A Filha de Sherlock Holmes escrita por sayuri1468


Capítulo 5
Promessa




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“Tic, tac Holmes! Você tem cinco minutos!”

Sarah não deu atenção aos gritos que ecoavam por detrás dela. Ela não entendia o que eles diziam, e nem fazia questão. Sabia que estavam correndo atrás dela para impedi-la, mas ela não ia deixar ser pega. Se a bomba da escola estava escondida na galeria da parte debaixo, essa também estaria, e ela precisava alcançar o mais rápido que podia. Ela não sabia desarmar uma bomba, e muito menos saberia o que fazer quando chegasse até ela, mas naquele momento, parecia que se ela alcançasse a bomba, tudo estaria resolvido.

Ela conseguiu despistar seus perseguidores, enquanto descia as escadarias do hospital, chegando ao estacionamento. Seus olhos corriam desesperadamente pelo cenário, enquanto ela tentava tomar um pouco de folego.

– Um alçapão, vamos, um alçapão! – ordenou para si mesma, enquanto seus olhos ainda percorriam o lugar.

De repente eles avistaram o que procuravam. Como uma luz no fim do túnel, lá estava à porta que ela procurava. Ela correu com toda a rapidez que pode, e desceu as escadarias, dando direto na galeria. O barulho do tic tac da bomba ecoava naquele lugar úmido e sombrio. Sarah andou devagar, procurando com cuidado, a localização da bomba. Tentando acalmar sua respiração ofegante, e sentindo o rosto arder em chamas, Sarah tentava se concentrar no barulho. Foi quando ela avistou, próximo ao esgoto, um pequeno objeto redondo, com um timer na frente. Sarah correu até ele, mas se aproximou com cuidado. Seu coração gelou ao ver que o timer marcava cinco segundos restantes. Os fios, lembrou-se de repente. Ela precisava cortar um dos fios. Não tinha tempo pra isso, faltavam apenas 3 segundos. Em um impulso, ela chutou a bomba para dentro da água do esgoto, e correu. Não conseguiu chegar à parte de cima, pois foi arremessada com toda a força.

Seus ouvidos ainda zumbiam. Sua audição estava prejudicada de alguma forma, pois tudo estava abafado. Ela conseguia distinguir as vozes de Emma e de seus tios, mas não conseguia entender claramente o que eles diziam. Seus olhos abriram, e demoraram para se acostumar com a luz branca que invadiu sua visão.

– Ela acordou! – Emma falou com um tom choroso na voz – Graças a Deus!

– O hospital..?! – foi a única coisa que Sarah conseguiu dizer naquele momento.

– Graças a sua intervenção, apenas o estacionamento sofreu um estrago significativo! – disse Mycroft.

– Sarah, você está bem?! – perguntou John.

– Sim..- respondeu, antes que voltasse a dormir profundamente.

Quanto tempo se passou desde aquele último momento em que fechara os olhos, Sarah não tinha ideia. Ela tentou lentamente mexer os dedos dos pés e das mãos, e aos poucos, abriu os olhos. A luz não estava mais forte. Havia apenas um abajur acesso ao seu lado. Ela ouviu vozes conhecidas vindas do corredor, e olhou para a porta entreaberta. Seus ouvidos haviam voltado ao normal, e agora, ela entendia claramente o que as vozes estavam discutindo.

– Não John, de jeito nenhum! Ela é apenas uma criança! – era a voz de Mary.

– Eu também não concordo, mas Mycroft está certo, é a melhor forma que temos!

– Não John! – a voz de Mary assumiu um tom de quem põe ponto final em uma conversa.

– Mary, acha francamente que Sarah vai desistir? Você acha que não foi por vontade dela que ela descobriu que havia uma bomba aqui?!

– Sherlock é capaz de socar você e Mycroft se souber....

– Eles estão brigando assim desde que você veio pro hospital!

Sarah olhou para o outro lado surpresa, e viu Emma sentada em uma poltrona do lado da cama.

– Sinto muito pela confusão! – falou Sarah.

– Eu que peço desculpas Sarah, se eu tivesse te ajudado, você não estaria nessa situação agora!

