Onde os anjos nunca dormem escrita por Vinicius Aparecido Salatta


Capítulo 1
Uma manhã de Janeiro


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo o/
Por ser o início da história deixe sua opinião sobre o que achou e se vale a pena continuar.
Enfim, espero que gostem e boa leitura ^^



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O alarme do relógio dispara ao lado da cama.

Por baixo da coberta alguém se revira sobre a cama, o som não o agrada. Acordar muito cedo é realmente o maior desafio do dia, já que é a hora em que um dos maiores pecados são colocados a prova: a preguiça.

Apesar de não querer se levantar, algo ao lado da sua cama, perto da janela, se mantinha em pé, imóvel e não parecia demonstrar sono algum, mesmo ainda sendo seis e meia da manhã. Vestido com uma calça preta e uma camiseta por baixo de uma jaqueta de couro ele observava o comportamento daquele à sua frente, lutando contra um dos pecados capitais. Ele se aproxima da cama, porém sem tomar cuidado algum com o barulho que seus sapatos de couro poderiam causar no contato com o chão de madeira. Assim que se aproximou o suficiente, ele se inclina na direção de onde se encontrava a cabeça da pessoa. Olhou para os pés da cama onde um cachorro de porte pequeno dormia aos pés do dono. Então, em um gesto suave, sopra onde seria mais ou menos os ouvidos do indivíduo.

Um súbito arrepio na espinha daquela pessoa faz com que ele retire parte da coberta sobre ele, sentando-se sobre a cama assustado já que ao mesmo tempo o cachorro começara a latir. Assim que seus olhos se adaptam melhor a luz do dia, ele repara melhor as redondezas de seu quarto... mas não vê nada além de seu animal latindo em direção as janelas abertas.

O dono afaga o cão que logo se acalma, e largando um suspiro levanta de sua cama, se preparando para um novo dia.

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As ruas até então vazias são tomadas por automóveis, muitos deles. Assim como as calçadas são tomadas pela correria das pessoas e o som extremamente alto das buzinas e do comércio local. Em meio a tanta confusão, algumas pessoas ainda se mantinham calmas. Eles preferiam ficar ali, parados, apenas observando o que estaria a beira de um caos eminente. Alguns apressados ainda chegam a esbarrar nestes que observam, porém na pressa e na correria fica praticamente impossível descobrir em quem esbarraram. A vontade de mandar prestar atenção aonde andavam era grande, mas a quem dizer?

— A pressa os transformou em seres incapazes de se relacionar entre si — dizia um daqueles que olhava a multidão.

Ao seu lado outro observava ao lado do que acabara de falar.

— Não somos como ele, Ângelo. — respondia ele ao mesmo tempo em que olhava para seu amigo — Sabe disso.

Ângelo era jovem, aparentemente vinte e cinco anos. Olhos verdes, o que dava um bonito contraste com sua pele morena e seu cabelo curto, liso e acinzentado. Não era muito alto. Na verdade, altura era o que lhe faltava, assim como a paciência, já que a tarefa que fazia não lhe agradava nem um pouco. O comentário daquele ao seu lado não soara muito bem aos seus ouvidos e não demorou muito para que resmungasse.

— Eu sei muito bem, Christopher — dizia ele — Não somos seres humanos e não pertencemos a este mundo. Nosso corpo e alma foram criados longe de qualquer sentimento humano e protegidos de qualquer tipo de pecado.

Ele repetia aquelas palavras com uma voz de deboche, como se imitasse alguém.

Este o qual acompanhava Ângelo parecia ter a mesma idade de seu amigo. Sua pele era branca e seus olhos azuis. Seus cabelos eram lisos e pouco amarelados, o que se tornava mais evidente com o reflexo do Sol que batia sobre sua face. Ambos vestiam uma camiseta branca e calças escuras. Se os humanos conseguissem enxergá-los, diriam que estão uniformizados para algum trabalho, ou formando algum grupo musical.

— Vamos — disse Christopher se virando subitamente e começando a andar.

— Mas já? — reclamava o outro o acompanhando.

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Ângelo e seu amigo andavam por um parque. As crianças brincavam alegres nos brinquedos, acompanhadas de seus pais. Escolheram um ponto daquele local e se puseram novamente a observar.

— Você não acha isso nem um pouco cansativo, Christopher? O dia inteiro, apenas... observar as pessoas — dizia Ângelo novamente com uma voz de deboche — Não sente que...

Ele foi interrompido, pois Christopher se pusera de repente a correr na direção de uma das crianças que brincava em um balanço. Ela balançava muito alto e a força fizera com que fosse jogada para frente bruscamente. Porém, Christopher já se pusera no local da queda, esperando a apenas a criança cair e amortecer em seus braços. Ela atingiu o chão gramado, mas não houve um único ferimento. Apenas o susto provocara o choro daquele pequenino, que pareceu reparar depois naquele que salvara a sua vida, o qual colocava o dedo em frente a sua boca, como um gesto para não dizer nada do que vira naquela hora.

Imediatamente ela começou a sorrir.

— Obrigado! — dizia ela correndo na direção do pai que vinha em sua direção assustado.

Apesar da confusão do pai sem saber a quem era direcionado o agradecimento, decidiu acreditar que era um dos amigos imaginários do filho.

Christopher se levantou do chão, e após bater algumas vezes em suas calças para tirar o pó, se pôs a voltar para seu amigo, o qual o recepcionara com um sorriso desta vez, ao invés de reclamar como sempre.

— É impressionante, não é? — dizia Ângelo admirado — Como algumas delas conseguem nos ver.

— Elas ainda não foram corrompidas pela maldade do mundo — respondia Christopher — Ainda são puras de espírito.

Ângelo de repente ficou desanimado.

— É uma pena que estão fadadas a se tornarem um deles — suspirou — O mundo terreno é cheio de mistérios, não é mesmo, Christopher?

Ele não escutara uma palavra depois do que ele havia dito. Algo o tirara sua atenção completamente e seu amigo, Ângelo percebera muito bem sobre o que se tratava. Um pouco mais a frente uma moça lia um livro, sentada em um banco do parque. Cabelos castanhos, pele lisa e macia, olhos escuros. Naquele momento usava um vestido longo e branco, porém coberto com flores vermelhas, as quais Christopher acreditava serem rosas, pois não conhecia muito bem as espécies. 

— Esta não é aquela moça que você...

— Sim... é ela – disse Christopher interrompendo seu amigo.

Christopher já havia visto esta moça na semana passada... e na semana retrasada... e há duas semanas atrás, e vários outros dias antes deste. Não porque queria. Seu trabalho sempre havia sido vigiar e socorrer as pessoas em momentos de perigo ou de extrema necessidade. Porém, desde o primeiro encontro com esta mulher, ela vinha aparecendo diante de Christopher. Ele não sabia o motivo, o que de fato o deixava curiosamente incomodado.

No entanto, todo este pensamento na cabeça dele havia sido interrompido pela cena seguinte, onde um homem chegava por trás da bela moça tampando os seus olhos pedindo para ela adivinhar quem era. A moça sorria e ao se virar para o rapaz, o mesmo foi recebido com um longo beijo, onde logo após os dois saíram de mãos dadas.

— E eu achando que para nós não existiam mistérios – disse Ângelo com um olhar desconfiado em direção a moça.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler, fique esperando por novos capítulos e até mais o/



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