A Winchester – Temporada 3

O ruído da chuva batendo no teto do Chevy Camaro ´69 era suficientemente forte para impedir que Taylor Winchester ouvisse algo além do que motor do seu carro. Ela desligou o carro e olhou para a porta do bar à sua frente, indecisa.

Não sabia se devia entrar lá de uma vez por todas, pois estava ficando tarde o bar mais próximo desse provavelmente estaria fechado.

E ela detestava ter que dormir dentro do carro. Por outro lado, havia muitas pessoas lá dentro que poderiam reconhecê-la, afinal ela havia conquistado uma boa reputação como caçadora, cruzando com um grande número de caçadores enquanto trabalhava, fazendo amigos e muitos inimigos.

Além disso, havia três pessoas que Taylor não gostaria de ver novamente. Por fim, decidiu entrar.

“Não vou ficar aqui muito tempo” – ela pensou – “Pedirei apenas uma ou duas cervejas e irei embora procurar um hotel para passar a noite. Maldito Bar Harvelle!”

Assim que pôs os pés dentro do bar, o barulho característico da conversa em voz alta dos caçadores cessou. Todos a encaravam. Taylor notou um homem com cabelos ruivos olhando-a com uma expressão não muito amigável. “Dallas Hopper! Já saiu do hospital? Da próxima vez, se não quiser voltar para lá, não se meta nas minhas caçadas” – ela pensou sorrindo sarcasticamente pra ele.

(Deêm play em "Bad Reputation")

Rapidamente, as pessoas voltaram a conversar. Ignorando o que havia acontecido, ela se dirigiu ao lugar menos movimentado do bar. Após alguns segundos, Joanne Harvelle foi à direção a estranha garota que havia entrado no local. “Ela parece ser vários anos mais jovem do que eu, apesar de ser mais intimidante do que metade dos caçadores que estão aqui”  - pensou – “Mas esse sorriso, se parece tanto com o do Dean.”

Sem muita surpresa, Jô percebeu que a garota era Taylor Winchester. Sorrindo com escárnio, ela falou:

- Boa noite, qual é o seu pedido?

- Eu quero uma cerveja Purple Nurple, Jô. É só isso por enquanto. – diante do olhar interrogativo que recebeu da pequena mulher na sua frente, Taylor acrescentou:

- Dean costumava me falar muito de você.

- Que bom. - ela respondeu com frieza enquanto ia providenciar a bebida- Não irei demorar com seu pedido.         

Enquanto Jo ainda não havia voltado, Hunter Saynt sentou-se na mesma mesa de Taylor Winchester, que decidiu ignorá-lo. Após alguns segundos de silêncio, Hunter disse:

- Olá, meu nome é Hunter Saynt , posso te pagar uma bebida? - assim que ele terminou de falar, Joanne retornou com a Purple Nurple pedida  por Taylor. Em seguida retirou-se sem dizer mais nada.

- Que pena, Hunter. Minha bebida acabou de chegar. - Taylor disse sarcasticamente.

- Isso não é problema para mim - ele respondeu sorrindo malignamente para ela. - Eu irei pedir uma Purple Nurple e assim poderemos aproveitar nossas bebidas juntos.

Taylor suspirou e disse com irritação na voz:

- Olha, Hunter, eu não quero ser rude com você nem nada parecido, mas eu não estou afim de compania hoje à noite, ok?

- Escuta aqui, Winchester. Eu não sou o tipo de cara que ouve um não de uma garota e sai sem dizer mais nada. Então por que não me acompanha até o lado de fora? - Hunter falou encostando o cano gelado de uma arma, por debaixo da mesa, no joelho dela.

Sorrindo sarcasticamente, Taylor respondeu:

- Acho que irei recusar o convite.

Assim que  terminou de falar, Taylor levantou-se abruptamente e empurrou a mesa em cima de Hunter, que derrubou a pistola que estava segurando.

Em seguida, já recuperado da surpresa causada pela garota Winchester, Hunter chutou-a diretamente no joelho, derrubando-a.

Toda essa movimentação havia chamado a atenção dos clientes do bar.

Jeffrey Brandevin levantou-se rapidamente para ajudar a filha de John Winchester a se levantar (afinal, ele já havia lhe prestado vários favores).

