A Vida Alheia escrita por Jess
Notas iniciais do capítulo
Olá, sejam bem vindos novos leitores, obrigada pelos comentários e espero que estejam gostando.
No caminho para sua sala ela mudou de ideia, resolveu ver sua amiga que a muito tempo não encontrava, e para seu conforto, não precisaria nem sair do prédio para encontra-la.
Susana era sua contadora e amiga desde que Clarisse tinha chegado na cidade e ainda nem sabia para onde ir. As duas dividiram apartamento quando eram universitárias. Assim que terminou a faculdade Susana já foi chamada por uma empresa em outra cidade e teve que se mudar. Entretanto quando Clarisse montou sua própria empresa que ainda não fazia tanto sucesso por ser muito nova, e a chamou para trabalharem juntas, Susana aceitou sem hesitar.
Clarisse deu três batidas na porta e ouviu o "pode entrar" meio abafado que veio de dentro da sala.
—Estou tendo uma miragem, ou você é mesmo a Clarisse?_ Susana falou exagerando na sua expressão surpresa.
—Não, sou uma miragem mesmo._ Ela respondeu indo até sua amiga e cumprimentando-a com um abraço, no qual Susana tomou cuidado para não sujar a camisa da amiga com seus dedos sujos de chocolate, dos bombons suíços que sua irmã mandara para ela.
—Houve algum problema?_ Ela perguntou desconfiada da visita da amiga.
—Não... Quer dizer... Sempre existem problemas_ Clarisse disse um pouco confusa.
Ela sentou-se em frente a mesa da contadora pronta para desabafar.
—Então, o que te traz aqui?_ Susana indagou usando seu ar de analista.
—Temos problemas na parte de criação, temos chances de que o não haja lucro por algum tempo, mas não estamos em uma situação de extremo perigo... Só estou preocupada._ Ela falou desanimada.
—Ainda não vi muita diferença nos números..._ Susana comentou franzindo o cenho.
—Quando a diferença vier, será gritante._ Clarisse falou com seu tom mais fúnebre.
A contadora observou mais atentamente a amiga e viu toda a tenção que ela carregava naquele momento. Mas por conhecer Clarisse muito bem, ela sabia que a outra não ouviria sua sugestão então teria que ser sorrateira.
—Clarisse, o Lucas vai fazer uma festinha na nossa nova casa, você deveria ir..._ Susana falou limpando seus dedos no guardanapo.
Lucas era companheiro de Susana a alguns anos, ele também era contador, mas de um banco.
—Não sei, estou cansada...
—Eu nem disse quando seria e você já está com uma desculpa pronta. E eu sei que se não te convidar você nunca vai conhecer minha nova casa e nem meus novos e velhos amigos._ Ela falou abusando da gesticulação.
—Por falar em seu novo lar... Porque você decidiu mudar-se?_ Clarisse perguntou tentando mudar de assunto.
Susana deu um suspiro cansado, percebendo a fuga da amiga.
—Lucas e eu queríamos uma casa mais espaçosa.
—Entendo... O Felipe te contou a "novidade"?
Depois de algum tempo pensando no que poderia ser a novidade, a contadora lembrou-se do casamento que Felipe havia citado vagamente.
—A novidade do casamento?_ Ela perguntou sem muita certeza.
—Sim, o que você acha sobre isso?_ Clarisse perguntou esperando ouvir a risada aguda da amiga preencher a sala, mas a outra deu de ombros.
—Eu acho que pode ser bom para ele.
—Você só pode estar brincando... Isso não combina com ele e...
—Não, Clarisse isso pode combinar com ele, o Felipe pode mudar..._ Susana disse apoiando os cotovelos na mesa._ Não é porque você é contra o matrimonio, que as pessoas precisam parar de casar... Isso é loucura.
—Não sou contra o matrimonio!_ Clarisse tentou defender-se._ Só acho que ele está fazendo algo no qual não acredita.
Susana maneou a cabeça, tentando controlar-se para não começar uma discussão com a amiga e chefe.
— Você vai ou não ao meu novo lar?_ Ela falou num ultimato.
—Eu vou, só preciso que você me mande o endereço e a hora em que quer que eu esteja lá._ Ela falou sentindo-se um pouco pressionada.
—Sei como você é péssima com endereços, então eu posso te buscar hoje umas 22:00h.
—Hoje? Mas eu tenho que rever as...
