Olá, prazer. Me chamo Maria Joaquina Medsen, meu pai é o melhor médico da cidade e minha mãe é a melhor do mundo. A minha vida toda se resume em alegria. Desde pequena, toda vez que eu ficava triste com alguma coisa ou tinha algo pra contar, eu ia correndo em direção à minha vizinha, Marcelina Guerra. Ela tem a minha idade e mora na casa ao lado da minha desde que eu nasci, praticamente. Mas uma coisa eu não posso negar, sempre senti que nós seremos amigas pra sempre, íamos pra qualquer lugar juntos, toda vez que meus pais iam viajar eu pedia pra que eles deixassem ela ir comigo e eles sempre deixavam, ela também sempre fazia drama pra que os pais deixassem eu ir com ela nas viagens, tinha vezes até em que os nossos pais iam juntos, pois eles são amigos desde o colegial, assim como nós. Coincidentemente, eu e Marcelina nunca deixamos de estudar juntas, pois toda vez que meus pais me trocavam de colégio, sendo que eles já me trocaram duas vezes, ela sempre ia comigo e acabava por estudar na mesma sala que eu. Nas duas ocasiões, quando eu sabia que nós íamos estudar juntas, gritei tão alto que chamava a atenção de qualquer um que passasse, mas isso não importava, eu queria mesmo que as pessoas soubessem o quanto nós éramos amigas, diferente de muitas pessoas por aí que nem sequer se cumprimentam.

Hoje estou aqui, no meu quarto, me arrumando pra ir para a minha nova escola, o Colégio Mundial. Novamente estou trocando de colégio porque o primeiro acabou falindo por algum motivo, o segundo porque eu não gostei de ninguém lá, só tinha a Marcelina como amiga. Tomara que nesse próximo seja diferente, pois essa história de ficar trocando de colégio o tempo todo é muito chato e cansativo.

Acabo de passar minha maquiagem, tomo café-da-manhã, pego minha mochila e saio, indo até o portão da casa de Marcelina pra que irmos juntas até a escola, que só ficava à quatro esquinas de nossa casa. Sim, dessa vez, eu sei que Marcelina vai estudar comigo porque meus pais já sabem que não sou uma criança, já tenho 16 anos, não precisam ficar fazendo esse suspense.

–Oi amiga!!!- diz Marcelina, saindo de trás do portão e me dando um abraço forte.

Começamos a andar em direção à escola, no caminho, fomos conversando.

–Puxa, nem acredito que estamos indo à uma nova escola e indo estudar juntas nela!!- eu disse, ainda eufórica.

–Não acredita por quê? Você não quer isso?- perguntou ela, fazendo beicinho.

–Não amiga, é o que eu mais quero no mundo, só que estou tão feliz que não dá pra acreditar que é verdade.-eu disse.

–Eu também não consigo acreditar. Mas espero que esse colégio seja melhor que os outros que já estivemos.

–Eu também acho, é chato ficar trocando de colégio e não parar em lugar nenhum.

Enfim, depois de vinte minutos, chegamos em frente ao portão da escola, ele era um portão bem grande e quando chegamos no pátio, o sinal ainda não havia tocado, pois como era o primeiro dia de aula, não queríamos nos atrasar. Do pátio fomos direto para a secretaria, porque ela podia nos dizer a nossa sala.

Bati na porta duas vezes e uma voz um pouco grossa e rouca nos atendeu:

–Entre!

Entramos e quando a mulher nos viu, a expressão de mau-humor dela ficou mais serena.

–Ah, vocês devem ser as duas novas alunas.- disse ela.

–Sim, Maria Joaquina e Marcelina.- eu disse.

–Muito prazer. Sejam bem-vindas ao Colégio Mundial. Meu nome é Olívia Veider, em que posso ajudá-las?- pelo jeito dela, era boazinha até demais.

–Só queríamos saber onde fica nossa sala.- disse Marcelina.

–Tudo bem. Aqui está, seus horários e suas salas.- ela disse, nos entregando dois papéis pequenos.

–Obrigada.- nós dissemos juntas enquanto saíamos da sala.

Quando chegamos em nossa sala, ela estava só um pouco vazia, havia poucas carteiras ocupadas, mais atrás, no fundo, tinha uns garotos conversando, escolhi sentar na terceira carteira da segunda fila à direita, enquanto Marcelina ficou na carteira no meu lado direito.

–Tomara que nosso primeiro dia seja perfeito.- ela disse e eu assenti com a cabeça.

Logo em seguida, a professora entrou na sala.

–Bom dia classe. Como foram de férias?- perguntou ela.

Todos gritaram um "Boas" e voltaram a se calar.

–Bom, pra quem me conhece, sou a professora Cláudia, mas como hoje temos duas meninas novas, me apresento à elas. Sou eu que vou dar aula de Português pra vocês.- ela disse primeiro falando pra turma e depois se virou pra nós.

Depois disso, no recreio correu tudo bem, falei de como o colégio era grande, maior do que os nossos dois últimos juntos. Até que meus olhos começam a caminhar por todo o pátio e encontram-se com dois lindos olhos castanho-escuros, além de que os cabelos caídos na testa jogados para o lado davam-lhe um aspecto fofo, fiquei encantada.

–...e também tem o laboratório. Maria Joaquina, está me ouvindo?- disse Marcelina, que antes estava com a cabeça no meu colo, agora se levantou e virou-se de frente pra mim.

–Ah, sim. Desculpe amiga, é que eu estava olhando o pátio e vi aquele garoto ali ó, achei ele muito fofo.- eu disse.

–Isso é porque você não viu o menino que está do lado dele.- ela disse e tinha razão, ele era bonito sim, mas nem tanto quanto o outro.

–Acho que nos apaixonamos pela primeira vez e à primeira vista amiga.- eu disse.

–Eu também, mais tarde vamos lá falar com eles.- disse ela e eu assenti.

O resto das aulas foram ótimas, como boa aluna que sou, tive ótimos professores novos, só não fiz amizades ainda porque só andei com Marcelina o dia todo, a partir de amanhã, nós duas iríamos procurar amigas, não vamos passar o que passamos no antigo colégio.

No final da aula, voltamos pra casa e almoçamos juntas lá, depois, fomos ver um filme na TV chamado "Loucas pra Casar" e quando o filme acabou, Marcelina foi pra casa e eu fui tomar banho para jantar e dormir, com uma expectativa de que seria um grande dia amanhã.