Quando aproximou-se da mesa, Taylor ja havia se levantado e caminhava em direção oposta a ele.

Olhando rapidamente para Jeffrey, ela falou:

- Obrigada por ter ido me ajudar ali, seja lá quem você for. Mas eu não sou uma donzela em perigo que precisa ser salva de um dragão. Eu sou o dragão.

(Parem  "Bad Reputation")

Enquanto observava Taylor aproximar-se de Hunter, a única coisa em que Jeffrey conseguia pensar era que os Winchester eram completamente loucos e ela era a pior de todos.

No depósito de bebidas, Jo e Ellen faziam uma  rápida verificação de estoque quando, de repente, ouviram um barulho vindo do bar. Rapidamente abandonaram o que estavam fazendo e saíram do depósito para ver o que estava acontecendo.

Taylor Winchester e Hunter Saynt brigavam, como dois lobos disputando um pedaço de carne. Não era possível dizer quem estava ganhando, pois os dois estavam igualmente machucados.

Todos os demais clientes tentaram separá-los, porém nâo conseguiram nem tocar neles, na maioria das vezes até se machucando.

Para pôr um fim na briga, Jo e Ellen se colocaram entre os dois.

Já conhecendo a péssima reputação de Hunter em relação a brigas, Ellen o enxotou do local, sem se dar ao trabalho de oferecer primeiros-socorros, enquanto Jo fechava o bar.

- Vamos, todos vocês! Saiam daqui agora! - Ellen dizia enquanto empurrava os caçadores que insistiam em permanecer no local.

- Você está muito machucada? - Jo perguntou para Taylor, que verificava os braços e pernas à procura de ferimentos graves.

- Pelo amor de Deus, garota, o que você disse para o Hunter, que fez os dois brigarem desse jeito? - Ellen disse exasperada, sentando-se em uma cadeira.

- Eu na verdade não disse nada. Apenas me recusei a sair com ele. Bom, eu não costumo sair com pessoas que apontam uma pistola para meu joelho. - Taylor disse, dando uma pequena risada.

- Não é a primeira vez que ele faz isso. - Jo falou, recordando-se de outros eventos envolvendo o jovem caçador. - Essa foi uma atitude corajosa... e estúpida! Você podia ter se machucado seriamente. Ele tinha uma arma.

" E quem disse que  não tenho uma arma? Eu fiz uma nova versão da Colt, Jo. Mas eu não devo ficar dizendo meus segredos em voz alta, não acha?" - a garota pensou, sorrindo.

Taylor examinava o tórax à procura de mais ferimentos.

- Mas que filho da mãe! - ela exclamou raivosamente

- O que foi? - Ellen perguntou preocupada.

- Quando ele me derrubou no chão, eu acabei quebrando esse pequeno colar, que é também um porta-retrato. - ela disse, mostrando um objeto escuro em forma de coração, que possuía algumas rachaduras.

-É um colar muito bonito, quem lhe deu ele? - Ellen perguntou, fazendo um movimento para pegar o objeto, mas foi impedida por Taylor, que colocou o colar no bolso.

-Ninguém. - ela respondeu enquanto se levantava - Vocês têm algum banheiro que eu possa usar para limpar meus ferimentos?

- Sim. É a última porta do lado esquerdo. Eu vou dormir, boa noite. - Jo falou levantando-se e entrando em uma porta qualquer.

- Bom, eu vou no meu carro para pegar minha maleta de primeiros-socorros. - Taylor disse, pegando a chave do carro e andando em direção à porta. Seu colar caiu do bolso e ela pareceu não perceber. A porta do bar foi fechada ruidosamente.

" Será que ela deixou cair de propósito?" - Ellen pensou. Rapidamente, ela se abaixou, pegou o colar e abriu-o, revelando uma foto de Taylor, entre seus irmãos Dean e Sam e o pai dela, John.

" Vamos, Ellen. Termine logo de olhar a porcaria da foto para que eu possa voltar." - Taylor pensou, enquanto esperava que Ellen terminasse de ver o seu colar.

" Isso, Ellen. Coloque o colar na mesa. Pelo menos você não demorou muito."

Taylor entrou novamente no bar, carregando uma  maleta.

- Você demorou. - Ellen acusou, com desconficança fingida na voz.