A voz de Emma demonstrava uma preocupação além da necessária. Sarah estava bem, e nada mais grave tinha ocorrido.

– Está tudo bem Emma! – tranquilizou a garota – Quer me contar no que meu tio quer me usar?

– Quer usar você como ponte! Já que seu pai está em coma, ele quer que você fale com o tal de SM, utilizando o nome Holmes!

Sarah riu.

– Muito prudente! – ironizou

– Minha mãe também concorda com você! – sorriu

Sarah olhou seriamente para a amiga.

– E você? Com o que concorda?

– Concordo com o que você achar melhor fazer! E dessa vez, não vai estar sozinha!

Emma e Sarah sorriram em cumplicidade.

Era fato que agora, Sarah deveria tomar uma decisão. Não que seu tio fosse má pessoa, e por mais que ela não tivesse passado muito tempo com ele, sabia que ele ia querer fazer tudo do seu jeito. Em todo caso, Sarah concluiu que ao menos, a verdade finalmente surgira. Eles não iam mais disfarçar o que estava acontecendo para ela. As vantagens disso, é que Mycroft poderia lhe passar informações importantes, as desvantagens, é que apesar dela ser usada como ponte de informações, dificilmente seu tio a deixaria assumir a situação. A resposta para sua dúvida não demorou a chegar: ela queria resolver o caso sozinha, por ela mesma. Seu tio que trabalhasse com os milhões de agentes que possuía, ela não precisava ser mais uma peça no enorme tabuleiro de xadrez, no qual ele jogava.

– Emma, dá um jeito de tirar os tios daqui?! – pediu repentinamente a garota.

A amiga, mesmo sem entender, foi até a porta e pediu para que os pais fossem embora, alegando estarem fazendo muito barulho. Após Emma prometer inúmeras vezes, que caso Sarah acordasse, eles seriam informados, Mary e John foram embora.

Assim que ouviu os passos se distanciando, Sarah se levantou da cama.

– Qual foi sua decisão? – perguntou Emma, enquanto a outra procurava por suas roupas e bolsa no armário.

– Vamos fazer isso nós duas! – foi à resposta da garota – Mas antes, preciso falar com meu pai!

Claro que Emma sabia que o “falar” era unicamente uma forma de expressão. Ela entendia os sentimentos da amiga, e por isso, não disse mais nada. Sorrateiramente, as duas se esgueiraram pelos corredores do hospital, até chegarem ao quarto onde Sherlock estava acomodado. Emma ficou de guarda, enquanto Sarah entrava.

Sarah tentou respirar mais lentamente, quando entrou no quarto e admirou a visão de seu pai adormecido. Era como se ele fosse acordar a qualquer momento. Ele tinha uma expressão dura, mas ao mesmo tempo, tranquila, E foi só naquele momento, que Sarah notou que era a primeira vez, que ela observava o rosto de seu pai por tanto tempo.

Ela se aproximou, e sentou-se com cuidado no banco ao lado da cama dele.

– Oi, pai! – começou sem jeito – É meio idiotice, eu sei! Mas alguns estudos comprovam, que se você fala com uma pessoa em coma, ou dormindo, ela pode te ouvir!

Sarah hesitou, também era a primeira vez que conversava com seu pai, dessa maneira.

– Eu tenho que te confessar umas coisas, pai: Eu sempre entrei no seu escritório proibido! E também, descobri a senha do seu celular, e tenho me comunicado com o cara que te deixou nesse estado!

Uma mistura de riso e lágrimas tomou conta da menina, e sem que ela percebesse, ela se agachou, e repousou a cabeça no travesseiro, ao lado da cabeça de Sherlock.

– Está tudo bem, pai! Não sou tão inteligente quanto você, mas eu vou conseguir pegá-lo sozinha, você vai ver! Sozinha não, Emma está me ajudando! – complementou.

Foi quando três batidas discretas na porta chamaram a atenção de Sarah. Esse era o sinal.

– Preciso ir! – despediu-se – Mais tarde nos falamos!

E depositando um beijo na testa de Sherlock, Sarah foi embora.


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