Paulo narrando

Depois que entregamos os algodões doce para as meninas, elas se sentaram na mesa da cozinha para comê-los e resolvi com Mário e Daniel que íamos sentar com elas também.

–Meninas, eu sei que está muito cedo pra perguntar isso, mas vocês estão ansiosas para a faculdade?- perguntei tentando puxar assunto.

–Tá cedo nada Paulo, você fez muito bem em lembrar sim.- disse Alícia.

–Por quê?

–Porque nós ainda não compramos nossos materiais. Não temos cadernos, pastas e nem nada.

–É mesmo, daqui a pouco passa Carnaval e o primeiro dia chega e a gente tá de bobeira.- disse Mário.

–Que tal a gente procurar uma papelaria aqui perto e correr atrás de tudo ainda hoje depois do almoço?- sugeri.

–Boa ideia Paulo.- disse Marcelina.

Então, depois de algum tempo jogando mais conversa fora, Maria Joaquina foi tomar um banho para fazer o almoço.

–Ei meninas, o que vocês acham de hoje eu fazer o almoço?- perguntou Mário.

–Você??- perguntaram Alícia e Marcelina juntas com um tom de deboche.

–Sim, ontem o Paulo fez, agora é minha vez.

–Quem disse?- perguntou Alícia.

–Ah, deixa eu hoje vai.

–E o que você sabe cozinhar?

–Muita coisa. Desde que eu era adolescente era eu ou o Daniel que fazia comida toda vez que nossos pais não estavam em casa.

–Ele tem razão.- disse Daniel atrás de mim.

–E que tal fazermos uma lista? Segunda uma pessoa faz o almoço e jantar, na terça outra pessoa, na quarta outra e por aí vai.- sugeri.

–Boa ideia amor.- disse Alícia.

Todos concordaram e então, fizemos uma lista de quem cozinharia. Nas Segundas-feiras quem faria a comida era Maria Joaquina, na Terça a Marcelina, na Quarta Alícia, na Quinta Daniel, na Sexta Mário e eu nos fins de semana. Vocês devem estar achando que eu fiquei chateado por ter sido o último da lista, mas eu não fiquei não, porque apesar de saber cozinhar, acho isso bastante estressante e monótono, eu gostava de cozinhar somente quando não tinha opção. Por isso, não me incomodei de ficar por último, mas como era Quarta-Feira, Alícia cozinhou naquele dia.

–Tá bom demais hein Alícia?- eu disse.

–Obrigada.- ela disse.

–Verdade amiga, você acertou no ponto de tirar a lasanha do forno.- disse Maria Joaquina.

Foram tantos elogios que Alícia ficou até encabulada. Depois que acabamos de comer, demos uma hora até que Maria Joaquina e Daniel decidiram ir atrás dos cadernos e pastas para nós levarmos para a Universidade.

–Amor, o que acha de aproveitarmos que Daniel e Maria Joaquina saíram pra comprar nossos materiais e Mário e Marcelina estão ali, distraídos, e tentamos ter um dia só nosso?- eu disse.

–Acho uma boa ideia, mas como?- perguntou Alícia.

–Vem comigo.

Então, eu peguei as chaves de meu carro e fomos para o estacionamento. Entramos no carro, eu o ligo e saímos da garagem, eu já tinha um plano em mente para levar Alícia em um lugar que ela ia gostar.

Alícia narrando

Enquanto Paulo dirige o carro, sinto um frio na minha barriga. A ansiedade e a curiosidade se misturaram no meu peito, eu estou querendo saber logo o lugar onde ele quer me levar. Mas logo fico surpresa quando eu percebo que ele entrou no estacionamento de um shopping.

–Vem.- ele disse, estendendo a mão pra mim do lado de fora do carro, depois que saiu e eu peguei sua mão. Passamos o caminho inteiro de mãos dadas como um casal normal. Andamos pra lá, pra cá, por todo o shopping de mãos dadas e meus pés estavam se cansando. Quando penso em perguntar uma última vez aonde ele está me levando, ele vira à esquerda e entra em uma bilheteria de cinema, ele me levou para ver um filme novo no cinema.

Quando compramos as entradas, compramos também a pipoca e o refrigerante, pois a sessão que pegamos já ia começar. Chegando na sala do cinema, a telona estava mostrando o trailer de futuros filmes, um me chamou a atenção, mas logo eu acabei esquecendo o nome dele. Durante o filme, que era uma mistura de ação, suspense e romance, algumas vezes a gente trocava uns beijos, aumentando ainda mais o clima feliz do filme.

Quando o filme acabou, íamos saindo e ele me pergunta:

–E aí gostou do filme?

–Demais.- respondi.

Depois ele me levou de volta ao carro e estávamos voltando pra casa quando passamos em frente ao parque onde aconteceu aquela confusão toda, mesmo assim, Paulo parou o carro e nós saímos. Sentamos em um banco que tinha ali e ficamos apreciando tudo à nossa volta. Ele me abraçou de lado com um braço e eu retribuí envolvendo sua cintura e coloquei minha cabeça em seu ombro. Eu nunca fui esse tipo de garota, mas Paulo também nunca foi esse tipo de garoto, acho que nós estávamos mudando um ao outro, o que era bom.

Acho que depois de uma hora ali, nos levantamos e fomos pra casa, onde iríamos finalizar o dia escolhendo nosso material de faculdade.