- O meu carro estava muito bagunçado. Não sou tão organizada quanto o Sammy. Nossa! Deixei o meu colar cair! Ainda bem que você pegou, Ellen! Imagina onde ele poderia ter parado se você não o tivesse visto?

                                       * * *

(Deêm play em "Kashmir")

John Winchester dirigia em alta velocidade em direção ao Bar Harvelle. Ele precisava urgentemente falar com Taylor. Consertar o estrago que havia feito. E confirmar o que suspeitava sobre ela.

. Ele havia recebido há alguns minutos uma ligação de Ellen, avisando que Taylor iria passar a noite lá. Era a sua chance de falar com ela. Havia tentado rastreá-la muitas vezes, sem sucesso. Ficara por quase dois anos apenas recebendo notícias dela através de outros caçadores.

Taylor havia aprendido muito sozinha. " Ela não tem como fugir de mim dessa vez" - John pensou. O toque do seu telefone pareceu despertá-lo de um transe.

- Oi, Ellen. Ela ainda está aí? Eu sei que você verificou há cinco minutos, mas eu conheço bem a Taylor e sei que ela é capaz de sair de qualquer lugar sem ser percebida. Oh, obrigado, Ellen. Estou te devendo um favor enorme. Se precisar de qualquer coisa, me ligue. Daqui a no máximo cinco minutos eu estarei chegando aí. - após terminar a ligação, John acelerou o carro.

Ellen sentou-se em uma cadeira qualquer do bar. Estava cansada

. Precisava ficar acordada até mais tarde do que o habitual para fazer um grande favor a John Winchester - um de seus melhores amigos.

Há um ano, ele havia lhe pedido para avisá-lo se sua filha, Taylor, aparecesse por lá. De acordo com o que John tinha lhe contado, ele e Taylor haviam tido uma briga  a cerca de um ano e Taylor havia saído de casa no dia seguinte, sem nenhuma explicação ou pistas.

Após alguns meses, John começou a ouvir boatos sobre Taylor e os bons resultados das caçadas dela. Mas também soube da fama de encrequeira. Brigas, dispustas e apostas faziam parte da nova fase da vida da filha dele .

Todos os dias, Ellen recebia ligações de John, sempre perguntando a mesma coisa.

E assim foi por meses, até  a chegada de Taylor, esta noite.

(Parem" Kashmir")

                                        ***

(Deêm play em "Long, Long Way From Home")

Taylor Winchester acordou sobressaltada. Ouvira alguma coisa se materializando-se no quarto. Rapidamente, pegou a faca que havia escondido debaixo do travesseiro e apontou para a forma escura na sua frente. As luzes do quarto se acenderam sozinhas.

- Ah, é você. - ela disse quando pôde identificar quem era.

- Taylor, você podia ter acendido a luz, seria mais inteligente. - o homem disse, olhando para ela com desaprovação.

- Atirar primeiro, perguntar depois. Você sabe que eu preciso dormir, não é?

- Não há tempo para descanso. Seu pai está vindo para cá.

- Tem certeza? Como ele me achou? Eu não fui seguida por ninguém! E... não acredito que a Ellen fez isso. Que droga! - ela falou enquanto arrumava os pertences, colocando-os novamente na mochila. - Para onde eu vou agora?

- Lawrence, Kansas. A cidade natal da sua família.

- Você está maluco? A cidade fica fora do alcance da... - ela disse tentando manter o volume da voz baixo, virando-se para encarar o homem, mas ele havia desaparecido.

Taylor o xingou em uma língua desconhecida.

- Bem, agora só me resta uma coisa a fazer. - após colocar sua mochila em cima do peitoral da janela, ela tirou um pedaço de papel e uma caneta do bolso e escreveu um bilhete para John.

Quando terminou, ouviu o som da porta do bar sendo aberta e a voz do pai:

- Vamos, Taylor! Eu sei que você está aqui.

Desesperada, Taylor pulou da janela, caindo em um monte de arbustos. "Tchau, Camaro! Espero poder recuperar você um dia." - ela pensou enquanto passava por seu carro e corria em direção à floresta.

Então, o homem que havia aparecido no quarto reapareceu e Taylor o saudou com acidez na voz:

- Que bom que você chegou, Zach. Me tira daqui.

(Parem "Long, Long Way From Home")