– Patrick!

E se virou para a voz feminina que o chamara, esperando que não lhe desse motivo para desistir de fazer aquilo que desejava.

–Só não faça nada estúpido, ok?

E foi apenas o que a pequena mulher de olhos verdes suplicou. Como não fazer nada estúpido? Estava ali, caminhando a passos largos em direção à morte. Apenas queria que tudo aquilo terminasse, mas mesmo um cara esperto como ele, não via tantas alternativas. Red John precisava morrer e ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para conseguir. Autodestruição não só estava inclusa no pacote, como parecia obrigatoriedade nas devidas circunstâncias. Por um momento isto o confortara, afinal, a morte lhe pouparia conviver com a culpa e a miséria que sua vida se tornou, desde o momento em que sua família fora friamente assassinada. Só que aquela mulher o chamou, ele olhou dentro daqueles olhos verdes e, de repente, morrer não parecia aceitável. Não poderia deixar Lisbon sozinha, não de novo. Não se tratava apenas dele, há muito tempo isso deixou de ser só sobre ele ou Red John.

– Não farei, prometo.

Sentia-se mal em mentir para ela daquela maneira, ela sabia que ele estava mentindo e, quando os olhos dela tremularam com lágrimas, ele percebeu que ela sabia. Sequer precisavam falar um ao outro. A alma contava com detalhes o que o corpo inutilmente tentava esconder.

– Eu... Eu te amo. – Mas mesmo assim ela disse.
Saiu como um sussurro, com a voz engasgada, um pouco como alívio, mas com muita tristeza. Tristeza daquelas que se vê em despedidas.

– Eu sei. – Foi a resposta.

Quando se diz eu te amo, não é o tipo de coisa que se espera escutar. Mas fazia tempo que entre eles as palavras deixaram de fazer sentido, e ela não precisava ouvi-lo dizer aquilo que, em consenso, parecia um tanto quanto óbvio. Afinal, ele já não havia “dito” quando atirou em sua chance de capturar Red John para salvá-la? Já não havia dito quando prometeu defendê-la a todo custo, ainda que ela não desejasse? Quando a elegeu como a última pessoa com quem ele gostaria de falar antes de morrer? Quando se pegou dando explicações sobre o affair com Lorelei? E ainda teve aquela vez que ele disse claramente e ela escutou, mas ignoraram esse tempo todo, como se nunca tivesse acontecido. Foi a maneira dela de dizer que também sabia.

Jane se aproximou, tocou-lhe a face enxugando levemente as lágrimas. Inclinou-se, e depositou um beijo doce e gentil em seus lábios. Foi rápido e terno, como algo rotineiro. Pra falar a verdade, Lisbon nunca havia beijado Jane, mas não sentiu gosto de estreia, não sentiu espanto, não sentiu desconforto... Apenas o beijou como mentalmente o fizera diversas vezes. Se beijaram quando ele tocou seu rosto para sentir seu sorriso, quando dançaram juntos na festa dos ex alunos, quando se abraçaram no reencontro, quando dividiram um sorvete, quando se abraçaram na despedida...

Os lábios se afastaram, ele se virou e pôs-se a caminhar. Atrás dele Lisbon não se movia, apenas esperava pelo seu regresso. Não importava o quão difícil seria sair vivo daquilo, ele tinha um motivo maior pra se manter, motivo que surgiu quando alguém lhe trouxe de volta à vida mais uma vez... Voltaria por ela – “ele sempre volta” . – Ela Conclui mentalmente.