A rainha perdida escrita por Amanda


Capítulo 9
Iluminada pela lua




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Ele era forte, uma força sobrenatural, não conseguia me soltar por mais que me debatesse.

Tentei gritar mais uma vez em vão por socorro. Não conseguia pensar em mais nada além de que eu precisava fugir. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto e o pânico tomava conta de mim.

Estava escuro e eu podia escutar os gritos amedrontados dos cozinheiros e as espadas que agora brandiam em meio a escuridão. Por que aquilo estava acontecendo?

Aquelas mãos geladas me puxavam, um toque áspero e doloroso. Eu já não distinguia meus próprios passos, sentia que seria arrastada a qualquer momento.

O Castelo estava muito escuro, eu não sabia dizer de onde vim nem para onde estávamos indo, só senti algo gelado por baixo dos meus pés. Terra úmida, estávamos do lado de fora. Eu já não tinha mais forças para gritar ou me debater, a única coisa que me restava era chorar, não medi forças para isso, deixei que as lágrimas caíssem e comecei a soluçar.

Não conseguia ver outra saída, eu iria morrer, mas por que eu? Por que logo eu?

Foi então que senti algo dentro de mim. Adrenalina se espalhava por todo meu corpo, uma força estranha. Já não sentia mais vontade de chorar, o medo voltou a tomar conta de mim, junto com a vontade de viver. Comecei a me debater mais e mais até que aquela coisa pálida teve que parar de andar rápido para me conter ou eu me desprenderia dele, foi então que algo violeta brilhou em volta do meu corpo. Como na floresta. Senti uma energia fora do normal. Dessa vez muito mais forte do que naquele dia na floresta.

As criaturas dos olhos violetas começaram a recuar e a encarar, eram três no total. Tive vontade de permanecer e lutar, mas ao mesmo tempo tive medo. Eu não sabia como lutar, a única coisa que eu poderia fazer naquele momento era correr, então eu corri, com todas as minhas forças para longe deles. E por mais surreal que pareça, eles seguiram na direção oposta. Eu poderia desacelerar, mas grande parte de mim ainda era feita de medo, então continuei a correr o mais rápido que pude sem saber pra onde estava indo. Minha única certeza era que eu estava dentro do Castelo. Onde eu estava? Não tenho ideia, o chão era úmido e fazia cocegas nos meus pés, eu pisava na grama. Eu ainda não estava propriamente no castelo. Parei por alguns segundos ainda com adrenalina correndo por todo meu corpo para me guiar um pouco e respirar. Olhei em volta, a silhueta da entrada do Castelo era nítida, mesmo no escuro. Guardas vigiavam as portas, alguns estavam com lanças e espadas apontados para frente, como se esperassem que alguém atacasse e outros andavam olhando o lugar.

Andei lentamente, sem mais forças para correr, até eles e me assustei quando um deles tentou me atacar. Cai no chão com os olhos arregalados e as mãos para cima, a lamina estava a apenas alguns centímetros do meu pescoço.

Eu queria falar, mas nada saiu da minha boca além de um ruído estranho.

Ele tirou a lamina da minha reta e estendeu a mão para me ajudar a levantar assim que percebeu quem eu era.

– Senhorita, o que faz aqui fora a essa hora? O castelo está sendo atacado, você precisa encontrar abrigo imediatamente. – Sua voz parecia ansiosa e preocupada. Ele olhava para todos os lados como se estivesse com medo de que algo aparecesse e nos atacasse.

– Aquelas coisas...- eu ainda ofegava. – Elas me arrastaram pra cá. Eu corri...consegui...fugir.

Antes que o guarda pudesse dizer alguma coisa, um centauro saiu pela porta, ele ofegava como eu, parecia ter acabado de lutar, ele tinha um grande corte na bochecha, o sangue escorria pelo seu rosto.

– Acabou. A maioria morreu outros fugiram. Estamos fazendo uma ronda por todo o castelo, para ter certeza que não tem mais nenhum deles aqui. Fiquem de olhos bem abertos, vigiem cada canto perto da entrada. – Ele respirou fundo, olhou para o céu com um olhar cansado, seu rosto iluminado apenas pela luz da lua. – O que eram aquelas coisas. – Ele disse tão baixo que mais parecia um sussurro, de alguma forma aquilo me deixou com medo. Se nem eles sabiam o que aquelas coisas eram...isso significava problema.

– Senhorita, vou leva-la até os reis. Eles saberão o que fazer, se aquelas coisas tentaram rapta-la...- ele fez uma pausa enquanto me guiava para dentro do salão de entrada do Castelo. – Isso não pode ser coisa boa.

...

–Edmundo-

Isso não faz o menor sentido! Um minuto eles estão atacando, no outro estão fugindo. Aquelas coisas...São as mesmas criaturas daquele dia na floresta. O que é mais estranho é que nunca vi nada parecido aqui em Nárnia a não ser por aquele dia. Se Aslan estivesse aqui saberia o que fazer...

– Ed. O que aconteceu? – Pedro entrou na sala, ele vestia roupas de dormir, porém sua espada estava em mãos. Ele parecia alerta, mas ao mesmo tempo com sono. – Que gritaria toda foi aquela? Por que Tem guardas por todos os lugares?

– Ataque surpresa. – Eu olhava pensativo para ele.

– Ataque surpresa? Mas...Não foi rápido demais? Eu mal pude pegar minha espada e já estão todos longe do castelo! – Ele se sentou ao meu lado.

– Eu sei, Foi tudo muito estranho. Eu estava na cozinha com a Amanda e...AMANDA! – Entrei em desespero, ela sumiu! Como eu pude não perceber? Efeitos do cansaço? Não importa, eu preciso acha-la, preciso acha-la AGORA!

