Essa história começa com uma versão boba dos fatos citados desde sempre: eles se provocam, a tensão sexual parece feita de almofadas de tão palpável, fazem todas as pessoas acharem que eles ficam tão melhores juntos, que tendem a esquecer que ainda não se entregaram à tudo que os outros já sentiam. Uma vez que o magnetismo rompe as barreiras que cercam o coração dela, ele apenas se infiltra por dentro de suas entranhas e não houve ou haverá homem, nesse mundo e em nenhum outro, capaz de tirá-lo de lá. Ele, um renomado escritor. Ela, uma detetive com carreira em ascensão. Os agentes do destino fizeram questão de traçar suas vidas até o ponto em que elas se colidissem apenas para brincar com dois corações inocentes, que jamais sentiriam algo igual pelo restos de suas vidas. Eles nunca imaginaram que todos os acontecimentos poderiam chegar drasticamente a esse ponto. Suas pobres almas entrelaçadas em uma só, lutando para que o abraço fique cada vez mais rijo e embetesgado e nunca se solte em uma tentativa de fuga. Mas... Que fuga? Seus corações magoados pelo passado estavam tão envolvidos naquele mar de sensações infinitas. Seus corpos sabiam apenas o que o desejo de amor os permitia. Desde o começo eles já sabiam. Os primeiros toques os fazia vibrar com toda a eletricidade estática que a ponta de seus dedos carregavam. Eles podiam sentir o aroma que emanava um do outro a quilômetros de distância. O calor que se transpassava pelos dois perpetrava na ebulição de cada fio de suor que poderiam pensar em ter.

Essa história é sobre um amor incontrolável e destinado a se vangloriar por décadas. Há quem diga que eles sempre seriam lembrados por todas as façanhas conquistadas estando juntos, como Starsky e Hutch. Mas, com toda certeza, o maior feito de todos, aquele inegável e inenarrável, seria de fato a grande história de amor que poderia ser facilmente confundida com os clichês exibidos no horário de ócio, mas confundi-la com algo tão piegas enojaria todos envoltos por aquele amor tão profundo e formoso, que já alegrou o dia de muitos torcedores1 para que finalmente desse certo. Para que finalmente ficassem juntos, para que fossem um só, e para perceberem que a única perdição que realmente queriam levar adiante era o brilho que viam um nos olhos do outro. Era como mágica, linda e poderosa. As oliveiras que estampavam os globos da morena se acendiam com um fulgor maravilhoso, ao mesmo que os olhos azuis do escritor sorriam com tamanha beleza. Uma beleza que seria obrigado a chamar de sua, porque era isso o que ela era. A musa era sua, assim como todos os detalhes cravados em suas esplêndidas curvas.

“Eu te amo, Castle... Eu sempre amei e amarei para sempre...”

Essas palavras faziam com que o interior do homem borbulhasse em algo que beirava a ansiedade misturada com insanidade. Esses efeitos o deixavam sem chão, faziam com que seu coração pulasse algumas batidas e ele colocasse sua mão sobre ele para abrandá-lo, em tentativas fracassadas de não ter aqueles sentimentos em relação à mulher da sua vida. O formato da boca dela o fazia querer beijá-la a todo momento, ainda mais pronunciando aquelas palavras que ele esperou a vida toda para ouvir. Nada o faria mais feliz do que ir ao seu encontro e dizer que ele era dela, assim como ela era completamente sua.

“Oh, Kate, eu te amo tanto... E-eu não posso mais imaginar minha vida sem que você esteja aqui. Case-se comigo, Katie.” Ele se ajoelhou em frente à mulher de vida, porque era o que ela era.

Deus sabe o quanto o coração da detetive pulou naquele instante, pois, de repente, como num passe de mágica, todos os seus demônios esvaeceram. A mulher não encontrava palavras para descrever o tamanho de sua euforia contida em mini ataques de pânico. Em sua cabeça já havia traçado todo o caminho desse novo passo em seu relacionamento com o escritor. Eles se casariam e “BAM” de uma hora para outra sua vida inteira mudaria e alguém se incomodaria com a felicidade dos dois e algo ruim calharia no dia após seu casamento. Seu coração palpitava e um turbilhão de sentimentos se apoderou de seus pensamentos como se fossem deles, ela sabia que estava corada e sabia também que podia estar demostrando um pouco de pânico pela pergunta inesperada. Mas ela soube, no momento em que seus olhos se encontraram com as íris azuis de seu companheiro, que já pertencia à ele com toda sua alma e coração e nada no mundo a deixaria mais completa que se casar com o homem de vida.

“Por favor, Katherine Beckett, é só o resto da sua vida.” Ele disse sorrindo para ela, como se estivesse encorajando-a a dizer alguma coisa.

A boca da mulher estava completamente seca, seus olhos marejados, seus músculos não faziam questão nenhuma de movimento, mas mesmo assim estava feliz. Feliz por ter sobrevivido até aquele fatídico momento. Feliz por ter conhecido o autor de seus tão amados “contos de fadas policiais”. Feliz por saber exatamente o quão mergulhada naquele relacionamento ela estava, e não o trocaria por nada. O minuto que pareceu eterno finalmente acabou, deixando-a com um sorriso magnífico em seus lábios cor-de-rosa. As teimosas lágrimas desciam sem nenhum impedimento querendo participar assistindo de camarote todas as emoções que os dois disseminavam.

“Achei que nunca me pediria, Richard Alexander Rodgers Castle.” Ela disse se ajoelhando na frente de seu namorado, futuro marido devo creditar, passou seus braços pela nuca do rapaz e o encaixou em um abraço cheio de ternura fazendo com que a paixão e o amor que os dois sentiam transpassasse por seus corpos.

Todos no recinto estavam eufóricos, eles já sabiam que isso aconteceria desde o começo, de um jeito ou de outro. Não haviam dúvidas de que eles encontrariam um jeito de funcionar, no começo eram tão diferentes, mas depois de tudo que esses dois novos amantes passaram juntos, o carinho que emanava dos dois se transformou em algo muito maior e incontrolável. Algo muito mais interessante e desconcertante que, com certeza, transformaria alguns abraços inocentes em constrangedores atos de atentado ao pudor. Todos poderiam facilmente enxergar por todas as frases que eles faziam questão de se completar.

As palmas e assovios de alguns policiais os fez acordar e os trazer de volta para a delegacia do distrito 12. Os dois sorriam e deixavam que seus sentimentos tocassem cada coração existente naquele recinto. O amor simplesmente estava no ar. Um amor que contagiava a todos, puro, viciante e lindo. Os dois foram para casa no fim do dia, nervosos como dois adolescentes por não saberem como deveriam agir com essa nova denominação, era tudo tão alheio e díspar que a mulher não fez a questão da direção do carro, deixando-a para seu parceiro.

Beberam vinho, riram, conversaram, ainda não acreditando que estavam noivos. A conversa fluía como se fossem amigos de infância. Beijinhos carinhos ao longo de seus pescoços davam-lhes arrepios. No fim daquele dia eles passaram a noite juntos, fizeram amor algumas vezes, e declararam o amor que sentiam um pelo outro milhares de vezes. Estar nos braços um do outro nunca havia sido tão gratificante quanto àquela noite.

1 O que eu realmente queria pôr no lugar daquela palavra era fangirl, porque é assim que eu me senti desde o começo.