—Não começa Clarisse, se eu dissesse que te buscava amanhã você diria que tem algo para fazer._ Susana falou fazendo uma careta.
—Tudo bem, pode me buscar._ Ela sussurrou dando-se por vencida.
—Diga outra coisa que te faz permanecer aqui, se tivesse dito tudo que estava na sua cabeça já teria saído dessa sala._ A contadora falou em quanto começava a descartar as embalagens do chocolate e voltar-se para o computador.
—Não sei se tenho mais coisas para dizer..._ Clarisse falou pensando no que poderia dizer, ela já estava mais relaxada na poltrona.
—Vamos lá, você passa meses sem me ver e não tem nada mais interessante do que me dizer que o Felipe vai se casar?!_ Ela falou começando a teclar e mexer nos papéis a sua volta.
Clarisse nunca entendeu como a amiga conseguia fazer tantas coisas ao mesmo tempo sem que nada desse errado, sempre achou incrível.
—Sabe a Ana a minha secretária?_ Clarisse perguntou calmamente e a contadora só fez sinal para que ela continuasse.
—Ela estava fazendo sexo no sétimo andar com o estagiário do marketing._ Contou como se não fosse nada.
Susana parou naquele momento de teclar e encarou a amiga que estava com uma expressão amena e começou a rir.
—Eu esperava isso até daquela garota das xerox, mas a virginal Ana, com aquela cara de bem nascida e de "eu decidi esperar"... Estou perplexa._ Susana falou colocando as mãos no rosto._ Mas como você soube?
—Eu vi._ Ela respondeu como se fosse óbvio.
—Conte-me o que aconteceu, desde o inicio._ Susana pediu mantendo seus olhos presos em Clarisse.
—Eu estava procurando uma ata, já era horário de almoço e como não encontrava resolvi ir perguntar para a Ana onde estava. Encontrei Elise no corredor e ela me disse que Ana estaria no sétimo andar, não acreditei muito, mas fui até lá e a encontrei com o Thiago._ Clarisse resumiu.
—Em pleno ato?_ A contadora perguntou arregalando os olhos por trás do óculos de grau.
—Sim, em pleno ato.
—Então, ela já assinou a cartinha no RH?_ Ela perguntou sorrindo.
—Não, eu não a demiti...
—Então o Thiago..._ Susana interrompeu.
—Nada aconteceu com nenhum dos dois._ Clarisse informou tentando fugir das deduções da amiga.
—Um surto de bondade? Nunca pensei que presenciaria isso._ Ela informou tirando o óculos.
—Não estou sendo boa com eles, estou frustrando Elise._ Clarisse explicou.
—A Elise secretária do Felipe?_ Susana indagou tentando entender tudo que estava acontecendo.
—A própria. Ela não deve gostar muito da Ana ou do Thiago e quando ela falou que eles estavam no sétimo andar, foi palpável o prazer que sentou em me informar. Você sabe como detesto isso.
—Sei, e inconscientemente você se sensibilizou por sua secretária antiética e até se identificou por também ter sido odiada durante sua trajetória._ Susana falou cheia de sarcasmo.
—Você está exagerando._ Clarisse rebateu rindo do tom acido da contadora.
—Tá bom... Só falta você querer começar a dar dias de folga para quem transar pelos cantos... Onde está a Clarisse que eu conheci, aquela que demitiria uma pessoa apenas por vir com uma camisa feia, aquela que adorava as formalidades e quando o Felipe deu a ideia de criar um espaço para que os funcionários pudessem relaxar, como uma área da soneca; só faltou ter um ataque e estrangula-lo em frente a todos? O estresse está te deixando louca._ Ela falou balançando a cabeça.
—Falando em ficar louca, devo estar realmente perdendo a sanidade por ter ficado tanto tempo aqui, em vez de terminar de ler a pilha de papéis que tem na minha mesa._ Disse levantando-se e indo em direção a porta.
—Ei, não se esqueça que estarei no seu apartamento as 22:00h. E vista uma roupa informal, de preferência sexy._ Susana falou dando uma piscada.
Clarisse voltou para sua sala encontrando a ata que procurava em cima de sua mesa, era o único sinal de que Ana passara por ali. E ela percebeu que a secretaria tentaria fazer um trabalho quase fantasma em quanto estivesse constrangida, e preferia assim.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Se houver algum erro avisem, comentem, quem achar que está muito bom pode favoritar.