Saí correndo da sala, ignorando qualquer indagação e dúvida de Pedro, a cada vez que via um guarda parava para perguntar e todos davam a mesma resposta: Não sei Majestade.

Corri para a porta do quarto dela e a abri. Nada. Óbvio que ela não estaria no quarto. Não seja idiota Edmundo!

Parei e comecei a andar de um lado para o outro pensando no que acontecera na cozinha.

Então me lembrei...Ela correu sozinha na frente de todos. A porta dos fundos da cozinha.

Corri pelas escadas, passei pelos corredores andando rápido.

– Majestade. Onde...

– Agora não – passei correndo por ele sem nem mesmo olha-lo.

– O que houve com ele? – Uma voz feminina falou.

– Não sei Srta.

No meio de outra escada eu parei e voltei minha atenção para aquela voz.

– Preciso leva-la até o Rei Pedro e a Rainha Lúcia! O que aconteceu é algo muito sério! Srta Amanda, você poderia ter morrido!

– AMANDA! – falei um pouco eufórico demais. Soltei o ar pela boca e suspirei de alívio, ela estava viva. Por um tempo achei que chegaria de mãos vazias até Aslan. – Você está bem? – subi correndo as escadas.

– Sim estou bem – ela disse baixo. – Majestade precisamos conversar...Na verdade preciso conversar com o rei Pedro e a rainha Lúcia também. – Ela tinha a expressão preocupada. Senti algo ruim revirar no meu estômago, mau pressentimento. Era alguma coisa muito ruim, eu tinha certeza.

– Tudo bem. Senhor, volte para o seu posto, vou leva-la para o lugar onde estávamos nos reunindo. Vamos. – eu estava mais sério que o normal, meu corpo estava um pouco tenso com a situação. Acho que passei tanto tempo sem entrar em batalhas, que agora fico tenso só de lembrar como uma é. E a que nos espera é maior que qualquer uma que já presenciamos.

Estava tão perdido em meus pensamentos que por um momento esqueci que tinha companhia.

– Me desculpe, eu já perguntei se você está bem? – passei as mãos pelo cabelo e respirei fundo.

– Sim Majestade. – ela parecia estar no mesmo estado que eu, perdida em pensamentos, pois assim que as palavras saíram da minha boca ela levou um leve choque de realidade.

– Não precisa me chamar de Majestade

– Não precisa me chamar de Senhorita. – A resposta foi tão rápida e automática que levei alguns segundos para processa-la em minha mente, ou poderia ser só o sono e o cansaço.

Olhei para seu rosto iluminado pela lua, sua pele parecia brilhar, pois seu rosto pálido contrastava com seus cabelos negros. Ela olhava para frente com um olhar preocupado e um tanto amedrontado. Me senti mal por ter pensado nela como um problema, ela era tão vítima quanto qualquer um de nós.

–Me desculpe - sussurrei para baixo. As palavras saíram da minha boca sem eu perceber.

– Desculpe, o que disse? - ela voltou a atenção pra mim.

– ahn, nada, eu estava, er, pensando...alto - Ela voltou para seus pensamentos e eu voltei para os meus

Chegamos na sala. Pedro estava sentado conversando com Lúcia e Ripchip.

– Ed! Por que você saiu correndo? Sem motivo algum. – Pedro me olhava cansado quase fechando os olhos de tanto sono.

– Nada, já passou. Não foi nada demais – Cruzei a sala e me sentei. Pensei que Amanda faria o mesmo, mas ela ficou parada na porta. – Amanda, sente-se por favor.

– Ah...claro. – ela sentou-se na cadeira mais próxima dela e ali ficou em silencio.

Todos ficamos em silencio por algum tempo. Minha mente não conseguia processar muita coisa, eu não dormia a bastante tempo e eram tantos problemas que me deixavam com enxaqueca.

– Edmundo, você era o único acordado, o que exatamente aconteceu? – Lúcia se manifestou.

– Na verdade eu não era o único nesta sala que estava acordado, Amanda estava comigo na cozinha na hora do ataque. – contei a eles o que acontecera e esperei por comentários, reações, qualquer coisa que saísse da boca de qualquer um deles.

– Mas isso não faz sentido. Um ataque de menos de 10 minutos!? Como eles entraram no Castelo sem que ninguém percebesse? E por que foram direto pra cozinha? Quem começa atacando a cozinha? E depois de 10 minutos estão tentando escapar? Isso não faz o menor sentido! – Pedro olhava para o nada pensativo, como se assim que formulasse uma ideia, esta saía pela sua boca.

– Er, eu...eu tenho...tenho uma coisa pra falar com vocês – Toda atenção foi voltada para Amanda. Ela parecia preocupada e receosa com o que iria dizer.

– Na hora do ataque, eu corri na frente de todos e quando cheguei do lado de fora da porta uma daquelas coisas me pegou. Eu tentei me soltar e gritar, mas ele cobriu minha boca e me segurou. Eles me arrastaram pra um lugar do castelo que eu nunca fui antes, só sei que passamos por um túnel e depois estávamos do lado de fora.

– Espera um pouco, depois de um tempo eu não a vi mais na cozinha, foi quando eles começaram a recuar! – Toda a sala ficou em silêncio por um minuto – Eles vieram pegar você – minha voz saiu como um sussurro. – O que são aquelas coisas? – Meus olhos estavam arregalados e o medo subiu pelo meu corpo. Agora eu tinha total certeza que ela, Amanda, a terceira filha de Eva era a garota da profecia!


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Notas finais do capítulo

Hey!! Mais um capítulo! Espero que estejam gostando! Deixem nos comentários o que estão achando =3 isso me incentiva muito a continuar a escrever!! Obrigada a cada um de vocês que está lendo e gostando!! Até o próximo capítulo!!



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