom, você que sabe o que pode tirar das minhas habilidades, e o que será de benefício para seu time.

- Você é mais esperta do que aparenta, abelhinha. – Reo se aproxima de Melody e pisca para ela.

- E você seria...?

- Mibuchi Reo, senhorita...?

- Hitsuga Melody...

Reo e Melody ficam se encarando por um momento, pareciam analisar um ao outro e não demora muito para que Akashi corte aquela cena. O capitão de Rakuzan se aproxima de Melody e a olha profundamente nos olhos, deixando-a paralisada por alguns momentos, tê-lo tão próximo e daquele jeito parecia pressiona-la, como se aquele rapaz fosse a própria Etude in C minor de Chopin.

- Entre como auxiliar em Rakuzan, me empreste suas habilidades e você poderá jogar basquete.

- Em resumo, Akashi-kun, eu serei o saco de pancadas de vocês para aprimorarem suas habilidades, correto? – Melody suspira. – Mas quero que arrume pessoas para pelo menos um mano a mano comigo...e que sejam pessoas de categoria.

- Então temos um acordo.

Melody então toma uma atitude que deixa Akashi sem qualquer reação, assim como a Reo, ela se aproxima e beija a bochecha do ruivo delicadamente e depois se afasta com um sorriso travesso no rosto, ela leva o dedo indicador sobre os lábios e depois o aponta para Akashi, ainda sem reação, apenas um pouco boquiaberto.

- Na Alemanha selamos acordo assim. – Ela pisca para ele.

- ...

Um choque percorreu o corpo todo de Akashi e ele finalmente despertou-se da surpresa causada por Melody, “essa garota...é mais profunda e enigmática que a Monalisa de Da Vinci”, pensou o capitão. Será que foi prudente se envolver com uma pessoa como aquela? Tão fora dos padrões que ele estava acostumado? Mas a energia que ela emanava parecia querer guia-lo, envolve-lo de alguma forma...enigmática, sem dúvidas.

O começo do verão não seria o mesmo para Tsukihime e Melody, que ainda teriam seus caminhos cruzados e se envolveriam em relações inesperadas com dois dos gênios da Geração dos Milagres...

As flores de verão começavam a desabrochar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, obrigada! Por favor não deixe de comentar, ajuda muito para nós escritores. O próximo capítulo deve sair amanhã, no mais tardar sexta, novamente obrigada!

Glossário:

San - Honorífico japonês usado para referir-se a alguém de mesma hierarquia, quer etária, quer profissional. Aplica-se tanto a homens como a mulheres, e a tradução mais próxima ao português é senhor e senhora;

Kun - Utilizado entre jovens quando existe alguma intimidade, sendo geralmente utilizado para nomes masculinos;

Chan - Para demonstrar informalidade, confiança, afinidade ou segurança com a outra pessoa, não obrigatoriamente do sexo feminino. Para acentuar a informalidade, pode-se atribuir chan à inicial da outra pessoa. Ex: "Tsukihime" - "Tsuki-chan";

Baka - Idiota, em japonês.

Pâtissier - Mestre confeiteiro, título usado para quem é especialista no preparo de doces;

Itekimasu/Iterashai - O que se diz antes de sair de casa, como "estou indo"/ O que dizer a quem está saindo de casa, como "vá com cuidado;

Obentou - Marmita, a maioria dos estudantes leva o almoço de casa;

Sama - Este é um sufixo bem mais formal que san e é usado para se referir a alguém pelo qual sentimos um enorme respeito;

Etude in C minor - Trabalho solo de piano, composto por Chopin por volta de 1831;

Leonardo Da Vinci - Famoso pintor e inventor da Renascença italiana, nasceu em 1452 e faleceu aos 67 anos, em 1519;

Monalisa - Mais famosa obra de Leonardo Da Vinci, conhecida também por ter um ar enigimático e misterioso na pintura.